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sábado, 29 de novembro de 2014

Influência do exercício de força e anabolizantes no cérebro

Postado por Monique Carregosa

O exercício de força ou também chamado de treinamento de resistência ou levantamento de peso, está cada vez mais presente no programa de treinamento dos frequentadores de academia. Estudos tem comprovado a sua eficácia na promoção de saúde, terapêutica e reabilitação, mas também tem apontado relação entre a sua prática e o uso de anabolizantes, inclusive em áreas do cérebro relacionadas à memória e à aprendizagem.


É importante salientar que as atividades praticadas nas academias e centros esportivos incluem além de atividade aeróbia, exercícios de força. Realmente, combinações de exercícios aeróbios e de força (também conhecido como treinamento de resistência ou de levantamento de peso) são essenciais na rotina dos programas de exercícios físicos.Investigações científicas mostram que o treinamento de força melhora não somente a força muscular, mas também a massa muscular e massa óssea, a flexibilidade, o equilíbrio dinâmico, o humor, a autoconfiança e a autoestima dos praticantes. Ainda, os sintomas de muitas doenças crônicas, tais como artrite, depressão, diabetes tipo-2 e da osteoporose podem ser reduzidos após um programa adequado de exercícios de força ou resistência muscular.
Entretanto, ainda são escassas as informações sobre o exercício de força ou resistido no sistema nervoso central (Cassilhas et al., 2007, 2012). É importante salientar que esse tipo de exercício é o mais praticado pelas pessoas que geralmente utilizam de forma abusiva os anabolizantes (esteróides anabólicos androgênicos - EAA) em academias de ginástica ou para melhorarem o desempenho esportivo. Especialmente entre jovens, o uso abusivo dessas substâncias é crescente, e em geral, tem sido usado principalmente para estética ou aparência pessoal (Lumia e McGinnis, 2010).Estes hormônios (EAA) compreendem a testosterona e seus derivados. Eles são produzidos nos testículos e no córtex adrenal (glândulas adrenais) e promovem as características sexuais secundárias associadas à masculinidade (Arlt, 2006). As glândulas adrenais e os ovários representam as principais fontes de androgênios (hormônios sexuais) em mulheres e as glândulas adrenais e os testículos nos homens. Seus efeitos no sistema nervoso central (SNC) vêm sendo crescentemente estudados. Apresentam funções na diferenciação sexual do SNC no período embrionário e interferem na conduta sexual masculina e agressividade Efeitos 
* Doses suprafisiológicas de EAA podem causar efeitos fisiológicos e comportamentais adversos. Alterações psiquiátricas, como aumento da ansiedade, depressão, irritabilidade e agressividade são comumente vistos em usuários de AAS (Sjöqvist et al, 2008). Em doses suprafisiológicas, os EAA podem elevar a atividade de neurotransmissores em áreas do SNC, o que pode modificar os centros de controle do humor e comportamento. Como efeitos colaterais oberva-se hipercolesterolemia (colesterol ruim alto), hepatotoxidade (danos no fígado ocasionados por substâncias químicas), hipertensão, infarto e acidente vascular encefálico após uso crônico e abusivo de EAA (Ishak e Zimmerman, 1987; van Amsterdam, 2010). Em geral, os estudos são contraditórios quantos aos efeitos dos EAA na cognição e humor. Em estudos com animais, a administração de altas doses de EAA mostraram prejuízo em testes de memória. Em contrapartida, os EAA podem melhorar a aprendizagem e memória em doses fisiológicas para adultos e idosos com ou sem declínio cognitivo (Tan et al., 2004; Hajszan et al., 2008). Neste sentido, é importante entender como doses elevadas de EAA associados ao exercício resistido podem afetar a função cerebral. O grupo de pesquisadores da UNIFESP publicou recentemente na revista Psychoneuroendocrinology, de grande impacto científico, um estudo com animais que verifica a influência do exercício de força associado com um EAA, a nandrolona no hipocampo (região do sistema nervoso relacionada a memória e aprendizado) (Novaes Gomes e col., 2014). Os animais foram submetidos a um protocolo de exercício de força, onde se observa alterações musculares (hipertrofia) similares a um treinamento em humanos.Os resultados mostraram que o treinamento de força provocou um aumento do número de células e proteínas relacionadas à proteção celular nesta região estudada e este efeito foi diminuído quando o exercício foi associado ao uso de dose suprafisiológica deste anabolizante. Este é um estudo preliminar que aborda apenas alguns aspectos desses tratamentos na função cerebral. Entretanto, não está bem esclarecido se e como o uso ilícito de EAA pode prejudicar os efeitos benéficos do exercício de força no SNC. Mais estudos são necessários para avaliar os efeitos do exercício de força associado com o abuso de EAA nas alterações funcionais e comportamentais do sistema nervoso. * A indicação seria para uso terapêutico, isto é, como intervenção no tratamento de enfermidades”.












sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Revisão da Literatura- Coping (enfrentamento) religioso/espiritual

                                                                                                                                           Resenhado por Grasielle Rocha

Panzini, R.G., & Bandeira, D.R. (2007).  Revisão da Literatura- Coping (enfrentamento) religioso/espiritual. Revista Psiq. Clín. 34, 126-135. 
          
    O presente artigo teve como objetivo avaliar na literatura os achados sobre coping religioso/espiritual e saúde, bem como conceituar os termos estresse e coping. Segundo as autoras, o conceito de coping espiritual está inserido nas áreas da psicologia positiva, psicologia da saúde e do escopo de estudos sobre religião e saúde, medicina e espiritualidade, tendo sido delineado a partir do estudo cognitivista do estresse e do coping.
Para Lazarus e Folkman (1984), o estresse psicológico é definido como a relação entre pessoa e contexto ambiental, percebida como indo além do que aquela pode suportar, excedendo seus recursos pessoais e ameaçando seu bem-estar. No entanto, o estresse não é o único fator na determinação de seu impacto sobre o indivíduo. O modo como a pessoa lida com o estresse, processo conceituado como coping, também tem importância crucial, fazendo diferença no funcionamento humano e determinando sua adaptação à situação estressante (Lazarus & Folkman, 1984; Pargament, 1997).
O coping é concebido como o conjunto de estratégias cognitivas e comportamentais, utilizadas pelos indivíduos com o objetivo de manejar situações estressantes. As estratégias de coping se referem a ações cognitivas/comportamentais frente a uma situação estressante e têm sido vinculadas a fatores situacionais. Podem ser classificadas como estratégias focadas nas emoções e estratégias focadas no problema. Para Lazarus e Folkman (1980), o coping tem como função administrar (reduzir/minimizar/tolerar) a situação estressora, mais que controla-la ou domina-la. O coping religioso descreve o modo como os indivíduos utilizam sua fé para lidar com o estresse e os problemas da vida, afirma Wong-Mc Donald e Gorsuch (2000).
A relação entre saúde e religião/espiritualidade é vista em sujeitos que acreditam e têm fé na cura através da religião e do espírito. Segundo este artigo, a maioria das pesquisas indica que crenças e práticas religiosas estão associadas com melhor saúde física e mental. De 225 estudos investigando a relação com saúde física, a maioria verificou resultados benéficos do envolvimento religioso em relação a dor, debilidade física, doenças do coração, pressão sanguínea, infarto, funções imune e neuroendócrina, doenças infecciosas, câncer e mortalidade (Koenig, 2001). De quase 850 pesquisas que examinaram a relação com saúde mental, a maioria endossa associação do envolvimento religioso com maiores níveis de satisfação de vida, bem-estar, senso de propósito e significado da vida, esperança, otimismo, estabilidade nos casamentos e menores índices de ansiedade, depressão e abuso de substâncias (Koenig et al., 2001). Ressalta-se que nas perspectivas da saúde pública, estudos demonstram que pessoas com envolvimento religioso são menos propensas ao uso e abuso de substâncias químicas e alcóolicas e a cometer crimes.
A diferença entre religião e espiritualidade é que a primeira tem o cunho de ser institucionalmente socializada, vinculada a uma doutrina coletivamente compartilhada e/ou praticada, já a segunda refere-se também a busca e práticas subjetivas, individuais e não institucionais. Por isso, o porquê de usar o termo coping religioso/espiritual e não separadamente, como alguns autores ainda utilizam. Para Pargament (1999), o uso do termo coping religioso/espiritual é definido como o uso da religião, espiritualidade ou fé para lidar com o estresse e as consequências negativas dos problemas da vida. Utilizando-se um conjunto de estratégias religiosas e/ou espirituais a fim de manejar o estresse diário, e/ou consequentes de crises existenciais ou circunstâncias que ocorrem ao longo da vida.
Portanto, coping religioso/ espiritual (CRE), está associado à saúde e à qualidade de vida, sendo um conceito importante e atual. As estratégias de CRE, quanto as consequências que trazem para quem as utiliza, podem ser classificadas como positivas ou negativas, estando geralmente associadas, respectivamente, a melhores ou piores resultados de saúde física/mental e qualidade de vida. Salientando que, o coping religioso/espiritual é considerado um fator eficaz aos que acreditam e possuem crenças e práticas religiosas, pois, de acordo com as pesquisas aqui relatadas, aquelas estão associadas a melhor saúde física e mental.




terça-feira, 25 de novembro de 2014

Assistir TV ao final do dia pode aumentar nível de estresse

Postado por Iracema Freitas

O hábito de sentar e assistir a TV para relaxar recebe um outro sentido após pesquisa conduzida pela Johannes Gutenberg University Mainz, na Alemanha com 471 entrevistados. Estes relataram tensão e culpa por estarem na frente da televisão quando deveriam usar aquele tempo para alguma atividade produtiva, aspecto que contribuiu para o aumento do estresse, e não para redução de tensão como se hipotetizava




Depois de um longo dia de trabalho, sentar no sofá e assistir televisão parece ser uma boa ideia para reduzir o estresse. No entanto, um novo estudo descobriu que, em vez de ajudar a relaxar, o hábito pode piorar a situação. As informações são do Daily Mail. 
A pesquisa, conduzida pela Johannes Gutenberg University Mainz, na Alemanha, descobriu que as pessoas que atingiram altos níveis de estresse no trabalho e assistiram televisão ou jogaram vídeo game se sentiram culpadas em vez de relaxadas ou recuperadas.
Para a pesquisa, os estudiosos entrevistaram 471 pessoas sobre como elas se sentiam depois do trabalho e o que faziam para relaxar no final do dia. Os pesquisadores notaram que aquelas que estavam particularmente cansadas após o expediente mostraram maior tendência a sentir que haviam "sucumbido" ao desejo de assistir televisão ou jogar vídeo game. Este grupo de pessoas também reportou que estes hábitos as impediram de cuidar de tarefas mais importantes.
Estudos anteriores apontavam que assistir televisão ou jogar vídeo game ajudavam as pessoas a se desligar do trabalho e relaxar. Essas pesquisas também mostravam que ganhar um jogo ou assistir a um filme que provocasse reflexão oferecia às pessoas a sensação de controle durante o lazer, fazendo com que se sentissem mais energizadas. A pesquisa também concluiu que as pessoas que se sentiam mais cansadas e, por isso, poderiam ser mais beneficiadas pelo relaxamento em frente à TV, na verdade, experimentavam ainda mais sentimento de culpa por considerar o hábito como um sinal de falha em relação ao auto-controle. "A culpa diminui os efeitos positivos da tentativa de relaxamento e reduz a recuperação e a vitalidade", explicou o estudo, publicado no Journal of Communication. 
"Isso demonstra que, na vida real, a relação entre o uso da TV ou do vídeogame e o bem-estar é complicado e que esses hábitos podem entrar em conflito com outros, menos prazerosos, mas mais importantes", disse Leonard Reinecke, um dos autores do novo estudo. 

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Parenting style, parenting stress, and children’s health-related behaviors


Resenhado por Ariane de Brito

Park, H., & Walton-Moss, B. (2012). Parenting style, parenting stress, and children’s health-related behaviors. Journal of Developmental & Behavioral Pediatrics, 33, 495-503. doi: 10.1097/DBP.0b013e318258bdb8

Estabelecer bons hábitos de saúde na primeira infância é essencial. Comportamentos tais como a ingestão de alimentos saudáveis, prática de exercício físico, higiene pessoal e de segurança, são comumente recomendados para o estabelecimento de uma boa saúde física. Tais comportamentos de saúde quando estabelecidos na infância tendem a se estender para a idade adulta, contribuindo para resultados positivos na saúde em longo prazo.
As crianças costumam aprender esses comportamentos com orientação e assistência de seus pais ou de outros cuidadores primários. Sabe-se que os pais são modelos influentes e referências sociais para os filhos, e que é através da modelagem que eles sugerem que os comportamentos de saúde valem à pena de serem seguidos e imitados pelos filhos. A qualidade da relação pais-filho influencia as crianças na realização de vários comportamentos saudáveis, ​podendo estes serem examinados a partir da interação dos pais com seus filhos, isto é, a partir de seus estilos parentais.
Estilo parental é definido como o ambiente emocional em que ocorrem as interações entre pais e filhos, o qual pode expressar dimensões de afeto e controle. Afeto refere-se à quantidade de carinho demonstrado para a criança, enquanto que o controle é a capacidade dos pais para controlar/manejar a criança. Os estilos parentais podem ser de quatro tipos: autoritário, autoritativo, permissivo e negligente (Baumrind, 1967; Maccoby & Martin, 1983). O estilo parental autoritário refere-se à dimensão de muito controle e pouco afeto, o autoritativo, por sua vez, caracteriza-se pelo muito controle e muito afeto. O estilo permissivo refere-se ao baixo controle e muito afeto, enquanto que no negligente, tem-se pouco controle e pouco afeto.
Os estilos parentais podem ser influenciados por fatores como a interação entre pais e filhos, o estresse dos pais e o estado de saúde da criança ou bem-estar. O estilo parental pode afetar a inteligência emocional das crianças, ansiedade e ganho de peso ou índice de massa corporal (IMC). Na Coréia do Sul, os pais normalmente assumem uma relação desigual de poder com seus filhos, usando um estilo educação autoritária. Os pais coreanos forçam seus filhos a seguir suas instruções, pois consideraram a disciplina elemento essencial na criação de um filho.
Comportamentos de saúde das crianças estudados incluem comportamento alimentar em geral como alimentação pouco saudável, ingestão de alimentos açucarados, consumo de frutas/legumes, além de escovação, lavar as mãos, prática de atividade física e de segurança. O estresse parental vem sendo menos frequentemente estudado em relação à saúde. Ele pode ser definido como um desequilíbrio entre as demandas percebidas da parentalidade e os recursos disponíveis percebidos. Estresse parental e estilo parental são significativamente relacionados com o comportamento geral de crianças jovens e problemas de comportamento em crianças com doença crônica Assim, espera-se que os pais com estresse parental elevado pode impactar negativamente nos comportamentos relacionados à saúde de seus filhos.
Até o momento, os estudos sobre estilo parental e comportamentos de saúde de crianças pequenas têm enfatizado os padrões alimentares. Embora estes sejam relevantes, outros comportamentos de saúde devem ser igualmente examinados. Com a exceção de estudos enfocando o sono, os autores não foram capazes de encontrar quaisquer outros estudos que examinassem também o estresse dos pais e os comportamentos das crianças relacionados com a saúde em geral. Logo, o objetivo do estudo foi determinar a relação entre estilo parental e estresse parental com comportamentos relacionados à saúde de crianças pré-escolares.
Quanto ao método, trata-se de um estudo descritivo e correlacional. Foram investigadas características de birra (birras em casa e birras na creche) de crianças entre 18 meses e 5 anos e o estilo parental dos pais (n = 284) nas cidades de Seul (n = 149) e Cheonan (n = 135), na Coréia do Sul. Os instrumentos utilizados foram (1) Health-related behavior for children, para avaliar comportamentos relacionados à saúde das crianças; (2) Child Rearing Questionnaire, para avaliar o estilo parental dos pais; Korean Parenting Stress Index – Short Form, para mensurar o estresse parental; e um questionário sobre os dados sociodemográficos dos pais.
Os resultados demonstraram que aproximadamente 42% dos pais indicaram apresentar estilo autoritativo, 24% estilo permissivo, 17% autoritário, e 16,5% estilo parental negligente. Quanto aos níveis de estresse parental, de modo geral, eles foram significativamente diferentes entre os grupos de estilos parentais. Os pais com estilos parentais autoritativos relataram menores níveis de estresse, enquanto que os pais com estilos parentais negligentes registraram maiores níveis de estresse parental.
Dos comportamentos relacionados à saúde das crianças, os mais frequentes foram tomar cálcio três vezes ao dia e escovar os dentes antes de dormir. Os menos frequentes incluíram as visitas de rotina odontológica, usar cadeirinhas de assento no carro, e usar capacetes ao andar de bicicleta. Houve diferenças significativas em todos os comportamentos saudáveis entre os quatro estilos parentais. Os pais com estilo parental autoritativo indicaram números significativamente mais elevados de comportamentos relacionados à saúde das crianças, bem como os pais de estilo parental autoritário.
As relações encontradas no estudo sugerem que quanto mais elevado o estresse parental menores serão as ocorrências de comportamentos relacionados à saúde para com as crianças. Também foram observadas relações significativas entre comportamentos de saúde e parentalidade, especificamente com o estilo autoritativo e autoritário, quando comparados com o estilo parental negligente. O estilo permissivo não foi significativamente associado com tais comportamentos. Além disso, observou-se que as variáveis: presença de irmãos, maior renda familiar, maior nível de escolaridade do pai e menor IMC, foram significativamente correlacionadas com os comportamentos relacionados à saúde das crianças.

De maneira geral conclui-se que houve diferenças significativas nos comportamentos relacionados com a saúde dos filhos nos quatro tipos de estilos parentais, e o estresse parental foi significativamente relacionado com tais comportamentos. Como limitações, os autores apontam, dentre outras, o fato do estudo ter sido transversal, e que, portanto, a causalidade não pode ser assumida. Para futuras pesquisas, eles sugerem estudos longitudinais que possam dar continuidade na análise do efeito do estilo parental e do estresse parental nos mais diferentes comportamentos relacionados com a saúde de crianças em idade escolar. 

sábado, 22 de novembro de 2014

Uma noite sem dormir causa sintomas de esquizofrenia

Postado por Luana Santos

A esquizofrenia é um transtorno psiquiátrico que afeta cerca de 1% da população. Os sintomas incluem perda de contato com a realidade, alucinações, pensamentos desordenados, índice reduzido de emoções e alterações nos desempenhos sociais.
Um estudo foi na Alemanha com 24 pessoas saudáveis entre 18 e 40 anos mostrou que, depois de privados de sono por 24 horas, os participantes passaram a ter alguns sintomas que são também encontrados em esquizofrênicos. Importante ressaltar que os sintomas foram passageiros, sumiram após uma noite bem dormida. Experimentos assim podem ser muito úteis no desenvolvimento de novas formas de tratar transtornos mentais.


Ficar 24 horas sem dormir pode causar sintomas semelhantes aos da esquizofrenia, mesmo em pessoas saudáveis. A descoberta, publicada no periódico The Journal of Neuroscience na semana passada, pode ajudar no desenvolvimento de drogas para o tratamento da psicose – quadro em que o paciente confunde realidade com alucinações e delírios.A esquizofrenia é um transtorno psiquiátrico que afeta cerca de 1% da população. Os sintomas incluem perda de contato com a realidade, alucinações, pensamentos desordenados, índice reduzido de emoções e alterações nos desempenhos sociais.Em um laboratório do sono, pesquisadores analisaram o comportamento de 24 pessoas saudáveis com idades entre 18 e 40 anos. Num teste inicial, os indivíduos dormiram normalmente. Uma semana depois, foram mantidos acordados a noite toda com o estímulo de filmes, conversas, jogos e breves caminhadas.Teste após noite sem dormir — Na manhã seguinte, os participantes foram interrogados sobre os seus pensamentos e sentimentos. Além disso, foram submetidos a um teste chamado inibição pré-pulso, que se baseia na velocidade da contração dos músculos da face e do corpo e ajuda a verificar a presença de esquizofrenia."A inibição pré-pulso demonstra a habilidade do cérebro de separar o que é importante do que não é", diz Nadine Petrovsky, líder do estudo e professora da Universidade de Bonn, na Alemanha. Os cientistas observaram que a função de filtragem do cérebro foi significativamente reduzida depois da noite sem dormir, assim como acontece com os esquizofrênicos. Depois da privação do sono, os participantes tiveram um aumento da sensibilidade à luz, cores e brilho. A noção de tempo e de olfato foram alteradas e foram relatadas falhas de memória e mudança na percepção do corpo. Muitos indivíduos tinham a impressão de que podiam ler pensamentos. Segundo os cientistas, testes para desenvolver novas drogas para transtornos mentais podem ser feitos em experimentos como esse. Os participantes, depois de uma boa noite de sono, não apresentaram mais os sintomas de esquizofrenia.
CONHEÇA A PESQUISATítulo original: Sleep Deprivation Disrupts Prepulse Inhibition and Induces Psychosis-Like Symptoms in Healthy Humans​Onde foi divulgada: periódico The Journal of NeuroscienceQuem fez: Nadine Petrovsky, Ulrich Ettinger, Antje Hill, Leonie Frenzel, Inga Meyhöfer, Michael Wagner, Jutta Backhaus e Veena Kumari.Instituição: Universidade de Bonn, na Alemanha, entre outras.Resultado: Participantes que ficaram 24 horas sem dormir apresentaram sintomas de esquizofrenia no dia seguinte, como déficit de atenção e noção de tempo alterada.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Gravidez na adolescência: prevalência de depressão, ansiedade e ideação suicida

Resenhado por Laís Santos

Freitas, G.V.S & Botega, N.J. (2002). Gravidez na adolescência: Prevalência de depressão, ansiedade e ideação suicida.  Revista Associação Médica Brasileira; 48, 245-249. doi: 10.1590/S0104-42302002000300039

            De acordo com a literatura, a gravidez é a primeira causa de internações (66,0%) em adolescentes com idade entre 10 e 19 anos. Além da gravidez precoce, outro fator de internação ligado a essa população específica, é a tentativa de suicídio. A literatura aponta que a gravidez na adolescência está muito associada ao risco de suicídio. Esse risco pode surgir durante a gestação, como também no período pós-parto.
             Além do risco de suicídio também podem aparecer a depressão e uma percepção negativa da rede de apoio social em adolescentes gestantes.  Estudos apontam ainda, que abusos físicos e sexuais são bem frequentes nessa população, e muitas das vezes tais fatos estão intimamente ligados a ideação suicida, tentativas de suicídio e aos sintomas da depressão crônica no primeiro ano após o parto.
            O artigo em questão buscou estimar a incidência de depressão, ansiedade e ideação suicida em adolescentes gestantes durante os primeiros três meses de gestação. Além disso, objetivou-se aferir possíveis associações entre ideação suicida, depressão, ansiedade, história de abuso sexual, de agressão física, de tentativa de suicídio anterior, intenção de engravidar, período gestacional, situação conjugal e apoio social.
            A amostra foi composta de 120 adolescentes grávidas – 40 no primeiro trimestre de gestação, 40 no segundo e as demais no terceiro. Todas as adolescentes foram selecionadas de modo aleatório entre 329 adolescentes atendidas pelo Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM 2) de Piracicaba, SP, no período de 1999 e fevereiro de 2000. Fizeram parte da amostra, apenas adolescentes entre os 14 e 18 anos de idade, com no mínimo cinco anos de escolaridade, e sem outros filhos. Os instrumentos utilizados foram um questionário para orientar a anamnese, baseado no “European Parasuicide Standardized Interview Schedule”, a Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS), a Escala de Ideação Suicida de Beck (BSI) e uma Entrevista Clínica Estruturada - edição revisada (CIS-R), que avalia transtornos psiquiátricos não-psicóticos.
            Os resultados deste estudo foram indicaram que 37,0% das adolescentes haviam abandonado os estudos a mais de um ano; 50,0% eram filhas de pais separados. Além disso, a faixa etária das mães das adolescentes entrevistadas, em sua primeira gestação, variou dos 12 aos 28 anos.
             No que tange aos parceiros das adolescentes e pais dos bebês das mesmas, a média de idade deles variou dos 15 aos 50 anos. O tempo de relacionamento destas adolescentes e os pais das crianças giravam em torno dos 18,5 meses. No se que refere ao abuso físico, 41,6% das adolescentes relatou ter sofrido abusos físicos na maioria das vezes, provenientes de seus genitores (pais, mães, irmãos e avós). Quanto ao abuso sexual, 19 adolescentes (15,8%) relataram que tinham sofrido tal abuso; na maioria dos casos os agressores eram os pais – 3 casos – e padrastos – também três casos. 45,8% das adolescentes afirmaram que não tinham intenção de engravidar e 7,5% alegaram terem praticado alguma tentativa de aborto na gestação atual.
            Com relação aos dados de ideação suicida, 20 (16,7%) das entrevistadas demonstraram a presença de ideação suicida, oito (40,0%) também apresentavam ansiedade e depressão, cinco (25,0%) apresentavam somente depressão, duas (10,0%) apresentavam somente ansiedade. Além disso, 16 (13,3%) tentaram o suicídio anteriormente, e entre as adolescentes com ideação suicida, apenas cinco (20,0%) não apresentaram indícios de ansiedade ou de depressão.
            Diante dos dados encontrados, observou-se que foi aproximadamente igual à incidência de depressão, ansiedade e ideação suicida na amostra estudada. Além disso, a ideação suicida apareceu intimamente correlacionada à depressão, ansiedade, pouco apoio social e estado civil destas adolescentes. De modo geral, as adolescentes gestantes entrevistadas, é um grupo bem diversificado quanto à idade dos parceiros, e até mesmo ao desejo de ter um filho. Algumas das adolescentes demonstraram estar felizes e até relataram planos anteriores de ter um filho. Em contra partida, outro grupo demonstrou sentimentos totalmente inversos, apresentando ideação suicida, sentimento de solidão, de desespero, dentre outros.
            Em suma, os resultados encontrados e o crescente número de adolescentes gestantes evidenciam a necessidade e importância de programas de orientação que possam servir como suporte social para adolescentes. É relevante que tais programas possam enfatizar não apenas a prevenção de gravidez nessa fase do desenvolvimento, mas que também se voltem para aspectos tais como: indícios de ideação suicida, depressão e ansiedade, a fim de reduzir tais sintomas e possíveis consequências danosas.


quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Ansiedade infantil

Postado por Rafael Matos

A prevalência dos transtornos de ansiedade em crianças e adolescentes é estimada em torno de 13%. Aliado a esta alta taxa de prevalência, contribui para o agravamento deste panorama, o fato de que a ansiedade patológica etiologicamente é descrita como um fenômeno multifatorial, incluindo fatores tanto genéticos quantos ambientais não delineados especificamente.
           Como medida interventiva estudos apontam que atualmente os transtornos de ansiedade na infância são tratados - apresentando bons resultados - por meio de uma abordagem multimodal, incluindo, a saber: Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), Psicoterapia Dinâmica, uso de fármacos, em especial os inibidores seletivos de receptação de seratonina, orientação aos pais, bem como intervenções em todos os familiares.
           



terça-feira, 18 de novembro de 2014

Em dez anos, suicídio de crianças e pré-adolescentes cresceu 40% no Brasil

Postado por Marcele Leite

Suícidio é um tema cada vez mais discutido, mas em crianças e adolescente ainda é um tabu. O problema é o aumento em 40% do número de crianças e pré-adolescentes no Brasil, advertindo que este assunto merece mais atenção. Outro ponto que fica claro é a necessidade de se trabalhar com a família dessas crianças com ideação ou tentativa de suicídio. Uma característica comum é a presença de sintomas depressivos entre esses dois grupos.

Fonte: http://saude.ig.com.br/minhasaude/2014-09-10/em-dez-anos-suicidio-de-criancas-e-pre-adolescentes-cresceu-40-no-brasil.html

"Mas você tem tudo o que quer. Por que fez isso?" Seja em um choro dolorido ou aos gritos de raiva, a frase é comum no pronto socorro de psiquiatria para onde são encaminhadas as crianças e adolescentes que tentaram se matar. Sai da boca dos pais, atônitos com a confissão do filho que se cortou todo ou que ingeriu uma dose cavalar de medicamentos. Pouco falado, o suicídio na infância e adolescência tem crescido nos últimos anos.Dados do Mapa da Violência, do Ministério da Saúde, revelam que ele existe e está crescendo. De 2002 a 2012 houve um crescimento de 40% da taxa de suicídio entre crianças e pré-adolescentes com idade entre 10 e 14 anos. Na faixa etária de 15 a 19 anos, o aumento foi de 33,5%. Suicídio infantil: maioria dos casos está ligada à depressão, que é tratável"Ao contrário do adulto, que normalmente planeja a ação, o adolescente age no impulso. São comportamentos suicidas para fugir de determinada situação que vez ou outra acabam mesmo em morte", afirma a psiquiatra Maria Fernanda Fávaro, que atua em um Pronto Socorro de psiquiatria em São Caetano do Sul, região metropolitana de São Paulo. Aos cuidados de Maria Fernanda, são encaminhadas as crianças e os adolescentes que chegaram feridas ao hospital após tentarem se matar.Ao serem perguntados sobre o motivo de terem se mutilado com lâmina de barbear, se ferido com materiais pontiagudos, cortado o pulso ou ingerido mais de duas dezenas de comprimidos, a resposta é rápida, e vaga. "A maioria diz que a vida não tem sentido, que sentem um vazio enorme. Muitos têm quadros associados à depressão", afirma Maria Fernanda. O cenário é tão recorrente, diz a psiquiatra, que há sites, blogs e páginas de rede social que ensinam as melhores técnicas e ferramentas para que a criança tire a própria vida.Para os mais novos, se matar é, de fato, mais difícil. Dados mostram que, a cada suicídio adulto, há de 10 a 20 tentativas que não acabaram em morte. No caso de crianças, são estimadas 300 tentativas para um suicídio consumado, seja porque elas usam método pouco letal, seja por dificuldade de acesso a instrumentos. "Muitos, quando chegam aqui contam que vêm se cortando a mais ou menos um ano, e a família não sabe disso", diz Maria Fernanda.Assunto proibidoEsse desconhecimento familiar não deve ser encarado como descaso, mas precisa ser visto sob a lógica do quanto o tema do suicídio ainda é um tabu na sociedade, afirmam os especialistas. No caso de crianças e adolescentes, a situação ainda é pior: ninguém fala sobre o assunto, apesar de estudos mostrarem que 90% dos jovens atendidos em emergência psiquiátrica chegam lá após tentativas de se matar."Existe o mito de que o suicídio se concentra nos países nórdicos. Essas nações realmente lideravam o ranking, mas tomaram atitudes e conseguiram reverter o quadro. Enquanto isso, a gente aqui no Brasil continua sem falar nisso e vê os números crescendo", alerta Carlos Correia, voluntário há mais de 20 anos do Centro de Valorização da Vida, o CVV. Dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) na semana passada mostraram que o Brasil é o quarto país latino-americano com o maior crescimento no número de suicídios entre 2000 e 2012 e o oitavo do mundo em números absolutos de pessoas que tiram a própria vida. Foram 11.821 suicídios no período, aumento de 10% em relação à década anterior. Uma situação que, segundo os especialistas, reflete a falta de programas de prevenção. Apesar de a taxa no Brasil ainda ser inferior a 10 suicídios por 100 mil habitantes – a partir da qual a OMS considera alta, a população é muito grande e, portanto, o número de casos também.“O que não pode é o Brasil votar em março sobre o relatório da OMS, mas não promover o plano de prevenção ao suicídio”, afirma o médico Carlos Felipe Almeida D’Oliveira, da Rede Brasileira de Prevenção do Suicídio.O psiquiatra infantil Gustavo Estanislau compara as iniciativas de prevenção brasileiras com as de países desenvolvidos. "Lá fora, existem projetos de prevenção há muito tempo. Eles já têm isso tão bem organizado, que funcionam como um guia. Tem equipes até para agir nas escolas quando, por exemplo, uma criança se mata. No Brasil, não conheço nenhum projeto desse tipo."Por onde começarA criação de um programa de prevenção ao suicídio eficaz deve ter como prioridades a identificação de fatores de risco, o investimento em serviços especializados e o mapeamento de quais são as populações mais vulneráveis, com atenção àqueles que já cometeram tentativas de suicídio.Maria Fernanda conta que boa parte das crianças e adolescentes que ela atende no pronto socorro psiquiátrico é reincidente: já tentaram se matar outra vez e, machucados, passaram por um clínico geral que os liberou em seguida. “É a realidade da maioria, porque ainda são poucos os serviços especializados. No hospital convencional, a medida comum é cuidar do ferimento e mandar para casa”, diz.Quando essa mesma criança que tentou se matar tem acesso a um serviço especializado, o resultado pode mudar seu futuro. “Atendo e avalio se ela mantém o risco suicida. Se ela diz que tentou se matar e continua querendo, a gente interna. Se não há risco, indicamos um acompanhamento ambulatorial. Só não pode é voltar para casa do jeito que chegou”, afirma Maria Fernanda.Como eu vou saber?Os especialistas afirmam que é preciso prestar atenção a qualquer sinal que a criança ou o adolescente demonstre sobre a vontade de tirar a própria vida. Além de comunicar verbalmente o objetivo de se matar, ele pode apresentar sinais como tristeza prolongada, mudança brusca de comportamento, agressividade e intolerância.“A primeira coisa a fazer é considerar que há um risco. Não pode achar que é bobagem, coisa momentânea ou feita para chamar atenção. O suicídio tem um aspecto importante, que é a comunicação. Se a pessoa está dizendo que tem um tipo de sofrimento e que não encontra saída, é preciso ficar atento e procurar um serviço de saúde mental”, afirma D’Oliveira, da Rede Brasileira de Prevenção do Suicídio.Detectado o risco, a primeira providência é conversar. Parece óbvio, mas não é. Na maioria dos casos, os adultos acreditam que se fingirem que não perceberam, a criança ou o adolescente pode mudar de ideia. Outros tantos acham que falar em suicídio é uma ameaça típica da idade. Ambas atitudes estão erradas. “É preciso sempre levar a sério e acreditar no que a criança ou o adolescente diz. É importante ter uma conversa, sem julgamentos, para que ele não se sinta tolhido em falar”, afirma a psicóloga Karen Scavacini, mestre em saúde pública e especialista em prevenção ao suicídio. Pode ser que, nessa conversa, o adulto perceba sinais bem sutis, como a dificuldade de tolerância à frustração, falta de sentido na vida, sensação de desamparo e pressão interna. "É também nessa idade, que muitos se dão conta de sua orientação sexual. No caso de se perceberem homossexuais, podem achar que é um problema e que não tem solução", afirma Karen. A psicóloga explica que, nesta conversa, é importante que o adulto pergunte se a criança ou o adolescente já pensou em se matar mais de uma vez. “Assim, é possível saber se a ideia já virou um plano e então encaminhar a criança para um atendimento.”Mesmo porque no momento do atendimento, explica a psicóloga, percebe-se que a vulnerabilidade dessa faixa etária é tão grande que muitos tentam tirar a vida sem ao menos saber o que isso significa. “Crianças mais novas e pré-adolescentes tem uma impulsividade e não têm a capacidade de avaliar que a morte é para sempre.”


sábado, 15 de novembro de 2014

Estresse pode causar hipertensão, diabetes e alterações na tireoide

Postado por Geovanna Souza


O estresse acumulado do dia a dia pode causar sérios problemas de saúde, como a hipertensão, diabetes tipo 2, alterações na tireoide, além de outras doenças. É importante que não se confunda estresse com irritações corriqueiras e permaneçam atentos para os sinais que seu corpo e sua mente demonstram, a fim de manter uma boa qualidade de vida. 



O fardo que cada um carrega muitas vezes é enorme: trabalho, dieta, filhos, compras, casa, carro, faculdade, banco, dívidas. E a lista vai muito além. Todos esses compromissos e atividades podem fazer com que você ache O estresse do dia a dia, quando acumulado, pode afetar a sua saúde. Segundo o psiquiatra Daniel Barros e o clínico geral Salim Helito, essa é uma reação natural do organismo, uma preparação do indivíduo para uma situação de luta e enfrentamento. O organismo tem recursos que o deixam mais alerta, e isso é feito em geral pela liberação de hormônios, que vão para o cérebro, para a musculatura e para a pressão sanguínea. Uma vez passada essa condição, os hormônios caem, e a pessoa volta ao normal. O problema é quando o estresse começa ser constante e por questões corriqueiras.
Nesses casos, o coração acelera, o corpo sua, vêm a dor de estômago, a disfunção intestinal, a fadiga, os problemas de sono. O hipotálamo (estrutura cerebral do tamanho de uma amêndoa que controla a temperatura do corpo, a fome, a sede, o sono e o comportamento sexual) manda uma mensagem para a hipófise, que aciona a glândula suprarrenal, que por sua vez aumenta a produção de cortisol (hormônio do estresse) e de adrenalina, para deixar o organismo em alerta.
Em longo prazo, o estresse pode desencadear várias doenças no corpo humano, como hipertensão, diabetes tipo 2, alterações na tireoide e herpes (quando a pessoa já tem o vírus incubado). É importante, porém, não banalizá-lo e saber diferenciá-lo de uma irritação normal. Se a pessoa brigou no trânsito, teve um desentendimento com o chefe ou discutiu com o namorado/marido, é claro que vai ficar irritada. O problema é sempre andar nervoso e estourar por qualquer motivo.
O indivíduo diagnosticado com estresse deve, além de "colocar o pé no freio" para diminuir a sobrecarga, melhorar sua qualidade de vida para que o corpo aguente a pressão, não viva sempre no limite nem tenha vontade de "chutar o pau da barraca". Portanto, é essencial organizar-se, equilibrar o horário de trabalho, dedicar um tempo para as refeições e para o lazer, praticar atividade física e ter uma rede de suporte, com amigos e familiares.

Depressão na adolescência: características clínicas

Resenhado por Lucila Moraes

BAHLS, Saint-Clair; BAHLS, Flávia Rocha Campos. Depressão na adolescência: características clínicas. Interação em Psicologia (Qualis/CAPES: A2), [S.l.], mar. 2005. ISSN 1981-8076.

O artigo apresenta uma revisão sobre as características clínicas da depressão na adolescência visando contribuir com o esclarecimento dessa patologia que, apesar de grave, tem se tornado cada vez mais comum em nossa sociedade.
A depressão é uma doença que causa grande impacto na saúde pública por ser considerada comum, bastante prejudicial para o individuo e acarretar em elevados gastos sociais.  Apesar do crescente interesse científico voltado para a depressão, à atenção voltada para a depressão na adolescência é bem recente, por se achar até a década de 70 que era uma doença rara entre os jovens. Porém, já se sabe que a depressão maior na adolescência é algo comum e ocorre cada vez mais cedo na vida do sujeito. Um estudo realizado em Los Angeles mostrou que 25% dos adultos com depressão maior tiveram os primeiros episódios depressivos antes dos 18 anos de idade. Além disso, estudos afirmam que os índices de depressão aumentam significantemente na adolescência, com taxas e distribuição de gêneros similares aos dos adultos (mais frequente em mulheres). Na adolescência, a manifestação da doença no sexo masculino e feminino também é diferenciada. Enquanto as meninas descrevem sintomas mais subjetivos como tristeza, vazio e tédio, os homens relatam sentimentos de desprezo, desdém e rejeição.
Tanto adultos como jovens apresentam sintomatologia semelhantes no transtorno depressivo, ou seja, podem ser aplicados os mesmos critérios e diagnósticos do DSM-IV para ambas as faixas etárias. Porém na adolescência a depressão maior possui características fenomenológicas específicas desta fase como irritabilidade, instabilidade emocional e acessos de raiva. Outra consequência comum em jovens é a diminuição do desempenho escolar, baixa autoestima, ideação suicida e problemas com álcool/drogas.  Importante destacar que o suicídio é uma das mais importantes causas de morte entre os adolescentes, e cerca de dois terços desses casos ocorre entre jovens clinicamente deprimidos. Ou seja, a depressão é a principal causa de suicídio nesta faixa etária.
Já há uma definição razoavelmente clara dos fatores de risco para a depressão na adolescência, são eles: a presença da depressão em um dos pais – sendo o fator mais determinante de risco da doença-, perda de um familiar ou amigo, conflito familiar, entre outros. O transtorno depressivo possui uma alta taxa de comorbidade (quando duas ou mais doenças estão etiologicamente relacionadas) sendo as mais comuns o transtorno de ansiedade (30 a 80%), a distimia (33%) e o TDAH (50%). Somado a isso, estudos apontam que entre 20% a 40% dos jovens deprimidos irão desenvolver um transtorno bipolar em um período de cinco anos após o início da doença, apesar de não ser uma relação de causa e consequência direta.
O estudo da depressão na adolescência é de suma importância por se tratar de uma patologia que surge cada vez mais cedo em nossa sociedade e traz sérias consequências que podem acarretar em um desfecho trágico, como o suicídio. Como já foi dito, a depressão na adolescência tem características próprias da idade e muitas vezes é acompanhada de outros transtornos, o que pode prejudicar o diagnóstico do paciente, por isso a atenção a tais casos clínicos deve ser redobrada. Logo, trata-se de um grave problema de saúde publica, e se faz necessário um diagnóstico precoce e preciso, bem como um tratamento eficaz, evitando-se o agravamento do quadro depressivo até a fase adulta.



quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Entenda o Diabetes e o Papel dos Pais na Adaptação da Criança à Doença

Postado por Ariane de Brito

Amanhã é o dia em que se comemora o Dia Mundial do Diabetes. O objetivo é chamar atenção da população em geral para os riscos dessa doença crônica que já atinge mais de 382 milhões de pessoas em todo mundo. O vídeo ilustra de maneira simples os principais sintomas, as causas e alterações orgânicas da doença, além de apresentar a diferenciação entre os dois tipos mais comuns de diabetes: o diabetes tipo 1 e o diabetes tipo 2. Especificamente o diabetes tipo 1 é o que mais tem crescido na população infantil, e o seu diagnóstico em crianças exige uma reorganização familiar, na busca por mudanças de hábitos alimentares e comportamentais por parte da criança, dos pais e de toda a família próxima. Crianças diabéticas quando controladas podem viver uma vida normal produtiva, assim como é pontuado no vídeo, mas para isso o suporte e o equilíbrio emocional dos pais e/ou cuidadores são determinantes para a adaptação da criança à doença, e consequentemente ao controle da mesma.




terça-feira, 11 de novembro de 2014

Estudo mostra que exercícios de resistência podem melhorar a memória

Postado por Marcelle Leite Mota

O estudo realizado nos EUA aponta uma correlação entre 20 min de prática de exercícios e uma melhora na memória de longo prazo. A pesquisa foi baseada num estudo anterior com animais.


Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/saude/estudo-mostra-que-exercicios-de-resistencia-podem-melhorar-a-memoria

Se exercitar na academia por pelo menos 20 minutos pode ajudar a melhorar a memória de longo prazo. É o que diz um estudo realizado por pesquisadores do Instituto de Tecnologia da Geórgia, em Atlanta, Estados Unidos, e publicado no periódico Acta Psychologica. Estudos anteriores já haviam mostrado que a memória pode ser beneficiada por diversos meses de exercícios aeróbicos, como corrida ou natação, porém o novo estudo demonstra que um resultado semelhante pode ser obtido em um período muito menor. “Nosso estudo indica que as pessoas não precisam dedicar grandes quantidades de tempo para beneficiar o cérebro”, afirma Lisa Weinberg, estudante do Instituto e principal autora.A pesquisa contou com a participação de 29 mulheres e 17 homens, que foram divididos em dois grupos. Na primeira parte do experimento, todos viram uma série de 90 imagens mostradas na rela de um computador, que podiam ser positivas, neutras ou negativas (como crianças brincando em um tobogã, relógios e imagens de corpos mutilados), e foram instruídos a memorizar quantas pudessem. Os voluntários foram então divididos em um grupo ativo e outro passivo. Os integrantes do primeiro deveriam realizar um exercício de esticar e encolher as pernas em um equipamento de academia 50 vezes, na maior intensidade que conseguissem, enquanto o outro simplesmente se sentou e permitiu que a máquina movesse suas pernas.A pressão sanguínea e os batimentos cardíacos dos participantes foram monitorados, e amostras de saliva foram coletadas para que fosse possível avaliar osníveis de neurotransmissores ligados ao stress provocado pelo exercício. Depois dias depois, foi mostrada aos participantes uma nova série de imagens, com as 90 que eles haviam visto antes e 90 novas, para que eles reconhecessem aquelas que já tinham visto. Os resultados mostraram que o grupo passivo se lembrou de cerca de 50% das imagens originais, enquanto o outro chegou a 60%.A escolha de fazer os participantes estudarem as imagens antes de realizar a atividade física se baseou em descobertas feitas em pesquisas com modelos animais, que mostraram que o período depois do aprendizado (denominado consolidação) é quando o stress causado pelo exercício pode ser mais benéfico para a memória. Apesar de a pesquisa ter sido feita com um exercício usando pesos, os pesquisadores afirmam que atividades de resistência como agachamentos podem produzir o mesmo efeito. “Nós agora podemos tentar determinar a aplicabilidade desta descoberta a outros tipos de memória, e o melhor tipo e quantidade de exercício em diversas populações, como idosos e pessoas com problemas de memória”, disse Minoru Shinohara, professor da escola de psicologia aplicada e um dos autores do estudo.

sábado, 8 de novembro de 2014

Papel da família é fundamental no tratamento do câncer infantil

Postado por Grasielle Rocha


Sabe-se que o câncer infantil era considerado uma doença aguda, hoje é conhecida como uma doença crônica. O número de crianças e adolescentes diagnosticadas com a doença vem aumentado. Dentre as modalidades de tratamento a mais utilizada é quimioterapia, no entanto, além de viabilizar a cura afeta também as células sadias do organismo. Os efeitos colaterais da quimioterapia comprometem em diversos aspectos a vida das crianças, desde efeitos físicos como queda de cabelo, vômito e até mesmo a interrupção da sua rotina, tal situação pode levar à desistência do tratamento. Por ser considerada uma doença de caráter mais genético nas crianças, estas são acometidas em geral pelas neoplasias, as mais comuns são as leucemias, os linfomas e os tumores cerebrais. Na criança a doença progride com uma aceleração mais rápida em relação aos adultos porque as células cancerígenas se dividem mais rápido. A família é um norteador importante no tratamento, pois, além de proporcionar o carinho, o afeto, a tranquilidade e os cuidados, é também o porto seguro da criança, ou seja, em quem ela tem mais confiança. E para que a família possa lidar da melhor maneira possível com essa situação, o psicólogo tem um papel essencial no suporte emocional, auxiliando-os a manter uma convivência melhor. 



Em meados da década de 1960, o câncer ainda era considerado uma doença de adultos. Não acometia as crianças. Ouvir dizer que uma garota ou garoto estava com a doença era motivo de surpresa e comoção geral, e o diagnóstico era encarado como uma sentença de morte.
Não se tinha muito conhecimento sobre a doença nos mais jovens, especialmente a respeito da sua evolução. As crianças acabavam por receber o mesmo tratamento dos adultos, embora o câncer infantiltenha características biológicas e orgânicas completamente diferentes. Na fase adulta, o surgimento da doença está relacionado muitas vezes a fatores ambientais, como acontece com fumo e câncer de pulmão, sol e câncer de pele. Nas crianças, pelo pouco tempo de vida, geralmente não há esse tipo de conexão, o que dificulta ou mesmo impede a prevenção.
O oncopediatra Sérgio Petrilli, superintendente do Graac (Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer), explica que os tumores pediátricos afetam geralmente as células do sistema sanguíneo, por isso as neoplasias mais incidentes nas crianças são as leucemias (câncer dos glóbulos brancos), os linfomas (do sistema linfático) e os tumores cerebrais, seguidas por neuroblastoma (das células do sistema periférico), tumor renal (em especial o de Wilms), ósseo, germinativo (nas gônadas) e câncer de retina. “Nas crianças, a doença tem evolução mais rápida, porque as células cancerígenas se dividem mais depressa, diferentemente dos adultos, que têm células mais maduras que evoluem lentamente”, explica Petrilli.
Por se dividirem mais rapidamente, o tratamento do câncer da criança deve ser mais intensivo, com várias doses de medicação em intervalos curtos. A alta toxicidade causa efeitos colaterais que devem ser acompanhados de perto. “Os quimioterápicos acabam abaixando a quantidade de glóbulos brancos e vermelhos, por isso é importante manter o tratamento de suporte (transfusão de glóbulos e plaquetas) para impedir que isso a deixe debilitada e propensa a novos problemas de saúde”, afirma o oncopediatra. Em contrapartida, os resultados da quimioterapia são mais efetivos nas crianças que nos adultos.
Percepções da criança durante o tratamento
As crianças percebem que está acontecendo algo de errado com ela, notam que seu corpo não está como antes e sentem as reações aos medicamentos, que as deixam mais debilitada. Por isso, a psiconcologista Maria Letícia Rotta, coordenadora do setor de psicologia da AACC (Associação de Apoio à Criança com Câncer), orienta que é essencial os pais serem sinceros com os filhos e explicarem, com linguagem simples, o que realmente está acontecendo. “A criança precisa ser ativa no processo do seu próprio tratamento. Ela tem que entender o que esta acontecendo e que é importante tomar os remédios, para que assim consiga seguir as orientações e combater a doença.”
Não se deve omitir nenhum detalhe: é preciso afirmar que o remédio é ruim, que o cabelo vai cair e que haverá alguns desconfortos como náuseas, feridas na boca, diarreia, infecção e anemia, mas que isso fará com que a saúde dela melhore. “Alguns assuntos serão mais difíceis de ser abordados, como por exemplo a morte. Geralmente, esperamos a criança trazer o assunto à tona. Ela vai acabar falando sobre algo, já que percebe que alguns amiguinhos deixaram de frequentar o hospital. Nesse momento, é importante explicar o que aconteceu, deixando claro que, apesar de os riscos existirem, eles diminuem quando o tratamento é feito da maneira correta.”
O maior medo das crianças, entretanto, não costuma ser a morte. “O maior temor é em relação à picada para tomar o soro”, comenta Sérgio Petrilli. Mas como têm mais facilidade para se adaptar a novas situações, elas logo perdem esse receio e se acostumam. “Com o tempo, muitas vezes elas passam a gostar de vir ao hospital para poder brincar com os amigos. Isso ajuda bastante na aceitação e aderência ao tratamento”, afirma o oncopediatra.
Pais e irmãos
Como o papel dos pais é de extrema importância no tratamento das crianças, é preciso que eles também façam acompanhamento psicológico, já que alguns passam por um longo processo de aceitação e demoram para acreditar no que está acontecendo. “Alguns pais pedem para não contarmos para a criança a respeito da doença. Procuramos tirar essas resistências. A partir do momento em que a criança entende a doença dela, a aderência ao tratamento é muito maior”, relata Petrilli.
Em geral, os centros de atendimento à criança com câncer oferecem terapias psicológicas para toda a família. Além de ser fundamental para o apoio emocional, os pais aprendem a lidar com outras situações que não se referem diretamente à criança doente. Por exemplo, a relação com os irmãos. “Esse é um assunto bem delicado. Quando há uma criança com câncer em casa, temos uma família que precisa de cuidados. Como há um elo mais frágil, que precisa de cuidados médicos, algumas vezes o irmão ou irmã não recebe mais a mesma atenção dos pais e acaba se sentindo isolado, o que gera ciúme. É muito comum o irmão adotar uma postura mais agressiva e ir mal na escola para conseguir de volta toda a atenção dos pais”, explica a psiconcologista Maria Letícia Rotta.
O ideal é incluir a outra criança no tratamento do paciente, explicar o que está acontecendo, que o irmão precisa de mais cuidado naquele momento. “Distribua funções para todos os membros da família. Diga ao irmão que ele está encarregado de ajudar o outro. Inclua-o nas visitas ao hospital e, se possível, leve-o para brincar com as crianças dos centros de apoio”, sugere Rotta.
Os pais devem cuidar, mas não adotar um perfil diferente no trato com o filho doente. Isso ajuda a evitar problemas de ciúme nos irmãos e ainda auxilia no tratamento da própria criança. “A pior coisa que existe para criança e para o tratamento é o sentimento de comiseração”, enfatiza Petrilli. “Quando os pais ficam bajulando o paciente, eles passam a tratá-lo como frágil e ‘coitadinho’ demais, sem dar esperança para uma possível cura. Sem contar que a criança acaba ficando mais dengosa e manhosa”, completa.
O importante é deixar a criança com a rotina mais próxima possível do normal e sem isentá-la de broncas e limites. “Muitas vezes ela vai pedir para faltar a uma atividade por estar debilitada. Não há problema nenhum em conceder o pedido, mas deixe claro que ela precisará repor isso mais para frente. À medida que você cuida e coloca limites ao mesmo tempo, vai mostrando que ela vai ficar boa. A criança percebe que tem um futuro e que vai conseguir levar uma vida normal em pouco tempo”, explica a psiconcologista.

Ideação suicida e sintomalogia depressiva em adolescentes

Resenhado por Iracema Freitas

Azevedo, A.; & Matos A.P. (2014)  Ideação Suicida e sintomatologia depressiva em adolescentes; Psicologia, Saúde & Doenças15, 180- 191; doi: 10.15309/14psd150115


De acordo com dados da Direção-Geral de Saúde (2013), houve um aumento de suicídios entre adolescentes em Portugal, além de ser esta a segunda causa de morte nesse público. A ideação suicida é descrita como pensamentos de autodestruição em que o sujeito percebe a vida como pouco relevante e elabora formas de morrer. Tal comportamento retrata um sofrimento emocional (psíquico),e  é  vistos como importante preditor de tentativa de suicídio e da efetivação do suicídio.
Há estudos internacionais que mostram que cerca de 4% a 10% dos adolescentes apresentam ideação suicida. Nos Estados Unidos, estudo com crianças e adolescentes verificaram que 7% a 12% das crianças e adolescentes avaliados apresentavam ideação suicida, (Maris, Berman & Silverman, 2000). Segundo Nock et al. (2008), as tentativas de suicídio acontecem em média em até um ano após o inicio da ideação, assim sendo que 34% das pessoas com ideação suicida no decorrer da vida elaboram algum plano de suicídio. Destas, 72% fazem uma tentativa de suicídio e 26%  mesmo não planejando, tendem a executar o suicídio.
O presente estudo que buscou avaliar a ideação suicida entre adolescentes e sua relação com a sintomatologia depressiva, avaliou 233 participantes da população geral com idades entre 14 e 18 anos, estudantes da região centro de Portugal, utilizando Inventário de Depressão para Crianças (CDI - Children´s Depression Inventory) e Escala de Ideação Suicida (SIQ - Suicidal Ideation Questionnaire).
Os resultados indicaram que as diferenças entre os gêneros foram significativas, com maior incidência de transtornos depressivos e de ideação suicida entre as meninas. A ideação foi encontrada em 10,7% da amostra, destes 76,9%  entre as meninas e 23,1% entre os meninos. Já os sintomas depressivos foram encontrados em 15,02% da amostra , sendo 74,3% entre meninas e 25,7% entre meninos. A variável idade não apresentou diferenças estatisticamente significativas. O resultado da relação entre ideação suicida e sintomas depressivos foram maiores entre meninas com níveis moderados de depressão.

Estudar a temática da ideação no público adolescente favorece a compreensão do comportamento suicida nesta fase do desenvolvimento, uma vez que nela as tentativas e planejamentos suicidas aumentam, além de detectar jovens em risco de suicídio. A ocorrência de ideação na adolescência pode não apenas indicar futuros intentos de acabar com a vida, como também pode se manter na vida adulta e levar a outros transtornos além da iminência do próprio suicídio. Já os sintomas depressivos quando detectados, permitem a elaboração de métodos para prevenção da doença e promoção da saúde mental.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Transtorno de Ansiedade na infância como preditor de psicopatologia em adultos

Resenhado por Rafael Matos


Gonçalves, D., & Heldt,  E. (2009). Transtorno de Ansiedade na infância como preditor de psicopatologia em adultos. Revista Gaúcha Enfermagem,30,: 533-541.

O presente texto objetiva investigar os transtornos de ansiedade diagnosticados na infância enquanto agentes preditivos de psicopatologias na vida adulta. Para alcançar tal objetivo fora realizado pelos autores uma revisão sistemática de estudos publicados nos últimos dez anos, utilizando para tanto pesquisas nas seguintes bases de dados SciELO, LILACS, Adolec e PubMED. Em seguida foram selecionados 10 artigos que se apresentaram condizentes aos critérios de inclusão estabelecidos.
A ansiedade é definida como uma emoção ou sentimento comum a todos os indivíduos, caracterizada por um desconforto ou tensão provocado pela antecipação do perigo. Evolutivamente representa uma condição de sobrevivência, uma vez que alerta para uma ameaça eminente, preparando o indivíduo para uma reação. Contudo, quando esta se mostra de forma desproporcional ao estímulo apresentado, aqui se fala de ansiedade patológica.
Segundo o DSM-IV-TR, a ansiedade patológica é definida como transtornos de ansiedade, os quais são agrupados em: Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), Fobia Específica (FE), Transtorno do Pânico (TP), Transtorno de Ansiedade de Separação (TAS), Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) e Fobia Social (FS).
A ansiedade patológica atinge grande parte da população tanto adultos quanto crianças. Em especial, em crianças e adolescentes, a prevalência dos transtornos de ansiedade é estimada em torno de 13%. Aliado a esta alta taxa de prevalência, contribui para o agravamento do panorama em questão, o fato de que a ansiedade patológica etiologicamente é descrita como um fenômeno multifatorial, incluindo fatores tanto genéticos quantos ambientais não delineados especificamente.
No presente texto, como resultado, depois de realizada a revisão sistemática, os autores evidenciaram que em todos os artigos analisados, os transtornos de ansiedade na infância são preditores de psicopatologias na idade adulta, apresentando-se de forma crônica, porém episódica e flutuante.
Dentre os transtornos de ansiedade presentes na infância foi descoberto que o transtorno de ansiedade de separação é mais o comum. Quanto às psicopatologias na idade adulta a ele relacionado encontra-se em maior proporção a depressão e o transtorno do pânico.
           Como medida interventiva os autores apontam que atualmente os transtornos de ansiedade na infância são tratados por meio de uma abordagem multimodal, incluindo, a saber: Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), Psicoterapia Dinâmica, uso de fármacos, em especial os inibidores seletivos de receptação de seratonina, orientação aos pais, bem como intervenções em todos os familiares.

            Desta forma, por meio deste estudo, pode-se depreender a importância existente na detectação precoce de sinais e sintomas da ansiedade patológica por parte de profissionais da saúde que lidam com este público, visando após esta descoberta gerar subsídios para intervenções precisas, minimizando assim as manifestações de psicopatologias na vida adulta.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Drive for Muscularity: Um Estudo Exploratório no Exército Brasileiro

Resenhado por Monique Carregosa

Campana, A. N. N. B., Morgado, J. J. M., Morgado, F. F. R., Campana, M. B., Ferreira, L., & Tavares, M. C. G. C. F. (2014). Drive for Muscularity: Um Estudo Exploratório no Exército Brasileiro. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 30, 213-222.

Trata-se de um estudo transversal exploratório, cujo objetivo foi analisar os traços de drive for muscularity em homens militares brasileiros, por ser um público que necessita de um porte físico musculoso aliado a uma boa qualidade de vida, e, por esta razão, demonstrar uma grande preocupação com o corpo. 
Drive for muscularity diz respeito ao desejo de alcançar o corpo muscular idealizado, à necessidade de estar no padrão de atratividade física masculina  e ao grau de preocupação em relação ao aumento da sua musculatura. Esse termo passou a ser estudado, como um construto, quando a musculatura ganhou um aspecto central na temática imagem corporal. 
Dentre os chamados comportamentos negativos que estão atrelados ao drive muscularity destacam-se o uso dos esteróides anabólicos androgênicos (EAA), a prática exagerada de exercícios resistidos, a verificação assídua do volume muscular e até a evitação do corpo, o qual pode representar um quadro clínico de dismorfia muscular, uma vez que o sujeito apresenta uma grande insatisfação corporal, podendo acarretar em sérias consequências biopsicossociais.
 O presente estudo se faz importante no contexto brasileiro, devido à relevância que o homem do nosso país dá ao corpo musculoso, e, no cenário militar, esse aspecto é ainda mais preponderante. Todavia, sabe-se também que essa conjuntura no chamado quartel é reforçada pelas exigências corporais do Exército Brasileiro, inclusive como critério para o êxito na carreira militar, o que influencia em vários segmentos, desde a escolha das armas e até da Unidade que o soldado servirá após o curso, fomentando tanto o monitoramento do corpo quanto possíveis transtornos associados, como a ansiedade e os transtornos alimentares.
Por esta via, analisou-se dados de uma amostra não-probabilística de 654 homens, no Curso de Formação de Sargentos do Exército Brasileiro, de um quartel situado numa cidade do estado de Minas Gerais, dos quais 50% eram ingressantes.
Utilizou-se os seguintes instrumentos: Versão Brasileira da Drive for Muscularity Scale - DMS; Versão Brasileira da Swansea Muscularity Attitudes Questionaire - SMAQ; Versão Brasileira da Masculine Body Ideal Distress Scale - MBIDS; Versão Brasileira da Social Physique Anxiety Scale - SPAS; e um questionário demográfico. Os voluntários receberam um pacote de questionários autoaplicáveis e anônimos e os responderam numa sala com capacidade para receber até 20 participantes simultaneamente.
No geral, os resultados indicaram associações entre as variáveis de drive for muscularity e os hábitos de prática de atividade física, satisfação com a vida e com o corpo e ansiedade físico-social, sendo o investimento na musculatura o elemento de drive for muscularity que tem mais influência na satisfação com a vida e com o corpo. Também encontrou-se distinções nos traços de drive for muscularity em relação ao status de relacionamento amoroso, segurança financeira e tempo de carreira no exército, sendo o primeiro o que mais chamou a atenção, uma vez que observou-se resultados relevantes tanto nos comprometidos como nos não comprometidos afetivamente, destoando de estudos que apontam para variações estatísticas significativas apenas no primeiro status.

Portanto, é notória a importância do assunto, pois trata-se de uma pesquisa para além do subjetivo e do "culto ao corpo". Ela perpassa por questões profissionais e de âmbito social, sendo caracterizada pela pressão do contexto militar, podendo ocasionar um grande sofrimento psíquico. Para tanto, sugere-se acompanhamentos dos níveis de drive for muscularity no Exército e cuidados psicossociais para esses profissionais.