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quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Beleza ?!

Postado por Laís Almeida

O vídeo mostra de maneira chocante a busca constante da beleza. A protagonista do vídeo e principal vítima dos padrões estéticos impostos é a mulher, que costuma ser retratada nas revistas, propagandas e novelas da maneira mais distante da realidade possível. Os padrões de beleza, que são praticamente inalcançáveis, influenciam a autoestima e fazem com que as pessoas busquem meios e procedimentos extremamente invasivos (e perigosos!) para atingir os ideais e expectativas que a sociedade projeta. E estar dentro dos padrões de beleza de uma determinada cultura não garante necessariamente felicidade, confiança e satisfação pessoal.







quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Ansiedade, sexo, nível socioeconômico e ordem de nascimento.

Resenhado por Marcelle Leite Mota

Rosa, J. L. (1998). Ansiedade, sexo, nível sócio-econômico e ordem de nascimento. Psicol. Reflex. Crit. ( Vol. 11 ). Rio Grande do Sul: Pontifícia Universidade Católica.

                 O tema ansiedade permite associações com diversas variáveis, desde o uso de drogas (Siegel & Ehrlich, 1989) à primeira relação sexual (Sprecher, Barbee, & Schwartz, 1995). De acordo com Spielberger (1972) pode-se classificar ansiedade como um estado (transitório) ou um traço (mais ou menos estável) de personalidade.
                 Existem alguns estudos no que concerne a relação entre ansiedade e a variável sexo. Numa pesquisa transcultural (chilenos e norte-americanos) realizada por Guida e Ludlow (1989), teve como resultado uma maior pontuação das mulheres no nível de ansiedade, quando comparadas com homens num mesmo estrato social. O sexo feminino, também se sobressaiu num estudo realizado por Silverman et al. (1995), com crianças (entre 7 e 12 anos) brancas, hispânicas e norte-americanas-africanas e que cursavam da segunda à sexta séries em escola pública de uma região metropolitana, com exceção das crianças de raça negra que não apresentaram distinção entre o sexo. No estudo realizado por Inderbitzen e Hope (1995), também ratificou o elevado índice das mulheres quando comparados aos homens, com a diferença que a pesquisa foi realizada com adolescentes da décima série.
                Outra variável muito relacionada com a ansiedade é o nível socioeconômico. O estudo de Asthana (1993),foi realizado com meninas e relacionou criatividade, ansiedade e o nível socioeconômico. Este estudo percebeu que somente meninas com alta criatividade eram influenciadas de forma inversamente proporcional pelo NSE (nível socioeconômico). A pesquisa transcultural entre Guida e Ludlow (1989) também ratificou a relação inversamente proporcional entre NSE e o nível de ansiedade. No estudo longitudinal com 593 adultos, de Murphy, Olivier, Monson e Sobol (1991) também confirmou este tipo de relação.
                Na relação ansiedade e ordem de nascimento num estudo realizado com 404 crianças (7 á 12) por Gates, Lineberger, Crockett e Hubbard (1988),os primogênitos apresentaram um menor nível do traço de ansiedade em relação aos terceiros, porém maior em relação aos segundos. Já na pesquisa de Touliatos e Lindholm (1980), com 2991 crianças do jardim de infância à oitava série, não se verificou qualquer efeito significativo na relação entre estas variáveis.
              Os instrumentos utilizados foram o um questionário de variáveis demográficas, o Inventário de Ansiedade Traço Estado (IDATE; ver Biaggio, Natalício & Spiel-berger, 1977), editado pelo Centro Editor de Psicologia Aplicada (CEPA) e mais dois instrumentos de avaliação de personalidade. As aplicações foram realizadas numa sala, com grupos de 10 a 40 alunos.
              Foram realizadas análises estatísticas do pacote SPSS (anova, oneway e o teste de Scheffe) com os dados. A partir disto foi possível verificar, de acordo com os resultados obtidos pelas análises, que as mulheres apresentaram escores significativamente mais altos que os homens em ansiedade-estado e em traço de ansiedade, corroborando com o afirmado pela literatura. Esses resultados podem ser justificados pelo maior nível de expectativas éticas, maiores pressões socioeconômica sobre as mulheres,, pela genética e e até pela história.
              Em relação a variável NSE, os sujeitos de NSE baixo obtiveram pontuação mais alta em estado de ansiedade e em traço de ansiedade, quando comparados com os de NSE médio-alto, corroborando também com a literatura. As justificativas podem ser devido às condições e duração da jornada trabalho em conjunto com os estudos.
              Na interação ordem de nascimento, NSE e ansiedade pode-se perceber que não há uma relação direta entre ordem de nascimento e ansiedade, porém há uma mediada pelo NSE. Assim, o fato de ser primogênito não irá implicar num menor nível de ansiedade, a não ser que seja de uma família de NSE médio-alto.
              Na associação das três variáveis estudadas percebeu-se que as variáveis sexo e nível socioeconômico se mostraram fatores mais decisivos para discriminar os grupos, quanto à ansiedade-estado e traço de ansiedade, em comparação com a ordem de nascimento, que somente na interação com a variável nível socioeconômico e com sexo apresentou-se ser um elemento discriminador. Ou seja, para entender o ser humano é preciso analisar seus possíveis fatores, mas, principalmente, analisando as interações deste, se aproximando assim da prática.


terça-feira, 28 de outubro de 2014

Divisão de classes sociais no consultório: A teoria da classe psicossocial e depressão

Resenhado por Lucila Moraes

Storck, L.E. (1998). Social Class Divisions in the Consulting Room: A Theory of Psychosocial Class and Depression. Group Analysis 31: 101.

O objetivo do estudo foi o de renomear e redefinir a classe social para psicoterapia como uma classe psicossocial; analisar a teoria da ‘posição social’ da depressão para indivíduos; além de propor uma extensão da teoria da classificação social para comportamentos grupais, com o objetivo de sugerir novas teorias de intervenções grupais que abordam a dinâmica da classificação social da depressão.
Por causa da divisão de classes sociais, alguns dos pacientes sentem-se cronicamente ‘desempoderados’ (sem poder), devido tanto ao ‘ranking’ da classe social quanto ao grupo minoritário ao qual pertencem. O que se propõe é que essa divisão da classe social seja dirigida na terapia de grupo, onde uma pequena cultura é criada entre indivíduos na qual cada sujeito é influenciado pela cultura grupal pertencente.
Os psicólogos e psicoterapeutas, apesar de terem conhecimento de que pessoas de classes sociais inferiores sofrem mais doenças mentais e físicas, não sabem a fundo a dinâmica comportamental e valores atribuídos à classe social. Portanto, para expandir a perspectiva psicológica de tal nomeação, a autora sugere que se use o termo classe psicossocial ao invés de classe social. A classe psicossocial definiria, portanto, a educação e ocupação de um sujeito, correlacionado com seu comportamento, sua maneira de pensar e sentir. Corresponderia com a atitude e expectativa de um sujeito em relação a sua própria vida, ou seja, os sistemas de valores com o qual ele conduz sua vida social.
A Teoria da Classificação Social é uma perspectiva evolucionária do comportamento que analisa o comportamento individual e interpessoal. A Teoria da Classificação Social afirma que dentro de qualquer grupo onde haja competição e conflito por recursos, alguns indivíduos vão inevitavelmente ‘ perder’ e se tornarão mais cautelosos e menos confiantes. A teoria passa a prever que certos comportamentos prejudiciais à saúde dos indivíduos, como a depressão, possam ser um comportamento adaptativo no qual, o individuo ao se perceber como ‘ perdedor’ passa a cultivar baixa autoestima, o que o torna mais vulnerável a doenças como a depressão.
Com isso, é proposto um novo modelo de terapia psicanalítica tradicional de longo prazo que abordam classificação social e dinâmica de classe psicossocial, modificando aspectos tais como: discussão de valores devido às diferenças valorativas dentro do próprio grupo (como diferentes objetivos no trabalho ou obrigações familiares distintas); discussão direta das diferenças de classes sociais dentro do grupo (como diferentes ocupações ou escolaridades); avaliação internalizada e outros julgamentos direcionados ao próprio sujeito; ajudar o paciente a restaurar o posto (ou ‘rank’) perdido ou a redefinir expectativas de cada um; usar a matriz do grupo para permitir uma construção de hierarquia benéfica para sua comunidade e ambiente familiar e, por fim, fazer um contrato de tratamento a curto prazo e renovável (mais flexível).
A autora do estudo, Lauren Storck, propõe que a teoria da classificação social de comportamento interpessoal e depressivo possa ser aplicada a grupos de classe psicossociais e comportamentos grupais. Assim, pessoas de classes psicossociais mais baixas podem facilmente se sentirem marginalizadas, ignoradas e derrotadas simplesmente por participarem de uma classe psicossocial específica e esses pensamentos e sentimentos negativos entre grupos podem ser contribuidores tão importantes para a depressão quanto às experiências interpessoais e individuais da classificação social dentro de um mesmo grupo.
Acredita-se, portanto, que a terapia de grupo é o melhor tratamento para lidar com vários aspectos da depressão, por permitir intervenções dos efeitos debilitantes da classe psicossocial no dia-a-dia do individuo. O estudo indica um modelo de terapia analítica de grupo com objetivos para tratar de questões de classificação sociais e dinâmicas de classe psicossociais. Ao invés de um modelo valorativo, um modelo descritivo é mais útil para compreender os diferentes -mas não necessariamente piores- valores e comportamentos entre os diferentes grupos psicossociais, além de poder definir qual o tratamento que pode fornecer uma ajuda mais eficaz para alguns pacientes. Os psicólogos e terapeutas devem se esforçar para usar conflitos de forma construtiva e como forma de resolver o conflito diretamente, principalmente o que desrespeito a classe psicossocial em que o sujeito está inserido e sua relação com outras classes, por se tratar de um fator importante para o tratamento da depressão.


sábado, 25 de outubro de 2014

A diferença entre depressão e tristeza

Postado por Mariana Menezes

A reportagem a seguir foi cedida pela psicóloga e psicoterapeuta Andreia Calçada que é especialista em psicologia clínica e psicopedagogia e ainda pós-graduada em psicologia jurídica, além de autora de livros de psicologia jurídica como 'Perdas Irreparáveis - Alienação parental' e 'Falsas acusações de abuso sexual'. A presente reportagem toma como tema a depressão. A reportagem nos permite entender como a depressão se distingue do luto e da tristeza. Pois muitas pessoas confundem, além de que essa distinção é muito importante para a formulação do diagnóstico. A reportagem nos mostra o que caracteriza um paciente que está com depressão, quais são os seus sintomas característicos e apresenta possíveis tratamentos.


O atendimento a pacientes com depressão nos coloca em proximidade a algo que surpreende pela intensidade e pode ajudar a diferenciar a depressão da tristeza. Tal diferenciação é extremamente importante para realização do diagnóstico e para que o cidadão comum busque ajuda especializada, caso necessário. Estima-se que 15 a 20% das pessoas tenham ou possam vir a apresentar depressão durante a vida. 
A fala de um paciente em depressão nos traz uma visão de mundo limitada associada à sensação de "falta de saída" que se alonga de forma  continuada.  "A fala do paciente que saiu de uma depressão gira em torno de expressões  como: 'não consigo sair de outra como aquela', ou não sobrevivo à outra depressão" ou ainda "me mato se sentir algo parecido com aquilo". Um universo negro desenhado na percepção do indivíduo em depressão. 
Diferentemente deste paciente, temos a pessoa que passa por momentos de tristeza, assim como passa por momentos de alegria.  A tristeza  é um sentimento normal que faz parte da vida psíquica dos seres humanos, e é reposta a situações de perda, frustração e desapontamentos. Faz parte de um processo normal de adaptação a situações de vida, já que o retraimento decorrente faz a pessoa poupar energia e recursos bem como reavaliar a vida e as condições que a levaram a vivenciar tal sentimento. É a ausência de satisfação pessoal quando o indivíduo se depara com sua fragilidade, e é importante para reavaliar a própria vida. É também uma forma de mostrar a quem está de volta que precisa de acolhimento.
De acordo com Porto (1999), o luto normal pode se estender por até um a dois anos e deve ser diferenciado da depressão. Segundo ele, o luto normal se caracteriza pelo sentimento de profunda tristeza, exacerbação da atividade simpática e inquietude.  As reações de luto normal devem ser diferenciadas  dos quadros depressivos propriamente ditos. No luto normal a pessoa usualmente preserva certos interesses e reage positivamente ao ambiente,  quando devidamente estimulada. 
Segundo ele, não se observa, no luto, a inibição psicomotora característica dos estados melancólicos. Os sentimentos de culpa, no luto, se limitam a não ter feito todo o possível para auxiliar a pessoa que morreu; outras ideias de culpa estão geralmente ausentes. Já na depressão este processo de tristeza se alonga e tende a piorar provocando prejuízos na vida de quem é portador da doença.  A vida é afetada  em diversos aspectos:  pessoal  e  profissionalmente. O aspecto antes apresentado como adaptativo perde esta função gerando ampliação dos sentimentos depressivos.
É importante a atenção aos sintomas da depressão para que se busque tratamento. A Depressão é uma doença, e assim precisa ser entendida e  tratada, em suas expressões leve, moderada e grave. As sensações de tristeza são intensas e acompanhadas de pensamentos e sentimentos de autodesvalorização e culpa. 
Fadiga extremada e ausência de  prazer. Cognitivamente a alteração da atenção, concentração e dos processos de pensamento são presentes. O sono é alterado e perde a função de repor energia para que possa ser utilizada durante o dia, gerando lentidão e dificuldade de realização de atividades antes realizadas com facilidade. A pessoa deprimida perde o apetite, ou pode comer em excesso se tiver ansiedade associada. A sexualidade também é comprometida, pois o interesse sexual é diminuído. Em função de todas estas mudanças, o comportamento da pessoa com depressão sofre diversas modificações. A tristeza e o choro são frequentes, o desânimo  é intenso, há dificuldades na interação social e a pessoa se retrai. Muitas vezes a irritabilidade também persiste. Com o tempo as pessoas se afastam por não perceberem retorno da pessoa em depressão e gera-se então um ciclo vicioso. 
A pessoa se sente rejeitada e se isola mais ainda. A depressão é causada por uma interação de fatores psicológicos, ambientais, genéticos e sociais. Os pensamentos são parte importante do processo  depressivo.  As crenças centrais são formadas sobre si mesmo na interação com o meio em que se vive, gerando pensamentos e sentimentos negativos, que geram comportamentos disfuncionais. 
Como exemplo, temos alguém que possui a crença de "incapacidade". Esta possui pensamentos que lhe dizem que é  incapaz e sentimentos que lhe trazem esta impressão.  Terá medo de agir e se mostra com medo de errar.  Como consequência não investirá a energia  necessária para a realização de projetos e por fim sua profecia poderá enfim se auto realizar: "Realmente não sou capaz!". A tendência agora é o isolamento e a diminuição do investimento energético na vida, em um ciclo vicioso. Este é um processo importante da depressão. Portanto a intervenção em uma pessoa com depressão deve ser ampla. A psicoterapia deve abordar seus processos de pensamento e sentimentos bem  como sua vida como um todo.
A intervenção medicamentosa se faz necessária. A mudança de hábitos como a alimentação, a realização de exercícios físicos  deve ser efetivada.  A família deve ser inserida neste processo. A depressão pode vir associada a outras doenças, é o que chamamos de co-morbidade.  O diagnóstico bem feito é importante para o tratamento adequado. Enfim, a boa notícia e que a depressão tem tratamento, porém precisa de empenho e cuidado  em sua abordagem. 
 

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Depressão, ansiedade e competência social em crianças obesas

Resenhado por Marcelle Leite Mota

Domingos, N. A. M.; Júnior, R. D. R. L.; Luiz, A. M. A. G. & Gorayeb, R. (2005). Estudos de Psicologia (Vol. 01).  São Paulo: Universidade de São Paulo – Ribeirão Preto & Faculdade de Medicina e Enfermagem de São José do Rio Preto.

A obesidade, ou acúmulo excessivo de massa de gorduras (Frelut & Navarro, 2000), é um transtorno alimentar e logo de saúde muito frequente no mundo contemporâneo, em adultos e crianças principalmente em países desenvolvidos e industrializados. Nos Estados Unidos chega a afetar um terço da população. No Brasil existe uma limitação em relação a definir quantidade de pessoas com este transtorno.  Uma limitação em relação a este transtorno é referente ao seu diagnótisco.
A obesidade na infância, é relevante o seu estudo devido ao seu estágio de desenvolvimento favorecer uma continuidade deste transtornos até a idade adulta. Além da obesidade influenciada pelo meio social (exógena), existem doenças genéticas e alterações endocrinológica (endógenas) que favorecem o aparecimento deste transtorno.
É válido ressaltar que a depressão pode advir patologias orgânicas e pode apresentar mais frequentemente em crianças obesas, portadoras de doenças crônicas ou com dificuldades acadêmica (Rose, 1998; Amaral & Barbosa, 1990; Miyazaki, 1993; Weinberg, Rutman, Sullivan, Penich, & Dietz, 1973).
Para avaliar a depressão infantil podem ser utilizados instrumentos como o Inventário de Depressão Infantil (Children’s Depression Inventory - CDI) para se quantificar a intensidade e frequência dos sintomas depressivos.
No estudo de Csabi, Tenyi e Molnar (2000) realizado crianças obesas e não-obesas e utilizando como instrumento uma Escala de Classificação para Depressão Infantil, ratifica que há uma maior proporção de sintomas depressivos em crianças obesas. O estudo de Erickson, Robinson, Haydel e Killen (2000), realizado com pré-adolescentes, também a prevalência de pessoas acima do peso.
Porém, é curioso o fato de que não há consenso na literatura sobre as relações entre depressão e obesidade. Friedman e Brownell (1995), investigando a literatura, observaram divergências entre os estudos, alguns apontam que a relação obesidade e sintomas depressivos é inversamente proporcional, outros diretamente e há aqueles que afirmam que não há relação.
Verificando-se então a necessidade de se desenvolver estudos e instrumentos para a população infantil brasileira que verifiquem a presença de sintomas depressivos entre crianças obesas. Outro ponto importante é o fato sintomas depressivos se apresentarem associado a outros fatores como ansiedade, sendo portanto importante estudos que correlacionem com estes fatores.
Os transtornos ansiosos são um dos quadros psiquiátricos mais comuns, tanto em crianças como em adultos. Andrade e Gorenstein (1998) descrevem a ansiedade como um estado emocional com componentes psicológicos e fisiológicos, que é normal, mas pode se tornar patológica quando acontece de forma exagerada e sem uma situação real ameaçadora que a desencadeie.
O transtorno de ansiedade pode ser categorizado de acordo com como ele se apresenta. Assim, se tiver um caráter transitório será considerado ansiedade estado e se tiver um caráter relativamente estável será considerado ansiedade traço. O Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE C) é um instrumento muito utilizado para avaliar sintomas de ansiedade em crianças (Spielberger, Gorsuch, & Lushene,1979).
Um ponto importante é o fato de ser comum em pessoas acima do peso enfrentarem problemas psicológicos, sociais e comportamentais. No caso das crianças por exemplo sofrem bullying e tem dificuldade para se inserir nos grupos escolares. Estas influencias podem prejudicar as pessoas por toda a vida. De acordo com Keller e Stevens (1996), acompanharam meninas adolescentes por sete anos e estas apresentaram menos anos escolares completos, menor incidência de casamentos, renda familiar baixa e pobreza familiar em comparação com as adolescentes não-obesas.
O artigo mostra por meio de uma revisão da literatura que existem indicativos de correlações entre estes aspectos psicológicos (ansiedade, depressão, competência social e entre outras) e a presença de obesidade em crianças, que frequentemente se apresentam em concomitância sistemática. É importante frisar a relevância desse estudo, pois existem vários estudos que relacionam a obesidade e a ansiedade em adultos, e uma carência na investigação dessa relação em crianças. Estas pesquisas seriam fundamentais para fomentar estratégias eficazes de intervenção para este crescente grupo.


quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Adesão ao tratamento da dor crônica e o lócus de controle da saúde


 Resenhado por Geovanna Souza

Kurita, G. P., & Pimenta, C. D. M. (2004). Adesão ao tratamento da dor crônica e o lócus de controle da saúde. Revista Escola Enfermagem USP, 38, 254-61.

A adesão tem sido fonte de interesse de muitos pesquisadores das ciências humanas e da saúde, uma vez que vem demonstrando sua relevância na saúde pública nas últimas décadas. As crenças e os comportamentos que o indivíduo tem diante da doença podem elevar ou não a probabilidade de adesão ao tratamento, uma vez que há probabilidade dos fatores que tendem a influenciar tais decisões estarem relacionados ao quanto o indivíduo se sente responsável pelo tratamento e ao que/quem ele atribui a causa de sua doença.
A atribuição de causalidade ou lócus de controle diz respeito às causas que as pessoas atribuem aos acontecimentos da sua vida. Trata-se de um modelo que propõe ser a crença do indivíduo que determina a ação a ser tomada. Sendo ela interna (quando ele acredita que ‘algo’ depende de si) ou externa (‘algo’ depende de fatores externos ou ao acaso). Tais crenças podem influenciar os indivíduos doentes a perceber e expressar sua dor e em como lidar com ela e seu tratamento. Desta forma, o presente estudo teve o objetivo de avaliar a adesão dos doentes ao tratamento da dor crônica não oncológica e identificar relações entre a crença de controle da saúde e a adesão. Para tal, foi a metodologia utilizada teve um caráter prospectivo longitudinal, com 30 pacientes doentes com dor (não oncológica) em tratamento num ambulatório. Foram coletados dados durante um período de seis meses, com pacientes que preenchessem os pré-requisitos da pesquisa, tais como: ter idade igual ou superior a 18 anos, já estar internado no período anterior a pesquisa, entre outros. A idade dos sujeitos variaram entre 24 e 76 anos, sendo 86,7% do sexo feminino.
Para avaliar a adesão foi utilizado o próprio relato do doente, sendo classificada em “plena”, “parcial” e “não adesão”. Os pesquisadores também calcularam o Índice de Acerto de Ingestão Medicamentosa (IAIM), que é o percentual de medicação ingerida corretamente, conforme a prescrição passada pelo médico e a intensidade da dor, avaliada numa escala de 0 (ausência de dor) a 10 (pior dor imaginável).
Foram feitas cinco avaliações (a primeira entre 7 e 15 dias após o início do tratamento, 2ª entre 15 e 25 dias, a terceira, entre 45 e 55 dias, a quarta, entre 105 e 115 dias, e a quinta avaliação, entre 165 e 175 dias) para identificar o comportamento de adesão e a intensidade da dor, e três para avaliar o lócus de controle da saúde. Para avaliação do lócus de controle da saúde (LCS) utilizou-se o instrumento Escala de Lócus de Controle da Saúde (ELCS), que mensura as dimensões pessoal, social e impessoal. Para análise foram realizados testes estatísticos para avaliar a existência de mudanças dos construtos ao longo do tempo.
Na avaliação da adesão as pesquisadoras observaram que o número de “plenamente aderentes” variou entre 43,3% a 56,7%, durante os cinco momentos de avaliação. Já ao final do período de seis meses, 27 doentes foram “parcialmente aderentes” e apenas 3 “plenamente aderentes”. Já o maior Índice de Acerto de Ingestão Medicamentosa (IAIM) foi de 69,5% na quarta avaliação e o menor foi de 57,2% na primeira avaliação. Os testes estatísticos aplicados revelaram que não houve diferença no IAIM entre as avaliações.
A variável cultural lócus de controle da saúde não apresentou variação estatisticamente significativa ao longo do tempo, isto é, o estilo de lócus de controle da saúde permaneceu o mesmo, ao longo de 6 meses. Foi relatado também que na terceira avaliação houve uma correlação significativa entre a adesão e a “internalidade”, ou seja, quanto maior a crença do doente de que o controle da sua saúde depende de si, menor sua adesão. Este fato surpreendeu as autoras, umas vez que a hipótese do estudo era de que maior “internalidade” estaria relacionada a maior adesão. De forma geral as autoras observaram altos índices de adesão parcial e não adesão ao tratamento (40,0% a 56,7%), médias do IAIM entre 57,2% e 69,5%, e que doentes com crenças de maior “internalidade” aderiram menos ao tratamento.
Há dúvidas de que o lócus de controle seja um atributo com características de traço ou de estado, por isso esse estudo teve como base o estudo longitudinal, a fim de observar se há uma possibilidade de mudança na orientação do lócus ao longo do tempo. Há alguns estudos citados pelas autoras que pesquisar lócus de controle da saúde em doentes com dor crônica, no entanto, elas dizem que deve-se levar em consideração a falta de sustentação empírica do LCS. Ainda não se sabe qual o ‘valor desejável’ do lócus de controle e também faltam estudos sobre fatores como suporte social, motivação e comportamento prévio.
A grande preocupação em saúde é que a não adesão pode resultar em inúmeros efeitos negativos, tanto a nível físico como social, como progressão da doença, piora da qualidade de vida, entre outros agravamentos. Os resultados encontrados nessa pesquisa demonstram a importância das crenças no manejo do tratamento da dor crônica e de intervenções que ajudem os pacientes a aderir ao tratamento de forma mais eficaz, além de mostrar a sociedade científica novas faces do lócus de controle da saúde que vão em contradição a muitos resultados que mostram que maior lócus interno, maior a adesão.


terça-feira, 21 de outubro de 2014

“Hormônio do amor” pode aumentar o medo e a ansiedade

Postado por Laís Santos


Estudo realizado na Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, revela que há um lado negativo atrelado a oxitocina, popularmente conhecido como o “hormônio do amor”. Estima-se que tal hormônio age como reforçador de memórias sociais negativas, podendo promover um aumento da ansiedade, do medo e do stress

[...] Descoberta no início do século 20, essa molécula está diretamente relacionada à empatia, à moral e ao laço afetivo entre uma mãe e seu bebê. Nos últimos anos, descobriu-se ainda que a oxitocina é liberada durante o sexo e que ela tem um papel preponderante na confiança e cooperação entre animais. Seu viés positivo levou a diversos testes clínicos para o uso farmacológico desse hormônio, como o tratamento da ansiedade exacerbada. Mas agora, uma nova pesquisa vem engrossar o ainda pequeno número de evidências que apontam para um lado obscuro da oxitocina. De acordo com um estudo da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, esse hormônio pode causar sofrimento, como uma sensação aumentada de medo e de stress. O estudo foi publicado no periódico Nature Neuroscience.Segundo o estudo americano, a oxitocina aparenta ser o motivo pelo qual situações estressantes, como sofrer bullying na escola ou mesmo ser atormentado pelo chefe, podem desencadear sentimentos ruins depois de um tempo do evento. Para isso, o hormônio age fortalecendo a experiência social em uma área específica do cérebro. Em outras palavras, isso significa que se um acontecimento social é negativo ou estressante, o hormônio acaba por intensificar essa memória.Como o stress social crônico é uma das principais causas de ansiedade e depressão, conhecer esse lado “negro” do hormônio se torna fundamental. Ainda mais por causa do grande número de estudos clínicos sobre seu uso terapêutico no controle da ansiedade. “Ao compreender o sistema duplo da oxitocina em desencadear e reduzir a ansiedade, dependendo do contexto social, podemos melhorar os tratamentos com esse hormônio”, diz Jelena Radulovic, autora sênior do estudo e professora na Escola de Medicina Feinberg, da Universidade Northwestern.
Os pesquisadores descobriram que a oxitocina fortalece memórias sociais negativas e ansiedades futuras ao desencadear uma importante molécula de sinalização, conhecida como ERK. Essa molécula se torna ativa por seis horas depois de ocorrida uma experiência social negativa. Já a sensação de medo acontece porque a ERK estimula uma região cerebral envolvida em respostas emocionais e com o stress.A nova pesquisa é semelhante a três estudos recentes com o hormônio — todos começam a apresentar interpretações complexas do papel do hormônio nas emoções. Esses experimentos foram realizados em uma região cerebral na qual é encontrado o mais alto índice de oxitocina, além de ter uma quantia alta de receptores do hormônio.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Associação da qualidade de vida com dor, ansiedade e depressão


Resenhado por Laís Almeida

Capela, Cristina, Marques, Amélia Pasqual, Assumpção, Ana, Sauer, Juliana Ferreira, Cavalcante, Alane Bento, & Chalot, Suellen Decario. (2009). Associação da qualidade de vida com dor, ansiedade e depressão. Fisioterapia e Pesquisa, 16(3), 263-268.

Os autores começam o artigo explicando que a qualidade de vida relacionada à saúde pode ser definida como a percepção de um indivíduo sobre sua própria condição de bem-estar nas esferas do trabalho, cultura e valores, incluindo seus objetivos, expectativas e interesses pessoais. Uma dor crônica pode causar a redução de funcionalidade no paciente e com isso comprometer sua qualidade de vida, o que levou os autores a pensar na hipótese de que há associação entre qualidade de vida e dor, ansiedade e depressão; e quanto mais intensos os sintomas, pior é a qualidade de vida. O objetivo do estudo, portanto, é averiguar a associação entre esses fatores em indivíduos de 25 a 60 anos.
Foi realizado um estudo transversal com 304 participantes que sofrem de fibromialgia. Esses pacientes foram divididos em três grupos: 1- dor esporádica (DE, nº 47); 2- grupo dor localizada ou regional (DR, nº 151) e 3- grupo dor difusa e crônica (DDC, nº 106). A intensidade da dor foi avaliada por uma escala analógica visual (EVA); o nível de ansiedade pelo inventário de ansiedade traço-estado (Idate) de Spielberger; o nível de depressão pela escala Beck de depressão e a qualidade de vida relacionada à saúde pelo Medical Outcome Study Short-Form 36 Health Survey (SF-36).
Nos três parâmetros avaliados – dor, ansiedade e depressão – os valores mais altos corresponderam ao grupo dor difusa e crônica e os menores ao grupo dor esporádica, com diferença significante. E com relação à qualidade de vida, os escores médios mais baixos também corresponderam ao grupo DDC. Na verificação de correlações entre qualidade de vida versus dor, ansiedade e depressão, encontrou-se correlação negativa entre QV e todas as variáveis, sendo a mais forte entre QV e depressão. Então, de acordo com os resultados, quanto maior a intensidade desses sintomas, pior é a qualidade de vida dos indivíduos e os sintomas são mais intensos no grupo com dor de característica difusa e crônica.
Os autores ressaltam que a dor é hoje considerada um importante problema de saúde pública, pois atinge a população adulta com alta prevalência e é uma das principais causas de incapacidade temporária ou permanente para o trabalho. Ela é o sintoma mais persistente relatado nos serviços de saúde que oferecem os primeiros cuidados e é frequentemente acompanhada por sintomas de depressão e ansiedade. Portanto, melhorar a qualidade de vida do paciente é tão importante quanto melhorar o quadro clínico.
Cerca de 10 a 15% dos pacientes têm depressão, o que pode gerar incapacidade e piora da qualidade de vida. Já que, segundo Berber et al., a depressão costuma aumentar a sensação de dor e incapacidade, tornando a adesão ao tratamento mais difícil e piorando a qualidade das relações sociais. Com isso, ele tende ao isolamento e a sentir-se frustrado.
Nesse estudo, os resultados mostram que o grupo com dor difusa e crônica tem índices mais elevados de depressão quando comparado aos grupos DR e DE, mostrando uma associação entre intensidade de dor e depressão. Vale salientar que 80,3% da amostra foi composta por mulheres e de acordo com Poleshuck et al., mulheres têm maior risco tanto para dor quanto para depressão do que os homens.
Os indivíduos com DDC apresentaram níveis mais elevados de ansiedade quando comparados aos dos demais grupos. Eles observaram que os sujeitos com os níveis mais altos relatam dor, distúrbios do sono e angústia frequente, e também bebem, fumam mais e são mais obesos e sedentários. Para Macfarlane et. al., a ansiedade está associada à dor difusa e crônica; e os autores sugerem que os médicos deveriam encaminhar os pacientes a uma avaliação para verificar se os sintomas relatados são de caráter físico ou psicossomático.
Com o presente estudo também notou-se que os indivíduos com dor difusa e crônica têm pior qualidade de vida quando comparados aos que apresentam dor regional ou esporádica. E a verificação de que mais de um terço da amostra (35%) apresentou dor difusa e crônica, com predominância do sexo feminino, é compatível com a literatura, a qual mostra que pertencer ao sexo feminino pode ser um fator predisponente à presença de dor. A maior proporção de mulheres nesse estudo também pode ter sido por elas costumarem procurar mais os centros de saúde e por seu predomínio no trabalho doméstico, estando mais disponíveis ao contato telefônico residencial.
Os autores concluem o artigo mostrando a confirmação da hipótese e que a alta prevalência de dor pode estar relacionada à presença de outros fatores predisponentes como: gênero feminino, baixa escolaridade, ocupações não remuneradas ou que exigem muito esforço físico. Os achados desse estudo mostram a importância de programas multidisciplinares para abordar a dor e, consequentemente, conseguir uma melhoria na qualidade de vida do paciente. Sugerem, também, uma atenção especial na prevenção com os dois grupos com dor menos intensa, pois estes já apresentam sintomas de ansiedade e depressão, além de prejuízos na qualidade de vida.


domingo, 19 de outubro de 2014

Você se acha mais ou menos?


Postado por Luana Santos


Autoestima é a valoração que é feita a si mesmo, apesar de popularizada, é um construto de alta relevância científica, visto que tem estreita relação com diversas situações de bem-estar e qualidade de vida, entre outras. Encontrar formas de otimizar os níveis de autoestima em algumas situações negativas pode ser um importante mediador para a melhora das ferramentas de enfrentamento utilizadas pelo indivíduo.


sábado, 18 de outubro de 2014

Estresse e calor elevam o risco de derrame cerebral

Postado por Ariane de Brito
  
Temperaturas elevadas somadas ao estresse têm sido apontados como fatores que elevam o risco de derrame cerebral, ou Acidente Vascular Cerebral (AVC). AVC é a principal causa de morte no Brasil, e nas regiões tradicionalmente quentes (com temperaturas entre 26°C e 32°C), quanto mais altas foram as temperaturas, maiores as chances de desenvolver AVC. Beber líquidos regularmente e seguir uma alimentação leve, além de conhecer os sintomas inicias do AVC, são algumas das medidas preventivas.
Para o cardiologista Percival Trindade, do Instituto do Coração, de Rio Preto, além de uma boa qualidade de vida, a pessoa tem de fazer um grande esforço para se manter longe do estresse. ‘Esta é sem dúvida a principal causa de palpitações, arritmia e outras sensações que trazem o paciente ao consultório. É preciso repensar algumas atitudes para que o coração não sofra sobrecargas’, diz”.


As altas temperaturas somadas a um estresse são o combustível para uma explosão que pode ser fatal dentro do cérebro: o popular derrame, ou Acidente Vascular Cerebral (AVC), como é conhecido cientificamente. Em geral, o problema reúne fatores como desidratação, arritmias cardíacas, hemoconcentração e maior agregação plaquetária, vasodilatação e diminuição da pressão arterial. É sem dúvida um dos males que mais matam no Brasil. 
Quando se está atento aos sintomas, o AVC (que é de fácil diagnóstico), pode ser evitado. Porem, estudos realizados recentemente pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), nos EUA, mostraram que apenas 16% da população norte-americana consegue reconhecer corretamente os cinco sintomas de um derrame (veja tabela ao lado) e solicitar ajuda quando vê que alguém está tendo um derrame. 
Em regiões tradicionalmente quentes, as temperaturas situam-se entre 26°C e 32°C. Quanto mais os termômetros se elevam em relação à temperatura mais alta, maiores as chances de se desenvolver o AVC. Segundo o o cirurgião vascular José Dalmo de Araújo, do Instituto de Moléstias Cardiovasculares (IMC) de Rio Preto, manter boa ingestão de líquidos (para uma hidratação correta) e fazer alimentação leve são as dicas a se seguir. “É importante ingerir muito líquido, investir em alimentação leve e se abrigar do sol. O consumo de bebidas alcoólicas, no entanto, é desaconselhado, uma vez que ajuda a desidratar o indivíduo.” 
Para o cardiologista Percival Trindade, do Instituto do Coração, de Rio Preto, além de uma boa qualidade de vida, a pessoa tem de fazer um grande esforço para se manter longe do estresse. “Esta é sem dúvida a principal causa de palpitações, arritmia e outras sensações que trazem o paciente ao consultório. É preciso repensar algumas atitudes para que o coração não sofra sobrecargas”, diz. 
Na prática, os médicos afirmam que o calor pode provocar a diminuição da pressão arterial devido à dilatação das artérias. O sangue, por sua vez, torna-se mais viscoso e com maior densidade de plaquetas - células sanguíneas responsáveis pela coagulação envolvida nos processos de trombose. A trombose é uma situação em que se formam coágulos no interior das artérias, obstruindo-as e interrompendo o fluxo de sangue. 
Além de fumantes, pessoas que sofrem com altas taxas de colesterol devem ter a atenção redobrada, pois estão entre as principais vítimas do derrame. Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Hipertensão, Fernando Nobre, o cuidado com a medição da pressão é fundamental, uma vez que a pressão alta é responsável por 80% dos AVCs. Segundo estimativas do Ministério da Saúde, o AVC é a principal causa de morte em todas as regiões do País, e dos pacientes que sobrevivem, 50% têm algum grau de comprometimento ou sequela. “Por isso é tão importante a adesão ao tratamento e a medição constante da pressão arterial”, diz Nobre. 

Saiba mais:
Sintomas 
Em geral, o AVC pode ser identificado com antecedência se houver atenção com os sintomas e sinais de alerta, que são: dor de cabeça muito forte, de instalação súbita (sobretudo se seguida de vômitos), fraqueza ou dormência na face, nos braços ou nas pernas, paralisia (dificuldade ou incapacidade de movimentação), perda da fala ou dificuldade para se comunicar, perda da visão ou dificuldade para enxergar com m ou ambos os olhos. 
Fatores de risco 
A maioria dos fatores de risco para AVC é passível de intervenção e correção, o que possibilita tratamento preventivo, a chamada prevenção primária. Entre os fatores de risco que podem ser tratados destacam-se: hipertensão, diabetes, tabagismo, consumo abusivo de bebidas alcoólicas, consumo de drogas ilícitas, estresse, distúrbio das gorduras (como o colesterol elevado, por exemplo), doenças cardiovasculares cardíacas (sobretudo as que produzem rritmias), sedentarismo e doenças hematológicas. Existem, contudo, fatores que podem facilitar o desencadeamento de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e que são inerentes à vida humana, como o envelhecimento. Pessoas com mais de 55 anos possuem maior propensão a desenvolver o AVC. Características genéticas, como pertencer à raça negra, e história familiar de doenças cardiovasculares, também aumentam a chance do problema. Esses indivíduos, portanto, devem ter mais atenção e fazer avaliações médicas com maior frequência.   

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Sintomas de ansiedade mais comuns em adolescentes

Resenhado por Laís Santos

Batista, M. A. & Oliveira, S. M. (2005). Sintomas de ansiedade mais comuns em adolescentes. Revista de Psicologia da Vetor Editora; 6,; 43-50.

       A fase da adolescência é um período de intensas mudanças físicas e biológicas que provocam uma adequação psicológica e social desses sujeitos. É quase que um processo de metamorfose; intensas mudanças físicas e hormonais que exigem grandes ajustes. Contextos diferentes, realidades diversas promovem diferentes reações frente a todas estas mudanças.
       Com relação à ansiedade, alguns adolescentes alegam sentir sintomas ansiosos constantes, frente a todas estas mudanças. De modo geral, a ansiedade é uma experiência subjetiva do corpo frente a condições extremas; ambientes geradores de situações ameaçadoras, ou não, mas, situações estas que ultrapassam a capacidade de resposta ao meio.            A ansiedade é por muitos autores, definida como um sentimento, atrelado a ideia de perigo. Em outras palavras, pensar ansiedade significaria visualizar “um mecanismo de proteção” do ser humano frente a situações ameaçadoras.
        A ansiedade está associada a uma inquietação que pode gerar sintomas de ordem fisiológica e cognitiva. Dentre os sintomas fisiológicos, podemos citar a agitação e movimentos acentuados. Como características cognitivas, citamos atenção acentuada e vigilância redobrada. A intensidade desses sintomas, frequência e duração, variam de sujeito para sujeito, a depender do contexto e das situações as quais ele esteja exposto.
       Diversos estudos nacionais tentam mensurar a ansiedade na fase da adolescência. De modo geral, essas pesquisas apontam que a solidão, o desconhecido, a rejeição e o futuro se aparecem comumente associados à ansiedade nessa fase. Alguns estudos evidenciam que as meninas são mais ansiosas que os meninos. De modo geral, as meninas estão mais preocupadas com a aprovação social e os meninos, por sua vez, são mais resistentes em reconhecer sintomas de ansiedade. Eles apresentam os mais altos índices de ansiedade geral, escolar e frente a situações de avaliações, além de maior preocupação referente à necessidade de independência dos pais.
       A partir deste cenário, o estudo em questão teve como objetivo identificar os sintomas de ansiedade mais comuns em adolescentes. A amostra foi composta por 511 alunos da cidade de São José dos Campos, de ambos os sexos, com faixa etária entre 14 e 18 anos, provenientes de três escolas (2 públicas e 1 particular - uma escola municipal de ensino fundamental, uma escola estadual de ensino médio e uma escola técnica). O instrumento utilizado foi um questionário de 75 itens, embasados no CID-10 e no DSM-IV. As alternativas de resposta variavam entre “sempre”, “às vezes” ou “nunca” de acordo com a frequência de ocorrência.
       Por se tratar de adolescentes, foi necessária a autorização dos pais feita mediante o termo de consentimento. A aplicação foi feita coletivamente nas salas de aula. O aplicador passou as diretrizes da pesquisa, explicou o caráter facultativo da mesma, assim como o tema – intensidade da ansiedade em adolescentes. Os itens do questionário foram lidos em voz alta, em conjunto (aplicador e alunos). Cada aluno assinalou apenas um item para cada frase, conforme foi indicado nas instruções apresentadas. A pontuação de cada frase variou conforme a atribuição de pontos de cada item (dois pontos à resposta “sempre”, um ponto à resposta “às vezes” e zero a resposta “nunca”).
       No grupo de adolescentes do sexo masculino, com relação aos sintomas físicos foram identificados: tremor, agitação, irritabilidade, taquicardia, dor de estômago e insônia. Com relação aos sintomas emocionais, foram elencados o medo, preocupação, nervosismo, pavor, aborrecimento e susto. Além desses e outros sintomas, constatou-se um sintoma relacionado à ansiedade e a expectativas positivas frente ao futuro. O grupo de adolescentes do sexo feminino apresentou como sintomas físicos principais a impaciência e sudorese. Como sintomas emocionais principais, foram evidenciados o medo e sentimento de incapacidade e insegurança.
       Alguns sintomas físicos ansiosos, como cansaço, tontura, nervosismo, comer demais, dificuldade para se lembrar, dentre outros, não apresentaram diferença significativa com relação ao sexo. Seguindo a mesma linha de pensamento, alguns sintomas emocionais, como por exemplo, tristeza, sensação de medo e preocupação, também, não apresentaram diferença significativa quanto ao sexo.
       Em suma, o presente estudo nos mostra que há uma diferença entre gêneros no que tange a presença de sintomas ansiosos. Além disso, nos revela que esses sintomas podem ser agrupados em dois grupos – sintomas físicos e emocionais. Por fim, entende-se que a adolescência é um período de intensas transformações, e que a ansiedade, bem como os sintomas a ela atrelados, é constante nessa fase do desenvolvimento. Desse modo, é importante conhecer e compreender quais são estes sintomas a fim de reduzir os prejuízos e danos que podem ser eliciados frente a uma carga excessiva de ansiedade.
      

                   

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Patologização e medicalização na infância

Postado por Lucila Moraes

A depressão, ansiedade e TDAH (O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade) são apenas alguns transtornos mentais que podem ocorrer na infância, podendo prejudicar não apenas a aprendizagem da criança como também o seu relacionamento com o meio social; por isso é importante o acompanhamento profissional de um terapeuta especializado e, se necessário, o controle da doença por meio de medicamentos. Porém, a linha que separa o normal e patológico é muito tênue, sendo de extrema importância a realização de um diagnóstico preciso para evitar uma patologização do sujeito, ou seja, evitar a atribuição de uma doença ou transtorno a um indivíduo que, de fato, não os têm. O vídeo abaixo mostra, de forma bem humorada, as consequências negativas que um diagnóstico incorreto e excesso de medicamentos podem causar numa criança.  


quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Ser mãe de criança autista

Resenhado por Thatianne Almico

Smeha, L. N. & Cezar, P. K. (2011). A vivência da maternidade de mães de crianças com autismo. Revista Psicologia em Estudo, Maringá, 16, 43-50.

A experiência da maternidade é para a mulher uma nova fase onde ela constrói fantasias e expectativas em torno do bebê esperado. Os pais idealizam o filho perfeito e saudável, pois depositam nele toda chance de realização de seus sonhos e ideais. Enfrentar a realidade de ter um filho doente causa frustração, sofrimento, confusão e medo, visto que as maiores responsabilidades recaem sobre os pais, mesmo quando recebem o suporte de amigos, familiares e profissionais de saúde.
O autismo é definido como um transtorno com causas diversas e que compromete o processo de desenvolvimento infantil. Está incluído entre os transtornos globais do desenvolvimento e caracteriza-se por comprometimento em três áreas do desenvolvimento: habilidades de interação social recíproca, habilidades de comunicação e comportamento, interesses e atividades com padrões restritos e repetitivos. A conduta de uma criança autista se caracteriza principalmente pela incapacidade de estabelecer um sistema adequado de comunicação com o meio social, além de encontrarem maior dificuldade em realizar as atividades ditas comuns. Tais características acentuam a necessidade de cuidados e a dependência para com os pais ou cuidadores. Dessa forma, para se adaptar às limitações e necessidades específicas da criança com autismo, a família necessita de constantes mudanças na sua rotina diária, o que pode constituir estressores em potencial para os familiares.
O objetivo principal deste estudo foi compreender como as mães de crianças com autismo percebem suas vivências com relação à maternidade, e, mais especificamente, elucidar os sentimentos que perpassam essa trajetória, desvelar as especificidades da rotina de cuidados com a criança autista e, por fim, compreender como o acesso à rede de apoio pode repercutir nas vivências da maternidade. Para isso foram investigadas as histórias de quatro mulheres (entre 32 e 39 anos), abrangendo as suspeitas iniciais em relação ao autismo do filho (idades entre 6 e 10 anos), o momento da confirmação do diagnóstico, a realidade atual da criança e as expectativas das mães em relação ao futuro.  Para a coleta de dados foram feitas entrevistas semiestruturadas, aplicadas individualmente, com duração de mais ou menos uma hora e em locais escolhidos pelas participantes.
Em relação a categoria que se refere à vivência da maternidade, compreende-se que o momento da confirmação do diagnóstico de autismo do filho é crucial para a família, em especial para a mãe, que precisará se dedicar aos cuidados com a criança. Tal situação pode desencadear inúmeros sentimentos, que, por sua vez, podem fragilizar a vivência da maternidade. Observou-se também no discurso de todas as mães, que estas já observavam algo de diferente no comportamento dos filhos, antes mesmo do diagnóstico. Diante da confirmação do diagnóstico de autismo, todas relataram vivenciar uma cascata de sentimentos, cada uma de forma singular. Perceber as características autistas no filho gera angústia nas mães, é a partir de então que se percebe a diferença entre a criança esperada e a real.
Após o momento do diagnóstico, os pais correm atrás de soluções na expectativa de que o filho seja curado. A discriminação e o preconceito para com a criança são também sentidos pela mãe, que se sente fragilizada no cuidado com o filho, desse modo o cuidado passa a ser sua prioridade, cuja principal finalidade é proteger o filho. Diante disso, as mães precisam contar com o auxílio de outras pessoas ou instituições para conseguirem dar conta da sobrecarga de cuidados com a criança autista. O papel fundamental do suporte social seria auxiliar essas mães a fim de que elas possam vivenciar a maternidade da melhor maneira possível. No discurso das mães, a família se destaca como principal fonte de suporte. Ressalta-se também o apoio religioso às mães de crianças, pois acreditar em Alguém superior torna a vivência da maternidade uma experiência mais tranquila.

Apesar de todo apoio recebido, a situação limitante do filho desperta nas mães muitas incertezas, principalmente em relação ao futuro da criança e a seu desenvolvimento. Entretanto, a partir dos relatos das mães, observou-se que o importante para elas é que o filho seja feliz, e o fato de eles serem ainda crianças parece ampliar as expectativas positivas com relação ao futuro. Conclui-se que em face dos questionamentos referentes às práticas maternas, é preciso criar estratégias de intervenção e possibilitar a estas mulheres um espaço no qual elas possam ser escutadas, trocar experiências, compartilhar sua dor e sofrimento e amenizar suas angústias e incertezas.

Ácido fólico pode diminuir os riscos do autismo na gravidez!

Postado por Tathianne Almico

            O ácido fólico, também conhecido como vitamina B9 ou M, é uma substância fundamental para a formação da coluna e desenvolvimento do cérebro do bebê. Um estudo publicado no periódico científico The Journal of the American Medical Association constatou que o consumo de ácido fólico está associado a um menor risco de autismo. Os pesquisadores observaram que no grupo das crianças cujas mães tomaram suplemento de ácido fólico um mês antes de engravidar e nos dois primeiros meses de gestação, apenas 0,1% foram diagnosticadas com autismo. Apesar de não ser possível estabelecer uma causalidade, o estudo reforça a importância do uso do suplemento de ácido fólico pelas grávidas. Segundo a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), o suplemento de ácido fólico previne a maioria dos casos de anencefalia e também outros Defeitos Abertos do Tubo Neural (DATN) no feto. É possível encontrar a forma natural do ácido fólico (folato) nos alimentos de folhas verde-escuras, como couve, brócolis e espinafre, além de feijão, lentilha, ervilha, milho, amendoim e morango. Ele também é encontrado no suco de laranja e na carne de fígado. No Brasil, é obrigatória a adição de ferro e ácido fólico nas farinhas de trigo e de milho industrializadas. Diante disto, recomenda-se que tanto as mulheres grávidas, quanto as que pretendem engravidar, procurem um profissional da área (Obstetra) para se informar melhor sobre o assunto e seguir as medidas mais adequadas.


Um extenso estudo americano concluiu que tomar suplementos de ácido fólico durante a gravidez reduz em até 40% o risco de o bebê ter autismo. Essa vitamina, presente em alimentos como brócolis, tomate, lentilha e também em bebidas como a cerveja, diminui as chances de haver má formação congênita, mas ainda não está claro se a substância protege a criança contra problemas neurológicos. A nova pesquisa, publicada nesta quarta-feira no periódico The Journal of The American Association (JAMA), fornece novas evidências que reforçam tal relação, que já havia sido apontada por trabalhos anteriores.De acordo com os resultados da pesquisa, mães que fizeram uso de suplementos de ácido fólico antes e durante a gestação tiveram filhos com um risco até 40% menor de serem diagnosticados com autismo na infância. Esse benefício foi observado apenas em mulheres que tomaram os suplementos durante o período entre quatro semanas antes de engravidarem e oito semanas após o início da gestação — o que revela que o momento do consumo da vitamina é crucial para reduzir os riscos de saúde ao bebê. Os pesquisadores não encontraram evidências de que outros suplementos alimentares, como de ômega-3, por exemplo, na gravidez influenciam no risco de autismo no filho.Consumo ideal — Segundo a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), o consumo de suplementos de ácido fólico é indicado para prevenir anencefalia (defeito congênito na formação do cérebro e da medula) e espinha bífida (formação anômala dos ossos da coluna vertebral) — dois defeitos de fechamento do tubo neural (estrutura que dará origem ao sistema nervoso central do bebê, incluindo cérebro e coluna).  A recomendação do órgão é a de que as mulheres consumam 400 microgramas por dia de ácido fólico durante pelo menos um mês antes de engravidar e ao longo do primeiro trimestre de gestação — período em que o tubo neural está em pleno desenvolvimento. Em 2002, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou a adição de 4,2 miligramas de ferro e de 150 miligramas de ácido fólico para cada 100 gramas de farinha de trigo e de milho. A intenção era reduzir a prevalência de anemia por deficiência de ferro e prevenir defeitos do tubo neural. 

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Factors influencing the diabetes-specific health-related quality of life in children and adolescents with type 1 diabetes mellitus


Resenhado por Ariane de Brito


Lukács, A., Varga, B., Kiss-Tóth, E., Soós, A., & Barkai, L. (2014). Factors influencing the diabetes-specific health-related quality of life in children and adolescents with type 1 diabetes mellitus. Journal of Child Health Care, 18, 253–260. doi: 10.1177/1367493513486964


Trata-se de um estudo húngaro que objetivou avaliar como as variáveis ​​clínicas associadas ao diabetes estão associadas com a qualidade de vida (QV) em crianças e adolescentes com diabetes mellitus tipo 1 (DM1), e encontrar os fatores preditores de QV específicos para o diabetes e o controle de glicose no sangue.
DM1 é uma doença crônica auto-imune que geralmente ocorre na infância, adolescência ou início da idade adulta, mas que na verdade pode ter seu início clínico em qualquer idade. Crianças diabéticas com tratamento e cuidados adequados podem viver uma vida produtiva, assim como seus pares que não apresentam a doença​​. No entanto, o diabetes tem um impacto em vários aspectos da vida do paciente, o que torna relevante entender como a doença e as condições clínicas dos pacientes influenciam na sua QV.
Segundo os autores as medidas específicas de diabetes existentes geralmente avaliam o bem-estar físico, o estado de saúde dos pacientes, associado com o controle do diabetes, incluindo a adesão ao regime médico, controle da glicemia no sangue e o risco de complicações em longo prazo. Há poucas evidências de que medidas de QV sejam usadas ​​rotineiramente na prática clínica, mas que melhorar a qualidade de vida de pacientes diabéticos é um fator-chave no controle da doença.
O Pediatric Quality of Life Inventory 3.0 Módulo de Diabetes (PedsQL ™ 3.0 DM) foi desenvolvido para medir a QV específica para o diabetes em jovens com DM1. Neste estudo, ele foi utilizado e analisado a partir do autorelato de crianças e adolescentes DM1 sobre os fatores que influenciam na sua qualidade de vida. Outro aspecto analisado foi a aptidão cardiorrespiratória. Há evidência de que a aptidão cardiorrespiratória é reduzida em jovens com DM1 em comparação com seus pares saudáveis. A aptidão cardiorrespiratória refere-se às funções dos sistemas circulatório e respiratório, que proporciona suprimento adequado de oxigênio para os músculos durante um exercício prolongado.
Participaram do estudo 239 crianças e adolescentes (124 meninos e 115 meninas) com idade entre 8 e 18 anos, recrutados em acampamentos de verão para diabéticos. O tempo médio de diabetes foi de 5,64 anos nos meninos e 6,06 anos nas meninas. A hemoglobina glicada média (HbA1c) foi de 8,45 nos meninos e 8,96 nas meninas. Os acampamentos foram apoiados por fundações, isso possibilitou a participação de vários pacientes, independentemente da situação financeira de suas famílias.
Além do PedsQL 3.0, foi utilizado ainda o teste de shuttle run de 20m para medir a aptidão cardiorrespiratória (VO2max); e medidos o índice de massa corporal (altura e peso) e controle de glicemia no sangue dos participantes. Os últimos valores de dose de insulina e a HbA1c para este controle foram extraídos dos prontuários dos participantes durante o estudo. Para as análises estatísticas utilizou-se o SPSS 19.0.  
Os resultados indicaram que o sexo influenciou significativamente a QV, uma vez que, os meninos tiveram melhor percepção de QV do que as meninas (meninos (n = 124): 72.76 vs meninas (n = 115): 69,03; p = 0,019). O método de tratamento intensivo com insulina (“bomba de insulina”) também influenciou significativamente a QV. Foi encontrado ainda correlação significativa entre a QV específica para o diabetes e o VO2max de aptidão cardiorrespiratória (r = 0,435, p <0,001) e a HbA1c (r = - 0,185; p = 0,004). Na análise de regressão múltipla, o VO2max (p = 0,000) e o método da insulinoterapia intensiva/ bomba de insulina (p = 0,054) foram preditores independentes significativos da QV específica para o diabetes.
O controle da glicose no sangue, sexo, idade, dosagem de insulina, escores de IMC e o tempo do diabetes como variáveis ​​independentes não se mostraram significativas. Já na análise de regressão, com a HbA1c utilizada como variável dependente, o VO2max provou ser o único preditor significativo do controle de glicose no sangue (B = -0,093, SE(B) = 0,016, β = -0,353, t = -5,813 , p <0,001), com 12,5% da variância.
Foram examinados neste estudo os fatores que poderiam afetar a QV específica para o diabetes em crianças e adolescentes DM1. Segundo os autores, existem vários estudos na literatura avaliando a QV de jovens com DM1, mas não foram encontrados estudos que avaliassem em paralelo o efeito dos parâmetros clínicos e antropométricos do diabetes e à aptidão cardiorrespiratória em jovens diabéticos tipo 1.
Os principais resultados encontrados corroboraram com os achados de outros estudos (Kalyva et al., 2011; Naughton et al., 2008). Sabe-se que a principal tarefa da gestão de diabetes é alcançar o controle da glicose no sangue o mais próximo possível do normal.  O resultado do VO2max ter sido o único parâmetro preditivo para a HbA1c também sugere a importância do exercício físico aeróbio na obtenção e manutenção do bom controle glicêmico.
Como limitação, os autores mencionam dentre outros aspectos, o possível viés de seleção que limita a generalização dos resultados, apesar de toda a população infanto-juvenil dos acampamentos de verão tenha sido convidada a participar do estudo. Mesmo assim, o estudo pôde avaliar a qualidade de vida específica para o diabetes, a aptidão cardiorrespiratória, e as variáveis ​​clínicas e antropométricas, ao mesmo tempo, o que se mostrou bastante singular na literatura da área. Como conclusão, de modo geral, a melhor qualidade de vida específica para o diabetes está associada ao sexo masculino, ao tratamento com a bomba de insulina, controle glicêmico favorável e melhor VO2max.

Vale ressaltar que na Hungria, local onde foi realizada a pesquisa, o tratamento do diabetes com a bomba de insulina é financiado quase que totalmente pelo Seguro Nacional de Saúde húngaro, garantindo aos pacientes diabéticos essa alternativa de tratamento independente da situação financeira de suas famílias.