Páginas

segunda-feira, 31 de março de 2014

Homens, Mulheres e Estresse: Revisão Conceitual e Distribuição Social


Resenhado por Mariana Menezes

Faro, A., Pereira, M., & Lima, M. Homens, Mulheres e Estresse: Revisão Conceitual e Distribuição Social. . Em Actas do 9 Congresso Nacional de Psicologia da Saúde. Lisboa (Portugal), Fevereiro de 2012, Placebo: Lisboa (447-452).

No que diz respeito ao estresse há diferenças individuais entre os sexos. Vários estudos mostram que as mulheres são mais vulneráveis ao estresse se comparadas aos homens em diversos contextos e são mais propensas a desenvolver doenças autoimunes, doenças crônicas não terminais e psicopatologias ligadas ao estresse. Porém, os homens são o principal alvo da maioria das doenças associadas a quadros de estresse crônico, exibindo maior prevalência de doenças cardiovasculares, doenças crônicas terminais e cânceres, além de possuírem maior taxa de mortalidade e menor expectativa de vida.
Assim como o estresse, o funcionamento biológico, social, e psicológico também varia entre os sexos. No nível biológico, os homens exibem reações neurofisiológicas com mais intensidade e os níveis de catecolamina e cortisol são significativamente mais altos se comparados as mulheres em situação semelhante ou a homens que não estão sob estresse. Diante de estressores agudos as mulheres demonstram um restabelecimento mais lento dos índices hormonais, maior frequência cardíaca e picos hormonais mais severos.
As diferenças biológicas entre os sexos necessitam de estudos mais aprofundados, pois geralmente são estudadas em associação com outras variáveis, o que torna difícil saber se é o próprio sexo como condição biológica que vulnerabiliza ou se são outras influências combinadas com estas características, tais como a contextualização social de gênero e a responsividade psicológica. Apesar da crença da maior vulnerabilidade das mulheres, permanecem várias questões em aberto a respeito da generalização da vulnerabilidade ao estresse. Com isso, os domínios social e psicológico da suscetibilidade ajudam a compreender melhor a relação entre sexo e estresse.
No domínio social, os homens com mais altos níveis de estresse são as vítimas padrão de morte prematura, violência física e acidentes fatais. Enquanto que as mulheres são acometidas por estressores derivados do sexismo, pois este impõe maior exposição aos estressores de origem interpessoal e institucionais, produzindo maiores ameaças ao bem estar e saúde das mulheres.
A resistência aos estressores que tendem a mudar em homens e mulheres está ligada a capacidade de adaptação psicossocial. Os homens exibem mais intensas reações de estresse frente à inferiorização intelectual ou à avaliação de desempenho individual, o que os faz responder com o modelo “luta x fuga”. Já as mulheres se mostram mais sujeitas ao estresse diante de conflitos interpessoais e rejeição social e são mais propensas a agir de modo auto e heteroprotetor, além da criação e manutenção de redes sociais.
No domínio psicológico importam os efeitos dos mecanismos psicológicos de adaptação. Em estudos realizados por autores como González, Peiró, Rodrigues e Greenglass, o sexo se mostrou um preditor da relação exposição-saúde, tendo em vista que as mulheres exibiram menor estresse ao utilizar estratégias de enfrentamento voltadas para o apoio social, e os homens apresentaram um menor índice de estresse quando utilizavam estratégias focalizadas no problema.
Conclui-se que independente do sexo que demonstre maior vulnerabilidade em determinada situação, o papel da interpretação e o manejo particular dos estressores têm se revelado como importantes para que se possa compreender a variabilidade intra e intergrupal do estresse. A partir do que foi constatado até aqui, podemos pontuar dois aspectos vitais para o delineamento de futuros estudos: a interação entre os sexos e outras variáveis, pois relacionada ao entorno social pode incrementar o impacto dos estressores e a vulnerabilidade do estresse; e a influência da mediação cognitiva na responsabilidade do estresse por haver indícios de que a variabilidade do estresse segundo o sexo parece ser bem mais explicada através do uso de mecanismos psicológicos de adaptação, quando comparados a fatores biológicos e macrossociais.
O texto é de grande valia para os pesquisadores envolvidos em estudos sobre o estresse, ao passo que um olhar diferenciado em torno da variável sexo torna os achados mais confiáveis. Analisar a variância dos aspectos biológicos, sociais e psicológicos; da vulnerabilidade; da resistência e das consequências entre os sexos têm relevância quando se estuda o estresse.


domingo, 30 de março de 2014

Bulimia

Postado por Iracema Freitas

A ditadura da beleza tem influenciado os hábitos e estilo de vida de muitas pessoas que comprometem sua saúde, desenvolvendo distúrbios alimentares. Como por exemplo, na Bulimia, em que a doença as fazem subjugarem os riscos em detrimento da necessidade e sofrimento emocional que vivenciam.


sábado, 29 de março de 2014

Pesquisa afirma que ansiedade atinge um em cada três brasileiros endividados

Postado por Lucila Moraes

A Pesquisa feita por entidades de defesa do consumidor, em cinco países diferentes conclui que os brasileiros endividados não só têm mais sintomas de doenças provindas de problema financeiro, como ansiedade e dor de cabeça, como também consumem mais ansiolíticos e antidepressivos em momentos de crises financeiras se comparados com os outros países europeus pesquisados, o que pode mostrar uma tendência bastante preocupante sobre o consumo exacerbado de medicamentos em nossa população. Uma informação interessante em relação aos brasileiros endividados é que, apesar dos brasileiros terem mais sintomas de doenças diante situações financeiras adversas, a confiança que a população tem em relação a entidades de defesa do consumidor se mantém alta, o que pode permitir investigações futuras sobre como se dá essa relação aparentemente ambígua e por que ela ocorre. 



Uma pesquisa feita por entidades de defesa do consumidor em cinco países aponta que os brasileiros apresentam mais sintomas de doenças decorrentes de problemas financeiros do que os europeus que enfrentam aguda crise econômica. Além disso, segundo o estudo, um em cada três brasileiros endividados têm problemas de ansiedade, além de falta de sono e dores de cabeça. A pesquisa foi divulgada nesta quarta-feira (19) pela Proteste Associação de Consumidores.
No Brasil, a saúde das pessoas é mais afetada do que a dos belgas, italianos, portugueses e espanhóis que têm dificuldades financeiras. Entre os brasileiros que estão endividados, 32% têm ansiedade; 24% problemas para dormir; 24% sentem irritabilidade e 17% dor de cabeça.
O levantamento mostra que em situação financeira desfavorável no Brasil são consumidos mais ansiolíticos e antidepressivos (30%) do que nos países europeus pesquisados – o percentual só é maior em Portugal (33%). A incidência do uso desses medicamentos ficou em 29% na Espanha, 18% na Itália e 17% na Bélgica.
O estudo também aponta que a confiança nas entidades de defesa do consumidor se mantém elevada nas situações de crise financeira e endividamento. O Brasil lidera esse quesito, com 69,7%, seguido de Portugal com 67,8%.

sexta-feira, 28 de março de 2014

Depressão, o Mal do século: De que século?


Resenhado por Rafael Matos

Gonçalves, C. A. V; Machado, A.L. (2007). Depressão, o mal do século. Rev. Enferm UERJ, Rio de Janeiro, abr/jun; 15: 298-304.

O presente texto refere-se a um artigo que busca resgatar a história da depressão no Ocidente por meio de uma análise histórico-social das perspectivas científicas, filosófica e poética que outrora vigoravam nas quatros fases da história do mundo ocidental, a saber: Antiguidade, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea. Além de mostrar que as diferentes concepções acerca da depressão influenciam na conduta dos profissionais da saúde.
Segundo os autores, no último relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), a depressão se situava em quarto lugar entre as principais causas de ônus entre todas as doenças, alegando ainda, que se persistir a incidência da depressão, até 2020 ela estará em segundo lugar, atrás apenas da doença isquêmica cardíaca.
A alusão ao fato de a depressão tratar-se de um mal dos novos tempos é muito frequente, principalmente nos meios de comunicação. Na última década do século XX foi considerada “doença do século”, expressão a qual não se é muito difícil de ouvir nos dias de hoje. Alguns podem pensar que esta afirmativa é verdadeira. No entanto, apesar dessas estatísticas, a depressão não é uma doença do século XXI, afirmam os autores. Segundo eles, as perturbações há muito chamadas de melancolia são agora definidas como depressão.
Durante as quatros fases históricas, a depressão apresentava as mesmas sintomatologia da configuração atual, diferindo em sua etiologia e a forma com que era vista. Na Antiguidade, a depressão estava ligada a bile negra, substância corporal que era fria e seca. Esta noção derivava da Teoria dos Quatro Humores, que considerava o temperamento como consequência dos quatros fluidos corporais: fleuma, bile amarela, sangue e bile negra – esta substância nunca foi encontrada no corpo humano –, para a Idade Média a depressão era considerada tudo que não era sagrado, na Idade Moderna, com o Renascimento, Iluminismo e Romantismo, alguns a consideravam como resultado da manifestação do anseio pelo grande e o eterno, nesta mesma época com o avanço da ciência surgem às primeiras noções de que a depressão trata-se de uma doença mental com caraterísticas hereditárias. O desenvolvimento da psiquiatria na Idade Contemporânea impulsionou a noção da depressão que temos hoje, a saber, de que a mesma é um transtorno de humor.
Este resgatamento histórico da história da depressão mostra que a mesma possui uma origem remota. Levando os autores a questionar de que século estamos falando quando consideramos a depressão como a “doença do século”.
No cotidiano, um fator que contribui para esta definição da depressão (doença do século) é o frequente uso da palavra depressão como sinônimo de tristeza.
Esta concepção errônea sobre a depressão juntamente com a noção de doença do século podem causar prejuízos à saúde das pessoas, uma vez que elas por terem a crença de que a depressão é algo comum, ou por confundirem sintomas isolados com o transtorno, acabam naturalizando o problema, e deixam de procurar por assistência em casos de sofrimento psíquico e/ou casos verdadeiro de depressão,  por outro lado, os profissionais da saúde podem cometer erros diagnósticos e consequentemente prognósticos ao serem influenciados por estas concepções, como salientam os autores, o conhecimento norteia a conduta dos profissionais.






quarta-feira, 26 de março de 2014

Loneliness and Health: Potential Mechanisms

Resenhado por Geovanna Souza

J. T. CACIOPPO et al. (2002). Loneliness and Health: Potential Mechanisms. Psychosomati Medicine 64:407–417.

O presente artigo traz em seu texto dois estudos a fim de explorar quatro mecanismos que podem ajudar a solidão a exercer efeitos negativos sobre a saúde dos indivíduos. Esses mecanismos são os comportamentos de saúde, a ativação cardiovascular, os níveis de cortisol, e do sono. Os autores buscam esclarecer alguns aspectos dos estudos e do que já trás a literatura sobre o assunto.
Os autores expõem que, segundo Berkman e Syme (1979), os adultos socialmente isolados apresentam maiores taxas de mortalidade, mesmo após a contabilização de auto-relatos de saúde física, status socioeconômico, tabagismo, consumo de álcool, obesidade, atividade física, entre outras coisas. Assim, é mostrado que diversos estudos a respeito do isolamento social demonstra seus fatores que podem levar à morbidade ou mortalidade.
O isolamento social é normalmente associado na literatura a alguns índices, tais como estado civil, contato com um amigo próximo, membro religioso e membro de grupos de voluntários. Em um dos estudos citados no artigo, os autores narram que o foco de estudos mais recentes encontram-se na construção da solidão sob um aspecto psicológico, que consiste em sentimentos de isolamento social. Embora os dados sejam mais limitados, diversas pesquisas mostram uma ligação entre a solidão e a mortalidade, bem como entre o isolamento e mortalidade. Cacioppo et al (2002) nos apresenta uma dessas pesquisas em seu texto, onde ele toma como base para sua a pesquisa as mesmas hipóteses deste estudo. Essas hipóteses dizem que indivíduos solitários tendem a se envolver em comportamentos de saúde mais pobres/negativos do que os indivíduos que não são solitários; os indivíduos solitários mostrariam ativação cardiovascular e níveis de cortisol alterados no final do dia e o isolamento ao qual os indivíduos se encontram submetidos, refletem em noites de sono de má qualidade.
Essas hipóteses foram testadas no Estudo 1 da pesquisa de Cacioppo et al (2002), em uma amostra de estudantes universitários com uma média de idade de 19 anos, que falando em termos de desenvolvimento, foram selecionados indivíduos que apresentaram hábitos de saúde ao longo da vida. Já no Estudo 2, a amostra foi compostas por adultos mais velhos (média de idade de 65 anos), cuja resiliência fisiológica poderia vir a ser diminuída quando comparados à amostra do Estudo 1.
No Estudo 1, foi avaliada a atividade autonômica, os níveis de cortisol salivar, a qualidade do sono e comportamentos de saúde em 89 alunos de graduação, sendo 45 homens e 44 mulheres. De forma geral, a resistência periférica foi maior em participantes solitários do que em participantes não solitários, ao passo que a produção e frequência cardíaca eram mais elevadas. Indivíduos solitários também relataram sono mais pobre do que indivíduos não solitários. Indivíduos solitários e não solitários não diferiram significativamente no índice de massa corporal, consumo de álcool, consumo de tabaco ou qualquer outra droga. Em nível cardiovascular, os participantes solitários mostraram maior TPR (resistência periférica total) no início e durante a presença de estressores psicológicos.
Indivíduos solitários não relataram comportamentos de saúde mais pobres do que os indivíduos não solitários. Embora o uso de medidas de autorrelato seja uma limitação deste estudo, os pesquisadores descrevem que este dado é semelhante ao de Eccles et al (1997), onde é concebível que os comportamentos de saúde afetam morbidade e mortalidade de base ampla, mas não contribuem a diferenças nos resultados de saúde para só e indivíduos não solitários, pelo menos em adultos jovens. O mesmo pode ser dito dos níveis de cortisol do cotidiano, que também foram comparáveis ​​para só jovens adultos não solitários.
No Estudo 2, foi avaliada a pressão arterial, frequência cardíaca, níveis de cortisol salivar, a qualidade do sono e comportamentos de saúde em 25 adultos mais velhos, cuja solidão foi avaliada no momento do teste em sua residência. Foi pedido aos participantes para falar sobre atividades que realizam, tais como consumo de álcool, cafeína, drogas.
De forma geral, no estudo 2 os resultados encontramos mostraram que indivíduos solitários e não solitários não diferiram significativamente no índice de massa corporal. Foi testada a hipótese de que indivíduos solitários, em contraste com os indivíduos não solitários, correm o risco de ter uma saúde mais precária, porque eles são menos ativos, bebem mais álcool, comem mal, ignoram o uso do cinto de segurança e, em geral envolvem-se em comportamentos de saúde pobres. As amostras de jovens e idosos mostraram diferenças triviais entre os comportamentos de saúde de indivíduos solitário e não solitários, o que sugere que os comportamentos de saúde não pode ser uma das principais causas de diferenças na morbidade e mortalidade entre os indivíduos solitários e não solitários. Os autores reforçam a ideia trazida por outras pesquisas de que, neste contexto, indivíduos solitários tendem a perceber seu mundo social mais ameaçador do que os indivíduos não solitários.
As avaliações de sono usando o PSQI (Índice de Qualidade Sono de Pittsburgh) evidenciou que os participantes solitários, tanto jovens (Estudo 1) como idosos (Estudo 2), exibiram menor qualidade de sono em múltiplas dimensões. Nos indivíduos solitários, um dos efeitos encontrados em noites de sono mal dormidas, remete a uma diminuição da resistência física e psicológica desses indivíduos. Assim, é descrito que os resultados para dormir em Estudos 1 e 2, apontam para um mecanismo até então não reconhecido pelo qual o sentimento de solidão pode, com o tempo, levar a diminuição da saúde. Os resultados apontam para dois mecanismos que merecem atenção especial: a ativação cardiovascular e disfunção do sono. Comportamentos saudáveis e regulação do cortisol podem exigir medidas mais sensíveis e de grandes tamanhos de amostra para discernir seus papéis na solidão e na saúde.
O presente artigo e seus estudos nos mostram como comportamentos saudáveis e o nível de cortisol podem influenciar positiva ou negativamente os modos de vida de indivíduos solitários e não solitários, levando à diminuição da saúde e do bem-estar. Dessa forma, o isolamento social pode apresentar mudanças significativas na vida dos indivíduos, e é de extrema importância que se façam mais pesquisas a respeito do tema, tanto no exterior, como no Brasil.


terça-feira, 25 de março de 2014

Alzheimer, a dor do esquecimento

Postado por Ana Raquel Santos
O Alzheimer é uma doença neurológica e degenerativa que atinge principalmente pessoas idosas. Um dos seus sintomas é a perda das funções cognitivas como a linguagem, a memória, a atenção e a orientação, causada pela causada pela morte de neurônios. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), aproximadamente 35 milhões de pessoas sofrem dessa doença.Alguns estudos apontam que proteína chamada REST, ligada ao estresse, tem papel determinante para reduzir degeneração dos neurônios. O desaparecimento da REST no cérebro produz uma neurodegeneração e morte das células por envelhecimento, destaca o estudo. O diagnóstico precoce retarda seu avanço e garante qualidade de vida ao paciente e aos seus familiares. Considerando, ainda, o limitado efeito das medicações específicas para os pacientes de Alzheimer, torna-se relevante a busca por tratamentos não-medicamentosos, incluindo a reabilitação cognitiva e psicossocial. Sendo assim, a psicologia da saúde vem oferecer intervenções aos seus pacientes e seus familiares para programas estruturados que visam trabalhar as funções mentais superiores a partir da modificabilidade cognitiva. Apresentam-se com um sólido e enriquecedor potencial para lidar com as limitações e deficiências cognitivas que alteram de modo devastador a qualidade de vida.
Fonte:
 http://www.estadao.com.br/noticias/vida%2cresistencia-do-cerebro-ao-estresse-previne-o-alzheimer-aponta-estudo%2c1142664%2c0.htm
Uma equipe de cientistas liderada por Tao Lu, do departamento de Genética da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, analisou a composição de mostras de cérebros de pessoas mortas que haviam se submetido em vida a avaliações neuropsiquiátricas. A experiência permitiu observar o "papel determinante" que tem uma proteína chamada REST para prevenir essas doenças neurodegenerativas de causas desconhecidas.
Segundo o estudo, essa proteína apenas está presente no núcleo dos neurônios dos jovens, enquanto aparece em grande proporção no cérebro das pessoas mais velhas saudáveis. Os cientistas descobriram, também, que a proteína REST está ausente nos neurônios das pessoas com Alzheimer - o tipo mais comum de demência senil caracterizado principalmente pela perda progressiva de memória - e de outras demências.
A função dessa proteína é anular "os genes que provocam a morte das células por envelhecimento e o consequente desenvolvimento de Alzheimer" assim como induzir a resistência do cérebro ao estresse, motivo pelo qual as pessoas que não têm essa proteína são mais propensas a desenvolver essas enfermidades. "O desaparecimento de REST no cérebro produz uma neurodegeneração e morte das células por envelhecimento", destaca o estudo.
Os níveis da proteína REST no cérebro permite explicar, segundo o estudo, "por que algumas pessoas mais velhas têm suas funções cognitivas intactas, enquanto em outras essas funções se reduzem e desenvolvem demência", enfermidade que afeta mais de 35 milhões de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Os pesquisadores apontaram que "os neurônios podem funcionar toda a vida, mas os mecanismos que os mantêm em funcionamento e os protegem da neurodegeneração durante o envelhecimento não são conhecidos", ainda que disseram que a proteína REST é um deles.
Esta pesquisa pode ser útil para "desenvolver novos tratamentos contra a demência", um mal que cada vez afeta mais pessoas por causa do aumento da expectativa de vida da população e ao maior envelhecimento, segundo as conclusões.

segunda-feira, 24 de março de 2014

Resiliência e Estresse: Revisão Narrativa e Aproximações Teóricas


Resenhado por Mariana Menezes

Faro, A., Pereira, M., & Lima, M. Resiliência e Estresse: Revisão Narrativa e Aproximações Teóricas. Em Actas do 9 Congresso Nacional de Psicologia da Saúde. Lisboa (Portugal), Fevereiro de 2012, Placebo: Lisboa (440-446).

O conceito de resiliência é novo e muito útil no que diz respeito aos estudos sobre adaptação positiva, eventos estressores e manejo do estresse. Porém sua utilidade é pouco estudada e possui abordagens diversas. A resiliência pode ser tomada como um mecanismo psicológico que ajuda o indivíduo a superar as adversidades do ambiente estressógeno em que vive, promovendo um desfecho positivo para ele. Desta maneira, a resiliência pode ser compreendida como componente personológico, disposicional e estável.
A resiliência também pode ser entendida como o reflexo de um desenvolvimento normal em um indivíduo que apesar de seu histórico de riscos durante a vida, demonstra um bom nível de adaptação ao seu ambiente, condição que entre outros sujeitos causaria traumas psicológicos importantes. Além disso, é observada, a habilidade de se adaptar às situações estressoras, transmitindo a existência de recursos internos e externos flexíveis que favorecem a manutenção do ajustamento ao ambiente, boa inserção social e bem-estar subjetivo.
Pensar a resiliência desta maneira, ou seja, como sendo um recurso de ajustamento situacional, formado por aspectos aprendidos na história do indivíduo, mas que pode se aperfeiçoar a cada contato com contextos adversos, facilita a compreensão da variabilidade adaptativa intra e interindividual do estresse. A resiliência é um mecanismo psicossocial adaptativo situacional que possui capacidade cumulativa, pois se constrói durante o desenvolvimento do indivíduo e faz a mediação entre o indivíduo e os estressores que lhe acomete. Ela pode ser tida como o processo de aquisição de habilidades de ajustamento e/ou como a resultante transitória deste processo adaptativo.
A resiliência também pode ser entendida como um fator integrante dos mecanismos psicossociais de adaptação e anterior à mobilização de comportamentos adaptativos que visam minimizar o impacto causado pelo estressor. A cada experiência estressora que passamos armazenamos informações sobre estressores e estratégias adaptativas que nos ajudarão em futuras experiências. Esse processo reúne dados a respeito dos meios mais eficazes e que estabelece novos parâmetros comparativos psicológicos, sociais e biológicos para experiências futuras, a resiliência vai se aperfeiçoando.
O sujeito resiliente deve possuir três características: consciência de si e autoestima elevada; consciência da capacidade de auto-eficácia e repertório de modos de resolução de problemas variado. É esperado que os sujeitos resilientes também possuam um alto nível de auto-eficácia, locus de controle interno, sejam autodirigidos, otimistas, perseverantes e confiantes, tenham habilidade de resolver problemas e sejam flexíveis. Essas características promovem uma melhor adaptação a situações estressoras inespecíficas, produção de afeto positivo e estratégias adequadas para lidar com o estresse.
A resiliência indica quantos e quais recursos adaptativos o sujeito deve mobilizar para lidar com o evento estressor. Ela age como um filtro intermediário entre a percepção e o estresse ativando conteúdos cognitivos-emocionais que tentam fornecer os meios disponíveis ao sujeito na busca por alcançar o melhor nível de ajustamento possível. Ela atua como um fator antecipatório ao processo de percepção, avaliação e interpretação do estímulo estressógeno.
Alguns autores acreditam que ela pode variar a depender do contexto psicossocial dos indivíduos na produção do estresse. Outros não encontram relevância nesta relação entre contexto psicossocial, resiliência e estresse. Portanto, alguns autores sugerem que seja feita uma análise mais acurada da relação interativa da resiliência e outros mecanismos psicossociais de adaptação na produção de desfechos sobre a saúde.

A presente leitura é importante para aqueles que desejam realizar estudos que envolvam o processo de resiliência, especialmente estudos sobre estresse e adaptação. Os profissionais da área da saúde devem se mostrar interessados pelo tema, tendo em vista que a resiliência é muito importante para compreender a relação saúde-doença. Estes profissionais, principalmente os psicólogos, necessitam entender como as pessoas lidam com os estressores a que são expostos.

domingo, 23 de março de 2014

Tabagismo Passivo


Postado por Ariane de Brito

O tabagismo passivo refere-se à inalação da fumaça de derivados do tabaco (cigarro, charuto, cachimbo e outros que produzem fumaça) por pessoas não fumantes, mas que convivem com fumantes em ambientes fechados. De modo geral, o ar poluído pela fumaça tem em média, 3 vezes mais nicotina, 3 vezes mais monóxido de carbono, e até 50 vezes mais substâncias cancerígenas do que a fumaça que entra através da boca do fumante depois de passar pelo filtro do cigarro. Os principais riscos do tabagismo passivo são o aumento do risco de doença cardíaca coronariana, a diminuição das taxas de fertilidade na mulher e doenças respiratórias e cardiovasculares.


sábado, 22 de março de 2014

Infartos em mulheres podem ser confundidos com ansiedade

Postado por Laís Santos
Estudo feito no Canadá revela dado preocupante: as mulheres estão mais propensas a morrer de ataque cardíaco em decorrência de um diagnóstico mal feito que atribua seu mal-estar a um ataque de ansiedade. Tal pesquisa, de certo modo, além de nos mostrar, em parte, certa negligência no âmbito da saúde, revela desconhecimento acerca do que vem a ser um transtorno de ansiedade. De fato, este transtorno provoca reações somáticas semelhantes as um ataque cardíaco, como por exemplo, há um aumento do cardíaco, além da contração de vasos periféricos para que se concentre sangue em áreas vitais, bem como a um aumento na frequência da respiração do indivíduo. Vale ressaltar que a ansiedade em si é uma reação normal, em outras palavras, é uma resposta do corpo a algum estressor externo. Porém, o tratamento que é dado aos homens deveria ser o mesmo oferecido às mulheres, ou seja, as mulheres deveriam ter acesso aos exames necessários para se diagnosticar um possível ataque cardíaco, com a mesma velocidade que os homens; assim, certamente, mais vidas seriam preservadas.

 As mulheres são mais propensas do que os homens a morrer de ataque cardíaco devido a um diagnóstico mal feito que atribui seu mal-estar a um ataque de ansiedade, segundo estudo divulgado nesta segunda-feira no Canadá.Cientistas da Universidade de McGill em Montreal pesquisaram a diferença de mortalidade entre homens e mulheres que sofrem ataques do coração.Para isto, interrogaram 1.123 pacientes de 18 a 55 anos hospitalizados em 24 instituições do Canadá, mas também em um hospital dos Estados Unidos e outro da Suíça. Os pacientes, todos com síndrome coronariana aguda, responderam aos cientistas nas 24 horas posteriores à sua entrada no centro médico.As mulheres entrevistadas tinham origem sócio-econômica mais modesta do que os homens que participaram do estudo. Por fim, elas demonstraram correr mais riscos de sofrer dediabetes e hipertensão, havia mais casos de doenças cardíacas em suas famílias e tinham mais possibilidades de sofrer de depressão e ansiedade do que os homens.Os cientistas, cujos estudos são publicados na revista da Associação Médica do Canadá, constataram que, em média, os homens eram mais submetidos a eletrocardiogramas rápidos e desfibrilação do que as mulheres.Os pesquisadores explicam esta diferença de tratamento pelo fato de que as mulheres costumam recorrer com mais frequência do que os homens ao serviço de emergência com dor torácica de origem não cardíaca.Além disso, "a prevalência da síndrome coronariana aguda é menor entre as mulheres jovens do que entre os homens jovens", disse a principal pesquisadora do estudo, Louise Pilote.Estes resultados, explicou, sugerem que o pessoal médico têm mais probabilidades de confundir um evento cardíaco nas mulheres com sintomas de ansiedade.
 

quinta-feira, 20 de março de 2014

Obesidade

Postado por Rafael Matos

A obesidade vem crescendo em sua magnitude epidemiológica nos últimos anos, sendo apresentado como um grave problema populacional. Pode-se definir obesidade como uma doença multifatorial que consiste no acúmulo excessivo de tecido adiposo no corpo, acarretando prejuízos e riscos à saúde do indivíduo. Há uma tendência a considerar a obesidade como sendo responsabilidade exclusiva dos indivíduos, uma vez que, são eles que ingerem os alimentos. Entretanto, diversos fatores agem regulando a ingestão de alimentos e o armazenamento de energia, a saber: fatores endócrinos, intestinais, fatores genéticos e gasto energético por meio de atividades físicas. Mostrando ser a obesidade um fenômeno complexo, e não apenas como uma “escolha de ser assim” por parte das pessoas. Neste sentido, a obesidade, necessita de intervenções, como a implantação de projetos e programas intersetoriais com ações educativas que estimulem uma vida saudável.

quarta-feira, 19 de março de 2014

Ansiedade, depressão e característica de personalidade em homens com disfunção sexual

Resenhado por Monique Carregosa

Britto, Rodriguo; Benetti, S. P. da Cruz. Ansiedade, depressão e característica de personalidade em homens com disfunção sexual. Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS. Rev. SBPH vol 13 no. 2, Rio de Janeiro - Julho/ dez. - 2010, p. 243-258.


O presente artigo trata da disfunção sexual, termo utilizado quando a atividade sexual não se desenvolve a contento e por resultar de perturbação em uma ou mais das fases do ciclo de resposta sexual (Abdo, 2007). Conforme o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM IV TR, 2002), uma disfunção sexual (ou Transtorno Sexual) é caracterizada por uma perturbação nos processos que formam o ciclo de resposta sexual – formado por Desejo, Excitação, Orgasmo e Resolução - ou por dor associada à prática sexual.
Por haver um número significativo de casos em homens de diversas idades, esse transtorno é considerado problema de saúde pública. Desse modo, o estudo é justificado pelo fato de o chamado desempenho sexual ser considerado um dos principais fatores responsáveis pelo bem-estar psicológico dos indivíduos, em função da sexualidade assumir um importante papel na construção da identidade e personalidade dos mesmos.
Como exemplo, os autores citam Paranhos (2007), visto que este aponta o surgimento de fármacos como o Viagra (citrato de sildenafil), no final da década de 90, como um dos relevantes agentes de mudança cultural, no que diz respeito à maneira de se entender a sexualidade masculina. Em todo caso, conforme o texto, a sexualidade pode atingir os mais diferentes âmbitos da vida dos indivíduos, justamente por ser tanto fonte de prazer como de frustração.
Acreditando-se que os casos de disfunção sexual tanto podem causar como serem causados por estados de ansiedade e depressão, o objetivo da pesquisa foi analisar as características de personalidade e a incidência de ansiedade e depressão em homens com disfunção erétil (DE) e ejaculação precoce (EP), comparando esses dois grupos. Por ejaculação precoce entende-se por ocorrer sem que o paciente deseje. Ela pode ser classificada como primária (ejaculação rápida desde o início de sua vida sexual) ou secundária (ocorre numa dada fase da vida do homem) e de acordo com Gina (2002), é um problema que atinge entre 22% e 38% dos homens em alguma fase da vida. Por disfunção erétil (DE), se entende que é a inabilidade de se ter ou manter uma ereção apropriada para o acasalamento. Esse transtorno atinge quase metade dos homens acima de 40 anos e pode comprometer o relacionamento interpessoal e a qualidade de vida do sujeito.
Em termos de estudos que correlacionem a disfunção sexual à depressão e/ou ansiedade, verifica-se que apesar desta última existir na maioria dos casos, Althof et al. (2005) alertam que a correlação entre ansiedade e disfunção erétil, não é claramente indicativa que a disfunção foi causada pela ansiedade per se. Já a depressão está presente na maioria das disfunções sexualis, nos mais diferentes quadros disfuncionais masculinos. Ou seja, tanto na disfunção erétil psicogênica como na disfunção de base orgânica, mostrando assim que ela é um importante fator de risco para a disfunção sexual no todo, ao ocasionar sintomas como sensação de fadiga, estresse, apatia, desinteresse, dentre outros que dificultam o desejo sexual.
A fim de se investigar os dados supracitados, aplicou-se o Inventário de Depressão de Beck (BDI), o Inventário de Ansiedade de Beck (BAI) e a Bateria Fatorial de Personalidade (BFP) em 42 pacientes de uma clínica de andrologia de Porto Alegre, todos diagnosticados com disfunção sexual psicogênica e com idade entre 18 e 45 anos. Os participantes tiveram dois encontros agendados cada, os quais realizaram-se na sala de Psicologia da referida clínica e o questionário sociodemográfico foi preenchido antes da aplicação dos instrumentos.
Utilizou-se o método quantitativo descritivo, com um amostra por conveniência do público já mencionado e para a análise dos dados foi utilizado o programa SPSS versão 18.0. Inicialmente, foram realizados cálculos descritivos e de freqüência para identificação da amostra e posteriormente ANOVA e teste T para identificar as associações entre características de personalidade, Ansiedade, Depressão e Disfunções Sexuais. Para classificar os sujeitos em relação aos fatores de personalidade foram calculados os escores Z das médias dos participantes, conforme o manual de aplicação da Bateria Fatorial de Personalidade (Nunes, Hutz& Nunes, 2008).
Como resultado, evidenciou-se que a média de idade entre os dois grupos (EP e DE) foi similar, mas identificou-se diferenças relevantes entre eles quanto à disfunção sexual primária, tempo de disfunção, tempo que levou até procurar ajuda médica, se já fez uso de algum tipo de medicamento como estimulante sexual, ansiolíticos ou antidepressivos, se possui parceira fixa e com quem realizou sua primeira relação sexual. Não foi encontrada diferença de idade média da primeira relação sexual entre os dois grupos (DE M=18,24, DP= 2,14 e EP M=17,38, DP= 3,80).
Encontrou-se uma incidência significativa de ansiedade e depressão em portadores de EP e DE, sendo que os últimos tiveram escores maiores em ambos os testes (BDI e BAI). Ao recorrer para a literatura, os autores concluíram que os resultados correspondem aos achados de outros teóricos, a saber: Tondo et al (1991), Meyer (1997) e Shabsighab (1998). Por fim, em relação aos resultados da Bateria Fatorial de Personalidade (PFP), o alto escore em neuroticismo pareceu ser o fator de personalidade mais associado às disfunções.
Em suma, pode-se concluir que os autores pretenderam obter um maior conhecimento a respeito dos aspectos emocionais e das características de personalidade desses pacientes, a fim de contribuírem para o seu tratamento. No mais, faz-se importante destacar a necessidade de identificação dos fatores de risco à disfunção erétil e à ejaculação precoce, como também traços de personalidade que indiquem uma pré-disposição a desenvolver determinado sintoma, pois só assim será possível buscar intervenções eficazes para a saúde desses indivíduos.

A leitura é recomendada para os profissionais de saúde e estudiosos da área, visto que a pesquisa indica o possível caminho para se chegar a novas descobertas acerca da disfunção sexual e fatores correlacionados. Para a Psicologia da Saúde, a importância do estudo é incontestável por envolver estados emocionais como ansiedade e depressão, o que permite olhar o transtorno sob uma perspectiva interdisciplinar e livre de tabus provenientes de ideais machistas da nossa sociedade.

terça-feira, 18 de março de 2014

Altos níveis de Cortisol, hormônio do stress, podem indicar risco de depressão!

Postado por Luana Santos

A depressão é diagnosticada a partir de uma série de sintomas clínicos, como tristeza, desânimo e outros problemas relacionados que perdurem e causem sofrimento psíquico e social ao sujeito, mas nenhum critério se refere a um marcador biológico. Apesar de já existirem estudos que mostram alteração nos níveis de alguns hormônios suscitada pela depressão, ainda não havia se falado numa substância cuja medida possa detectar a depressão. Entretanto, estudos britânicos recentes com 1800 adolescentes entre 12 e 19 anos mostraram que altos níveis de cortisol, hormônio relacionado ao estresse, podem indicar um risco grande à depressão. Ao longo de um ano, amostras de salivas dos adolescentes foram recolhidas para a análise dos níveis de cortisol e, concomitantemente, os participantes relatavam se estavam sentindo algum sintoma associado à depressão. Ao final, surgiram quatro categorias de acordo com os níveis de cortisol e os sintomas depressivos, e os resultados mostraram que uma alta concentração do hormônio somada a um conjunto de sintomas depressivos mostrou um risco quatorze vezes maior dos meninos sofrerem depressão e quatro vezes maior para as meninas (em relação com os grupos de mesmo sexo com os menores níveis de cortisol e menos sintomas depressivos). Assim, esses estudos marcam o início de uma possível otimização da abordagem não só para tratamento da depressão, mas para sua prevenção, inclusive, em comorbidade com o estresse.

Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/saude/hormonio-do-stress-pode-indicar-risco-de-depressao

O diagnóstico de depressão é feito somente com base nos sintomas clínicos de um paciente, que incluem tristeza na maior parte do dia e problemas relacionados ao sono e ao peso. Não existe um marcador biológico para a doença, isto é, alguma substância presente no organismo cuja medida detecte a condição.Uma nova pesquisa britânica pode mudar esse quadro. Ela descobriu que altos níveis do cortisol, hormônio relacionado ao stress, podem indicar um risco grande de uma pessoa ter depressão. Segundo o estudo, uma alta concentração do hormônio somada a um conjunto de sintomas depressivos eleva o risco de um adolescente sofrer depressão em até catorze vezes em comparação com quem não apresenta nenhuma dessas características. "Esse novo marcador biológico sugere que nós poderemos oferecer uma abordagem mais personalizada para tratar um alto risco de depressão", diz Matthew Ownes, professor e pesquisador da Universidade de Cambridge, na Grã-Bretanha, e um dos autores do estudo.Participaram da pesquisa cerca de 1 800 adolescentes de 12 a 19 anos. Eles tiveram amostras de saliva recolhidas de três dias a uma semana para que os pesquisadores analisassem seus níveis de cortisol. Ao longo de um ano, esses participantes relataram se estavam sentindo algum sintoma associado à depressão.Sintomas — Os adolescentes, então, foram divididos em quatro categorias de acordo com seus níveis de cortisol e com o número de sintomas depressivos que apresentavam. O primeiro grupo era formado por aqueles com níveis normais do hormônio e a menor quantidade de sintomas associados ao transtorno. Já no quarto grupo estavam os participantes com os maiores níveis de cortisol e que apresentavam mais sintomas depressivos.
De acordo com os resultados, o risco de os meninos serem diagnosticados com depressão ao longo de um a três anos foi catorze vezes maior entre aqueles do quarto grupo em comparação com os do primeiro. Entre as meninas, a probabilidade da doença foi quatro vezes superior entre as do grupo quatro. Essas conclusões foram publicadas nesta segunda-feira na revistaProceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).
"O progresso na identificação de marcadores biológicos para a depressão tem sido frustrantemente lento, mas agora nós finalmente temos um biomarcador para a doença. A abordagem da nova pesquisa ainda pode render outros marcadores biológicos e também dá pistas interessantes sobre as diferenças de gênero relacionadas à depressão", diz John Willians, chefe de neurociência e saúde mental da Wellcome Trust, fundação destinada à pesquisa na área da saúde humana e dos animais que financiou o novo estudo.


domingo, 16 de março de 2014

Anorexia

Postado por Rafael Matos

A anorexia é uma síndrome comportamental classificada no eixo dos transtornos alimentares, cujos critérios diagnósticos têm sido amplamente estudados nos últimos anos. Apresenta como principal sintomatologia, a preocupação excessiva com o peso e a forma corporal, a qual leva as pessoas a se engajarem em dietas extremamente restritivas ou a utilizarem métodos inapropriados para alcançarem o corpo idealizado. Pessoas com estes transtornos costumam julgar a si mesmas baseando-se quase que exclusivamente em sua aparência física, com a qual se mostram sempre insatisfeitas, usando como parâmetro as medidas corporais mostradas na mídia.


sábado, 15 de março de 2014

Pessoas com depressão tem mais dificuldade em diferenciar emoções

Postado por Geovanna Souza

O quadro depressivo é caracterizado por sentimentos negativos como sensação de tristeza e culpa, além da diminuição da capacidade de pensar e de se concentrar. Em virtude desse quadro, muitos indivíduos que sofrem com a depressão tendem a não saber ao certo ou a confundir o que estão sentindo e/ou pensando. Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos revela que pessoas com depressão tem dificuldades de identificar com precisão o que estão sentindo, principalmente no que se refere a sentimentos negativos. Os pesquisadores observaram que entre as pessoas com depressão houve uma tendência de acusar múltiplas sensações, em que, por exemplo, os sentimentos de frustração e culpa obtiveram notas iguais, em pequenos intervalos de tempo. No critério da pesquisa, quanto mais uma pessoa indicava duas emoções ao mesmo tempo, menos ela conseguia distingui-las. O mesmo comportamento não foi encontrado quando era perguntado sobre emoções positivas.



Algumas pessoas são incapazes de diferenciar as sensações negativas que experimentam, como raiva, ansiedade e culpa, por exemplo. Pelo menos é o que afirma uma pesquisa que será publicada no Psychological Science, periódico da Association for Psychological Science, organização dos Estados Unidos voltada para o avanço da psicologia como ciência. Coordenado por Emre Demiralp, da Universidade de Michigan, o estudo concluiu que indivíduos que sofrem de depressão não conseguem distinguir diferentes tipos de emoções negativas. Essas pessoas, de acordo com Demiralp, têm dificuldades em identificar se estão se sentindo culpados ou com raiva, por exemplo.
"Nós queríamos investigar se as pessoas clinicamente em depressão conseguem identificar emoções com o mesmo nível de precisão e diferenciação que as pessoas saudáveis", diz Demiralp. Para checar a hipótese, o pesquisador recrutou 106 participantes entre 18 e 40 anos, sendo metade diagnosticada com depressão clínica. Consultados oito vezes ao dia durante uma semana, eles tinham de marcar em um dispositivo portátil diferentes emoções, de um leque de opções disponibilizado pelo aparelho. Dessa forma, eles deveriam dizer em qual nível, de um a quatro, se sentiam tristes, ansiosos, bravos, frustrados, envergonhados, indignados ou culpados (sentimentos negativos); ou felizes, entusiasmados, alertas ou ativos (positivos). Em alguns momentos no dia, o intervalo de tempo entre uma pergunta e outra aos participantes era de apenas dois minutos. 
Entre as pessoas com depressão, os pesquisadores observaram um tendência de acusar múltiplas sensações (como frustrado e culpado), com igual nota, em intervalos de tempo muito estreitos. No critério da pesquisa, quanto mais uma pessoa indicava duas emoções ao mesmo tempo, menos ela conseguia distingui-las. Não foi encontrado o mesmo comportamento quando as pessoas diziam sentir emoções positivas.      
Seja específico — Para Demiralp e a equipe que levou o estudo adiante, o resultado obtido será importante para estudar a experiência emocional de pessoas clinicamente diagnosticadas com depressão, o que abriria o caminho para o desenvolvimento de mais tipos de terapia no futuro. No artigo, ele escreve que um sexto dos norte-americanos sofre, pelo menos uma vez na vida, de depressão nervosa. 
"Nossos resultados sugerem que ser específico sobre suas emoções negativas pode ser bom", diz Demiralp. "Pode ser melhor que você não pense que está se sentindo mal e desconfortável de forma genérica. Seja específico. É raiva, vergonha, culpa, ou alguma outra emoção? Isso pode fazer com que você melhore sua vida. Nosso objetivo é investigar abordagens para facilitar esse tipo de inteligência emocional em larga escala na população.

sexta-feira, 14 de março de 2014

A psicologia hospitalar e as equipes multidisciplinares

                                              
                                                                            Resenhado por Grasielle Rocha

Fossi, L. Barcellos; Guareschi, N. M. de Fátima. A psicologia hospitalar e as equipes multidisciplinares. Faculdade de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.  Rev. SBPH v.7 n.1 Rio de Janeiro jun. 2004


A psicologia hospitalar é um conjunto de contribuições cientificas, educativas e profissionais que as diferentes disciplinas psicológicas fornecem para dar a melhor assistência aos pacientes no hospital (Rodrigues Marin, 2003). A psicologia hospitalar tem construído sua história, passo a passo, considerando que há menos de duas décadas a atuação do psicólogo em instituições hospitalares não estava regulamentada.
O início das atividades da psicologia hospitalar se deu na década de 1980. Nessa década, a instabilidade econômica do país gerou um mercado de trabalho saturado de profissionais liberais e uma baixa nas ofertas de emprego. Essa situação econômica se fez presente no início da trajetória profissional de psicólogas que iniciaram sua atividade profissional no hospital. No entanto, pouco se sabia sobre o psicólogo hospitalar, suas funções não haviam sido preestabelecidas, e ainda não existiam muitos estudos teóricos sobre o tema.
Médicos e enfermeiros observam que grande parte dos pacientes voltam ao hospital novamente doentes, solicitando atendimento e cuidados. As equipes médicas (e também outros funcionários do hospital) relatam que, em alguns casos, somente a ajuda médica não basta para o tratamento ser bem sucedido: o ser humano é muito mais que um corpo físico, e assim, o atendimento integral à saúde é indiscutível. A psicologia hospitalar não se limita ao usuário ou à instituição, mas às especificidades que auxiliam todo o trabalho da equipe de saúde. A experiência da multidisciplinaridade proporcionou a continuidade da construção da identidade do psicólogo, enquanto um profissional do campo da saúde.
A psicologia hospitalar, além de pertencer a área clínica, abrange áreas como a organizacional, social e educacional, utilizando-se de recursos técnicos, metodológicos e teóricos de diversos saberes psicológicos. A Psicologia Hospitalar busca comprometer-se com questões ligadas à qualidade de vida dos usuários, bem como dos profissionais da saúde, logo, não se restringe ao atendimento clínico, mesmo este sendo uma prática dos psicólogos hospitalares.
O aparecimento de inúmeras especialidades da área da saúde impossibilita que um único profissional englobe todos os conhecimentos produzidos em sua área de atuação. As múltiplas situações difíceis e inesperadas que fazem parte da realidade dos usuários dos hospitais gerais refletem no trabalho da equipe multidisciplinar, o que mostra que uma única especialidade profissional não consegue dar conta dessa gama de fatores intrínsecos à doença e à hospitalização. Embora sejam os médicos os protagonistas do manejo hospitalar, pois são eles que decidem sobre técnicas, medicações, cura, internações e altas, os demais profissionais se adequam, primeiramente, à demanda orgânica do indivíduo e às definições do médico, para posteriormente, integrem sua prática ao atendimento hospitalar.
O vínculo entre o indivíduo e a equipe multidisciplinar tem de ser considerado no manejo psicológico. É indispensável que o psicólogo saiba detalhadamente das atividades desenvolvidas pelos demais profissionais, bem como os limites de cada um, possibilitando uma atuação integrada, com manejo único. No dia-a-dia do hospital os psicólogos muitas vezes ocupam o lugar de tradutores entre os médicos e os usuários, podendo tomar-se o entendimento de que as questões subjetivas são exclusivas do psicólogo e as orgânicas do médico. Entretanto, o ser humano não é só somático ou psíquico, ou seja, a fragmentação do atendimento à saúde pode não contemplar a complexidade do ser humano, devido aos diferentes campos de saberes e poderes envolvidos no atendimento ao usuário. Do ponto de vista da psicologia, o trabalho das equipes multidisciplinares só se tornará válido e enriquecedor para os usuários se cada profissional se responsabilizar por sua área de cuidados em relação à saúde. No entanto, responsabilizar-se por sua área de saber não significa evitar trocas de saber entre os diversos profissionais integrantes da equipe, mas, sim, manter a clareza nas informações sobre os usuários.
Enfim, vale salientar que a psicologia hospitalar é restrita ao Brasil e não existe, enquanto delimitação de campo de saber, em outros países. Além de ser vista como profissão na área clínica, é também organizacional, educacional e social, tendo um importante papel na área da saúde ao proporcionar melhorias no cuidado aos usuários de hospitais e seus familiares.





quinta-feira, 13 de março de 2014

Espelho, espelho meu ... Existe alguém mais magro do que eu?

Postado por Mariana Menezes

Os transtornos alimentares alteram o nosso estado de saúde e fazem parte da vida de muitas pessoas, principalmente das mulheres. Estudos comprovam que pessoas bonitas têm mais chances de se darem bem na vida, receberem maior apoio social e desenvolverem um autoconceito favorável. Porém, o que acontece é que em muitos casos a preocupação com a beleza torna-se patológica. A mídia, por sua vez, surge como um dos fatores reforçadores de alguns tipos de transtornos alimentares, devido à supervalorização da magreza. No vídeo, a psiquiatra Mara Maranhão explica a diferença entre os dois tipos de transtornos alimentares mais comuns. Ela fala sobre as características, sintomas, sinais, consequências e tratamento da anorexia e bulimia.

quarta-feira, 12 de março de 2014

Adverse health effects of anabolic–androgenic steroids

Resenhado por Ariane de Brito

Amsterdam, J. V.;Opperhuizen, A; &Hartgens, F. (2010).Adverse health effects of anabolic–androgenic steroids. RegulatoryToxicologyandPharmacology, vol. 57, p. 117–123.

O presente texto refere-se a um artigo holandês que teve como objetivo analisar os dados científicos sobre esteróides anabólicos androgênicos (EAA, anabolizantes, “bombas”, ...) disponíveis na literatura internacional. Foi enfatizada a avaliação dos riscos agudos e crônicos dos efeitos adversos à saúde com o uso de EAA. Antes de mencionar esses efeitos, os autores apresentam o conceito de EAA, seguido pelas formas de administração, características dos usuários e prevalência. Ao final são mencionados os danos sociais/ comportamentais relacionados com o uso dessas substâncias.
Os EAA são substâncias sintéticas derivadas de hormônios sexuais masculinos (andrógenos). Essas substâncias provocam tanto o crescimento do músculo esquelético (efeito anabólico) quanto o desenvolvimento de características sexuais masculinas (efeito androgênico). Desde os anos de 1950 os EAA são usados, especialmente, por homens e atletas, com o objetivo de melhorar o desempenho atlético e a atratividade física.
Os autores relatam três categorias distintas de esteróides que se diferenciam entre si a partir da forma como a testosterona é sintetizada, a saber: esteróides sintéticos pertencentes (1) à Classe A, que possuem maior solubilidade lipídica e exigem administração intramuscular; (2) à Classe B, que são compostos que podem ser administrados por via oral; e (3) à Classe C, também disponíveis para administração oral.
No que diz respeito ao uso clínico dos EAA, eles são comumente indicados para casos de hipogonadismo em homens, puberdade atrasada, interrupção prematura do surto de crescimento na adolescência e alguns tipos de impotência. No entanto, para os autores, o uso recreativo e abusivo dessas substâncias se tornou comum entre atletas e fisiculturistas.
A utilização de EAA acontece frequentemente através de combinações, isto é, o usuário toma dois ou mais anabolizantes juntos, misturando anabolizantes de administração oral e/ou intramuscular, por exemplo. Outra prática acontece através de ciclos, onde no início de um ciclo, baixas doses de substâncias são administradas e tal dosagem é gradualmente aumentada durante 6 a 12 semanas. Na segunda metade do ciclo, as doses são lentamente diminuídas para zero. Acredita-se que dessa forma o corpo tem tempo para se ajustar às altas dosagens, além de permitir que o sistema hormonal se recupere. Entretanto, os autores apontam que o sinergismo ou outros benefícios dessas práticas nunca foram demonstrados.
            Em relação à prevalência do uso de anabolizantes, estudos americanos da década de 1990 apontam tal uso em 4-11% e 2,5% dos estudantes do ensino médio masculino e feminino, respectivamente. De modo geral, os dados mais significativos mencionados pelos autores no artigo são de que dois terços dos usuários deEAA começaram seu abuso aos 16 anos de idade; que as estimativas desse uso foram mais elevadas em grupos de usuários de academias, fisiculturistas, levantadores de peso e populações prisionais; que no Brasil os anabolizantes mais usados são a nandrolona e o estanozolol; e que aproximadamente 1% da população de diversos países europeus e nos EUA já usaram EAA.
            Sobre os efeitos adversos, o abuso de anabolizantes pode causar mudanças tanto reversíveis quanto irreversíveis no organismo. As variáveis de tempo e dosagem de substância influem diretamente nesses efeitos. A partir desse momento, os autores citam no decorrer do artigo, diversos deles. Entre os agudos estão dores de cabeça, retenção de líquidos, diarréia, dores de estômago e acnes, além de alterações menstruais, hipertensão e o desenvolvimento de infecções no local da injeção. Estudos observacionais sugerem que a maioria dos usuários de EAA experimenta pelo menos um efeito colateral, sendo os mais comuns: acne, atrofia testicular, ginecomastia, estrias cutânea e dor no local da injeção.
Já entre os efeitos adversos crônicos estão os problemas urogenitais, cardiovasculares e doença hepática. Algumas das alterações podem ser revertidas como por exemploa produção de espermatozóides reduzida, impotência e atrofia testicular em homens e as irregularidades menstruais, aumento do clitóris e o desenvolvimento de características masculinas nas mulheres. Felizmente, os autores ressaltam que a maioria dos efeitos fatais graves aparecem relativamente pouco frequentes, apesar do uso de anabolizantes estar relacionados com casos de morte súbita, infarto agudo do miocárdio e suicídio.
Efeitos neuropsiquiátricos também são associados ao abuso do EAA. Irritação, agressão, depressão, mania são alguns deles. Os autores mencionam que a frequência destes efeitos é geralmente baixa, e que depende da dosagem utilizada.
Em comparação com outras drogas de abuso, os EAA não são fortemente euforizante, mas mesmo assim, o efeito de bem-estar de uso de anabolizantes e os efeitos disfóricos de retirada podem contribuir para um quadro de síndrome de dependência de EAA em alguns indivíduos. Apesar de estudos recentes (Brower, 2009; Kanayamaet al, 2008, 2009) sugerirem que a dependência de EAA seja bastante comum, para os autores deste artigo, isso só vem a acontecer com uma minoria dos usuários. Para eles, a dependência de EAA é confundida como a dependência de exercício físico e o uso de múltiplas drogas.
            Por fim, os autores mencionam os danos sociais, principalmente os relacionados com a agressão e a criminalidade. A agressividade pode levar os usuários a provocarem atos violentos por apresentarem essa tendência, que pode se manifestar como luta, abuso físico e/ou sexual, assalto etc. Quanto à criminalidade, os autores chamam atenção para a venda de EAA. Legalmente eles são disponíveis apenas por prescrição médica. No entanto, 75% dos usuários holandeses, compram anabolizantes ilegalmente via colegas de academias, instrutores e pela internet. O comércio ilícito e quando associado com outras atividades criminosas, costumam vender substâncias de qualidade inferior, sendo seus clientes predominantes, jovens desportistas.
O artigo faz um amplo levantamento dos efeitos adversos causados pelo abuso de EAA, bem como das questões norteadoras que cercam este uso abusivo. Vale ressaltar que este estudo foi financiado pelo Ministério da Saúde, Bem-Estar e do Desporto Holandês e que os resultados desta análise foram utilizados em um estudo recente que buscou classificar o dano relativo de EAA dentro de uma seleção de dezenove drogas ilícitas, incluindo heroína, cocaína, ecstasy e maconha.


terça-feira, 11 de março de 2014

Risco de infarto chega a ser 60% maior em pessoas com transtornos de ansiedade e de depressão

Postado por Alexsandra Macedo

A maioria da população está alerta quanto à relação entre a hipertensão arterial, a obesidade, o sedentarismo e o tabagismo e o cuidado com a saúde do coração. No entanto, não são somente essas doenças que podem afetá-lo. Estudos apontam que a depressão e a ansiedade também afetam o funcionamento desse órgão e aumentam o risco de infarto.


São Paulo - Problemas cardíacos são responsáveis por 30% das mortes no Brasil. Considerada fator de risco para desenvolvimento de doença cardíaca, depressão será a doença mais comum em 2030, de acordo com a Organização Mundial de Saúde
Hipertensão arterial, tabagismo, sedentarismo e obesidade são alguns dos mais conhecidos e explorados fatores de risco para o desenvolvimento de problemas cardíacos, que são responsáveis por 30% das mortes por ano no Brasil, mas a ansiedade e a depressão também precisam ser controlados para manter um coração saudável.
De acordo com o InterHeart, estudo que envolveu 52 países e teve como objetivo avaliar de forma sistematizada a importância dos fatores de risco para doença arterial coronariana, revelou que fatores psicossociais, como estresse e depressão, aumentam o risco de infarto em 60%.
"A depressão e a ansiedade não eram tratadas como coadjuvantes das doenças coronárias, porém hoje são tratados como marcadores de risco isolados e merecem atenção especial, pois podem ser confundidos com outras crises, como tristeza e melancolia", diz o cardiologista do Hospital do Coração, responsável pelo Programa de Cuidados Clínicos no Infarto do Miocárdio e membro do Comitê Diretivo do estudo, Leopoldo Piegas.
Após a avaliação de 30 mil pacientes que participaram do estudo, os pesquisadores concluíram que a depressão reduz o calibre dos vasos sanguíneos e eleva a pressão arterial. Já a ansiedade e estresse aumentam a produção de substâncias inflamatórias relacionadas a aterosclerose coronária.

segunda-feira, 10 de março de 2014

O estresse e a conexão emocional

Resenhado por Geovanna Souza

McEwen, B. S. & Lasley, E. N. (2003). O estresse e a conexão emocional. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2003. In: O fim do estresse como nós o conhecemos (pp. 60-78).

Neste capítulo, Mc Ewen e Lasley abordam o estresse sob uma nova visão: focada no aspecto emocional e na relação entre o cérebro-estresse. Os autores buscam narrar diversos estudos realizados acerca do desencadeamento do estresse através dos hormônios e do cérebro. Aqui, o cérebro deixa de ser visto apenas como um iniciador da reação ao estresse, passando a ser considerado também, um alvo do estresse. O texto se inicia falando da mudança que diversos estudos provocaram ao longo do tempo na teoria principal do estresse, tendo como principal autor Hans Selye.
Hans Selye foi o pioneiro ao falar de “estresse”, no entanto, em seus primeiros estudos ele evitava essa palavra, pois achava que ela remetia a ideia de tensão nervosa. Apenas em 1950 foi que ele começou a pensar no estresse como uma reação que ocorre dentro do organismo. A partir de então, Selye definiu que a reação que ocorre dentro do organismo representa o estresse, e os estímulos externos passou a ser conhecido por ‘estressores’. 
Em 1956 com a publicação de The Stress of Life, Selye começou a mostrar que estava disposto a reconhecer a ideia de estresse psicológico, até então rejeitada por ele. No entanto, mesmo disposto a ver o estresse sob uma nova forma, ele manteve sua definição de estresse como uma reação inespecífica do corpo. Os autores McEwen e Lasley falam em seu texto que segundo John Mason, Selye não queria confundir sua síndrome de adaptação geral com estresse emocional. 
Apesar de Selye não querer esse tipo de conexão em suas teorias, havia outros estudiosos que se interessavam em estudar a conexão emocional junto ao estresse. Talvez a explicação dada a isso esteja relacionada com o fato de que, nas décadas de 1930 e 1940 as emoções não eram consideradas da alçada da ciência. Faltavam estudos que comprovassem as emoções e sua ligação à reação ao estresse e, até mesmo ao cérebro. O cérebro era provocador de grandes dúvidas para diversos estudiosos, já que muitos pesquisadores do tema achavam que o estresse era desencadeado e coordenado apenas por fatores fisiológicos/hormonais. Sendo assim, McEwen e Lasley narram que o cérebro “não foi considerado um órgão emocional até a década de 1950, quando Paul McLean identificou estruturas que denominou sistema límbico” (p. 62), onde a partir de então, novos estudos mostravam como as emoções como o medo ou a raiva, estavam ativas durante reações emocionais. 
Mesmo com estudos descrevendo que as emoções e a reação ao estresse estavam ligadas ao cérebro, os cientistas da época de Selye sabiam que a força para tal reação era fornecida pelo sistema endócrino, sob comando da glândula pituitária, resultando na produção de hidrocortisona. No entanto, não havia nenhuma rede de nervos que ligasse a pituitária ao cérebro, comprovando uma ligação ‘concreta’ entre ambos. Dessa forma, McEwen e Lasley fazem o seguinte questionamento: “como poderia a síndrome metodicamente caracterizada de Selye ser desencadeada por algo surgido nas trevas da mente?” (p. 63). Para responder a essa pergunta eles começam a descrever como os hormônios se tornam mensageiros das reações do estresse , provocando emoções nos indivíduos. Citando a pesquisa de Sir Geoffrey Harris, os autores descrevem que foi a partir de então, que se pôde comprovar que o cérebro secretava seus próprios hormônios, enviando comunicações ao sistema endócrino por meio da pituitária, propondo que o cérebro ativava as glândulas endócrinas. Harris denominou essa descoberta de “sistema vascular portal hipofásico”. 
Nesta mesma época já era conhecido pelos cientistas que o sistema nervoso transmitia sinais por meio de mensageiros chamados de neurotransmissores. O primeiro neurotransmissor descoberto foi a acetilcolina, em 1920, e depois surgiram outros, como a adrenalina, que é conhecida por fazer parte da reação inicial do estresse. Esses e outros neurotransmissores não devem ser rotulados a uma única função, uma vez que McEwen e Lasley afirmam que eles tem muitos papéis diferentes no cérebro, ressaltando que para as pessoas que se interessam em estudar a relação do estresse com o cérebro, a interação que ocorre entre os neurotransmissores e seus receptores são de extrema importância. Quando um se conecta ao outro, pode resultar em uma emoção ou em algum sinal de que a reação de luta ou de fuga já não é mais necessária, amenizando as reações causadas pelo estresse. 
Em 1983, Wylie Vale anunciou a descoberta de um hormônio que mudaria os estudos de muitos cientistas. Ele e sua equipe descobriram o fator de liberação do hormônio que desencadeia a reação ao estresse: a hidrocortisona. Isso comprovou o que Sir Geoffrey havia dito em seus estudos, mostrando como a imagem do estresse mental ativa a reação ao estresse.
Estudos de Mason, ainda na década de 1950, possibilitaram detectar a quantidade de hidrocortisona em urina e sangue, testando os níveis de hormônios antes, durante e depois do estresse. Repetindo alguns estudos de Selye, Mason tentou isolar o estresse psicológico, a fim de saber se o apenas o estresse poderia ativar a síndrome de adaptação geral. Em seus estudos ele usou inicialmente ratos, mas foi utilizando macacos em jejum que ele conseguiu maior êxito. Mason concluiu que o estresse psicológico que acompanhavam os macacos era um fator poderoso que deveria ter maior atenção dos pesquisadores. Com isso, Mason e seus colegas de estudos receberam as honras por mostrar como os estímulos psicológicos podem afetar a produção dos hormônios do estresse. 
Por fim, McEwen fala que seu interesse pelos hormônios do estresse e pelo estresse nasceu da sua curiosidade em saber como o mundo e nossas experiências nele podem modificar o cérebro. Ele e Lasley continuam relatando que um dos principais desafios acerca do estresse foi estabelecer como os hormônios chegavam ao cérebro e se ligavam a seus receptores. A resposta para tais dúvidas começaram quando foi descoberto que toda vez que o hormônio sexual se prendia ao receptor, o funcionamento do cérebro era modificado. A partir desse estudo, várias pesquisas foram realizadas a fim de saber se o mesmo ocorre no caso do estresse. No entanto, é enfatizado ao se concluir o capítulo, que para se conhecer por completo o que os hormônios do estresse fazem quando alcançam nosso cérebro, levaria muitos anos. Mas em 1970, pesquisas realizadas pelos próprios autores deste texto, indicavam que as respostas estavam começando a aparecer. Diversos pesquisadores haviam mostrado como o cérebro percebe um evento estressante e como as reações hormonais o ajudam a enfrentar tais situações. Nessas novas pesquisas o cérebro é visto de uma maneira diferente: não apenas como iniciador da reação ao estresse, mas também, como um alvo do mesmo.
Este capítulo traz grandes contribuições para o tema, uma vez que ele nos revela informações claras a respeito do estresse enquanto origem hormonal, e sob uma nova forma, que seria a conexão emocional e cerebral que é estabelecida durante os momentos de estresse. Sendo assim, as reações causadas pelo estresse pode ser entendida a partir de diversos aspectos que contribuíram e contribuem para novos estudos sobre o assunto, demonstrando como o cérebro pode ser o iniciador do estresse.