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segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Religião e uso de drogas por adolescentes


Resenhado por Iracema Freitas

Dalgalarrondo, P., Soldera, M.A., Filho, H. R., & Silva, C.M.A. (2004). Religião e uso de drogas por adolescentes. Revista Brasileira de Psiquiatria, 26, 82-90. doi: 10.1590/S1516-44462004000200004

Estudos nacionais e internacionais têm investigado o uso de drogas entre os adolescentes e como a religiosidade pode evitar tal comportamento de risco, que  envolve o uso e a dependência das drogas. O ambiente sociocultural em que os adolescentes se encontram influenciam os seus hábitos, mas fatores genéticos e psicológicos também contribuem para uso de álcool e drogas.
Essa pesquisa foi realizada com o objetivo de verificar se diferentes variáveis da religiosidade influenciavam o uso frequente ou abusivo de álcool e drogas entre estudantes do ensino fundamental e médio. A amostra foi constituída por 2.287 estudantes , sendo, 1.188 (52,0%) do sexo masculino e 1.096 (48,0%) do sexo feminino de escolas públicas periféricas e centrais e escolas particulares da cidade de Campinas, SP. Foram utilizados um questionário anônimo de autopreenchimento contendo questões socioeconômicas e referentes a religiosidade, e também o GHQ-12 (General HealthQuestionaire) que é um instrumento de rastreamento (screening) de transtornos mentais que contém 12 questões com os sintomas psiquiátricos mais freqüentes na comunidade. As drogas estudadas foram: álcool, tabaco, medicamentos, maconha, solventes, cocaína e ecstasy (usados nos últimos 30 dias).
Os resultados indicaram que as meninas declararam-se mais religiosas que os meninos, e que a religiosidade também foi maior entre os estudantes de escola públicas da periferia. Por se tratar de dimensões significativas da experiência pessoal e social, verificou-se que tanto a prática religiosa quanto o uso de drogas tem impacto sobre a saúde física e mental dos adolescentes. Em levantamento feito em diferentes populações de estudantes adolescentes e jovens constatou-se que havia associação entre não ter religião (ou pertencer a denominações mais liberais), ter pouca crença religiosa, não freqüentar igreja e cultos e maior uso de álcool e drogas.
Nos EUA, em 2002, uma enquete nacional realizada por Strote et.al. (2002), com 14.000 estudantes universitários em 119 universidades, o uso de ecstasy foi maior entre estudantes que consideram a religião menos importante. Yarnold & Patterson (1998) em estudo feito com 458 estudantes secundários de escolas públicas da Flórida, concluíram que considerar a religião como importante em suas vidas foi fator inibidor do uso de maconha para amostra. Na Espanha, Luna et.al. (1992) estudando grupo de 955 estudantes universitários, constaram que aqueles que consideravam a religião importante, utilizavam menos álcool e drogas, além de considerem seu uso perigoso.
No Brasil, este estudo corroborou as pesquisas internacionais e nacionais, reforçando que as dimensões da religiosidade, tais como, ter ou não ter uma religião, filiação religiosa, tempo em que está na religião, frequência de ida à igreja por mês, considerar-se uma pessoa religiosa e educação religiosa na infância, são importantes moduladores do uso e abuso do álcool e outras drogas entre jovens e adolescentes. Todas as variáveis religiosas, com exceção da “frequência religiosa”, estiveram significativamente associadas ao uso pesado de drogas, ou seja, quanto mais religioso o subgrupo de estudantes menor a freqüência de uso pesado de drogas.

A literatura acerca da temática favorece o reconhecimento de que a crença e prática religiosas podem  promover saúde física e mental para adolescentes que se encontram inseridos em tal contexto, tendo ainda o papel de protegê-los do envolvimento com consumo e dependência de álcool e drogas. 

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Sintomas depressivos e eventos estressores em crianças e adolescentes no contexto de institucionalização

Resenhado por Rafael Matos

Watheir, L., & Dell´aglio, D. (2007). Sintomas depressivos e eventos estressores em crianças e adolescentes no contexto de institucionalização. Revista de psiquiatria do Rio Grande do Sul, 29,: 305-314.

O presente texto tem por objetivo verificar a frequência e o impacto de eventos estressores na manifestação de sintomas depressivos em crianças e adolescentes institucionalizados e não-institucionalizados.
Atualmente, estudos sobre depressão em crianças e adolescentes que vivenciaram eventos estressores têm ganhado destaque no campo científico. Por um lado, tal panorama é explicado pelos danos psicossociais gerados por estas situações e por outro pela carência de estudos sobre essa temática.
A depressão tomada como transtorno refere-se a um estado afetivo alterado, caracterizado pelos mais variados sintomas de ordem cognitiva, afetiva e comportamental. Quanto a sua etiologia é considerado um fenômeno multicausal provocado por diversos eventos, dentre eles estão os chamados eventos estressores.
Tais eventos são definidos como ocorrências da vida que causam tensão interferindo nas respostas emitidas pelo indivíduo em sua relação com o meio, onde a depender da intensidade e duração pode contribuir para um estado de depressão.
Na infância e na adolescência, a depressão pode ter início com a perda de interesse pelas atividades que normalmente seriam atrativas, manifestando-se como uma espécie de mau humor constante diante dos jogos, brincadeiras e esportes.
Em um estudo longitudinal, Sternberg et al constataram que crianças que sofreram algum tipo de violência intrafamiliar apresentaram mais problemas de comportamento assim como, sintomas depressivos na adolescência quando comparadas a outras crianças que não passaram por estas situações.
Segundo estudos, situações como separação dos pais, história de criminalidade em um dos pais, baixa renda e doença mental dos genitores são considerados como fatores de risco para a depressão.
No presente estudo foram aplicados os instrumentos Children's Depression Inventory (CDI) e o Inventário de Eventos Estressores na Infância e Adolescência (IEEIA) em 257 jovens de 7 a 16 anos de ambos os sexos, sendo que 130 residiam em abrigos de proteção e 127 moravam com suas famílias na região metropolitana de Porto Alegre. Todos os participantes frequentavam da 1ª à 8ª série do ensino fundamental de escolas públicas localizadas em bairros de baixas condições socioeconômicas.
Como resultados os autores encontraram correlações significativas entre a vivência de eventos estressores com o desenvolvimento de sintomas depressivos. Sendo tal correlação maior entre as crianças e adolescentes que se encontravam no abrigo de proteção, uma vez que os mesmos pontuaram mais no IEEIA.  
 Os achados desta pesquisa bem como os da literatura demostram que a correlação entre eventos estressores e depressão é significativa e frequente. Diante deste contexto pode-se depreender que tal situação trata-se de uma questão de saúde pública, visto que a sintomatologia envolve problemas de saúde mental, necessitando por esta razão de intervenções adequadas.
Por fim, cabe mencionar que a ampliação de estudos como este se faz necessária uma vez que se apresentam como ferramenta de conhecimento da realidade das crianças e adolescentes institucionalizados no Brasil.




domingo, 7 de dezembro de 2014

Vício em games pode causar depressão, fobia e ansiedade em crianças e adolescentes

Postado por Laís Santos
            Muitos estudos buscam elucidar uma questão bastante presente nos que diz respeito à infância e adolescência: conseqüências de uma longa exposição a games. Grande parte dos estudos aponta a influência negativa destes veículos de entretenimento. O presente estudo ratifica esta proposição e nos leva a pensar na importância da disseminação de informações para pais e cuidadores a fim de que se reduzam os prejuízos relacionados à longa exposição aos games em crianças e adolescentes.

 Os pais já podem recorrer a uma tese científica para regular o tempo que as crianças passam diante do videogame. Estudo publicado na revista Pediatrics, defende que a dedicação excessiva aos games pode causar depressão, fobia social e ansiedade em crianças e adolescentes.
Para a realização do estudo, 3.034 estudantes do terceiro ao oitavo ano (equivalente ao ensino fundamental brasileiro) de cinco escolas de Singapura, na Ásia, foram questionados acerca de seus hábitos de jogo. Os resultados mostraram que 9% dos estudantes podem ser considerados jogadores patológicos, segundo padrões da Associação Americana de Psiquiatria: eles dedicam, em média, 31 horas semanais aos games. Já os estudantes que não foram considerados viciados chegaram a 19 horas semanais.
“Ao se tornarem viciados, crianças e adolescentes têm mais chances de desenvolver depressão, fobias sociais e ansiedade. Além disso, podem ter as menores notas na escola”, diz Douglas Gentile, um dos autores da pesquisa. “No entanto, o problema não ocorre durante toda a vida: quando a criança deixa o vício, esses sintomas diminuem”, acrescenta. Para que os excessos de videogame sejam considerados doença, é preciso que afetem várias áreas da vida, como desempenho escolar, relacionamento com amigos e familiares.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Uso de esteróides anabólicos androgênicos por praticantes de musculação de grandes academias da cidade de São Paulo

Resenhado por Monique Carregosa

Silva, L. S. M. F., & Moreau, R. L. M. (2003). Uso de esteróides anabólicos androgênicos por praticantes de musculação de grandes academias da cidade de São Paulo. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, 39, 327-333.

A presente pesquisa teve o objetivo de estimar o consumo e traçar o perfil dos usuários de esteróides anabólicos androgênicos (EAA) entre praticantes de musculação, em três grandes academias de ginástica na cidade de São Paulo. Para tal finalidade, ainda foram coletados dados significativos, como sexo, faixa etária, motivações para a prática de musculação, nível de treinamento muscular, uso de suplemento alimentar, identificação dos principais esteróides consumidos, maneiras de uso, produtos usados em associação e a forma como os produtos foram adquiridos. Além disso, observou-se o surgimento dos possíveis efeitos tóxicos e a atitude dos usuários em relação a estes efeitos.
Os autores expõem que o uso de EAA tem ocorrido indiscriminadamente e de maneira empírica não só no Brasil, mas a nível internacional, a ponto de atingir diferentes públicos, como frequentadores de academias de ginástica e até estudantes de nível médio (Lindström et al., 1990; Perry et al., 1992; Evans, 1997; Korkia & Stimson, 1997; Lambert et al., 1998; Maharaj et al., 2000; Yesalis & Bahrke, 2000). No país, a prática da musculação tornou-se muito comum, principalmente entre adolescentes, o que tem estimulado o crescimento no número de academias de ginástica e atraído profissionais da área a investir neste mercado.
Outro aspecto reforçador para a pesquisa, consiste no fato de que, desde 1995, nas grandes academias de várias cidades, dentre as quais São Paulo está inserido, a quantidade de jovens entre 15 e 17 anos que praticam musculação tem triplicado. Portanto, a toxidade dos anabolizantes atrelada à prática de musculação, bem como o pouquíssimo conhecimento sobre a incidência, prevalência e formas de uso dos diferentes esteróides consumidos justificam o referido estudo.
Desse modo, dos cerca de 6.000 praticantes de musculação matriculados nas três academias, 209 (cerca de 3% do total) responderam o questionário estruturado. Este ficou disponível nas referidas academias por uma semana e a coleta ocorreu de forma voluntária e sigilosa, uma vez que foram depositados pelos próprios respondentes em urnas lacradas.
Como resultado, encontrou-se que a incidência de uso de anabolizantes foi de 19%, sendo que, destes, 8% declararam fazer uso atualmente e 11% apenas anteriormente; ao considerar apenas o sexo masculino, a incidência do uso foi de 24%. Por sua vez, os compostos de maior consumo foram estanozolol e decanoato de nandrolona.
Assim, o perfil dos usuários de EAA teve a seguinte caracterização: idade média de 27 anos (de 25 a 29 anos), majoritariamente homens, motivação pela melhora na estética corporal e treinamento muscular intenso, e possuem a crença de que os efeitos tóxicos/adversos podem ser controlados e/ou evitados com o uso de outros medicamentos e/ou acompanhamento médico. Faz-se importante destacar que os anabolizantes foram obtidos principalmente em farmácias, sem receita médica e foram associados com o uso de suplemento alimentar e outros fármacos.

Portanto, a leitura do presente texto é recomendada para todos que desejem compreender o perfil dos usuários de EAA que praticam musculação, bem como as crenças que propulsionam esse uso, uma vez que conhecendo como eles percebem a substância, acredita-se que será possível avaliar como os mesmos interpretam o fenômeno e, consequentemente, realizar intervenções, a exemplo de medidas preventivas e educativas junto à população exposta aos EAA.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Quem decide quando é hora de ir

Postado por Iracema Freitas
O Suicídio assistido na velhice é um tema que abrange questões acerca do sentido da vida, morte natural, bem-estar e longevidade. Para alguns, pensar o suicídio implica agir contra o curso normal das etapas da existência. Para outros, delimitar seu tempo de vida é a maneira mais segura de garantir o bem-estar, ou seja, enquanto sua qualidade de vida não está comprometida, faz sentido estar vivo.  A Exit e a Dignitas, são organizações suíças de assistência ao suicídio, que prestam serviços de opções de fim da vida, uma vez que alguns idosos vêem a longevidade como um processo antinatural.




quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Self-esteem and Mental Health in early adolescence: development and gender differences


Resenhado por Luana Santos

Bolognini, M., Plancherel, B., Bettschart, W. & Halfon, O. (1996). Self-esteem and Mental Health in early adolescence: development and gender differences. Journal of Adolescence, 19, 233-245.

O presente artigo avaliou a autoestima na adolescência, no que diz respeito à percepção do sujeito e a avaliação do apoio social em seu ambiente. Trata-se de um estudo longitudinal de uma população geral (N = 219) realizado entre 1990 e 1993 com sujeitos com as idades de 12, 13 e 14 anos em Lausanne, Suíça. Buscou-se responder às seguintes questões: Buscou-se responder às seguintes questões: Há uma mudança global na autoestima durante o início da adolescência? Em caso afirmativo, a maneira em que o jovem se percebe varia de acordo com o ambiente social e relacional? Quais são as diferenças entre meninos e meninas no desenvolvimento da autoestima? Qual é a relação entre a autoestima e saúde mental?
Participaram do estudo 111 meninas e 108 meninos, com idade média da primeira avaliação 12, 5 anos. Para tal estudo foram utilizados vários questionários de autorrelato, de duração de aproximadamente 2 horas e validados em francês, a saber: escala de percepção de competência de Harter, avaliação de suporte social de Vaux e um questionário de saúde mental criado pelo próprio centro de pesquisa.
Quanto às diferenças específicas de acordo com gênero, os resultados mostram que as meninas tendem a ter uma autoestima mais baixa que os meninos, independentemente dos domínios considerados. As diferenças são mais significativas em relação à aparência e ao  desempenho atlético. Em relação a mudanças ao longo do tempo, não encontrou-se  nenhuma significativa, considerando uma autopercepção global. A análise fatorial sublinhou o fato de que a autoestima das meninas é mais global e menos diferenciada por domínio, enquanto os meninos separaram a parte escolar e comportamental de sua experiência do social, tendo mais especificidade na autovaloração. E, ainda, a autoestima global parece tem mais influência sobre o nível de humor depressivo em meninas do que em meninos. Em relação à avaliação entre autoestima e saúde mental, obteve-se correlação significativa  maior para as meninas do que para meninos e especialmente alta para autoestima global.
Que respostas os resultados sugerem para as questões colocadas no início, então? Autoestima não parece evoluir de forma significativa durante o início da adolescência, particularmente com referência a questões como "sentir-se satisfeito com a vida que está levando" e "sentir-se satisfeito consigo mesmo", embora isso não seja tão aplicável a autoestima em áreas específicas, cujas mudanças acontecem entre as idades de 12 e 14 anos nas áreas de competência social e escolar e aparência. Alterações na área de competência social pode ser o resultado da crescente importância das relações entre pares nesta fase da vida e, consequentemente, o aumento da autocrítica. Quanto à autoestima na área de competência escolar, os resultados apontam para uma percepção mais positiva da habilidade escolástica, aos 14 anos de idade em todos os 3 tempos.

Enfim, os resultados apontam para um importante papel desempenhado pela autoestima na saúde mental, na qual mais problemas em relação a ansiedade a humor depressivo foram mencionados por meninas. No entanto, a diferença deve ser interpretada com cautela, pois estamos olhando para problemas internalizantes, cuja literatura já confirma maior prevalência em meninas.

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Depressão e gênero: por que as mulheres deprimem mais que os homens?

Resenhado por: Mariana Menezes

Baptista, M. N., Baptista, A, S. D., & Oliveira, M. G. (1999). Depressão e gênero: Por que as mulheres deprimem mais que os homens? Temas em psicologia., 143-156.

Vários estudiosos buscam entender por que os sexos diferem quanto à depressão. Com uma prevalência duas vezes maior que os homens, as mulheres apresentam mais a doença. Sua prevalência também pode variar de acordo com a região, mas de modo geral, as mulheres pontuam mais alto nas escalas que medem a depressão.
A diferença entre os sexos geralmente começa na adolescência e alguns estudiosos supõem que seja mais fácil medir a depressão nas mulheres, pois talvez elas experimentem, sintam e manifestem a doença de maneira mais direta do que o homem. Além disso, as mulheres procuram mais os serviços de saúde, lembram mais dos episódios depressivos e enfrentam a depressão do modo tradicional, chorando e se isolando, ao contrário dos homens que utilizam estratégias de enfrentamento externas como beber, fumar e fazer uso de drogas, por exemplo. O papel social também é importante para esta diferença, pois os homens tendem a não expressar ou não perceber os sintomas depressivos como as mulheres, além de negarem quando estão com a doença por interpretarem a depressão como sinal de fraqueza.
Apesar de não haver uma relação bem estabelecida entre gênero e sintomatologia de depressão, homens e mulheres também diferem no que diz respeito aos sintomas da depressão. Dados apontam para algumas diferenças básicas, sendo mais comum nas mulheres a sintomatologia relacionada ao caráter somático e/ou vegetativo, como a questão do apetite e ganho de peso e nos homens os sintomas cognitivos. Olson e Von Knorring (1997) mostraram que sintomas como insónia, fadiga, diminuição nas atividades organizacionais e/ou escolares, irritabilidade e autoacusação estão presentes tanto em homens como em mulheres. Sintomas como afastamento dos amigos e perda de interesse pelo sexo oposto teve um escore baixo em ambos os sexos, porém, na maioria desses itens, as mulheres pontuaram mais alto que os homens. Os sintomas mais comuns observados nos homens foram fadiga, insônia, danos no trabalho/escola e autoacusação, enquanto que os mais observados nas mulheres foram o humor depressivo, ideação suicida, choro e autodepreciação.
Na mesma linha, hipóteses psicossociais e biológicas são levantadas por diversas pesquisas, na tentativa de esclarecer porque as mulheres apresentam mais depressão do que os homens. Numa perspectiva psicológica e sociocultural, a depressão pode ser efeito da socialização, baixo status social, regras diferenciadas, eventos estressantes, vitimização, preocupação com a imagem corporal, etc. As hipóteses biológicas consideram, principalmente, que as diversas mudanças hormonais na mulher podem levá-la a mudanças no humor, tentativas de suicídio são mais comuns no período pré-menstrual do que em outros períodos, a utilização de contraceptivos pode influenciar na absorção de alguns medicamentos antidepressivos, o ciclo menstrual e fases como gestação, puerpério e climatério aumentam a probabilidade de episódios depressivos, podendo funcionar como gatilhos. Ainda, do ponto de vista neurobiológico, verifica-se que a mulher é mais suscetível ao desenvolvimento da depressão, principalmente porque, ao longo de sua vida, atravessa períodos nos quais há a falta do estrogênio.

Entre os fatores de risco da depressão os mais comuns são: ter histórico de depressão, ser mulher, viver em uma família disfuncional, ter pais com baixa educação, ter sido exposto a um grande número de eventos estressantes, dispor de pouco suporte social, ter baixa autoestima, baixa competência intelectual, problemas de saúde, técnicas reduzidas de enfretamento, excessiva interdependência pessoal, ter sofrido a morte prematura de um dos pais, entre outros.

Em suma, é fato que os homens e as mulheres diferem quando o assunto é depressão. As diferenças são psicológicas, sociais e biológicas e o estudo dessas diferenças pode contribuir para o aprimoramento de estratégias clínicas psicoterapêuticas e medicamentosas, e ainda auxiliar no desenvolvimento de modelos explicativos e tratamentos mais eficazes.



segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Resiliência

Resenhado por Lucila Moraes


A resiliência é a capacidade que o individuo tem de lidar com os problemas, de forma que possa superar os obstáculos e adversidades da vida (estresse, perdas, traumas, etc.). A tirinha abaixo mostra um sujeito resiliente, pois numa situação de depressão, por exemplo, ao invés de recorrer ao suicídio – como sugere a corda pendurada na árvore- procura enfrentar o problema de forma otimista e utiliza um possível meio trágico para contornar sua tristeza e se divertir.