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sábado, 31 de maio de 2014

Brasil recrutará mil agentes antidoping para Olimpíadas


Postado por Monique Carregosa

Não é novidade que assim como a COPA 2014, as Olimpíadas 2016 ocorrerão no Brasil. O fato é que foi traçado um plano de recrutamento de novos funcionários, o qual deve iniciar no começo de agosto deste ano até o início dos jogos de 2016, tudo a fim de haver um controle de doping. A parceria entre o Governo Federal e as Confederações de Esportes Olímpicos parece ser uma boa medida de fiscalização, haja vista que um dos resultados das pesquisas descritas abaixo mostram que um número significante de esportistas afirma não saber que existe uma lista de substâncias proibidas, o que enfatiza ainda mais a necessidade de um processo de educação contra o doping.


"Estamos nos preparando para selecionar, capacitar e certificar agentes de controles de dopagem para 2016", explica Marco Aurélio Klein, diretor executivo da ABCD. "Serão oficiais de controle, de coleta de sangue, escoltas e operadores das estações de controle. Temos de formar um grupo com diversos profissionais que passará de mil pessoas, podendo chegar a 1.500 ao longo do período."A ABCD foi efetivamente criada em 2011, por meio do decreto, e está subordinada ao Ministério do Esporte. Sua existência está atrelada aos compromissos assumidos pelo governo brasileiro junto ao Comitê Olímpico Internacional (COI), quando o Brasil ganhou o direito de sediar os Jogos Olímpicos.Em uma de suas primeiras ações, a ABCD debruçou-se sobre a situação do controle de dopagem no País. Em 2013, todos os competidores que recebem o benefício do Bolsa Atleta responderam a uma pesquisa, cujo objetivo era mapear o alcance dos testes no alto rendimento. Os resultados preocupam.Dos cerca de 7 mil participantes da pesquisa, 76% afirmaram nunca terem passado por exame antidoping em competição. O número aumenta para 83% quando a pergunta se refere a testes aplicados no Brasil.Além da flagrante falta de exames, quase a totalidade dos atletas (92%) afirmou não saber que existe uma lista de substâncias proibidas - que está disponível no site da Agência Mundial Antidoping (Wada), no do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e também no da ABCD.Na avaliação de Klein, o Brasil sofre com grandes falhas, não só no escasso número de testes, mas também no processo de educação contra o doping. Por isso, a entidade brasileira costura um acordo de cooperação com a Agência Britânica (Ukad) para criar um programa de conscientização. O Brasil tem a expectativa de zerar o número de casos positivos de doping em 2016. ASSUNTO FEDERAL - Outro diagnóstico da pesquisa realizada pela ABCD é que apenas seis, das 30 confederações de esportes olímpicos, têm um programa de combate ao doping. Uma delas é a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), entidade que mais faz exames no Brasil, perdendo apenas para a Confederação Brasileira de Futebol (CBF).O processo de controles antidoping, segundo Klein, vive um período de "transição" - a partir desse ano, todos os testes serão pagos pelo governo. "Vamos tirar das confederações a responsabilidade de fazer os exames", avisa. Assim, a ABCD - com verba federal - vai custear todos os testes realizados pelas entidades olímpicas no País. Do orçamento deste ano para o órgão (R$ 12,2 milhões), R$ 8 milhões são para os controles.  






Qualidade de vida e desesperança em familiares de dependentes químicos


Postado por Iracema Freitas

Aragão, A. T. M., Milagres, E., Figlie, N. B. Qualidade de vida e desesperança em familiares de dependentes químicos. Psico-USF, v. 14, n. 1, p. 117-123, jan./abr. 2009

             O sistema familiar é diretamente afetado pela presença de um membro dependente químico. A relação deste com os demais membros da família pode comprometer a saúde mental dos envolvidos,  gerando até transtornos psíquicos nestes. O presente estudo foi realizado  em São Paulo teve o objetivo de medir a qualidade de vida e desesperança num grupo de 56 mulheres (mães, companheiras e irmãs), que lidam com dependentes do álcool em casa. Todas são participantes do CUIDA (Centro Utilitário de Intervenção e Apoio aos Filhos de Dependentes Químicos) que oferece assistência psiquiátrica e psicológica aos familiares e dependentes químicos, como também orientações e psicoterapia familiar.
 De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), qualidade de vida está relacionada com o modo como o sujeito se sente diante de contextos que interfiram na sua saúde e em seus comportamentos diários. No contexto em que as condições de saúde mental e física são atingidas, o indivíduo pode desenvolver transtornos psiquiátricos como depressão, sendo a desesperança fator relevante para tal condição.  Segundo Stotland (1969), as pessoas desesperançadas acreditam que nada sairá bem para elas, que nunca terão sucesso no que tentarem fazer,  e que suas metas importantes jamais poderão ser alcançadas e  bem como  seus piores problemas nunca serão solucionados (Beck, 2001).
Para a coleta de dados foram utilizados os seguintes instrumentos : Critérios de Classificação Econômica do Brasil (CCEB )instrumento que estima o poder de compra dos indivíduos e famílias urbanas; Levantamento Sócioeconômico (LSE) do IBOPE, que classifica-os por classes econômicas (A, B, C, D, ou E); a Beck Hopelessness Scale (BHS) (Beck, 2001) permite avaliar a extensão das expectativas negativas a respeito do futuro imediato e remoto, classificando os resultados como nível: mínimo, leve, moderado ou grave;  e o o WHOQOL-Bref (Fleck, Louzada,Xavier, Chachamovich, Vieira, Santos & Pinzon,2000) , instrumento desenvolvido pela (OMS) possui 26 questões sobre qualidade de vida dividida em quatro domínios: físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente. Os resultados indicaram que 83% (n=47) das mulheres pesquisadas possuem desesperança mínima e leve. Da amostra total 23% (n=13) apresentaram diagnóstico de depressão e 5% (n=3) diagnóstico de ansiedade, sendo que 16% (n=9) dessas entrevistadas apresentaram desesperança moderada e grave.
De modo geral, os dados encontrados revelaram que conviver com dependentes químicos interfere na qualidade de vida de seu familiar. Entendendo qualidade de vida como uma experiência subjetiva, ela pode garantir ao indivíduo habilidades de enfrentamento que nos resultados do estudo foram refletidas como desesperança leve e moderada. Apesar da relação com dependentes do álcool afetar a harmonia familiar, as mulheres definem sua qualidade de vida como adequada mesmo diante dos acontecimentos externos, ou seja, seu estado mental diante dessa situação de crise é de fortalecimento. Nos casos, onde não houve enfrentamento, constatou-se transtornos psiquiátricos como depressão e ansiedade.

O consumo desordenado do álcool compromete a vida do dependente e dos familiares. Os resultados do estudo sugerem que a realização de intervenções junto aos familiares de dependentes pode diminuir a possibilidade de ideação suicida decorrente da depressão e da desesperança, e servir como um trabalho preventivo de diagnóstico psiquiátrico.

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Muito estresse deixa o organismo vulnerável a doenças

 Postado por Alexsandra Macedo

O estresse é uma presença constante no cotidiano da população em geral. Sua evolução passa por quatro fases que vai do estresse leve até a exaustão. Conhecer e observar essas fases permite ao cidadão perceber seus sintomas e a partir dai desenvolver estratégias de enfrentamento do  mesmo. O estresse baixa a imunidade de organismo deixando-o vulnerável a diversas doenças, algumas graves como o câncer e problemas no coração.







segunda-feira, 26 de maio de 2014

Câncer infantil: aspectos emocionais e atuação do psicólogo

                                                 
                                                                         Resenhando por Grasielle Rocha

Cardoso, Tanes Flavia. Câncer infantil: aspectos emocionais e atuação do psicólogo. Rev. SBPH v.10 n.1 Rio de Janeiro jun. 2007

            O presente artigo abordou alguns tópicos importantes sobre o câncer infantil, tais como: Desenvolvimento histórico do papel da família e da criança na sociedade; O Câncer Infantil; Criança com Câncer; A Família da Criança Portadora de Câncer e A Atuação do Psicólogo.
           O Câncer é uma doença que até hoje, mesmo com os constantes avanços tecnológicos no seu diagnostico e tratamento, é extremamente temida e fortemente associada à morte. A descoberta do câncer em crianças gera medo da dor e sofrimento na família, como também na própria criança, que pode desenvolver insegurança em relação ao futuro devido ao risco da morte. É importante destacar que as reações não são as mesmas em todas as famílias que descobrem ter um filho com câncer, cada indivíduo tem uma reação e um modo de lidar com a situação. Para tanto, utilizam recursos internos a fim de enfrentar e se adaptar à nova realidade. Nesse contexto, cabe aos profissionais da saúde terem conhecimento dos aspectos que envolvem esta enfermidade, para assim, ter uma relação de cuidado e acolhimento com o paciente e com a família.
            Para a etiologia, o câncer é uma doença genética caracterizada pela divisão e proliferação desordenada de células que sofreram mutação em seu material genético. Ele pode ocorrer em qualquer parte do organismo e devido ao acúmulo das células dão origem aos tumores. Estes por sua vez, são caracterizados pelo agrupamento de células anormais que uma vez formadas serão destruídas pelo organismo, permanecerão como tumores benignos ou se transformarão em tumores malignos. Tudo dependerá do sistema imunológico do indivíduo, que será influenciado por diversos fatores de risco (Associação Brasileira do Câncer [ABC], 2007). Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA, 2OO7), o que diferencia a manifestação do câncer infantil do adulto é que o primeiro geralmente afeta o sistema sanguíneo e os tecidos de sustentação, já o segundo afeta as células do epitéleo que recobre diferentes órgãos do corpo humano.
Os tipos mais comuns de neoplasias infantis são as leucemias, os tumores do sistema nervoso central e os linfomas. As leucemias caracterizam-se pelo acúmulo de células imaturas anormais na medula óssea, sobrepondo-se ao número de células normais, que prejudicam a produção das células sanguíneas; já os linfomas, localizam-se no sistema linfático, que é responsável pela produção de células responsáveis pela imunidade, e os tumores do sistema nervoso central são responsáveis por 20% das neoplasias malignas infantis.  Além disso, também são típicos nas crianças o tumor de gânglios simpáticos (neuroblastoma), o tumor renal (tumor de Wilims), o tumor da retina do olho (retinoblastoma), o tumor germinativo, o tumor ósseo (osteossarcoma) e os tumores de partes moles (sarcomas) (INCA, 2007). As condutas terapêuticas utilizadas no tratamento do câncer costumam ser a cirurgia, a quimioterapia, a radioterapia e o transplante de medula óssea no caso das leucemias.
               A princípio, quando a criança é diagnosticada com câncer, sua reação dependerá da reação dos seus pais, pois estes servem de modelo para o enfrentamento da criança. Por isso, são os primeiros a necessitarem de ajuda. É a partir do modo de lidar dos pais diante do tratamento que a criança passa a entender mais sobre a doença. Em relação aos sintomas físicos resultantes do câncer e do seu tratamento, a criança pode apresentar reações emocionais, tais como ansiedade, raiva, culpa e depressão. Nos aspectos comportamentais, a criança poderá isolar-se, ter seu rendimento escolar diminuído ou até mesmo não querer frequentar a escola. A hospitalização da criança para o tratamento pode causar reações negativas e comprometer o seu desenvolvimento psicológico.
              Desse modo, a presença do psicólogo no ambiente hospitalar é fundamental para o tratamento da criança. Hoje, acredita-se que a doença é resultado de uma interação constante entre mente e corpo e influenciada por diversos fatores que vão além do biológico, incluindo fatores psicológicos, sociais e culturais. Por isso, é atribuído ao psicólogo hospitalar o papel de ajudar no âmbito da relação do paciente com o sintoma, como também na assistência familiar e a equipes de saúde.

         Enfim, é pertinente afirmar, que, quando a criança é diagnosticada com câncer a reação da família irá influenciar a reação da criança, podendo causar insegurança sobre o futuro devido ao risco da morte. Por outro lado, a própria família a princípio, é o melhor recurso de enfretamento para a criança diante dessa situação. Portanto, há necessidade de apoio da equipe de saúde, pois ela é a responsável pelo cuidado e bem estar da criança durante a hospitalização. Contundo, é indispensável a presença do psicólogo hospitalar, pois este atua oferecendo assistência ao paciente, a família e também a equipe de saúde, visando o bem estar de todos.

Parenting stress and emotional wellbeing in mothers and fathers of preschool children


Resenhado por Ariane de Brito
  
Skreden, M., Skari, H., Malt, U. F., Pripp, A. H., Björk, M. D., Faugli, A., Emblem, R. (2012). Parenting stress and emotional wellbeing in mothers and fathers of preschool children. Scand Journal of Public Health, 40, 596-604.

Estresse Parental e bem-estar emocional em mães e pais de crianças pré-escolares
 
O presente artigo apresenta uma proposta de investigar o estresse parental de mães e pais de crianças pré-escolares. Como objetivo se propôs comparar estresse parental e bem-estar emocional dessas mães e pais, tanto para identificar preditores de diferentes aspectos do estresse parental em ambos, quanto para discriminar estresse parental de sofrimento psicológico dos pais e ansiedade.
Parentalidade é uma experiência de vida plena, com muitos momentos positivos e também muitos desafios. O estresse parental é descrito como uma noção de conflito entre os recursos parentais e as exigências ligadas ao papel parental. Tal estresse é visto pelos autores, como um determinante da parentalidade disfuncional e, consequentemente, de uma relação pai-filho comprometida.
Estudos (Deater-Deckard, 1998; Wilson & Durbin, 2010) têm verificado que pais que relatam níveis mais elevados de estresse parental são mais propensos a serem autoritários, duros e negativos em sua paternidade, e menos envolvidos com seus filhos. Alguns fatores de risco que podem levar ao aumento de estresse parental tanto nos pais quanto nas mães são: posição econômica baixa; pobre apoio social, baixa satisfação conjugal e número de filhos. Os autores ressaltam ainda a escassez de pesquisas sobre estresse parental em pais, especificadamente.
Para a realização da pesquisa, os pais (mãe e pai) foram identificados de acordo com um esquema de amostragem pré-especificado: foram escolhidos os pais das nove primeiras crianças nascidas de cada mês durante um período de 4 anos e meio (de janeiro de 1999 a junho de 2003), de um hospital distrital norueguês. Assim foram identificados998 pais de 506 crianças. Devidos aos critérios de inclusão e a não participação de alguns deles, a amostra total contou com a participação de 256 mães (67,2%) e 204 pais (53,5%).
O estresse parental e o bem-estar emocional foram avaliados com um e dois instrumentos padronizados, respectivamente, a saber: o Swedish Parenthood Stress Questionnaire (SPSQ), baseado em partes do domínio pai do American Parenting Stress Index (PSI), onde cada item é pontuado em uma escala tipo Likert de 1 a 5, e a pontuação mais alta indica o mais alto nível de estresse parental; o General Health Questionnaire -28 (GHQ- 28), que mede sintomas de ansiedade e insônia, depressão, somatização e disfunção social; e o State Anxiety Inventory (STA I- X1), que mede amplamente o estado de ansiedade, a partir de sentimentos subjetivos de tensão, apreensão, nervosismo e preocupação.
Outras variáveis ​​consideradas no estudo foram: a idade e o sexo dos pais e da criança (variáveis independentes). Os dados sociodemográficos foram obtidos através de um questionário. O número de crianças na família foi definido como o número de filhos vivos presentes que a mãe havia dado à luz. O nível de escolaridade foi dicotomizado (menos de 12 anos contra 12 anos ou mais de escolaridade), bem como a situação de trabalho atual (ter trabalho remunerado ou ser estudante / dona de casa versus estar desempregado ou em bem-estar social). Fatores pré e pós-natal foram extraídos dos prontuários médicos.
Os resultados do presente estudo indicaram, de modo geral, que os pais relataram significativamente mais isolamento social, e menos incompetência, restrição de papel e estado de ansiedade quando comparados com as mães. As mães, por sua vez, relataram maior nível de estresse parental em comparação com os pais. Vários estudos encontraram resultados similares (Kaaresen, Ronning, Ulvund, & Dahl, 2006; Mothander & Moe, 2010). Para tanto, os autores discutem a política de família norueguesa, que tem sido dirigida no sentido de promover o pai a assumir uma maior participação no trabalho doméstico e na criação dos filhos. No entanto, apesar de se estar incentivando uma maior participação paterna nesse contexto, as mães ainda continuam sendo as mais participativas, tendo que conciliar suas atividades com os cuidados domésticos e cuidados diários da criança, o que pode explicar seu maior índice de estresse. Além disso, as mães se sentiram mais incompetente e mais restrita em seu papel parental do que os pais.
A ansiedadefoi o mais forte preditor de estresse parental. Estar desempregado ou no bem-estar social apresentou-se como um forte preditor de problemas de saúde entre as mães.Sobre a tensão parental versus sofrimento psicológico e ansiedade dos pais, os resultados do presente estudo indicaram que há uma correlação positiva entre o GHQ -28, o STA I- X1, e o SPSQ, o que confirma que o bem-estar psicológico, sintomas somáticos, isolamento social e estresse parental estão todos amarrados. Isto implica que a melhoria na saúde, na função social e no bem-estar psicológico dos pais pode potencialmente reduzir o estresse nos mesmos.

A presente pesquisa foi financiada por doações do Hospital Sørlandet HF, Arendal e da Autoridade Regional de Saúde do Sul da Noruega, e possibilitou uma discussão ampla acerca do estresse vivenciado por pais e mães e seus fatores preditores. Torna-se relevante a realização de pesquisas dessa natureza para que medidas de prevenção e/ou redução do estresse parental possam ser desenvolvidas, a fim de maximizar o desenvolvimento da criança, a relação pai-filho e o bem-estar em ambos.

domingo, 25 de maio de 2014

E se doenças comuns fossem tratadas como depressão?


Postado por Lucila Moraes


A depressão pode ser categorizada em 4 tipos diferentes, de acordo com Del porto (1999): Como um estado afetivo normal, tal como a tristeza frente à perdas de parentes - é uma resposta adaptativa; como uma sintoma de outra doença, como alcoolismo ou esquizofrenia; como síndrome, a exemplo de alterações de humor, irritabilidade e apatia e, por fim, enquanto doença, podendo ser diagnosticada como transtorno depressivo maior, melancolia entre outros. Dessa forma, não se pode afirmar que toda depressão é apenas um estado emotivo passageiro e que deve ser ignorado, pois há diferentes formas de depressão e se não houver um tratamento adequado para cada uma delas, é possível que surjam diversas consequências negativas para vida do indivíduo. 


sábado, 24 de maio de 2014

Transtornos mentais são a terceira causa de afastamento do trabalho

Postado por Iracema Freitas

A sobrecarga no trabalho, tem provocado vários tipos de problemas tanto de ordem física, quanto mental,  podem relacionados a depressão,  a síndrome do pânico e o estresse pós traumático. Tais transtornos comprometem a força de trabalho por interferir no desempenho do indivíduo, que acaba se afastando das atividades e em muitos casos não recebe a assistência adequada.



quinta-feira, 15 de maio de 2014

Depressão em pauta: um estudo sobre o discurso da mídia no processo de medicalização da vida


Resenhado por Rafael Matos

Soares, G.B.; Caponi, S. (2011). Depressão em pauta: um estudo sobre o discurso da mídia no processo de medicalização da vida. Interface - Comunicação, Saúde, Educação, 15 (37), 437-46.

O presente texto visa analisar o que se tem discutido sobre a depressão na mídia e como estes discursos contribuem para o processo da medicalização da vida, processo este que de acordo com Conrad (2007), é caracterizado por mecanismos que levam a tornar médicos certos acontecimentos ou eventos cotidianos.  Para isso, as autoras realizaram uma pesquisa descritiva, analisando matérias jornalísticas divulgadas em publicações online do jornal A Folha de São de Paulo e da revista Veja no período de 1999 a 2008.
Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS, 2011), 9,5% das mulheres e 5,8% dos homens passarão por um episódio depressivo num período de um ano, mostrando uma tendência ascendente nos próximos vinte anos. Estimativas como estas podem ser levadas em consideração para o entendimento dos frequentes relatos na mídia sobre a depressão.
A questão principal do artigo gira em torno não da frequência de divulgação de notícias sobre depressão, e sim, pelos conteúdos das mesmas. Segundo Horwitz (2007), o espaço dado na mídia aos relatos de depressão apresentam um caráter de onipresença deste transtorno. Além disso, como constatado pelas autoras depois de feitas as análises, há um predomínio do estímulo ao diagnóstico precoce e ao autodiagnostico, além de mostrarem como predominantes intervenções em que o foco social não é priorizado.
Segundo Cornad e Horwitz (2007) a expansão do processo da medicalização da vida, pode ser visualizada na mídia mediante alguns aspectos, a saber: redução de causas complexas de vida para o entendimento dos determinantes da depressão, identificação das patologias por sinais e sintomas, o que em muitas vezes levam a autodiagnósticos imprecisos, prescrição de medicamentos como tratamento primordial, para citar os principais.
No caso da depressão, por não se ter ainda um marcador biológico, ou seja, por não se ter um atributo biológico que evidencia a presença da doença, a psiquiatria em especial, na ausência deste marcador, utiliza a ação do medicamento. Caso o medicamento sorta efeito, atribui-se as razões da depressão a causas biológicas.
Destarte, é possível perceber que há uma frequente busca por modelo explicativo com bases biológicas para a depressão, aumentando o uso de antidepressivos, o que leva a um fortalecimento da indústria farmacêutica.
Vale ressaltar, que condições melhores de saúde não se dão pelo uso arbitrário e primordial de determinadas ações interventivas em detrimento de outras, e sim, pelo reconhecimento do uso de métodos e técnicas a depender das situações particulares dos indivíduos. Há situações que demandam por ações intersetoriais para a potencialização de uma vida de qualidade e não apenas o uso de medicamentos.
Através do presente texto, percebemos que ao expor notícias tendenciosas e distorcidas com caráter de verdades absolutas, a mídia, em alguns casos contribui para transformar o cotidiano em patológico. Aspectos complexos da vida antes considerados normais passam a ser patologizados e medicalizados.



quarta-feira, 14 de maio de 2014

Efeitos psicológicos do abuso de anabolizantes

Resenhado por Monique Carregosa

Martins, C. M. et al. (2005). Efeitos psicológicos do abuso de anabolizantes. Rev. Ciências & Cognição, 5, 84-91. Disponível em: <http: // www.cienciasecognicao.org>.
       
Apesar do uso de anabolizantes ser indicado para fim terapêutico de reposição hormonal, está havendo uma utilização abusiva dos esteróides anabólicos androgênicos (EAA) ou também chamados de "bomba" por parte dos jovens, para fins estéticos. O interessante é que apesar de parecer ser um tema atual, os autores fazem um apanhado histórico e mostram que o uso da substância ocorre desde a Grécia Antiga por campeões olímpicos; perpassando pela 2ª Guerra Mundial, para o tratamento de doenças associadas à debilidade crônica, depressão e recuperação de grandes cirurgias; até se espalhar no atletismo, causa de ter sido vedado pelo COI (Comitê Olímpico Internacional).
        Além disso, acreditava-se que as alterações de imagem corporal só estavam presentes em mulheres, mas nos dias atuais, verifica-se o aumento de casos masculinos com este quadro. Assim, conforme Hildebrandt et al. (2004), enquanto as mulheres querem estar cada vez mais magras, os homens almejam estar mais fortes e musculosos.
        Desta feita, faz-se uma revisão dos achados acerca da temática, mas objetivando priorizar os sintomas psicológicos em detrimento dos físicos, visto que os primeiros carecem de uma maior ênfase, justamente porque não são muito divulgados e mostram que as consequências do uso não estão só voltadas para as questões orgânicas, mas acometem a vida biopsicossocial do indivíduo.
Entre as pesquisas encontradas, destacam-se a de Poper e Katz (1994), em que se constatou que 25% dos usuários de EAA possuem algum tipo de transtorno de humor, desde mania e transtorno bipolar até depressão profunda; a de Silva et al (2002), que encontraram correlação entre o uso indiscriminado de EAA e atos agressivos em geral, destacando para mudanças súbitas de temperamento, síndromes comportamentais e crimes contra a propriedade. Outros estudos consideram os EAA como importantes agentes etiológicos da síndrome comportamental de risco nos adolescentes (Middleman & DuRant, 1996).
        Ainda há estudos que correlacionam sintomas ao uso de um esteróide específico, como o metandienona aos casos de esquizofrenia aguda e o uso de oxandrolona e oximetolona a casos de mania, hipomania, confusão mental, paranóia e depressão. Além disso, para Lise (1999) a interrupção do uso de anabolizantes gera, dentre outros problemas, uma síndrome de abstinência, em que seus sintomas correspondem com os critérios da DSM-IIIR e é confirmada pela Associação Psiquiátrica Americana (APA, 1994) como "transtorno de dependência do hormônio esteróide sexual" (Kashkin & Kleber, 1989).
        Entretanto, ainda há uma condição considerada mais grave, decorrente do uso dos anabólicos: o chamado transtorno dismórfico corporal (TDC), o qual pode ser definido por ocasionar uma distorção da imagem/percepção física por parte do paciente. Esse transtorno ainda relaciona-se, no sentido de apresentar características comuns, tanto com o transtorno obsessivo compulsivo (TOC) como com a anorexia. Sobre isso, os autores lembram que a dismorfia muscular já foi chamada de anorexia nervosa reversa.
        Desse modo, os autores descrevem que a forma como o corpo é percebido parece estar diretamente vinculada ao uso de anabolizantes e apontam que a terapia cognitivo-comportamental (TCC) tem se mostrado eficaz para o tratamento da dismorfia muscular. Todavia, o uso de medicação não é aconselhável, em função da dependência que pode ocasionar, e, que mesmo com a eficiência da TCC, faz-se necessário estudos para a análise da melhor abordagem terapêutica, a fim de melhores e/ou comparações de resultados.

Portanto, a leitura do presente texto é recomendada a estudantes e profissionais que tiverem interesse na temática, principalmente em estudar e entender os fatores psicológicos envolvidos e que refletem a busca pela aparência física perfeita. Assim, a preocupação está na falta de conhecimento dos reais e sérios problemas envolvidos ou por saberem, mas não pensarem nas consequências a longo prazo.  

domingo, 11 de maio de 2014

Filhos de pais estressados engordam 7% mais rápido que outras crianças

Postado por Ariane de Brito

O nível elevado de estresse vivenciado por pais de crianças pode levar ao aumento de peso de seus filhos. O resultado dessa relação entre estresse parental e ganho de peso infantil foi encontrado numa pesquisa canadense que verificou que estas crianças tendem a engordar 7% mais rápido que as demais e a terem o IMC (índice de Massa Corpórea) 2% mais alto do que filhos de pais com menores níveis de estresse.

Fonte: http://saude.terra.com.br/nutricao/filhos-de-pais-estressados-engordam-7-mais-rapido-que-outras-criancas,db2b70f8f37d2410VgnVCM3000009af154d0RCRD.html

Dr. Ketan Shankardass, responsável pelo estudo, alerta que a descoberta é um passo para que os pais cuidem da saúde dos filhos antes que a obesidade se torne recorrente na adolescência e idade adulta. "A infância é um período em que as crianças desenvolvem os hábitos que se relacionam entre si na maneira como lidam com o estresse, com a comida e com os exercícios físicos", explica. Ainda segundo o especialista, os danos causados nesta faixa da vida são irreversíveis ou, no mínimo, muito difíceis de serem consertados.Os pesquisadores afirmaram não saber o real motivo pelo qual o estresse dos pais e a obesidade infantil estão relacionados, mas acreditam que, devido à falta de tempo, os adultos mudam o comportamento, comprando mais comida pronta e junk food do que preparando refeições saudáveis. Além da alimentação errada, nestas famílias o exercício é prática rara e as pessoas apresentarem mudanças biológicas que facilitam ainda mais o ganho de peso.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

“Mobbing” (Assédio Psicológico) no trabalho: Uma Síndrome Psicossocial Multidimensional

Resenhado por Iracema Freitas

Guimarães, L. A. M.;  Rimole, A. O. (2006). Mobbing” (Assédio Psicológico) no trabalho: Uma Síndrome Psicossocial Multidimensional. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Mai-Ago, Vol.22 n.2, pp 183-192.

 O assédio psicológico no trabalho é um fenômeno generalizado que compromete a força de trabalho, e tem sido estudado em vários países como Estados Unidos, Canadá, Austrália, Japão, Nova Zelândia. No Brasil, não há muitos estudos dentro do campo da saúde mental, porém como o mobbing se mostra uma forma de mal-estar que causa adoecimento, tem mobilizado pesquisadores da área de saúde mental ocupacional. A OTI (Organização Internacional do Trabalho), considera o amedrontamento, a intimidação ou assedio psicológico no trabalho como atos de violência. O que implica em custos para o indivíduo em termos de saúde, da organização e da sociedade. De acordo com Piñuel y Zabala e Cantero (2003), o mobbing no trabalho deve ser considerado como grave ameaça a saúde dos trabalhadores, uma vez que compromete a saúde física e mental da população ativa.
O termo mobbing pode ser confundido com bulling, mas segundo Leymann(1990), o primeiro se aplica a adultos em ambiente de trabalho que sofrem violência psicológica, e o segundo a crianças e adolescentes no contexto escolar que sofram também algum tipo de violência física. A origem da palavra deriva da etologia (Nikon Tinbergen e Konrad Lorenz), em que o comportamento de mobbing se caracteriza pelo ataque coletivo a um alvo considerado perigoso, por exemplo, um predador. A função dos membros da mesma espécie é confundir e afastar o inimigo através de vocalizações e ameaças a distância, porém algumas espécies podem defecar e vomitar no alvo, o que confere um caráter de contato físico ao embate. Percebe-se que mobbing na perspectiva etológica é uma reação adaptativa de preservação de uma espécie. A popularização do termo no comportamento social, veio em 1980 com o psicólogo Heinz Leymann (“o pai do mobbing”). No ambiente organizacional, o mobbing está relacionado a uma reação extrema do sujeito diante de uma situação ameaçadora ou estressora. Para Leymann, o fenômeno é descrito como um conflito em que a ação envolve a manipulação do outra pessoa, num sentido negativo, envolvendo quatro grupos de comportamentos: manipulação da comunicação da vítima(interrupção da comunicação); manipulação da reputação da vítima(tentativa de denegrir a reputação do outro); manipulação do trabalho da vítima( atingir a dignidade profissional da pessoa) e manipulação das contrapartidas laboriais ( discriminação contra salários, respeito, direito e outros), quando essas ações são realizadas propositalmente e com certa regularidade caracterizam o mobbing. Além das vítimas desse tipo de violência, aqueles que presenciam tais ações podem ser afetados psicologicamente, uma vez que testemunhar o assédio pode ser desencadeador do estresse geral.  Leymann desenvolveu em 1990 o LIPT (Leymann Inventory of Phisicological Terrorization) em que o mobbing deve compreender pelo menos uma das 45 formas de comportamento descritas no instrumento.
Na delimitação do conceito de mobbing, é preciso descartar o estresse causado por urgência na execução de alguma tarefa, a competitividade empresarial, ter um dia ruim de trabalho, algum conflito com colega, ser cobrado por um chefe exigente. E ainda, assédio sexual, racial e outros tipos de agressões que também causam danos físico e psicológicos. Esses são conflitos em muitos contextos inevitáveis, o mobbing é um processo de destruição continuo, resultante da regularidade de situações hostis, que acontecem dentro de um domínio onde a vítima está sujeita a tal situação em virtude de uma necessidade maior, por isso o mobbing também é chamado de psicoterrorismo. Habitualmente as vítimas são atacadas por apresentarem alguma diferença do grupo, como cor da pele, sexo ou qualquer outra característica física.
De acordo o Leymann, os tipos de mobbing são: horizontal- quando se assediado por alguém do mesmo nível hierárquico; ascendente - alguém do nível hierárquico superior se vê agredido por subalternos; e descendente - quando aquele que detém o poder mina a esfera psicológica do trabalhador através de ofensas, insultos e depreciações. As fases típicas : fase de conflito – quando conflitos interpessoais por interesses ou objetivos distintos começa a estigmatizar-se levando ao enfretamento constante; fase de mobbing ou estigmatização – o assediador executa estratégias de humilhação, ridicularizando e isolando socialmente a vítima, esse é mobbin propriamente dito; fase de intervenção da empresa – punindo assediador(solução positiva) e  quando a vítima é considera pela empresa como o problema a ser combatido (solução negativa); fase de marginalização ou exclusão da vida laborial - a vítima abandono o emprego depois de várias licenças. Já aqueles que suportam o assédio e permanecem no trabalho, podem agravar ainda mais o seu estado de saúde já comprometido pela exposição ao ambiente estressor. e em casos extremos pode chegar ao suicídio.
            Os fatores de risco, estão ligados a variáveis individuais, situacionais e organizacionais. Com ênfase no impacto dos fatores organizacionais e socioeconômicos sobre o indivíduo. Portanto, no contexto do estresse o mobbing é considerado um grave estressor social, caracterizado por fatores multicausais que tem vários efeitos adversos à saúde.
Diante do quadro apresentado, a prevenção e intervenção frente ao fenômeno do mobbing, deve ser multidisciplinar, envolvendo trabalho psicológico e suporte jurídico em parceria com outras áreas, dando suporte emocional e físico para o enfretamento do problema. O público alvo dessa modalidade de assedio é constituído pela população dos trabalhadores distribuídos em todas as modalidades de atividades laborais, que quando afetados trazem prejuízos físicos e mentais para si, sociais e organizacionais para toda a comunidade. 

Enfim, esse artigo é um leitura recomendada aos profissionais na área da saúde, jurídica, administrativa, estudantes e demais interessados no tema, pois o texto trata do assédio no trabalho como fator gerador de adoecimento físico e psíquico, além de abordar a necessidade de um assessoramento as vítimas dessa violência.

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Transtorno de Estresse Pós-Traumático

Postado por Lucila Santos


O transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) é um transtorno psicológico que ocorre como uma resposta a um evento estressante e catastrófico específico, que pode causar diversos problemas à saúde física e mental do indivíduo, tais como alterações no padrão de sono, ansiedade e respostas físicas bruscas a estimulantes específicos. Uma questão interessante a ser levantada sobre TEPT é que nem todo sujeito exposto a uma situação estressora desenvolve tal transtorno, devendo ser importante para aos profissionais de saúde uma identificação correta e precisa de quem, realmente, precisa recorrer a tratamento medicamentoso e/ou psicoterapêutico. O vídeo explica justamente, de forma simples e resumida, uma síntese do que se trata essa doença, sua repercussão para o indivíduo e as possíveis formas para se realizar o seu tratamento. 

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Motivações para o uso de esteróides anabolizantes entre fisiculturistas


Resenhado por Ariane de Brito


Wright, S.; Grogan, S.; & Hunter, G. (2000). Motivations for Anabolic Steroid use Among Bodybuilders. Journal of Health Psychology, 5 (4), 566–571.


O presente estudo foi realizado no ano 2000, e mesmo já tendo se passado quatorze anos, sua temática ainda continua relevante. O objetivo geral foi o de investigar as motivações que levam fisiculturistas a usarem esteróides anabolizantes (EAA) para alterar a forma e o tamanho do corpo. Os autores partiram da premissa de que os fisiculturistas competitivos poderiam experimentar pressões externas para usar EAA com o intuito de atingir níveis excepcionalmente elevados de musculosidade, tal como é exigido nas competições (Tricker, O'Neil, & Cook, 1989), e que os fatores motivadores daqueles que não pretendem competir são menos óbvios e, portanto, mais interessantes para serem investigados.
De modo geral os esteróides anabolizantes como a testosterona produzida naturalmente, tem dois efeitos principais: o anabólico e o androgênico. Seus efeitos colaterais incluem distúrbios do fígado e rins, icterícia, tumores, cistos e acne, e alguns deles continuam mesmo depois da pessoa suspender o uso de anabolizantes.  Em relação aos efeitos psicológicos tem-se encontrado correlações entre uso de anabolizantes e o aumento da irritabilidade, mau humor e agressividade (Choi, Parrott, & Cohen, 1990; Yesalis & Bahrke, 1995).  
Os autores mencionam que os esteróides anabolizantes foram usados ​​por fisiculturistas para aumentar a massa muscular por muitos anos (Strauss & Yesalis, 1991), e que seu uso tornou-se mais generalizado na Grã-Bretanha na década de 1990, em paralelo com a preocupação com a imagem corporal, principalmente entre os homens. Apesar da grande extensão do uso recreativo de EAA, poucas são as investigações acerca das motivações que levam os indivíduos a utilizar tais substâncias.
No método de pesquisa, os autores realizaram, inicialmente um estudo piloto entrevistando três fisiculturistas (dois ex-usuários de anabolizantes, um usuário atual). As entrevistas foram transcritas na íntegra e submetidas a uma desconstrução temática (Stenner, 1993). Os temas que emergiram do estudo piloto deram origem a um questionário que foi colocado nas edições de duas revistas de fisiculturismo Setembro / Outubro de 1998: Muscle and Fitness e Battle News. Os entrevistados foram solicitados ainda a adicionar qualquer comentário com o objetivo de ajudar na compreensão da motivação para a utilização de esteróides no final do questionário. Dois mil questionários foram fornecidos para a Battle News e para 3000 Muscle and Fitness.
Cento e trinta e cinco indivíduos preencheram e enviaram os questionários: 57 da Muscle and Fitness, e 78 da Battle News. Dos respondentes, 88% foram do sexo masculino e 44% tinham feito uso de anabolizantes. Os resultados encontrados indicaram principalmente que: os homens foram mais propensos do que as mulheres a relatarem o uso de esteróides (48% contra 13%); destes todos relataram uso de esteróides em ciclos, de duração média de nove semanas; a idade média em que se iniciou o uso foi de 26 anos, e a média de tempo de uso foi de 4 anos; 42% tinha entrado na musculação/treinamento para competição, 46% estavam se planejando para competir; e 61% treinavam pelo menos quatro dias por semana.
Sobre a análise de conteúdo das questões abertas, esta indicou que: (1) Ficar maior/mais musculoso, foi o motivo mais relatado pelos usuários de esteróides (31%), destes, 21% relataram aumento da confiança e 76% concordaram que o uso de anabolizantes ajudou-os a atingir seu corpo ideal. O fato dos entrevistados terem relatado que experimentaram se aproximar do corpo ideal através do uso de esteróides, indica que este seja um motivador importante entre esse público.
Uma minoria significativa de usuários relatou ainda que experimentaram EAA porque queriam (2) ficar maior mais rápido (17%), esse dado é importante, uma vez que nas entrevistas eles relataram que um dos incentivos primários para tomar esteróides era o fato de não conseguirem aumento significativo de massa muscular apenas com a musculação. Segundo os autores, este pode ser um momento crítico na decisão de uma pessoa tomar esteróides, e também um momento onde as informações acerca dos efeitos nocivos e a redução desses danos precisam estar disponíveis para os potenciais utilizadores.
Pessoas que usaram esteróides foram significativamente mais propensas a relatar que eles foram influenciados por ver outros homens musculosos (71%). Parece que prováveis ​​fisiculturistas que usam anabolizantes são um grupo que, particularmente, são influenciados pela imagem corporal e pelos processos de comparação social, uma vez que o tamanho do corpo é auto- relevante e importante para eles, especialmente se eles estão com o plano de competir (Grogan, 1999).
Além desses dados, encontrou-se também que os participantes que não fazem uso de anabolizantes foram os mais propensos a descrever os efeitos colaterais físicos negativos dessas substâncias (95%).
Por fim, os autores concluem o estudo de maneira cautelosa, uma vez que mencionam a limitação da amostra, que não pode ser considerada representativa da comunidade de musculação e de fisiculturistas. As motivações encontradas foram consideradas complexas e específicas de cada sujeito. No entanto, a existência de motivos comuns que levam ao uso de EAA pode ajudar no desenvolvimento de estratégias de prevenção de drogas para esse público. Para eles, é evidente que a cultura encoraja o culto ao corpo, a musculação e o uso de esteróides, mas sem o desenvolvimento de uma política que busque minimizar os danos específicos e informar acerca dessas substâncias, fisiculturistas ou não continuarão a se expor a níveis perigosamente elevados de esteróides.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Devastating losses: How parents cope with the death of a child to suicide and drugs

Resenhado por Geovanna Souza

Byers, D. S. (2013). Devastating losses: How parents cope with the death of a child to suicide and drugs. Clin Soc Work Journal 41, 413–415.

São poucas as pesquisas que buscam investigar a experiência vivenciada por pais que se encontram em processo de luto por crianças que se suicidaram. Com isso, em 2003, o Instituto Nacional de Saúde Mental Americano tentou resolver esta lacuna, organizando a ‘‘Research on Survivors of Suicide Workshop’’ (NIMH, 2003) para incentivar estudos sobre o bem-estar da família após a perda de um filho por suicídio. A partir de então, Feigelman e Feigelman escreveram um livro sobre pais que se encontram em luto por mortes devastadoras de seus filhos (como suicídio ou overdose de drogas). Eles explicam como foram capazes de utilizar a própria experiência pessoal de perda traumática (já que perderam seu filho em 2003) para orientar suas questões de investigação e se aprofundarem no tema. Byers fez essa publicação com o intuito de expor o livro escrito pelos Feigelman’s, Jordan e McIntosh, apresentando suas contribuições e limitações de forma sucinta.
Os Feigelmans se uniram a John R. Jordan e John L. McIntosh, pesquisadores clínicos com trabalhos na área da ‘suicidologia’, com o intuito de realizar o estudo citado ao longo dessa resenha. As pesquisas voltadas para as perdas devastadoras trazem grandes contribuições ao próprio significado do luto, bem como permite conhecer aspectos relacionados às consequências que o suicídio de um filho pode provocar no modo de vida dos pais. Byers narra que o livro é dividido em três seções principais, onde cada um examina diferentes questões relacionadas a uma ampla gama de respostas de uma pesquisa realizada com 575 pais que se encontravam em luto.
A primeira seção desse livro examina como o tipo de perda pode afetar os padrões de dor. Os pesquisadores não encontraram quaisquer diferenças significativas nos padrões de luto dos pais que perderam filhos para suicídio, ao invés de overdose por drogas. No entanto, ambos os grupos apresentaram estar mais associados a problemas de saúde mental, quando comparados com os pais em luto por crianças que morreram de outras formas, como por exemplo, devido a alguma doença.
Outro ponto é que os dois grupos de pais em luto também relataram se sentir frequentemente rejeitados em sua dor dentro de suas famílias, muitas vezes demonstrando sentimento de culpa pela morte de seus filhos, bem como vivenciando certa rejeição social. Quase metade dos participantes cujos filhos morreram por suicídio e/ou overdose de drogas, relataram que se sentem responsabilizados pela morte de seus filhos. Essa corresponsabilização pode ser fator preponderante ao surgimento de depressão e suicídio dos próprios pais que se encontram em luto. Todas essas descobertas devem contribuir para conhecer as necessidades dos pais em luto, bem como encorajá-los a procurar grupos de apoio, entre outros recursos de ajuda.
A segunda parte do livro aborda os serviços de apoio a pais em luto, com ênfase em grupos de apoio que trabalham com pares. Em entrevista com pais em luto frequentadores de grupos de apoio, os pesquisadores puderam observar que grande parte dos participantes relataram que frequentar esses grupos é muito útil, uma vez que se cria um modo de enfrentamento a esses sentimento de rejeição e abandono.
Na terceira parte, os pesquisadores examinaram como tal perda reflete em casamentos, descobrindo que apesar do luto, a coesão do relacionamento tende não a ser prejudicada mais vezes. A amostragem de casais em luto era muito pequena, mostrando a necessidade de se investigar mais acerca do assunto. Vale ressaltar que os autores não incluíram na amostra indivíduos solteiros, do mesmo sexo ou pais adotivos.
Seus resultados e análises nos mostra que uma perda devastadora exerce impacto considerável nos pais de crianças e adolescentes mortos. Os autores do livro, bem como Byers, apontam que os alunos, juntamente com médicos e pesquisadores, também precisam levar em consideração a diversas limitações que esse estudo possui. Além do viés de amostragem que já foi citado, os autores não levaram em conta as características sociodemográficas e os fatores sociais, como raça e cultura, que poderiam trazer resultados diferentes. Também é importante notar que os autores não discutem a orientação sexual da criança como um possível fator de influência nos sentimentos de culpa e tristeza dos pais.
Tanto os pontos fortes como as limitações do livro escrito, por meio do estudo Devastating Losses, provavelmente servirá para ajudar estudantes, médicos e outros pesquisadores a mapear novos caminhos e explorar o tema mais a fundo. Devastating Losses fornece uma base empírica para a compreensão de uma forma de dor que muitas pessoas sequer imaginam, além dos efeitos combinados de rejeição social e abandono em face de tal perda profunda.
O livro é uma leitura importante para os médicos e educadores de saúde que trabalham com os pais em luto. As descobertas devem ajudar os médicos a melhor compreender e apoiar os pais em luto que perderam crianças devido ao suicídio ou por overdose de drogas, bem como ajudará a elaborar um plano de intervenções eficaz. Sendo assim, o livro é importante, pois traz contribuições acerca do assunto, nos levando a repensar os diferentes pontos que podem transformar um pai ou mãe em luto sem assistência, em um possível ‘futuro suicida’.

Referência do livro citado na resenha:
Feigelman, W., Jordan, J. R., McIntosh, J. L., & Feigelman, B. (2012). Devastating losses: How parents cope with the death of a child to suicide and drugs. Springer Publishing Company, New York, NY, pp. 338. 

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Psychological distress and comordib physical conditions: disease or disability?

Resenhado por Luana Santos

Byles, J. et al. (2013) Psychological distress and comordib physical conditions: disease or disability?. Depression and Anxiety 00:1-9.

A existência de comorbidade, entendida como uma coocorrência entre doenças físicas, é bastante estudada. Atualmente, há um crescente reconhecimento da importância de se entender a comorbidade, também, entre doenças físicas e psicológicas, a exemplo do distresse psicológico. Ridner (2004, apud Byles et al) descreve o termo ‘distresse psicológico’ como um conceito distinto caracterizado pela incapacidade percebida de lidar eficazmente com uma situação ou condição, uma alteração no estado emocional (como se tornar deprimido ou experimentar desesperança, ansiedade ou desespero), desconforto percebido (emocional ou psicológico), comunicação de desconforto (ostensivo ou sutil), e manifestações de danos (como diminuição da autoestima ou das relações sociais).
O distresse pode ser uma causa ou uma complicação advinda de problemas físicos. A existência de comorbidades entre saúde física e mental pode exacerbar o peso da doença, alterar a história natural e/ou dificultar a gestão de ambas as condições, além de necessitar do aumento de cuidados de saúde e aumentar também o risco de mortalidade. Problemas de saúde física e estresse psicológico (incluindo depressão) podem também coocorrer, porque ambos são comuns em adultos mais velhos, partilhando o risco da influência de fatores sociodemográficos. Apesar de haver uma relação bem documentada entre comorbidade e distresse psicológico, o mecanismo desta associação não é claro, o estudo visou avaliar o grau em que varia a associação entre doenças crônicas comuns e altos escores na escala Kessler (K10), que mede distresse psicológico, de acordo com as condições de comorbidade, deficiência e circunstâncias sociodemográficas.
Para isso, fez-se uma análise do autorrelato de uma amostra transversal composta por 236.508 participantes com idades a partir de 45 anos de Nova Gales do Sul, na Austrália, utilizando-se o ‘45 Up Study’ e um modelo de regressão logística (pode ser encontrado no endereço: https://www.saxinstitute.org.au/our-work/45-up-study/). Os participantes preencheram o questionário postado e autorizaram por escrito, e foi monitorada a sua saúde em longo prazo por meio de questionários, de fevereiro de 2006 à abril de 2009. Todas as variáveis ​​utilizadas foram obtidas a partir dos dados autorrelatados do questionário “45 e Up Study”, com a exceção da pontuação do Índice de Acessibilidade/afastamento da Austrália, que foi baseado em detalhes da inscrição do “Medicare Austrália”.
Além da medida do distress (Escala K10), a pesquisa também incluiu informações sobre fatores sociodemográficos (mais alto nível de escolaridade, estado civil , tipo de moradia, língua falada em casa , renda e emprego), bem como o autorrelato do diagnóstico de condições comuns (acidente vascular cerebral, diabetes, doença de Parkinson, câncer, ataque cardíaco, outra doença cardíaca, pressão arterial alta, colesterol alto, coágulos de sangue, asma, artrite, osteoporose, doença da tireóide), e relato de necessidade de ajuda com qualquer tipo de deficiência.
Os resultados mostraram que ataque cardíaco/angina, outra doença cardíaca, derrame e diabetes autorrelatados foram significativamente associados com maior risco de pontuação alta/muito alta no K10. Essas associações foram atenuadas, mas mantiveram-se estatisticamente significantes, quando comorbidades, deficiências e fatores sociodemográficos foram adicionados ao modelo. Homens que relataram precisar de ajuda para tarefas diárias tinham nove vezes mais probabilidade de terem pontuações mais altas no K10 do que aqueles sem essa necessidade, enquanto que as mulheres que relatam precisar de ajuda nas tarefas diárias foram sete vezes mais propensas a ter pontuações altas/muito altas no K10.
Concluiu-se que ataque cardíaco/angina, outra doença cardíaca, derrame e diabetes são significativamente associados com distresse psicológico. No entanto, estes efeitos são em parte explicados por outras comorbidades, limitações no funcionamento físico e fatores sociodemográficos. Importante também ressaltar a falta de estudos no mesmo tema, visto que a K10 é uma medida reconhecida e validada de sofrimento psíquico, porém alguns dos sintomas (tais como cansaço) podem ser relacionado com a doença (em vez de aflição psicológica, por si só). Portanto, mais pesquisas são necessárias para avaliar a validade do K10 em diferenciar sofrimento psíquico de pessoas gravemente doentes. Além disso, é possível que alguma associação entre condições físicas e sofrimento psicológico possa estar relacionada ao uso de medicamentos. Apesar destas limitações, as associações demonstradas neste estudo são relevantes e destacam a importância de se desenvolver políticas públicas de saúde que abranjam os domínios psicológicos, fisiológicos e sociais, e forneçam informações cruciais para os médicos a fim de que possam identificar e apoiar as pessoas em risco de distresse psicológico.