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segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Religião e uso de drogas por adolescentes


Resenhado por Iracema Freitas

Dalgalarrondo, P., Soldera, M.A., Filho, H. R., & Silva, C.M.A. (2004). Religião e uso de drogas por adolescentes. Revista Brasileira de Psiquiatria, 26, 82-90. doi: 10.1590/S1516-44462004000200004

Estudos nacionais e internacionais têm investigado o uso de drogas entre os adolescentes e como a religiosidade pode evitar tal comportamento de risco, que  envolve o uso e a dependência das drogas. O ambiente sociocultural em que os adolescentes se encontram influenciam os seus hábitos, mas fatores genéticos e psicológicos também contribuem para uso de álcool e drogas.
Essa pesquisa foi realizada com o objetivo de verificar se diferentes variáveis da religiosidade influenciavam o uso frequente ou abusivo de álcool e drogas entre estudantes do ensino fundamental e médio. A amostra foi constituída por 2.287 estudantes , sendo, 1.188 (52,0%) do sexo masculino e 1.096 (48,0%) do sexo feminino de escolas públicas periféricas e centrais e escolas particulares da cidade de Campinas, SP. Foram utilizados um questionário anônimo de autopreenchimento contendo questões socioeconômicas e referentes a religiosidade, e também o GHQ-12 (General HealthQuestionaire) que é um instrumento de rastreamento (screening) de transtornos mentais que contém 12 questões com os sintomas psiquiátricos mais freqüentes na comunidade. As drogas estudadas foram: álcool, tabaco, medicamentos, maconha, solventes, cocaína e ecstasy (usados nos últimos 30 dias).
Os resultados indicaram que as meninas declararam-se mais religiosas que os meninos, e que a religiosidade também foi maior entre os estudantes de escola públicas da periferia. Por se tratar de dimensões significativas da experiência pessoal e social, verificou-se que tanto a prática religiosa quanto o uso de drogas tem impacto sobre a saúde física e mental dos adolescentes. Em levantamento feito em diferentes populações de estudantes adolescentes e jovens constatou-se que havia associação entre não ter religião (ou pertencer a denominações mais liberais), ter pouca crença religiosa, não freqüentar igreja e cultos e maior uso de álcool e drogas.
Nos EUA, em 2002, uma enquete nacional realizada por Strote et.al. (2002), com 14.000 estudantes universitários em 119 universidades, o uso de ecstasy foi maior entre estudantes que consideram a religião menos importante. Yarnold & Patterson (1998) em estudo feito com 458 estudantes secundários de escolas públicas da Flórida, concluíram que considerar a religião como importante em suas vidas foi fator inibidor do uso de maconha para amostra. Na Espanha, Luna et.al. (1992) estudando grupo de 955 estudantes universitários, constaram que aqueles que consideravam a religião importante, utilizavam menos álcool e drogas, além de considerem seu uso perigoso.
No Brasil, este estudo corroborou as pesquisas internacionais e nacionais, reforçando que as dimensões da religiosidade, tais como, ter ou não ter uma religião, filiação religiosa, tempo em que está na religião, frequência de ida à igreja por mês, considerar-se uma pessoa religiosa e educação religiosa na infância, são importantes moduladores do uso e abuso do álcool e outras drogas entre jovens e adolescentes. Todas as variáveis religiosas, com exceção da “frequência religiosa”, estiveram significativamente associadas ao uso pesado de drogas, ou seja, quanto mais religioso o subgrupo de estudantes menor a freqüência de uso pesado de drogas.

A literatura acerca da temática favorece o reconhecimento de que a crença e prática religiosas podem  promover saúde física e mental para adolescentes que se encontram inseridos em tal contexto, tendo ainda o papel de protegê-los do envolvimento com consumo e dependência de álcool e drogas. 

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Sintomas depressivos e eventos estressores em crianças e adolescentes no contexto de institucionalização

Resenhado por Rafael Matos

Watheir, L., & Dell´aglio, D. (2007). Sintomas depressivos e eventos estressores em crianças e adolescentes no contexto de institucionalização. Revista de psiquiatria do Rio Grande do Sul, 29,: 305-314.

O presente texto tem por objetivo verificar a frequência e o impacto de eventos estressores na manifestação de sintomas depressivos em crianças e adolescentes institucionalizados e não-institucionalizados.
Atualmente, estudos sobre depressão em crianças e adolescentes que vivenciaram eventos estressores têm ganhado destaque no campo científico. Por um lado, tal panorama é explicado pelos danos psicossociais gerados por estas situações e por outro pela carência de estudos sobre essa temática.
A depressão tomada como transtorno refere-se a um estado afetivo alterado, caracterizado pelos mais variados sintomas de ordem cognitiva, afetiva e comportamental. Quanto a sua etiologia é considerado um fenômeno multicausal provocado por diversos eventos, dentre eles estão os chamados eventos estressores.
Tais eventos são definidos como ocorrências da vida que causam tensão interferindo nas respostas emitidas pelo indivíduo em sua relação com o meio, onde a depender da intensidade e duração pode contribuir para um estado de depressão.
Na infância e na adolescência, a depressão pode ter início com a perda de interesse pelas atividades que normalmente seriam atrativas, manifestando-se como uma espécie de mau humor constante diante dos jogos, brincadeiras e esportes.
Em um estudo longitudinal, Sternberg et al constataram que crianças que sofreram algum tipo de violência intrafamiliar apresentaram mais problemas de comportamento assim como, sintomas depressivos na adolescência quando comparadas a outras crianças que não passaram por estas situações.
Segundo estudos, situações como separação dos pais, história de criminalidade em um dos pais, baixa renda e doença mental dos genitores são considerados como fatores de risco para a depressão.
No presente estudo foram aplicados os instrumentos Children's Depression Inventory (CDI) e o Inventário de Eventos Estressores na Infância e Adolescência (IEEIA) em 257 jovens de 7 a 16 anos de ambos os sexos, sendo que 130 residiam em abrigos de proteção e 127 moravam com suas famílias na região metropolitana de Porto Alegre. Todos os participantes frequentavam da 1ª à 8ª série do ensino fundamental de escolas públicas localizadas em bairros de baixas condições socioeconômicas.
Como resultados os autores encontraram correlações significativas entre a vivência de eventos estressores com o desenvolvimento de sintomas depressivos. Sendo tal correlação maior entre as crianças e adolescentes que se encontravam no abrigo de proteção, uma vez que os mesmos pontuaram mais no IEEIA.  
 Os achados desta pesquisa bem como os da literatura demostram que a correlação entre eventos estressores e depressão é significativa e frequente. Diante deste contexto pode-se depreender que tal situação trata-se de uma questão de saúde pública, visto que a sintomatologia envolve problemas de saúde mental, necessitando por esta razão de intervenções adequadas.
Por fim, cabe mencionar que a ampliação de estudos como este se faz necessária uma vez que se apresentam como ferramenta de conhecimento da realidade das crianças e adolescentes institucionalizados no Brasil.




domingo, 7 de dezembro de 2014

Vício em games pode causar depressão, fobia e ansiedade em crianças e adolescentes

Postado por Laís Santos
            Muitos estudos buscam elucidar uma questão bastante presente nos que diz respeito à infância e adolescência: conseqüências de uma longa exposição a games. Grande parte dos estudos aponta a influência negativa destes veículos de entretenimento. O presente estudo ratifica esta proposição e nos leva a pensar na importância da disseminação de informações para pais e cuidadores a fim de que se reduzam os prejuízos relacionados à longa exposição aos games em crianças e adolescentes.

 Os pais já podem recorrer a uma tese científica para regular o tempo que as crianças passam diante do videogame. Estudo publicado na revista Pediatrics, defende que a dedicação excessiva aos games pode causar depressão, fobia social e ansiedade em crianças e adolescentes.
Para a realização do estudo, 3.034 estudantes do terceiro ao oitavo ano (equivalente ao ensino fundamental brasileiro) de cinco escolas de Singapura, na Ásia, foram questionados acerca de seus hábitos de jogo. Os resultados mostraram que 9% dos estudantes podem ser considerados jogadores patológicos, segundo padrões da Associação Americana de Psiquiatria: eles dedicam, em média, 31 horas semanais aos games. Já os estudantes que não foram considerados viciados chegaram a 19 horas semanais.
“Ao se tornarem viciados, crianças e adolescentes têm mais chances de desenvolver depressão, fobias sociais e ansiedade. Além disso, podem ter as menores notas na escola”, diz Douglas Gentile, um dos autores da pesquisa. “No entanto, o problema não ocorre durante toda a vida: quando a criança deixa o vício, esses sintomas diminuem”, acrescenta. Para que os excessos de videogame sejam considerados doença, é preciso que afetem várias áreas da vida, como desempenho escolar, relacionamento com amigos e familiares.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Uso de esteróides anabólicos androgênicos por praticantes de musculação de grandes academias da cidade de São Paulo

Resenhado por Monique Carregosa

Silva, L. S. M. F., & Moreau, R. L. M. (2003). Uso de esteróides anabólicos androgênicos por praticantes de musculação de grandes academias da cidade de São Paulo. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, 39, 327-333.

A presente pesquisa teve o objetivo de estimar o consumo e traçar o perfil dos usuários de esteróides anabólicos androgênicos (EAA) entre praticantes de musculação, em três grandes academias de ginástica na cidade de São Paulo. Para tal finalidade, ainda foram coletados dados significativos, como sexo, faixa etária, motivações para a prática de musculação, nível de treinamento muscular, uso de suplemento alimentar, identificação dos principais esteróides consumidos, maneiras de uso, produtos usados em associação e a forma como os produtos foram adquiridos. Além disso, observou-se o surgimento dos possíveis efeitos tóxicos e a atitude dos usuários em relação a estes efeitos.
Os autores expõem que o uso de EAA tem ocorrido indiscriminadamente e de maneira empírica não só no Brasil, mas a nível internacional, a ponto de atingir diferentes públicos, como frequentadores de academias de ginástica e até estudantes de nível médio (Lindström et al., 1990; Perry et al., 1992; Evans, 1997; Korkia & Stimson, 1997; Lambert et al., 1998; Maharaj et al., 2000; Yesalis & Bahrke, 2000). No país, a prática da musculação tornou-se muito comum, principalmente entre adolescentes, o que tem estimulado o crescimento no número de academias de ginástica e atraído profissionais da área a investir neste mercado.
Outro aspecto reforçador para a pesquisa, consiste no fato de que, desde 1995, nas grandes academias de várias cidades, dentre as quais São Paulo está inserido, a quantidade de jovens entre 15 e 17 anos que praticam musculação tem triplicado. Portanto, a toxidade dos anabolizantes atrelada à prática de musculação, bem como o pouquíssimo conhecimento sobre a incidência, prevalência e formas de uso dos diferentes esteróides consumidos justificam o referido estudo.
Desse modo, dos cerca de 6.000 praticantes de musculação matriculados nas três academias, 209 (cerca de 3% do total) responderam o questionário estruturado. Este ficou disponível nas referidas academias por uma semana e a coleta ocorreu de forma voluntária e sigilosa, uma vez que foram depositados pelos próprios respondentes em urnas lacradas.
Como resultado, encontrou-se que a incidência de uso de anabolizantes foi de 19%, sendo que, destes, 8% declararam fazer uso atualmente e 11% apenas anteriormente; ao considerar apenas o sexo masculino, a incidência do uso foi de 24%. Por sua vez, os compostos de maior consumo foram estanozolol e decanoato de nandrolona.
Assim, o perfil dos usuários de EAA teve a seguinte caracterização: idade média de 27 anos (de 25 a 29 anos), majoritariamente homens, motivação pela melhora na estética corporal e treinamento muscular intenso, e possuem a crença de que os efeitos tóxicos/adversos podem ser controlados e/ou evitados com o uso de outros medicamentos e/ou acompanhamento médico. Faz-se importante destacar que os anabolizantes foram obtidos principalmente em farmácias, sem receita médica e foram associados com o uso de suplemento alimentar e outros fármacos.

Portanto, a leitura do presente texto é recomendada para todos que desejem compreender o perfil dos usuários de EAA que praticam musculação, bem como as crenças que propulsionam esse uso, uma vez que conhecendo como eles percebem a substância, acredita-se que será possível avaliar como os mesmos interpretam o fenômeno e, consequentemente, realizar intervenções, a exemplo de medidas preventivas e educativas junto à população exposta aos EAA.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Quem decide quando é hora de ir

Postado por Iracema Freitas
O Suicídio assistido na velhice é um tema que abrange questões acerca do sentido da vida, morte natural, bem-estar e longevidade. Para alguns, pensar o suicídio implica agir contra o curso normal das etapas da existência. Para outros, delimitar seu tempo de vida é a maneira mais segura de garantir o bem-estar, ou seja, enquanto sua qualidade de vida não está comprometida, faz sentido estar vivo.  A Exit e a Dignitas, são organizações suíças de assistência ao suicídio, que prestam serviços de opções de fim da vida, uma vez que alguns idosos vêem a longevidade como um processo antinatural.




quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Self-esteem and Mental Health in early adolescence: development and gender differences


Resenhado por Luana Santos

Bolognini, M., Plancherel, B., Bettschart, W. & Halfon, O. (1996). Self-esteem and Mental Health in early adolescence: development and gender differences. Journal of Adolescence, 19, 233-245.

O presente artigo avaliou a autoestima na adolescência, no que diz respeito à percepção do sujeito e a avaliação do apoio social em seu ambiente. Trata-se de um estudo longitudinal de uma população geral (N = 219) realizado entre 1990 e 1993 com sujeitos com as idades de 12, 13 e 14 anos em Lausanne, Suíça. Buscou-se responder às seguintes questões: Buscou-se responder às seguintes questões: Há uma mudança global na autoestima durante o início da adolescência? Em caso afirmativo, a maneira em que o jovem se percebe varia de acordo com o ambiente social e relacional? Quais são as diferenças entre meninos e meninas no desenvolvimento da autoestima? Qual é a relação entre a autoestima e saúde mental?
Participaram do estudo 111 meninas e 108 meninos, com idade média da primeira avaliação 12, 5 anos. Para tal estudo foram utilizados vários questionários de autorrelato, de duração de aproximadamente 2 horas e validados em francês, a saber: escala de percepção de competência de Harter, avaliação de suporte social de Vaux e um questionário de saúde mental criado pelo próprio centro de pesquisa.
Quanto às diferenças específicas de acordo com gênero, os resultados mostram que as meninas tendem a ter uma autoestima mais baixa que os meninos, independentemente dos domínios considerados. As diferenças são mais significativas em relação à aparência e ao  desempenho atlético. Em relação a mudanças ao longo do tempo, não encontrou-se  nenhuma significativa, considerando uma autopercepção global. A análise fatorial sublinhou o fato de que a autoestima das meninas é mais global e menos diferenciada por domínio, enquanto os meninos separaram a parte escolar e comportamental de sua experiência do social, tendo mais especificidade na autovaloração. E, ainda, a autoestima global parece tem mais influência sobre o nível de humor depressivo em meninas do que em meninos. Em relação à avaliação entre autoestima e saúde mental, obteve-se correlação significativa  maior para as meninas do que para meninos e especialmente alta para autoestima global.
Que respostas os resultados sugerem para as questões colocadas no início, então? Autoestima não parece evoluir de forma significativa durante o início da adolescência, particularmente com referência a questões como "sentir-se satisfeito com a vida que está levando" e "sentir-se satisfeito consigo mesmo", embora isso não seja tão aplicável a autoestima em áreas específicas, cujas mudanças acontecem entre as idades de 12 e 14 anos nas áreas de competência social e escolar e aparência. Alterações na área de competência social pode ser o resultado da crescente importância das relações entre pares nesta fase da vida e, consequentemente, o aumento da autocrítica. Quanto à autoestima na área de competência escolar, os resultados apontam para uma percepção mais positiva da habilidade escolástica, aos 14 anos de idade em todos os 3 tempos.

Enfim, os resultados apontam para um importante papel desempenhado pela autoestima na saúde mental, na qual mais problemas em relação a ansiedade a humor depressivo foram mencionados por meninas. No entanto, a diferença deve ser interpretada com cautela, pois estamos olhando para problemas internalizantes, cuja literatura já confirma maior prevalência em meninas.

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Depressão e gênero: por que as mulheres deprimem mais que os homens?

Resenhado por: Mariana Menezes

Baptista, M. N., Baptista, A, S. D., & Oliveira, M. G. (1999). Depressão e gênero: Por que as mulheres deprimem mais que os homens? Temas em psicologia., 143-156.

Vários estudiosos buscam entender por que os sexos diferem quanto à depressão. Com uma prevalência duas vezes maior que os homens, as mulheres apresentam mais a doença. Sua prevalência também pode variar de acordo com a região, mas de modo geral, as mulheres pontuam mais alto nas escalas que medem a depressão.
A diferença entre os sexos geralmente começa na adolescência e alguns estudiosos supõem que seja mais fácil medir a depressão nas mulheres, pois talvez elas experimentem, sintam e manifestem a doença de maneira mais direta do que o homem. Além disso, as mulheres procuram mais os serviços de saúde, lembram mais dos episódios depressivos e enfrentam a depressão do modo tradicional, chorando e se isolando, ao contrário dos homens que utilizam estratégias de enfrentamento externas como beber, fumar e fazer uso de drogas, por exemplo. O papel social também é importante para esta diferença, pois os homens tendem a não expressar ou não perceber os sintomas depressivos como as mulheres, além de negarem quando estão com a doença por interpretarem a depressão como sinal de fraqueza.
Apesar de não haver uma relação bem estabelecida entre gênero e sintomatologia de depressão, homens e mulheres também diferem no que diz respeito aos sintomas da depressão. Dados apontam para algumas diferenças básicas, sendo mais comum nas mulheres a sintomatologia relacionada ao caráter somático e/ou vegetativo, como a questão do apetite e ganho de peso e nos homens os sintomas cognitivos. Olson e Von Knorring (1997) mostraram que sintomas como insónia, fadiga, diminuição nas atividades organizacionais e/ou escolares, irritabilidade e autoacusação estão presentes tanto em homens como em mulheres. Sintomas como afastamento dos amigos e perda de interesse pelo sexo oposto teve um escore baixo em ambos os sexos, porém, na maioria desses itens, as mulheres pontuaram mais alto que os homens. Os sintomas mais comuns observados nos homens foram fadiga, insônia, danos no trabalho/escola e autoacusação, enquanto que os mais observados nas mulheres foram o humor depressivo, ideação suicida, choro e autodepreciação.
Na mesma linha, hipóteses psicossociais e biológicas são levantadas por diversas pesquisas, na tentativa de esclarecer porque as mulheres apresentam mais depressão do que os homens. Numa perspectiva psicológica e sociocultural, a depressão pode ser efeito da socialização, baixo status social, regras diferenciadas, eventos estressantes, vitimização, preocupação com a imagem corporal, etc. As hipóteses biológicas consideram, principalmente, que as diversas mudanças hormonais na mulher podem levá-la a mudanças no humor, tentativas de suicídio são mais comuns no período pré-menstrual do que em outros períodos, a utilização de contraceptivos pode influenciar na absorção de alguns medicamentos antidepressivos, o ciclo menstrual e fases como gestação, puerpério e climatério aumentam a probabilidade de episódios depressivos, podendo funcionar como gatilhos. Ainda, do ponto de vista neurobiológico, verifica-se que a mulher é mais suscetível ao desenvolvimento da depressão, principalmente porque, ao longo de sua vida, atravessa períodos nos quais há a falta do estrogênio.

Entre os fatores de risco da depressão os mais comuns são: ter histórico de depressão, ser mulher, viver em uma família disfuncional, ter pais com baixa educação, ter sido exposto a um grande número de eventos estressantes, dispor de pouco suporte social, ter baixa autoestima, baixa competência intelectual, problemas de saúde, técnicas reduzidas de enfretamento, excessiva interdependência pessoal, ter sofrido a morte prematura de um dos pais, entre outros.

Em suma, é fato que os homens e as mulheres diferem quando o assunto é depressão. As diferenças são psicológicas, sociais e biológicas e o estudo dessas diferenças pode contribuir para o aprimoramento de estratégias clínicas psicoterapêuticas e medicamentosas, e ainda auxiliar no desenvolvimento de modelos explicativos e tratamentos mais eficazes.



segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Resiliência

Resenhado por Lucila Moraes


A resiliência é a capacidade que o individuo tem de lidar com os problemas, de forma que possa superar os obstáculos e adversidades da vida (estresse, perdas, traumas, etc.). A tirinha abaixo mostra um sujeito resiliente, pois numa situação de depressão, por exemplo, ao invés de recorrer ao suicídio – como sugere a corda pendurada na árvore- procura enfrentar o problema de forma otimista e utiliza um possível meio trágico para contornar sua tristeza e se divertir. 


sábado, 29 de novembro de 2014

Influência do exercício de força e anabolizantes no cérebro

Postado por Monique Carregosa

O exercício de força ou também chamado de treinamento de resistência ou levantamento de peso, está cada vez mais presente no programa de treinamento dos frequentadores de academia. Estudos tem comprovado a sua eficácia na promoção de saúde, terapêutica e reabilitação, mas também tem apontado relação entre a sua prática e o uso de anabolizantes, inclusive em áreas do cérebro relacionadas à memória e à aprendizagem.


É importante salientar que as atividades praticadas nas academias e centros esportivos incluem além de atividade aeróbia, exercícios de força. Realmente, combinações de exercícios aeróbios e de força (também conhecido como treinamento de resistência ou de levantamento de peso) são essenciais na rotina dos programas de exercícios físicos.Investigações científicas mostram que o treinamento de força melhora não somente a força muscular, mas também a massa muscular e massa óssea, a flexibilidade, o equilíbrio dinâmico, o humor, a autoconfiança e a autoestima dos praticantes. Ainda, os sintomas de muitas doenças crônicas, tais como artrite, depressão, diabetes tipo-2 e da osteoporose podem ser reduzidos após um programa adequado de exercícios de força ou resistência muscular.
Entretanto, ainda são escassas as informações sobre o exercício de força ou resistido no sistema nervoso central (Cassilhas et al., 2007, 2012). É importante salientar que esse tipo de exercício é o mais praticado pelas pessoas que geralmente utilizam de forma abusiva os anabolizantes (esteróides anabólicos androgênicos - EAA) em academias de ginástica ou para melhorarem o desempenho esportivo. Especialmente entre jovens, o uso abusivo dessas substâncias é crescente, e em geral, tem sido usado principalmente para estética ou aparência pessoal (Lumia e McGinnis, 2010).Estes hormônios (EAA) compreendem a testosterona e seus derivados. Eles são produzidos nos testículos e no córtex adrenal (glândulas adrenais) e promovem as características sexuais secundárias associadas à masculinidade (Arlt, 2006). As glândulas adrenais e os ovários representam as principais fontes de androgênios (hormônios sexuais) em mulheres e as glândulas adrenais e os testículos nos homens. Seus efeitos no sistema nervoso central (SNC) vêm sendo crescentemente estudados. Apresentam funções na diferenciação sexual do SNC no período embrionário e interferem na conduta sexual masculina e agressividade Efeitos 
* Doses suprafisiológicas de EAA podem causar efeitos fisiológicos e comportamentais adversos. Alterações psiquiátricas, como aumento da ansiedade, depressão, irritabilidade e agressividade são comumente vistos em usuários de AAS (Sjöqvist et al, 2008). Em doses suprafisiológicas, os EAA podem elevar a atividade de neurotransmissores em áreas do SNC, o que pode modificar os centros de controle do humor e comportamento. Como efeitos colaterais oberva-se hipercolesterolemia (colesterol ruim alto), hepatotoxidade (danos no fígado ocasionados por substâncias químicas), hipertensão, infarto e acidente vascular encefálico após uso crônico e abusivo de EAA (Ishak e Zimmerman, 1987; van Amsterdam, 2010). Em geral, os estudos são contraditórios quantos aos efeitos dos EAA na cognição e humor. Em estudos com animais, a administração de altas doses de EAA mostraram prejuízo em testes de memória. Em contrapartida, os EAA podem melhorar a aprendizagem e memória em doses fisiológicas para adultos e idosos com ou sem declínio cognitivo (Tan et al., 2004; Hajszan et al., 2008). Neste sentido, é importante entender como doses elevadas de EAA associados ao exercício resistido podem afetar a função cerebral. O grupo de pesquisadores da UNIFESP publicou recentemente na revista Psychoneuroendocrinology, de grande impacto científico, um estudo com animais que verifica a influência do exercício de força associado com um EAA, a nandrolona no hipocampo (região do sistema nervoso relacionada a memória e aprendizado) (Novaes Gomes e col., 2014). Os animais foram submetidos a um protocolo de exercício de força, onde se observa alterações musculares (hipertrofia) similares a um treinamento em humanos.Os resultados mostraram que o treinamento de força provocou um aumento do número de células e proteínas relacionadas à proteção celular nesta região estudada e este efeito foi diminuído quando o exercício foi associado ao uso de dose suprafisiológica deste anabolizante. Este é um estudo preliminar que aborda apenas alguns aspectos desses tratamentos na função cerebral. Entretanto, não está bem esclarecido se e como o uso ilícito de EAA pode prejudicar os efeitos benéficos do exercício de força no SNC. Mais estudos são necessários para avaliar os efeitos do exercício de força associado com o abuso de EAA nas alterações funcionais e comportamentais do sistema nervoso. * A indicação seria para uso terapêutico, isto é, como intervenção no tratamento de enfermidades”.












sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Revisão da Literatura- Coping (enfrentamento) religioso/espiritual

                                                                                                                                           Resenhado por Grasielle Rocha

Panzini, R.G., & Bandeira, D.R. (2007).  Revisão da Literatura- Coping (enfrentamento) religioso/espiritual. Revista Psiq. Clín. 34, 126-135. 
          
    O presente artigo teve como objetivo avaliar na literatura os achados sobre coping religioso/espiritual e saúde, bem como conceituar os termos estresse e coping. Segundo as autoras, o conceito de coping espiritual está inserido nas áreas da psicologia positiva, psicologia da saúde e do escopo de estudos sobre religião e saúde, medicina e espiritualidade, tendo sido delineado a partir do estudo cognitivista do estresse e do coping.
Para Lazarus e Folkman (1984), o estresse psicológico é definido como a relação entre pessoa e contexto ambiental, percebida como indo além do que aquela pode suportar, excedendo seus recursos pessoais e ameaçando seu bem-estar. No entanto, o estresse não é o único fator na determinação de seu impacto sobre o indivíduo. O modo como a pessoa lida com o estresse, processo conceituado como coping, também tem importância crucial, fazendo diferença no funcionamento humano e determinando sua adaptação à situação estressante (Lazarus & Folkman, 1984; Pargament, 1997).
O coping é concebido como o conjunto de estratégias cognitivas e comportamentais, utilizadas pelos indivíduos com o objetivo de manejar situações estressantes. As estratégias de coping se referem a ações cognitivas/comportamentais frente a uma situação estressante e têm sido vinculadas a fatores situacionais. Podem ser classificadas como estratégias focadas nas emoções e estratégias focadas no problema. Para Lazarus e Folkman (1980), o coping tem como função administrar (reduzir/minimizar/tolerar) a situação estressora, mais que controla-la ou domina-la. O coping religioso descreve o modo como os indivíduos utilizam sua fé para lidar com o estresse e os problemas da vida, afirma Wong-Mc Donald e Gorsuch (2000).
A relação entre saúde e religião/espiritualidade é vista em sujeitos que acreditam e têm fé na cura através da religião e do espírito. Segundo este artigo, a maioria das pesquisas indica que crenças e práticas religiosas estão associadas com melhor saúde física e mental. De 225 estudos investigando a relação com saúde física, a maioria verificou resultados benéficos do envolvimento religioso em relação a dor, debilidade física, doenças do coração, pressão sanguínea, infarto, funções imune e neuroendócrina, doenças infecciosas, câncer e mortalidade (Koenig, 2001). De quase 850 pesquisas que examinaram a relação com saúde mental, a maioria endossa associação do envolvimento religioso com maiores níveis de satisfação de vida, bem-estar, senso de propósito e significado da vida, esperança, otimismo, estabilidade nos casamentos e menores índices de ansiedade, depressão e abuso de substâncias (Koenig et al., 2001). Ressalta-se que nas perspectivas da saúde pública, estudos demonstram que pessoas com envolvimento religioso são menos propensas ao uso e abuso de substâncias químicas e alcóolicas e a cometer crimes.
A diferença entre religião e espiritualidade é que a primeira tem o cunho de ser institucionalmente socializada, vinculada a uma doutrina coletivamente compartilhada e/ou praticada, já a segunda refere-se também a busca e práticas subjetivas, individuais e não institucionais. Por isso, o porquê de usar o termo coping religioso/espiritual e não separadamente, como alguns autores ainda utilizam. Para Pargament (1999), o uso do termo coping religioso/espiritual é definido como o uso da religião, espiritualidade ou fé para lidar com o estresse e as consequências negativas dos problemas da vida. Utilizando-se um conjunto de estratégias religiosas e/ou espirituais a fim de manejar o estresse diário, e/ou consequentes de crises existenciais ou circunstâncias que ocorrem ao longo da vida.
Portanto, coping religioso/ espiritual (CRE), está associado à saúde e à qualidade de vida, sendo um conceito importante e atual. As estratégias de CRE, quanto as consequências que trazem para quem as utiliza, podem ser classificadas como positivas ou negativas, estando geralmente associadas, respectivamente, a melhores ou piores resultados de saúde física/mental e qualidade de vida. Salientando que, o coping religioso/espiritual é considerado um fator eficaz aos que acreditam e possuem crenças e práticas religiosas, pois, de acordo com as pesquisas aqui relatadas, aquelas estão associadas a melhor saúde física e mental.




terça-feira, 25 de novembro de 2014

Assistir TV ao final do dia pode aumentar nível de estresse

Postado por Iracema Freitas

O hábito de sentar e assistir a TV para relaxar recebe um outro sentido após pesquisa conduzida pela Johannes Gutenberg University Mainz, na Alemanha com 471 entrevistados. Estes relataram tensão e culpa por estarem na frente da televisão quando deveriam usar aquele tempo para alguma atividade produtiva, aspecto que contribuiu para o aumento do estresse, e não para redução de tensão como se hipotetizava




Depois de um longo dia de trabalho, sentar no sofá e assistir televisão parece ser uma boa ideia para reduzir o estresse. No entanto, um novo estudo descobriu que, em vez de ajudar a relaxar, o hábito pode piorar a situação. As informações são do Daily Mail. 
A pesquisa, conduzida pela Johannes Gutenberg University Mainz, na Alemanha, descobriu que as pessoas que atingiram altos níveis de estresse no trabalho e assistiram televisão ou jogaram vídeo game se sentiram culpadas em vez de relaxadas ou recuperadas.
Para a pesquisa, os estudiosos entrevistaram 471 pessoas sobre como elas se sentiam depois do trabalho e o que faziam para relaxar no final do dia. Os pesquisadores notaram que aquelas que estavam particularmente cansadas após o expediente mostraram maior tendência a sentir que haviam "sucumbido" ao desejo de assistir televisão ou jogar vídeo game. Este grupo de pessoas também reportou que estes hábitos as impediram de cuidar de tarefas mais importantes.
Estudos anteriores apontavam que assistir televisão ou jogar vídeo game ajudavam as pessoas a se desligar do trabalho e relaxar. Essas pesquisas também mostravam que ganhar um jogo ou assistir a um filme que provocasse reflexão oferecia às pessoas a sensação de controle durante o lazer, fazendo com que se sentissem mais energizadas. A pesquisa também concluiu que as pessoas que se sentiam mais cansadas e, por isso, poderiam ser mais beneficiadas pelo relaxamento em frente à TV, na verdade, experimentavam ainda mais sentimento de culpa por considerar o hábito como um sinal de falha em relação ao auto-controle. "A culpa diminui os efeitos positivos da tentativa de relaxamento e reduz a recuperação e a vitalidade", explicou o estudo, publicado no Journal of Communication. 
"Isso demonstra que, na vida real, a relação entre o uso da TV ou do vídeogame e o bem-estar é complicado e que esses hábitos podem entrar em conflito com outros, menos prazerosos, mas mais importantes", disse Leonard Reinecke, um dos autores do novo estudo. 

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Parenting style, parenting stress, and children’s health-related behaviors


Resenhado por Ariane de Brito

Park, H., & Walton-Moss, B. (2012). Parenting style, parenting stress, and children’s health-related behaviors. Journal of Developmental & Behavioral Pediatrics, 33, 495-503. doi: 10.1097/DBP.0b013e318258bdb8

Estabelecer bons hábitos de saúde na primeira infância é essencial. Comportamentos tais como a ingestão de alimentos saudáveis, prática de exercício físico, higiene pessoal e de segurança, são comumente recomendados para o estabelecimento de uma boa saúde física. Tais comportamentos de saúde quando estabelecidos na infância tendem a se estender para a idade adulta, contribuindo para resultados positivos na saúde em longo prazo.
As crianças costumam aprender esses comportamentos com orientação e assistência de seus pais ou de outros cuidadores primários. Sabe-se que os pais são modelos influentes e referências sociais para os filhos, e que é através da modelagem que eles sugerem que os comportamentos de saúde valem à pena de serem seguidos e imitados pelos filhos. A qualidade da relação pais-filho influencia as crianças na realização de vários comportamentos saudáveis, ​podendo estes serem examinados a partir da interação dos pais com seus filhos, isto é, a partir de seus estilos parentais.
Estilo parental é definido como o ambiente emocional em que ocorrem as interações entre pais e filhos, o qual pode expressar dimensões de afeto e controle. Afeto refere-se à quantidade de carinho demonstrado para a criança, enquanto que o controle é a capacidade dos pais para controlar/manejar a criança. Os estilos parentais podem ser de quatro tipos: autoritário, autoritativo, permissivo e negligente (Baumrind, 1967; Maccoby & Martin, 1983). O estilo parental autoritário refere-se à dimensão de muito controle e pouco afeto, o autoritativo, por sua vez, caracteriza-se pelo muito controle e muito afeto. O estilo permissivo refere-se ao baixo controle e muito afeto, enquanto que no negligente, tem-se pouco controle e pouco afeto.
Os estilos parentais podem ser influenciados por fatores como a interação entre pais e filhos, o estresse dos pais e o estado de saúde da criança ou bem-estar. O estilo parental pode afetar a inteligência emocional das crianças, ansiedade e ganho de peso ou índice de massa corporal (IMC). Na Coréia do Sul, os pais normalmente assumem uma relação desigual de poder com seus filhos, usando um estilo educação autoritária. Os pais coreanos forçam seus filhos a seguir suas instruções, pois consideraram a disciplina elemento essencial na criação de um filho.
Comportamentos de saúde das crianças estudados incluem comportamento alimentar em geral como alimentação pouco saudável, ingestão de alimentos açucarados, consumo de frutas/legumes, além de escovação, lavar as mãos, prática de atividade física e de segurança. O estresse parental vem sendo menos frequentemente estudado em relação à saúde. Ele pode ser definido como um desequilíbrio entre as demandas percebidas da parentalidade e os recursos disponíveis percebidos. Estresse parental e estilo parental são significativamente relacionados com o comportamento geral de crianças jovens e problemas de comportamento em crianças com doença crônica Assim, espera-se que os pais com estresse parental elevado pode impactar negativamente nos comportamentos relacionados à saúde de seus filhos.
Até o momento, os estudos sobre estilo parental e comportamentos de saúde de crianças pequenas têm enfatizado os padrões alimentares. Embora estes sejam relevantes, outros comportamentos de saúde devem ser igualmente examinados. Com a exceção de estudos enfocando o sono, os autores não foram capazes de encontrar quaisquer outros estudos que examinassem também o estresse dos pais e os comportamentos das crianças relacionados com a saúde em geral. Logo, o objetivo do estudo foi determinar a relação entre estilo parental e estresse parental com comportamentos relacionados à saúde de crianças pré-escolares.
Quanto ao método, trata-se de um estudo descritivo e correlacional. Foram investigadas características de birra (birras em casa e birras na creche) de crianças entre 18 meses e 5 anos e o estilo parental dos pais (n = 284) nas cidades de Seul (n = 149) e Cheonan (n = 135), na Coréia do Sul. Os instrumentos utilizados foram (1) Health-related behavior for children, para avaliar comportamentos relacionados à saúde das crianças; (2) Child Rearing Questionnaire, para avaliar o estilo parental dos pais; Korean Parenting Stress Index – Short Form, para mensurar o estresse parental; e um questionário sobre os dados sociodemográficos dos pais.
Os resultados demonstraram que aproximadamente 42% dos pais indicaram apresentar estilo autoritativo, 24% estilo permissivo, 17% autoritário, e 16,5% estilo parental negligente. Quanto aos níveis de estresse parental, de modo geral, eles foram significativamente diferentes entre os grupos de estilos parentais. Os pais com estilos parentais autoritativos relataram menores níveis de estresse, enquanto que os pais com estilos parentais negligentes registraram maiores níveis de estresse parental.
Dos comportamentos relacionados à saúde das crianças, os mais frequentes foram tomar cálcio três vezes ao dia e escovar os dentes antes de dormir. Os menos frequentes incluíram as visitas de rotina odontológica, usar cadeirinhas de assento no carro, e usar capacetes ao andar de bicicleta. Houve diferenças significativas em todos os comportamentos saudáveis entre os quatro estilos parentais. Os pais com estilo parental autoritativo indicaram números significativamente mais elevados de comportamentos relacionados à saúde das crianças, bem como os pais de estilo parental autoritário.
As relações encontradas no estudo sugerem que quanto mais elevado o estresse parental menores serão as ocorrências de comportamentos relacionados à saúde para com as crianças. Também foram observadas relações significativas entre comportamentos de saúde e parentalidade, especificamente com o estilo autoritativo e autoritário, quando comparados com o estilo parental negligente. O estilo permissivo não foi significativamente associado com tais comportamentos. Além disso, observou-se que as variáveis: presença de irmãos, maior renda familiar, maior nível de escolaridade do pai e menor IMC, foram significativamente correlacionadas com os comportamentos relacionados à saúde das crianças.

De maneira geral conclui-se que houve diferenças significativas nos comportamentos relacionados com a saúde dos filhos nos quatro tipos de estilos parentais, e o estresse parental foi significativamente relacionado com tais comportamentos. Como limitações, os autores apontam, dentre outras, o fato do estudo ter sido transversal, e que, portanto, a causalidade não pode ser assumida. Para futuras pesquisas, eles sugerem estudos longitudinais que possam dar continuidade na análise do efeito do estilo parental e do estresse parental nos mais diferentes comportamentos relacionados com a saúde de crianças em idade escolar. 

sábado, 22 de novembro de 2014

Uma noite sem dormir causa sintomas de esquizofrenia

Postado por Luana Santos

A esquizofrenia é um transtorno psiquiátrico que afeta cerca de 1% da população. Os sintomas incluem perda de contato com a realidade, alucinações, pensamentos desordenados, índice reduzido de emoções e alterações nos desempenhos sociais.
Um estudo foi na Alemanha com 24 pessoas saudáveis entre 18 e 40 anos mostrou que, depois de privados de sono por 24 horas, os participantes passaram a ter alguns sintomas que são também encontrados em esquizofrênicos. Importante ressaltar que os sintomas foram passageiros, sumiram após uma noite bem dormida. Experimentos assim podem ser muito úteis no desenvolvimento de novas formas de tratar transtornos mentais.


Ficar 24 horas sem dormir pode causar sintomas semelhantes aos da esquizofrenia, mesmo em pessoas saudáveis. A descoberta, publicada no periódico The Journal of Neuroscience na semana passada, pode ajudar no desenvolvimento de drogas para o tratamento da psicose – quadro em que o paciente confunde realidade com alucinações e delírios.A esquizofrenia é um transtorno psiquiátrico que afeta cerca de 1% da população. Os sintomas incluem perda de contato com a realidade, alucinações, pensamentos desordenados, índice reduzido de emoções e alterações nos desempenhos sociais.Em um laboratório do sono, pesquisadores analisaram o comportamento de 24 pessoas saudáveis com idades entre 18 e 40 anos. Num teste inicial, os indivíduos dormiram normalmente. Uma semana depois, foram mantidos acordados a noite toda com o estímulo de filmes, conversas, jogos e breves caminhadas.Teste após noite sem dormir — Na manhã seguinte, os participantes foram interrogados sobre os seus pensamentos e sentimentos. Além disso, foram submetidos a um teste chamado inibição pré-pulso, que se baseia na velocidade da contração dos músculos da face e do corpo e ajuda a verificar a presença de esquizofrenia."A inibição pré-pulso demonstra a habilidade do cérebro de separar o que é importante do que não é", diz Nadine Petrovsky, líder do estudo e professora da Universidade de Bonn, na Alemanha. Os cientistas observaram que a função de filtragem do cérebro foi significativamente reduzida depois da noite sem dormir, assim como acontece com os esquizofrênicos. Depois da privação do sono, os participantes tiveram um aumento da sensibilidade à luz, cores e brilho. A noção de tempo e de olfato foram alteradas e foram relatadas falhas de memória e mudança na percepção do corpo. Muitos indivíduos tinham a impressão de que podiam ler pensamentos. Segundo os cientistas, testes para desenvolver novas drogas para transtornos mentais podem ser feitos em experimentos como esse. Os participantes, depois de uma boa noite de sono, não apresentaram mais os sintomas de esquizofrenia.
CONHEÇA A PESQUISATítulo original: Sleep Deprivation Disrupts Prepulse Inhibition and Induces Psychosis-Like Symptoms in Healthy Humans​Onde foi divulgada: periódico The Journal of NeuroscienceQuem fez: Nadine Petrovsky, Ulrich Ettinger, Antje Hill, Leonie Frenzel, Inga Meyhöfer, Michael Wagner, Jutta Backhaus e Veena Kumari.Instituição: Universidade de Bonn, na Alemanha, entre outras.Resultado: Participantes que ficaram 24 horas sem dormir apresentaram sintomas de esquizofrenia no dia seguinte, como déficit de atenção e noção de tempo alterada.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Gravidez na adolescência: prevalência de depressão, ansiedade e ideação suicida

Resenhado por Laís Santos

Freitas, G.V.S & Botega, N.J. (2002). Gravidez na adolescência: Prevalência de depressão, ansiedade e ideação suicida.  Revista Associação Médica Brasileira; 48, 245-249. doi: 10.1590/S0104-42302002000300039

            De acordo com a literatura, a gravidez é a primeira causa de internações (66,0%) em adolescentes com idade entre 10 e 19 anos. Além da gravidez precoce, outro fator de internação ligado a essa população específica, é a tentativa de suicídio. A literatura aponta que a gravidez na adolescência está muito associada ao risco de suicídio. Esse risco pode surgir durante a gestação, como também no período pós-parto.
             Além do risco de suicídio também podem aparecer a depressão e uma percepção negativa da rede de apoio social em adolescentes gestantes.  Estudos apontam ainda, que abusos físicos e sexuais são bem frequentes nessa população, e muitas das vezes tais fatos estão intimamente ligados a ideação suicida, tentativas de suicídio e aos sintomas da depressão crônica no primeiro ano após o parto.
            O artigo em questão buscou estimar a incidência de depressão, ansiedade e ideação suicida em adolescentes gestantes durante os primeiros três meses de gestação. Além disso, objetivou-se aferir possíveis associações entre ideação suicida, depressão, ansiedade, história de abuso sexual, de agressão física, de tentativa de suicídio anterior, intenção de engravidar, período gestacional, situação conjugal e apoio social.
            A amostra foi composta de 120 adolescentes grávidas – 40 no primeiro trimestre de gestação, 40 no segundo e as demais no terceiro. Todas as adolescentes foram selecionadas de modo aleatório entre 329 adolescentes atendidas pelo Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM 2) de Piracicaba, SP, no período de 1999 e fevereiro de 2000. Fizeram parte da amostra, apenas adolescentes entre os 14 e 18 anos de idade, com no mínimo cinco anos de escolaridade, e sem outros filhos. Os instrumentos utilizados foram um questionário para orientar a anamnese, baseado no “European Parasuicide Standardized Interview Schedule”, a Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS), a Escala de Ideação Suicida de Beck (BSI) e uma Entrevista Clínica Estruturada - edição revisada (CIS-R), que avalia transtornos psiquiátricos não-psicóticos.
            Os resultados deste estudo foram indicaram que 37,0% das adolescentes haviam abandonado os estudos a mais de um ano; 50,0% eram filhas de pais separados. Além disso, a faixa etária das mães das adolescentes entrevistadas, em sua primeira gestação, variou dos 12 aos 28 anos.
             No que tange aos parceiros das adolescentes e pais dos bebês das mesmas, a média de idade deles variou dos 15 aos 50 anos. O tempo de relacionamento destas adolescentes e os pais das crianças giravam em torno dos 18,5 meses. No se que refere ao abuso físico, 41,6% das adolescentes relatou ter sofrido abusos físicos na maioria das vezes, provenientes de seus genitores (pais, mães, irmãos e avós). Quanto ao abuso sexual, 19 adolescentes (15,8%) relataram que tinham sofrido tal abuso; na maioria dos casos os agressores eram os pais – 3 casos – e padrastos – também três casos. 45,8% das adolescentes afirmaram que não tinham intenção de engravidar e 7,5% alegaram terem praticado alguma tentativa de aborto na gestação atual.
            Com relação aos dados de ideação suicida, 20 (16,7%) das entrevistadas demonstraram a presença de ideação suicida, oito (40,0%) também apresentavam ansiedade e depressão, cinco (25,0%) apresentavam somente depressão, duas (10,0%) apresentavam somente ansiedade. Além disso, 16 (13,3%) tentaram o suicídio anteriormente, e entre as adolescentes com ideação suicida, apenas cinco (20,0%) não apresentaram indícios de ansiedade ou de depressão.
            Diante dos dados encontrados, observou-se que foi aproximadamente igual à incidência de depressão, ansiedade e ideação suicida na amostra estudada. Além disso, a ideação suicida apareceu intimamente correlacionada à depressão, ansiedade, pouco apoio social e estado civil destas adolescentes. De modo geral, as adolescentes gestantes entrevistadas, é um grupo bem diversificado quanto à idade dos parceiros, e até mesmo ao desejo de ter um filho. Algumas das adolescentes demonstraram estar felizes e até relataram planos anteriores de ter um filho. Em contra partida, outro grupo demonstrou sentimentos totalmente inversos, apresentando ideação suicida, sentimento de solidão, de desespero, dentre outros.
            Em suma, os resultados encontrados e o crescente número de adolescentes gestantes evidenciam a necessidade e importância de programas de orientação que possam servir como suporte social para adolescentes. É relevante que tais programas possam enfatizar não apenas a prevenção de gravidez nessa fase do desenvolvimento, mas que também se voltem para aspectos tais como: indícios de ideação suicida, depressão e ansiedade, a fim de reduzir tais sintomas e possíveis consequências danosas.


quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Ansiedade infantil

Postado por Rafael Matos

A prevalência dos transtornos de ansiedade em crianças e adolescentes é estimada em torno de 13%. Aliado a esta alta taxa de prevalência, contribui para o agravamento deste panorama, o fato de que a ansiedade patológica etiologicamente é descrita como um fenômeno multifatorial, incluindo fatores tanto genéticos quantos ambientais não delineados especificamente.
           Como medida interventiva estudos apontam que atualmente os transtornos de ansiedade na infância são tratados - apresentando bons resultados - por meio de uma abordagem multimodal, incluindo, a saber: Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), Psicoterapia Dinâmica, uso de fármacos, em especial os inibidores seletivos de receptação de seratonina, orientação aos pais, bem como intervenções em todos os familiares.
           



terça-feira, 18 de novembro de 2014

Em dez anos, suicídio de crianças e pré-adolescentes cresceu 40% no Brasil

Postado por Marcele Leite

Suícidio é um tema cada vez mais discutido, mas em crianças e adolescente ainda é um tabu. O problema é o aumento em 40% do número de crianças e pré-adolescentes no Brasil, advertindo que este assunto merece mais atenção. Outro ponto que fica claro é a necessidade de se trabalhar com a família dessas crianças com ideação ou tentativa de suicídio. Uma característica comum é a presença de sintomas depressivos entre esses dois grupos.

Fonte: http://saude.ig.com.br/minhasaude/2014-09-10/em-dez-anos-suicidio-de-criancas-e-pre-adolescentes-cresceu-40-no-brasil.html

"Mas você tem tudo o que quer. Por que fez isso?" Seja em um choro dolorido ou aos gritos de raiva, a frase é comum no pronto socorro de psiquiatria para onde são encaminhadas as crianças e adolescentes que tentaram se matar. Sai da boca dos pais, atônitos com a confissão do filho que se cortou todo ou que ingeriu uma dose cavalar de medicamentos. Pouco falado, o suicídio na infância e adolescência tem crescido nos últimos anos.Dados do Mapa da Violência, do Ministério da Saúde, revelam que ele existe e está crescendo. De 2002 a 2012 houve um crescimento de 40% da taxa de suicídio entre crianças e pré-adolescentes com idade entre 10 e 14 anos. Na faixa etária de 15 a 19 anos, o aumento foi de 33,5%. Suicídio infantil: maioria dos casos está ligada à depressão, que é tratável"Ao contrário do adulto, que normalmente planeja a ação, o adolescente age no impulso. São comportamentos suicidas para fugir de determinada situação que vez ou outra acabam mesmo em morte", afirma a psiquiatra Maria Fernanda Fávaro, que atua em um Pronto Socorro de psiquiatria em São Caetano do Sul, região metropolitana de São Paulo. Aos cuidados de Maria Fernanda, são encaminhadas as crianças e os adolescentes que chegaram feridas ao hospital após tentarem se matar.Ao serem perguntados sobre o motivo de terem se mutilado com lâmina de barbear, se ferido com materiais pontiagudos, cortado o pulso ou ingerido mais de duas dezenas de comprimidos, a resposta é rápida, e vaga. "A maioria diz que a vida não tem sentido, que sentem um vazio enorme. Muitos têm quadros associados à depressão", afirma Maria Fernanda. O cenário é tão recorrente, diz a psiquiatra, que há sites, blogs e páginas de rede social que ensinam as melhores técnicas e ferramentas para que a criança tire a própria vida.Para os mais novos, se matar é, de fato, mais difícil. Dados mostram que, a cada suicídio adulto, há de 10 a 20 tentativas que não acabaram em morte. No caso de crianças, são estimadas 300 tentativas para um suicídio consumado, seja porque elas usam método pouco letal, seja por dificuldade de acesso a instrumentos. "Muitos, quando chegam aqui contam que vêm se cortando a mais ou menos um ano, e a família não sabe disso", diz Maria Fernanda.Assunto proibidoEsse desconhecimento familiar não deve ser encarado como descaso, mas precisa ser visto sob a lógica do quanto o tema do suicídio ainda é um tabu na sociedade, afirmam os especialistas. No caso de crianças e adolescentes, a situação ainda é pior: ninguém fala sobre o assunto, apesar de estudos mostrarem que 90% dos jovens atendidos em emergência psiquiátrica chegam lá após tentativas de se matar."Existe o mito de que o suicídio se concentra nos países nórdicos. Essas nações realmente lideravam o ranking, mas tomaram atitudes e conseguiram reverter o quadro. Enquanto isso, a gente aqui no Brasil continua sem falar nisso e vê os números crescendo", alerta Carlos Correia, voluntário há mais de 20 anos do Centro de Valorização da Vida, o CVV. Dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) na semana passada mostraram que o Brasil é o quarto país latino-americano com o maior crescimento no número de suicídios entre 2000 e 2012 e o oitavo do mundo em números absolutos de pessoas que tiram a própria vida. Foram 11.821 suicídios no período, aumento de 10% em relação à década anterior. Uma situação que, segundo os especialistas, reflete a falta de programas de prevenção. Apesar de a taxa no Brasil ainda ser inferior a 10 suicídios por 100 mil habitantes – a partir da qual a OMS considera alta, a população é muito grande e, portanto, o número de casos também.“O que não pode é o Brasil votar em março sobre o relatório da OMS, mas não promover o plano de prevenção ao suicídio”, afirma o médico Carlos Felipe Almeida D’Oliveira, da Rede Brasileira de Prevenção do Suicídio.O psiquiatra infantil Gustavo Estanislau compara as iniciativas de prevenção brasileiras com as de países desenvolvidos. "Lá fora, existem projetos de prevenção há muito tempo. Eles já têm isso tão bem organizado, que funcionam como um guia. Tem equipes até para agir nas escolas quando, por exemplo, uma criança se mata. No Brasil, não conheço nenhum projeto desse tipo."Por onde começarA criação de um programa de prevenção ao suicídio eficaz deve ter como prioridades a identificação de fatores de risco, o investimento em serviços especializados e o mapeamento de quais são as populações mais vulneráveis, com atenção àqueles que já cometeram tentativas de suicídio.Maria Fernanda conta que boa parte das crianças e adolescentes que ela atende no pronto socorro psiquiátrico é reincidente: já tentaram se matar outra vez e, machucados, passaram por um clínico geral que os liberou em seguida. “É a realidade da maioria, porque ainda são poucos os serviços especializados. No hospital convencional, a medida comum é cuidar do ferimento e mandar para casa”, diz.Quando essa mesma criança que tentou se matar tem acesso a um serviço especializado, o resultado pode mudar seu futuro. “Atendo e avalio se ela mantém o risco suicida. Se ela diz que tentou se matar e continua querendo, a gente interna. Se não há risco, indicamos um acompanhamento ambulatorial. Só não pode é voltar para casa do jeito que chegou”, afirma Maria Fernanda.Como eu vou saber?Os especialistas afirmam que é preciso prestar atenção a qualquer sinal que a criança ou o adolescente demonstre sobre a vontade de tirar a própria vida. Além de comunicar verbalmente o objetivo de se matar, ele pode apresentar sinais como tristeza prolongada, mudança brusca de comportamento, agressividade e intolerância.“A primeira coisa a fazer é considerar que há um risco. Não pode achar que é bobagem, coisa momentânea ou feita para chamar atenção. O suicídio tem um aspecto importante, que é a comunicação. Se a pessoa está dizendo que tem um tipo de sofrimento e que não encontra saída, é preciso ficar atento e procurar um serviço de saúde mental”, afirma D’Oliveira, da Rede Brasileira de Prevenção do Suicídio.Detectado o risco, a primeira providência é conversar. Parece óbvio, mas não é. Na maioria dos casos, os adultos acreditam que se fingirem que não perceberam, a criança ou o adolescente pode mudar de ideia. Outros tantos acham que falar em suicídio é uma ameaça típica da idade. Ambas atitudes estão erradas. “É preciso sempre levar a sério e acreditar no que a criança ou o adolescente diz. É importante ter uma conversa, sem julgamentos, para que ele não se sinta tolhido em falar”, afirma a psicóloga Karen Scavacini, mestre em saúde pública e especialista em prevenção ao suicídio. Pode ser que, nessa conversa, o adulto perceba sinais bem sutis, como a dificuldade de tolerância à frustração, falta de sentido na vida, sensação de desamparo e pressão interna. "É também nessa idade, que muitos se dão conta de sua orientação sexual. No caso de se perceberem homossexuais, podem achar que é um problema e que não tem solução", afirma Karen. A psicóloga explica que, nesta conversa, é importante que o adulto pergunte se a criança ou o adolescente já pensou em se matar mais de uma vez. “Assim, é possível saber se a ideia já virou um plano e então encaminhar a criança para um atendimento.”Mesmo porque no momento do atendimento, explica a psicóloga, percebe-se que a vulnerabilidade dessa faixa etária é tão grande que muitos tentam tirar a vida sem ao menos saber o que isso significa. “Crianças mais novas e pré-adolescentes tem uma impulsividade e não têm a capacidade de avaliar que a morte é para sempre.”