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quarta-feira, 30 de setembro de 2015

O suicídio e sua relação com o comportamento impulsivo-agressivo.

Resenhado por Mariana Serrão

Turecki, G. (1999). O suicídio e sua relação com o comportamento impulsivo-agressivo. Revista Brasileira de Psiquiatria, 21, 18-22.

O presente artigo faz uma revisão e discussão de estudos que investigaram fatores genéticos no comportamento suicida, assim como esta relação com os traços impulsivo-agressivos. O comportamento suicida pode ser classificado em três categorias ou domínios: ideação suicida, tentativas de suicídio e suicídio propriamente dito. A presença de ideação suicida e, principalmente, de uma história positiva de tentativas de suicídio têm sido vista como tendo um importante valor preditivo na avaliação do risco para suicídio, entretanto ainda é necessário estudos para sua compreensão.
O suicídio tornou-se um problema de saúde pública devido aos elevados números, estando entre as 10 primeiras causas de morte na maioria dos países, nas primeiras se tratando de jovens e adultos. As causas que podem levar o indivíduo a cometer o suicídio são diversas, como fenômenos biológicos, história pessoal do indivíduo e situações circunstanciais, por exemplo, podem compor o cenário para o suicídio. Estudos apontam que transtornos psiquiátricos são uns dos maiores fatores de risco para o suicídio, e destes os transtornos mais prevalentes entre vítimas de suicídio são o transtorno depressivo e a dependência ou abuso ao álcool e/ou a outras substâncias psicoativas. Várias linhas de evidência sugerem que o denominador comum entre a maioria dos sujeitos que cometem suicídio é a presença de comportamentos impulsivos e impulsivo-agressivos, o que foi apontado neste artigo.
Nos últimos 20 anos, estudos neurobiológicos indicam que uma redução na atividade serotoninérgica é associada com o comportamento suicida, particularmente entre casos que apresentam altos níveis de traços impulsivos e impulsivo-agressivo. Estudos mais recentes têm encontrado um aumento no córtex pré-frontal do binding de agonistas serotoninérgicos a receptores pós-sinápticos de serotonina, principalmente o receptor 2ª, apontando uma up regulation compensatória em resposta a uma atividade serotoninérgica reduzida nesta região cerebral, o que é de grande interesse já que o córtex pré-frontal esta envolvido na execução da função inibidora .Lesões nesta área resultam em desinibição do impulso e do comportamento agressivo. Portanto, é possível que sujeitos com uma redução serotoninérgica nesta região cerebral possam ter uma maior predisposição a atuar impulsivamente e auto agressivamente quando expostos a situações estressantes, tais como aquelas causadas pela presença de quadros psiquiátricos e, em algumas instâncias, isto poderia resultar na manifestação de comportamento suicida.
A relação neurobiológica não está diretamente ligada ao suicídio, sua relação direta é com o comportamento impulsivo agressivo e impulsivos que podem ser uma das causas do suicídio.

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Coping strategies in people attempting suicide.

Resenhado por Ariane de Brito

Bazrafshan, M., Jahangir, F., Mansouri, A., & Kashfi, S. H. (2014). Coping strategies in people attempting suicide. International Journal of High Risk Behaviors & Addiction, 3, 1-6. doi: 10.5812/ijhrba.16265


O presente artigo teve como objetivo identificar as estratégias de enfrentamento utilizadas por pessoas que tentaram suicídio e os fatores de risco de suicídio, de modo a auxiliar pesquisadores a reconhecer preditores de suicídio e introduzir intervenções mais adequadas para evitar o problema.
Alguns estudos têm revelado uma maior incidência de suicídio (9 por 100.000 habitantes) e tentativa de suicídio nas últimas duas décadas no Irã, principalmente em pessoas do sexo masculino (65,0% por casos) e em adolescentes (12,0% das causas de morte). Segundo dados estatísticos internacionais, a taxa de suicídio bem sucedido em jovens do sexo masculino é de 5 vezes mais do que a taxa de suicídio em jovens meninas, porém elas tentam o suicídio três vezes mais do que eles. Além disso, estudos sobre fatores de risco de suicídio têm demonstrado que algumas pessoas que são expostas a tais fatores não necessariamente mostram tendências suicidas, o que indica que pode haver fatores de proteção nessas pessoas que diminuem o risco nesta população. 
Para a teoria cognitiva, a tentativa de suicídio é resultado da incapacidade de identificar e resolver problemas, ou seja, incapacidade de encontrar soluções para os problemas e a falta de estratégias de enfrentamento para lidar com estressores imediatos. Ter um repertório eficiente das habilidades de enfrentamento reforça o sentimento do indivíduo de autocontrole e autodireção, no entanto, quando a vulnerabilidade de uma pessoa é alta, ela mostra um comportamento não-adaptativo até mesmo em situações estressoras consideradas leves. Já em relação aos dois tipos de habilidades de enfrentamento (1- habilidades de enfrentamento baseado na ação/foco no problema; e 2- habilidades de enfrentamento baseado nos aspectos emocionais/foco na emoção) alguns dos comportamentos associados a estratégias de enfrentamento baseados nos aspectos emocionais como esquiva, autodepreciação e falta de envolvimento na questão estão associados com depressão e ideações suicidas.
Em relação ao método, trata-se de um estudo transversal, que contou a participação de 50 indivíduos, todos pacientes internados no Hospital Shiraz Shahid Faghihi e selecionados por meio de amostragem conveniente. Utilizou-se como instrumento de coleta de dados o COPE Inventory (Carver, Scheier, & Weintraub, 1989), o qual inclui 18 escalas de enfrentamento e 52 itens. No estudo piloto, com 24 sujeitos, o instrumento se mostrou adequado quanto a sua consistência interna (α = 0,78). Os dados foram analisados pelo SPSS, onde foram feitas análises descritivas e inferenciais.
A análise descritiva indicou que a maioria dos participantes da amostra eram do sexo feminino (56,52%), solteira (69,57%), tinha idade entre 10-20 anos (46,74%), e idade média total de 23,48 anos. Além disso, a maioria tinha escola secundária (40,40%). Os escores médios para foco no problema, foco emocional e estratégias de enfrentamento menos úteis foram 30,27, 27,83 e 49,32, respectivamente.
Nos testes inferenciais foi encontrado relação significativa entre as médias dos dois grupos na área de estratégias de enfrentamento menos úteis. A relação entre as estratégias de enfrentamento e educação foi investigada através da ANOVA oneway, na qual se observou que as pessoas que tinham nível de educação superior utilizam principalmente estratégias focada no problema e estratégias de enfrentamento menos úteis (p =0,009; p=0,006). As outras análises não apresentaram relações estatisticamente significativas, como entre a idade, estado civil e estratégias de enfrentamento utilizadas pelos participantes.
De modo geral os resultados mostraram que os participantes da amostra utilizam mais estratégias de enfrentamento menos úteis (M = 49,32) do que as outras estratégias. No estudo de Sun et al. (2006), verificou-se que o fator de risco mais importante para a tentativa de suicídio eram as estratégias adaptativas negativas, coincidindo com o encontrado no presente estudo.
As estratégias com foco no problema (M = 30,3) foi maior do que as estratégias com foco na emoção (M = 27,8). No entanto é importante destacar que as estratégias de enfrentamento centradas na emoção não removem diretamente a fonte de estresse, mas reduzem os sintomas. Desse modo, profissionais de saúde podem ensinar tais estratégias para pessoas em risco como forma de prevenção do suicídio.
Quanto ao sexo, a estratégias ineficazes ou menos úteis usadas ​​por mulheres que tentaram suicídio foram significativamente maiores do que nos homens (p = 0,029). A pontuação média das mulheres nessas estratégias de enfrentamento foram maiores, e vários estudos já têm demonstrado que homens e mulheres utilizam estratégias diferenciadas, isto é, as mulheres costumam utilizar estratégias e técnicas centradas na emoção para lidar com os problemas, enquanto que os homens usam mais estratégias focadas no problema. No entanto, outros fatores eficazes como barreiras culturais não devem ser ignorados, já que, além de diferenças individuais existem também questões socioculturais. Para os autores, por exemplo, as mulheres podem fazer uso principalmente de estratégias menos úteis, uma vez que, elas enfrentam obstáculos quando querem usar estratégias eficazes, mesmo nos países ocidentais. Sendo assim, a identificação destas barreiras pode ser uma medida eficaz para prevenir o suicídio nas mulheres.
Foi encontrada ainda diferença significativa entre nível de escolaridade e tipo de estratégias de coping (estratégias de enfrentamento focada no problema e estratégias menos úteis). Sobre isso, sabe-se que quanto maior o nível de escolaridade, maior a capacidade do indivíduo para lidar eficientemente com os problemas, no entanto, ele também pode atuar como um estressor. Contudo, visto que a maioria dos indivíduos usaram estratégias de enfrentamento ineficazes para lidar com problemas, fica evidente a necessidade de ensinar estratégias de enfrentamento eficazes, principalmente, para grupos vulneráveis ​​na sociedade, como pessoas com níveis de escolaridade mais baixo.


domingo, 27 de setembro de 2015

Doação de Órgãos

Postado por Alexsandra Macedo


Apesar do número de doadores ter aumentado significativamente, ainda está abaixo da meta estabelecida pelo Ministério da Saúde e pela Associação Brasileira de Transplante de Órgãos. Um dos  principais obstáculos é a não autorização por parte da família do possível doador, observando-se uma disparidade entre o número de pessoas que estão na fila de espera de um órgão ou tecido e o número de doadores. Tal fato acaba potencializando o estresse que esses pacientes e seus familiares sofrem em decorrência da longa espera por doações.



sábado, 26 de setembro de 2015

Suicídio já mata mais jovens que o HIV em todo mundo.

Postado por Lucila Moraes

A OMS (Organização Mundial da Saúde) revela que tirar a própria vida é a segunda principal causa de mortes entre jovens de 15 a 29 anos. No Brasil, o número de casos de suicídio subiu 10% desde o ano 2000, tendo a taxa de 6,9 novos casos a cada 100 mil habitantes – uma taxa considerada baixa comparada com países como Índia e Cazaquistão, por exemplo, que têm mais de 30 casos. A razão pela qual alguém tira a própria vida pode ser bastante subjetiva e complexa, mas diversas pesquisas apontam que pelo menos 90% dos jovens que se matam têm algum problema mental, que vai desde depressão à ansiedade e vício em drogas. Outro fator que exige bastante atenção é a questão do bullying e suas manifestações tanto no ambiente escolar como na internet (cyberbullying). Por isso, é importante estar atento aos sinais e mudanças de comportamento e procurar sempre uma ajuda de um profissional da saúde.



"As pessoas simplesmente pensam que é um crime ter pensamentos suicidas. Não deveria ser assim", diz Lauren Ball, uma mulher de 20 anos que já tentou se matar várias vezes. Seis, para ser mais preciso. A mais recente tentativa foi no ano passado.
'Gatilhos'Gabbi Dix sabia que sua única filha, Izzy, estava sofrendo com a chegada da adolescência, mas não imaginou que o suicídio rondasse seus pensamentos. "Acho que nunca vou conseguir superar isso", conta a mãe da adolescente de 14 anos, que em 2012 deu fim à própria vida, numa cidade costeira do sul da Inglaterra.Para muitos especialistas, o suicídio juvenil tem contornos epidêmicos. E, para a Organização Mundial de Saúde, precisa "deixar de ser tabu": segundo estatísticas do órgão, tirar a própria vida já é a segunda principal causa da morte em todo mundo para pessoas de 15 a 29 anos de idade - ainda que, estatisticamente, pessoas com mais de 70 anos sejam mais propensas a cometer suicídio."O suicídio é um assunto complexo. Normalmente, não existe uma razão única que faz alguém decidir se matar. E o suicídio juvenil é ainda menos estudado e compreendido", diz Ruth Sunderland, diretora do ramo britânico da ONG Samaritanos, que se especializa na prevenção de suicídios.De acordo com a OMS, 800 mil pessoas cometem suicídio todos os anos. E para cada caso fatal há pelo menos outras 20 tentativas fracassadas."Para a faixa etária de 15 a 29 anos, apenas acidentes de trânsito matam mais. E se você analisar as diferenças de gênero, o suicídio é a causa primária de mortes para mulheres neste grupo", diz à BBC Alexandra Fleischmann, especialista da OMS.
DiferençasO Brasil, neste ponto, passa pelo fenômeno oposto: índice de suicídios nesta faixa etária para mulheres é de 2,6 por 100 mil pessoas, mas a taxa salta para de 10,7 entre a população masculina. Mas, entre 2010 e 2012, o mais recente período de análise de dados da OMS, o índice feminino cresceu quase 18%.Em termos globais, uma variação chama atenção: 75% dos suicídios ocorrem em países de média e baixa renda. E as diferenças socioeconômicas parecem ter impacto mais forte entre adolescentes. Tais "saltos" não são vistos em sociedades mais afluentes, o que sugere maior risco de suicídio entre populações mais pobres.Ainda no segmento juvenil, a OMS diz que mais homens cometem suicídio que mulheres."A masculinidade e as expectativas sociais são os principais motivos para essa diferença", explica Fleischmann.Mas essa diferença entre os gêneros é menor em países mais pobres, onde mulheres e jovens adultos estão particularmente vulneráveis. Em países mais ricos, homens se matam três vezes mais que mulheres, mas em países de média e baixa renda, a relação cai pela metade. A intensidade também tem variações regionais.Para especialistas, suicídios são mais do que fatalidades. Pesquisas acadêmicas revelam que pelo menos 90% dos adolescentes que se matam têm algum tipo de problema mental. Eles variam da depressão - a principal causa para suicídios neste grupo - e passam por ansiedade, violência ou vício em drogas.Mas há "gatilhos" que podem ser sutis como mudanças no ambiente familiar ou escolar, passando por crises de identidade sexual. Por isso, os especialistas recomendam prestar atenção nos sinais iniciais. E, não por acaso, a mais recente campanha dos Samaritanos foi dirigida a estudantes britânicos iniciando o período letivo nas universidades. Também recomenda-se atenção a questões com o bullying, incluindo suas manifestações pela internet. Especialistas também argumentam que o sensacionalismo na mídia pode encorajar imitações."Neste caso, um efeito positivo inverso seria encorajar as pessoas a procurar ajuda", argumenta Sutherland.
Grupos envolvidos com a questão também argumentam que o suicídio deveria se tornar uma questão de saúde pública. No entanto, apenas 28 países têm estratégias nacionais de prevenção.

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Self-injurious implicit attitudes among adolescent suicide attempters versus those engaged in nonsuicidal self-injury

Postado por Luana Santos

Dickstein, D. P., Puzia, M. E., Cushman, G. K., Weissman, A. B., Wegbreit, E., Kim, K. L., Nock, M. K., & Spirito, A. (2015). Self-injurious implicit attitudes among adolescent suicide attempters versus those engaged in nonsuicidal self-injury. Journal of Child Psychology and Psychiatry, 56 (10), 1127 – 1136.


O suicídio é um dos problemas de saúde mental que afetam adolescentes, além de também ser uma faixa etária que apresenta problemas que estão potencialmente relacionados, como a autolesão não-suicida (ANS), por exemplo. A ANS é definida, em geral, como a destruição deliberada do tecido corporal sem intenção de matar-se e, muitos estudos mostram que pode aumentar o risco de tentativa de suicídio em sete vezes. Assim, é relevante a comparação de grupos homogêneos de adolescentes envolvidos em tais comportamentos separadamente, para o melhor entendimento do escopo de cada um. Ademais, estudar a associação ímplicita em relação autolesão (self-injurious implicit association task, ou SI-IAT) é importante, visto que fornece dados comportamentais objetivos sobre problemas para os quais as pessoas podem não ter consciência ou são motivadas a esconder, como o comportamento suicida e a ANS.
Frente tais necessidades, o estudo avaliou associações implícitas com corte e morte/suicídio usando o SI-IAT informatizado em três grupos mutuamente exclusivos: adolescentes que tiveram comportamento suicida, mas nunca haviam se envolvido em ANS (n = 47); adolescentes que se envolveram em ANS mas nunca tiveram comportamento suicida (n = 46); e grupo controle com adolescentes de desenvolvimento típico e sem histórico de problemas psiquiátricos (n = 43). A hipótese dos autores era que os participantes que se envolveram em ANS teriam identificação implícita forte com corte maior do aqueles que tiveram comportamento suicida, que por sua vez teriam identificação implícita mais forte com a morte e suicídio.
Para melhor caracterizar a duração da ANS, foi administrada a Entrevista de Pensamentos e Comportamentos Autolesivos (SITBI), uma entrevista estruturada que mede a presença, frequência e características de vários tipos de pensamentos e comportamentos autoagressivos. Os participantes também responderam a Escala Beck de Ideação Suicida (BSS), uma escala de autorrelato que avalia a gravidade de pensamentos suicidas atuais e comportamentos relacionados ao suícidio de um indivíduo. Além destes, também foi usado o SI-IAT computadorizado, uma tarefa baseada no desempenho partindo do pressuposto de que é mais fácil responder comportamentalmente quando dois conceitos são fortemente associados, nela os participantes são instruídos a classificar estímulos o mais rápido possível como pertencentes a categorias à esquerda e à direita da tela.
Os resultados mostraram que participantes que praticavam ANS tinham identificação mais forte com o corte do que aqueles que praticaram comportamento suicida sem ANS, porém, ao contrário da hipótese dos autores, estes participantes também tiveram identificação mais forte com o suicídio/morte. Análises secundárias
mostraram que essas alterações são moderadas pelo status social, além de serem comórbidas com transtornos como a depressão, por exemplo.
Uma das interpretações é que possivelmente ANS fornece uma estratégia de coping para evitar o comportamento suicida, visto que participantes que praticam ANS são mais prováveis de relatar que se engajam em autodano para lidar com um estado emocional do que aqueles que praticam algum comportamento suicida.
Contudo, apesar da ausência de intenção suicida, não se deve menosprezar a importância dos comportamentos de ANS, tampouco suas possíveis consequências, os achados deste trabalho em relação às atitudes implícitas comprovam sua relevância. Outros trabalhos devem focar os mecanismos pelos quais os jovens engajados em ANS elucidam essas identificações fortes, a fim de novas formas de prevenção e tratamento.

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Número de doadores de órgãos no Brasil cresceu 90% em seis anos


Postado por Laís Santos

A doação de órgãos tem sido cada vez mais incentivada. Os dados revelam o aumento no número de doações, e, portanto, a consequente diminuição do tempo de espera nas filas de transplante. Contudo, vê-se a necessidade não só de ampliar ainda mais o quantitativo de doações, mas também de conhecer quais os fatores que levam a não efetivação. Desse modo, acredita-se que ao conhecer os motivos relacionados a não doação, estratégias podem ser criadas a fim de favorecer a ampliação das doações e, concomitantemente, a criação de planos interventivos que dêem conta da parcela de doações que não são efetivadas.


O número de doadores de órgãos no Brasil cresceu 90% nos últimos seis anos. Em 2008, havia 1 350 doadores, e, em 2013, 2 562. Nesse período, o indicador nacional de doadores por milhão de habitantes passou de 5,8 para 13,4. Ao mesmo tempo, o número de pessoas na fila de espera de transplantes caiu de 64 774 para 37 736. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira pelo Ministério da Saúde.Nos primeiros seis meses deste ano, o Brasil realizou 11 400 transplantes. As cirurgias mais realizadas foram as de córnea (6 600), de órgão sólidos como coração e fígado (3 700) e de medula óssea (965). Como comparação, em 2013, 23 457 transplantes foram feitos. O Brasil é o país latino-americano com maior percentual de aceitação familiar para doação de órgãos. Das famílias brasileiras que têm um parente que morreu por morte encefálica, 56% autorizam a retirada dos órgãos. Na Argentina, essa porcentagem cai para 52,8%.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Quais são os recentes achados clínicos sobre a associação entre depressão e suicídio?

Resenhado por Brenda Fernanda


Chachamovich, E., Stefanello, S., Botega, N., Turecki, G. (2009). Quais são os recentes achados clínicos sobre a associação entre depressão e suicídio?. Revista Brasileira de Psiquiatria, 31(Suppl. 1), S18-S25.



Sabe-se que o suicídio é uma das maiores causas de mortalidade ao redor do mundo, em especial entre os jovens, já sendo considerado como questão de saúde pública. Além do extenso número de mortes por suicídio – que muitas vezes não é divulgado e fica à sombra dos homicídios, entre outros –, as tentativas de suicídio crescem cada vez mais. O suicídio é avaliado como desfecho de diversos fenômenos complexos, derivados da interação de variados fatores, como por exemplo, fatores genéticos, falta de suporte social e familiar e psicopatologias.
No presente artigo, discorre-se sobre como a associação entre o quadro clínico de depressão e comportamento suicida vem sendo apresentada. Diversos estudos parecem corroborar em variados desenhos metodológicos e em diferentes populações. Dentre os sujeitos com depressão, pode-se dizer que alguns fatores que aumentam a chance de morte por suicídio são a dependência química, ansiedade grave, crises de pânico, agitação e insônia. Além disso, dentre os mais velhos, é comum a coexistência de doenças não psiquiátricas e, dentre os mais novos, transtornos de personalidade.
Outra relação apresentada no trabalho é entre agressividade/impulsividade e o suicídio. Diversas linhas de pesquisa têm abordado esta relação causal por meio de distintas estratégias metodológicas. Pode-se dizer que comportamentos agressivos e impulsivos estão presentes não só em indivíduos com depressão, mas também em vítimas de suicídio que apresentavam outros diagnósticos, como transtorno de abuso de substâncias e transtorno de personalidade borderline. A associação entre comportamento agressivo e impulsivo parece não depender do quadro psicopatológico. Assim, impulsividade e agressividade podem ser mediadores entre depressão e suicídio. Além disso, o uso de métodos violentos de suicídio também ressalta a relação com os níveis de agressividade ao longo da vida.
Admitindo a associação entre psicopatologias e o risco de suicídio, pode-se dizer que a detecção e o tratamento adequado de pessoas acometidas por estes transtornos, principalmente a depressão, através do atendimento em serviços gerais de saúde, parece ser a forma mais efetiva de prevenir o suicídio. Assim, para que os novos achados teóricos sejam clinicamente úteis, estes deveriam possibilitar um olhar mais profundo acerca do contexto de uma pessoa suicida, bem como a adoção de estratégias específicas de tratamento e de prevenção mais eficientes.

domingo, 20 de setembro de 2015

Precisa-se de doadores!

Postado por Mariana Menezes

O número de transplantes de órgãos tem crescido no Brasil e no mundo devido aos avanços científicos, tecnológicos e organizacionais, entretanto o número de transplantes ainda é insuficiente frente à enorme demanda de pessoas que necessitam de doações. Quando o assunto é doação de órgãos, ainda há muita resistência por parte das pessoas. Geralmente, aquelas que são contra a doação têm como motivos: a falta de confiança na medicina ou no sistema de captação e distribuição de órgãos por acreditarem na existência de comércio ilegal de órgãos. Já as pessoas que são favoráveis a doação de órgãos acreditam que esta pode salvar vidas, ajudar o próximo e doar vidas. Se existisse em nosso país boa comunicação entre os profissionais e a família do doador e se a doação de órgãos fosse priorizada, o processo de doação de órgãos seria grandemente facilitado.



sábado, 19 de setembro de 2015

Doação de órgãos e tecidos: Como poderei ser doador após minha morte?

Postado por Geovanna Souza

Neste mês comemora-se o setembro verde, que se trata de uma iniciativa para conscientizar cidadãos brasileiros, em alusão ao Dia Nacional de Doação de Órgãos, comemorado em 27 de setembro. Dessa forma, o mês de setembro tem como principal intuito sensibilizar a população para a necessidade da doação de órgãos e tecidos, contribuindo para salvar vidas que necessitam desses transplantes para sobreviver. Se você ainda não sabe o que é necessário para ser um doador, entre no site da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) e conheça os requisitos. Não tem mistério! Basta comunicar à sua família sobre o desejo da doação e os médicos avaliarão, depois da morte, a possibilidade de órgãos e/ou tecidos a serem doados. 

Fonte: http://www.abto.org.br/abtov03/default.aspx?mn=477&c=918&s=0&friendly=doacao-de-orgaos-e-tecidos

De cada 8 potenciais doadores de órgãos, apenas um é notificado. Ainda assim, o Brasil é o segundo país do mundo em número de transplantes realizados por ano, sendo mais de 90% pelo sistema público de Saúde. As afirmações abaixo atestam este resultado: 1. O programa nacional de transplantes tem organização exemplar. Cada Estado tem uma Central de Notificação, Captação e distribuição de Órgãos que coordena a captação e a alocação dos órgãos, baseada na fila única, estadual ou regional. 2. Para realizar transplante é necessário credenciamento de equipe no Ministério da Saúde. A maioria destas equipes é liderada por médico com especialização no exterior, obtido graças ao investimento público na formação de profissionais em terapia de alta complexidade. 3. Hoje mais de 80% dos transplantes são realizados com sucesso, reintegrando o paciente à sociedade produtiva. Apresentamos estas orientações para que você possa colaborar com o sistema, notificando Centrais Estaduais sobre possíveis doadores.
 
Como Poderei ser Doador de Órgãos após a Morte?
Para ser doador não é necessário deixar nada por escrito, mas é fundamental comunicar à sua família o desejo da doação. A família sempre se aplica na realização deste último desejo, que só se concretiza após a autorização desta, por escrito.
 
Como Proceder com o Potencial Doador Cadáver?
Considera-se como Potencial Doador todo paciente em morte encefálica. No Brasil, o diagnóstico de morte encefálica é definido pela Resolução CFM Nº 1480/97, devendo ser registrado, em prontuário, um Termo de Declaração de Morte Encefálica, descrevendo os elementos do exame neurológico que demonstram ausência dos reflexos do tronco cerebral, bem como o relatório de um exame complementar. Para constatação do diagnóstico de Morte Encefálica é, inicialmente, necessário certificar-se de que:
1. O paciente tenha identificação e registro hospitalar;
2. A causa do coma seja conhecida e estabelecida;
3. O paciente não esteja hipotérmico (temperatura menor que 35º C);
4. O paciente não esteja usando drogas depressoras do Sistema Nervorso Central;
5. O paciente não esteja em hipotensão arterial.
Após essas certificações, o paciente deve ser submetido a dois exames neurológicos que avaliem a integridade do tronco cerebral. Estes exames são realizados por dois médicos não participantes das equipes de captação e transplante. O intervalo de tempo entre um exame e outro é definido em relação à idade do paciente (Resolução CFM 1480/97). Após o segundo exame clínico, é realizado um exame complementar que demonstre: Ausência de perfusão sanguínea cerebral; ou Ausência de atividade elétrica cerebral; ou Ausência de atividade metabólica cerebral;
 
Consentimento Familiar:
Após o diagnóstico de morte encefálica, a família deve ser consultada e orientada sobre o processo de doação de órgãos. A entrevista deve ser clara e objetiva, informando “que a pessoa está morta e que, nesta situação, os órgãos podem ser doados para transplante”. Esta conversa pode ser realizada pelo próprio médico do paciente, pelo médico da UTI ou pelos membros da equipe de captação, que prestam todas as informações que a família necessitar. Este assunto deve ser abordado em uma sala de ambiente calmo, com todas as pessoas sentadas e acomodadas.
 
Principais Causas de Morte Encefálica:
Traumatismo Crânio Encefálico; Acidente Vascular Encefálico (hemorrágico ou isquêmico); Encefalopatia Anóxica e Tumor Cerebral Primário
 
O que Fazer após o Diagnóstico de Morte Encefálica? 
Após o diagnóstico de morte encefálica, deve acontecer a notificação às Centrais de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDOs). Para isso, o médico deve telefonar para a Central do seu Estado informando nome, idade, causa da morte e hospital onde o paciente se encontra internado. Essa notificação é compulsória, independente do desejo familiar de doação ou da condição clínica do potencial doador de converter-se em doador efetivo. O óbito deve ser constatado no momento do diagnóstico de morte encefálica, com registro da data e horário do mesmo. Pacientes vítimas de morte violenta são obrigatoriamente autopsiados. Após a retirada dos órgãos, o atestado de óbito é fornecido por médicos legistas (Instituto Médico Legal). Pacientes com morte natural (Acidente Vascular ou Tumor Cerebral) recebem o atestado de óbito no hospital.
 
Principais órgão e tecidos que podem ser doados: Córneas, Coração, Pulmões, Rins, Fígado, Pâncreas, Ossos.
 
Para maiores informações acesse o site da ABTO e fique por dentro do assunto!

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Representações sobre o suicídio para mulheres com história de violência doméstica e tentativa do mesmo.

Resenhado por Laís Almeida

Correia, C. M., Gomes, N. P., Couto, T. M., Rodrigues, A. D., Erdmann, A. L., & Diniz, N. M. F. (2014). Representações sobre o suicídio para mulheres com história de violência doméstica e tentativa do mesmo. Texto & Contexto Enfermagem, 23, 118-125.

Fenômenos complexos e com múltiplos fatores costumam caracterizar a tentativa de suicídio, que é considerada uma grave questão de saúde pública. No Brasil, foram registradas mais de 25 mortes por suicídio por dia em 2009 e esse número aumenta a cada ano. Estudos anteriores apontam que perdas interpessoais, dificuldades de relacionamento e violência física, verbal e sexual constituem as principais causas para o suicídio ou sua tentativa pelo sexo feminino. Segundo o Centro Toxicológico da Bahia, as mulheres tem realizado maior número de tentativas de suicídio e os métodos mais utilizados são os medicamentos, raticidas e produtos de limpeza. Esse artigo teve como objetivo apreender a estrutura das representações sociais sobre o suicídio para mulheres com história de violência doméstica que tentaram realizá-lo.
O estudo realizado foi exploratório e descritivo, baseado na Teoria das Representações Sociais, que consiste em um conjunto organizado de informações, atitudes e crenças que um indivíduo ou grupo elabora sobre um objeto, apresentando-se como uma visão subjetiva e social da realidade. As representações são estruturadas em um sistema interno duplo, que lhe confere complementaridade: o núcleo central e o sistema periférico. Esse último protege o núcleo central e permite a fusão de diferentes informações e práticas sociais, promovendo a transformação do que era desconhecido em familiar. Participaram da amostra 30 mulheres adultas com histórico de violência doméstica e tentativa de suicídio por envenenamento atendidas pelo Núcleo de Estudo e Prevenção ao Suicídio (NEPS) em Salvador-BA. Os instrumentos utilizados foram o Teste de Associação Livre de Palavras (TALP) e entrevista.
O teste continha uma questão aberta para que fosse feita associação livre de palavras: que palavras vêm à sua cabeça quando digo a palavra suicídio? Cada sujeito falou cinco palavras, que foram organizadas seguindo uma hierarquia de importância atribuída pelos próprios sujeitos e duas foram escolhidas por melhor definirem a palavra suicídio. Através dos discursos obtidos nas entrevistas foram identificadas mensagens que pudessem ser agrupadas em categorias para serem posteriormente analisadas.
Dentre as 150 palavras ditas pelas participantes, apenas 31 eram diferentes, mostrando que a maioria das mulheres com história de violência doméstica e tentativa de suicídio possuem a mesma representação sobre suicídio. Os dados foram agrupados em três categorias: elementos do núcleo central, elementos intermediários e elementos periféricos. As palavras que tiveram as maiores frequências formam o núcleo central, que no caso desse estudo foram “depressão” e “morte”, as quais dão o significado real à representação do suicídio. É importante destacar o fato de que nas entrevistas a depressão foi o transtorno mais relacionado com o suicídio pelas participantes.
Os elementos intermediários englobam outras palavras que também tiveram alta frequência, mas que não foram suficientes para integrar o núcleo central, como “desesperança”, “medo” e “saída”. Desesperança e medo são comuns no quadro depressivo e o termo “saída” está diretamente relacionado à morte, enxergada como uma possível solução. Palavras com menores frequências, mas que foram prontamente evocadas foram: alívio, arrependimento, dor, família, mal e perdas. Esses elementos não modificam os elementos centrais e a própria representação do suicídio, sendo esse conjunto chamado de zona de contraste. A interrupção de uma dor interminável, de desligamento da consciência é vista pelo suicida como a solução perfeita para a pressão dos problemas que enfrenta na vida, dessa forma uma mente angustiada torna-se vulnerável e inicia os atos destrutivos.
Os elementos periféricos são os mais mutáveis, mostram as transformações sofridas pela representação, representados pelas palavras: desamor, doença, impotência, libertação, mudança e rejeição. Por serem mais flexíveis e apresentarem uma menor resistência a mudanças, esses elementos possibilitam modulações individuais que permitem flexibilidade na formação das representações sociais.

O estudo mostra que a representação sobre suicídio nessas mulheres origina-se em histórias de vida cheias de rejeição, violência e desamor, as quais levam a doenças, principalmente a depressão. Invadidas pelo sentimento de impotência e visualizando uma solução, elas decidem pela morte. O artigo ressalta a importância do atendimento psicoterápico que contemple um olhar diferenciado para as mulheres que vivenciaram violência e tentaram suicídio, de maneira que as ajudem a enxergar outras saídas para seus problemas. 

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Solidão e sua relação com o suicídio.

Postado por Alexsandra Macedo
Segundo a OMS (2014), mais de 800 mil pessoas se suicidam todos os anos. O suicídio é uma questão de saúde pública e possui causas multideterminadas, provocando grande impacto social, econômico e pessoal. Pesquisas têm sido realizadas no intuito de observar a relação entre o suicídio e determinadas patologias e comportamentos como a depressão, a obesidade, isolamento social, etc. A solidão pode ser um fator de risco para a saúde tanto quanto o tabagismo, podendo desencadear percepção negativa de si mesmo,  baixa autoestima, depressão, entre outras coisas. Dessa forma, ressalta-se aqui a importância dos vínculos afetivos para o bem estar físico e psicológico do individuo.


quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Flexibilidade na resolução de problemas em tentadores de suicídio.

Postado por Iracema Freitas

Keller, M., & Werlang, B.S.G. (2005). Flexibilidade na resolução de problemas em tentadores de suicídio. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, 54, 128-136.

A violência tem se manifestado de diversas maneiras na sociedade, comprometendo a qualidade de vida e a saúde dos indivíduos. Suas consequências se refletem em danos fisícos e mentais que por sua vez podem contribuir para a violência autodirigida, como o suicídio. No comportamento suicida o teor volitivo denota certa intencionalidade do indivíduo em infligir a autoviolência, que pode ser ideação suicida, ameaça suicida, gesto suicida, tentativa de suicídio e suicídio consumado. As causas para tais comportamentos são apresentadas com base em estudos que apontam para: conflitos familiares e amorosos, conflitos ocupacionais, humor depressivo, desesperança, prévio tratamento psiquiátrico e tentativas de suicídio mal sucedidas.
De acordo com estudos de Williams e Pollock (1991), existem características cognitivas semelhantes em indivíduos com comportamento suicida, como a rigidez cognitiva (mesmo que a solução não seja correta, o sujeito persiste por dificuldade em acessar memórias sobre certas informações que facilitariam a resolução do problema), pensamento dicotômico (algo é bom ou mau) e dificuldades de solucionar problemas de modo efetivo. A flexibilidade na resolução de problemas refere-se a uma habilidade cognitiva que cada um vai adquirindo ao longo da sua formação frente às situações que exigem respostas adaptativas. Essa flexibilidade pode ser reduzida quando o indivíduo  se encontra desprovido de habilidade cognitiva e emocional para enfrentar eventos problemáticos na sua vida.
Em Porto Alegre, foi realizado um estudo com pacientes que receberam atendimento após tentativa de suicídio e outros sem história de tentativa de suicídio. A amostra contou com 32 sujeitos com tentativa de suicídio (G1) pareados a 32 indivíduos sem história de tentativa de suicídio (G2). Os instrumentos utilizados foram: teste Wisconsin de classificação de cartas (WCST), teste Stroop de cores e palavras, escala de desesperança de Beck, subtestes cubos, códigos e vocabulário (WAIS-III), e Mini-international Neuropsychiatric Interview. Os resultados apontaram que o G1 foi composto, em sua maioria por mulheres (53,1%), com idade abaixo dos 30 anos (28,25), de classe social baixa (62,5%), utilizando como principal método a ingestão de medicamento (59,5%).  Porém, nas tentativas em geral, os métodos mais utilizados na tentativa de suicídio foram: a ingestão de medicamento, enforcamento, ferimento a faca,  ingestão de medicamento associado a uso de álcool, ingestão de medicamento associado a corte nos pulsos,  corte nos pulsos,  jogar-se de locais altos,  atear-se fogo e  ingerir veneno de rato.

Diante da baixa flexibilidade na resolução de problemas, a influencia de transtornos psiquiátricos, a desesperança e todas as variáveis de ordem social, os tentadores de suicídio devem ser assistidos de maneira incisiva a fim de que haja um tratamento que favoreça uma reelaboração das suas crenças. O suicídio não se resume as estatísticas, estas apenas sinalizam o quanto a autodestruição tem crescido nas ultimas décadas, trazendo consequências para familiares e para a sociedade em geral. 

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Uma pessoa morre vítima de suicídio a cada 45 minutos no Brasil.

Postado por Ariane de Brito

Segundo relatório da OMS, o Brasil é o 8º país com mais suicídios no mundo, fato que indica não somente uma alta prevalência como também a falta de campanhas de saúde pública para tratar o tema no contexto nacional. Para o professor e suicidólogo Humberto Corrêa, os principais grupos de risco de suicídio são jovens entre 15 e 30 anos e idosos acima de 65 anos. Quanto ao gênero, os homens são os que mais morrem em comparação com as mulheres, embora elas tentem se matar de três a quatro vezes mais do que eles. Além disso a maioria dos casos de suicídio está relacionado com algum transtorno mental, como a depressão.


O suicídio está sempre associado a uma doença mental, acompanhado de um fator estressor do momento que pode funcionar como gatilho”, esclarece o médico, citando como prováveis desencadeadores a morte de familiares, perda de emprego e desilusões amorosas”.



No Brasil, duas pessoas tentam se matar a cada 45 minutos e, no mesmo intervalo de tempo, uma delas consegue levar a cabo a própria vida. Quem já tentou alguma vez o suicídio terá 50% de chance de, em algum momento na vida, voltar a praticar esse ato de extrema fragilidade da alma humana, alerta Humberto Corrêa, de 45 anos, suicidólogo pós-doutorado por universidade na França e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com base nos últimos dados divulgados pelo Datasus, em 2012. Quem tenta suicídio pede ajuda, ao contrário do que diz o mito, portanto. O tema, cercado de tabus, será amplamente discutido entre 11 e 13 de junho em Belo Horizonte, durante o 1º Simpósio Latino-americano de Prevenção ao Suicídio.
De maneira empírica, as tentativas frustradas de suicídio chegam 24 horas por dia aos voluntários do Centro de Valorização da Vida (CVV). “A melhor maneira de prevenir o suicídio é desabafar. Muitas vezes, as pessoas ligam para dizer que se sentem sozinhas e solitárias e acabam contando que estão com vontade de morrer. Em geral, as pessoas do entorno não entendem essa dor e tratam o sofrimento delas como algo banal. Desconversam, dizem pra deixar para lá ou só que vai passar”, diz a pedagoga Klênia Batista, uma das integrantes da equipe de 45 voluntários do CVV. O serviço de atendimento e ajuda gratuita por telefone vai completar 50 anos durante a realização do encontro em BH.
Entre os relatos compartilhados com discrição por voluntários do CVV, de conteúdo altamente sigiloso, estão casos de pessoas que teclaram o 141 dizendo estar com insuficiência hepática por já terem ingerido chumbinho; que passaram a ter problemas gástricos devido à ingestão de uma superdose de medicamentos ou que estão obrigadas a usar roupas de mangas compridas para esconder cicatrizes de cortes nos pulsos.
HOMENS X MULHERES
Segundo Humberto Corrêa, os principais grupos de risco de suicídio são jovens entre 15 e 30 anos e idosos acima de 65, sendo que os homens morrem de três a quatro vezes mais do que as mulheres, embora elas tentem se matar de três a quatro vezes mais do que eles. “Ainda não se sabe exatamente o porquê, mas os dados epidemiológicos mostram que eles usam métodos mais violentos, como armas de fogo ou pular de algum lugar. Já as mulheres, em geral, optam pela ingestão de substâncias, como remédios controlados em excesso”, completa.
Uma das descobertas mais importantes da medicina dá conta de que é possível prevenir o suicídio em 90% das vezes, até porque a totalidade dos casos tem origem em transtornos psiquiátricos, especialmente a depressão, que não foram corretamente diagnosticados e tratados. “O suicídio está sempre associado a uma doença mental, acompanhado de um fator estressor do momento que pode funcionar como gatilho”, esclarece o médico, citando como prováveis desencadeadores a morte de familiares, perda de emprego e desilusões amorosas. Segundo ele, se o paciente depressivo que tentar suicídio recusar o tratamento, insistindo em se matar aos poucos, poderá ser tomada medida extrema de internação involuntária, desde que seja feita a comunicação em 24 horas ao Ministério Público.
DEBAIXO DO TAPETE
“Quando um assunto é tabu, não o discutimos abertamente, não estudamos, não pesquisamos. Jogamos para debaixo do tapete. Não existem campanhas de saúde pública para tratar o tema”, denunciou Humberto Corrêa, em artigo. Vice-presidente da Associação Latino-americana de Suicidologia, o médico observa que o Brasil publicou, em 2006, sua estratégia nacional de prevenção ao suicídio, mas, “ao contrário de outros países, ainda não a tirou do papel”. Na Inglaterra, o diagnóstico e tratamento rápido dos indícios de casos proporcionou redução dramática dos índices.
“Há momentos na vida em que muitos de nós perdemos a coragem de seguir em frente. Essa situação é mais frequente do que se imagina. Em casos extremos, o desânimo, a melancolia ou a depressão podem precipitar a ideia do suicídio, problema de saúde pública no Brasil e no mundo. O silêncio em torno do assunto agrava a situação. Falar de suicídio, portanto, pode salvar vidas”, é o que escreve André Trigueiro, autor do livro Viver é a melhor opção – A prevenção do suicídio no Brasil e no mundo, com previsão de lançamento em BH em 12 de junho. 
SERVIÇO:
Simpósio Latino-americano de Prevenção ao Suicídio
Quando: de 11 a 13 de junho
Local: AssociaçãoMédica de Minas Gerais (Avenida João Pinheiro, 161 – BH)
Informações e inscrições: www.simposiosuicidio2015.com.br

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Perfil do Portador de Comportamento Suicida Atendido em Hospital Universitário.

Resenhado por Mariana Menezes

Bento, A. C. B.; Mazzaia, M. C., & Marcolan, J. F. (2015). Perfil do portador de comportamento suicida em hospital universitário. Revista de enfermagem UFPE online, 9, 9188-9196. doi: 10.5205/reuol.7874-68950-4-SM.0909201505

O suicídio é um sério problema de saúde pública e está entre as dez principais causas de morte no mundo. As taxas mundiais de suicídio aumentaram em 60% nos últimos 50 anos e se estima que as tentativas de suicídio sejam 10 a 20 vezes mais frequentes do que as taxas de suicídio efetivado, sendo que a maioria ocorre entre indivíduos jovens, com idade inferior a 35 anos. Sabe-se também que os homens apresentam taxa de morte por suicídio três vezes maior que as mulheres, porém as mulheres tentam se matar de 3 a 4 vezes mais que os homens.
Embora os fatores de risco para o comportamento suicida variem de região para região, a presença de transtornos mentais e de doenças físicas, principalmente crônicas, quando são responsáveis por importantes limitações na vida dos sujeitos têm sido encontrados como fatores de risco para o suicídio em vários países. Indivíduos solteiros, viúvos e divorciados são os que apresentam maior risco para o suicídio. O desemprego ou perda do emprego, bem como fatores estressores da vida cotidiana (perdas afetivas e econômicas, problemas de relacionamento etc.) ocorridos principalmente nos últimos três meses prévios ao ato suicida, também estão associados ao risco para o mesmo.
Os dados que o Brasil dispõe sobre o suicídio são obscuros e insuficientes para que se chegue a conclusões confiáveis. Tais dados podem não demonstrar de maneira fidedigna a realidade devido a problemas no acompanhamento dos casos e de diagnóstico. Além disso, no Brasil há pouco investimento nessa área para estudos e intervenções, treinamento de profissionais de saúde e desenvolvimento de programas nacionais para prevenção.
Assim, o estudo em questão teve o objetivo de verificar o perfil de pessoas atendidas entre 2007 e 2008 no pronto socorro e unidade de internação de hospital universitário da cidade de São Paulo com o diagnóstico de tentativa de suicídio a fim de contribuir para o planejamento de ações na área de suicídio.
Após a análise de 122 pacientes atendidos no hospital universitário, os resultados mostraram que a prevalência de tentativas de suicídio é um pouco maior nas mulheres com 50,8% e nos jovens entre 10 a 35 anos; que o período noturno é o preferido para tentar suicídio; que 16,4% das mulheres e 13,9% dos homens já tinham tentado se suicidar outras vezes; que 7,4% mulheres e 18,9% dos homens abusavam de drogas; 23,0% das mulheres e 27,9% dos homens tinham algum transtorno mental; 13,1% das mulheres e 14,8% homens tinha submetido a tratamento farmacológico prévio; os métodos mais utilizados por mulheres e homens, foram respectivamente: ingestão de medicamentos (28,7% e 14,8%), corte dos pulsos/automutilação (6,6% e 7,4%), se atirar de lugar alto (4,1% e 7,4%) e envenenamento (4,9% e 4,1%). As tentativas de suicídio se mostraram mais frequentes entre jovens (83,6%), mulheres com problemas no relacionamento amoroso (12,3%) / relações familiares (13,1%), homens por relações familiares (4,1%) e desemprego/problemas financeiros (4,9%).
Os transtornos mentais se mostraram associados com mais de 90% dos casos de suicídio e há evidências de que portadores de transtorno mental apresentam quatro vezes mais chances de ideação suicida quando comparados àqueles que não têm transtorno mental.
Uma das explicações para a associação entre suicídio e o abuso de drogas é a de que o abuso deixa o indivíduo mais vulnerável, causando desestruturação mental e encorajando-o a cometer tal ato contra a própria vida.
A pesquisa também encontrou que os meses de novembro e dezembro são os preferidos das mulheres para cometer suicídio, coincidindo com o clima de preparativos para as festas de final de ano, em que se evidencia a importância da família. Já os homens geralmente apresentam comportamento suicida durante o primeiro semestre, principalmente depois do Carnaval, o que pode estar associado ao insucesso em conseguir emprego.

Os resultados do estudo apontam para a necessidade de desenvolvimento de programas que visem à prevenção e vigilância ao suicídio, bem como à identificação precoce de fatores de risco com a finalidade de estabelecer estratégias para diminuir as dimensões deste problema, uma vez que o país carece de tais programas. Além disso, a limitação para a obtenção dos dados é grande devido à falta de informação pelo preenchimento incorreto e falho das fichas de atendimento. Outro problema identificado foi a falha na condução dos que tentaram suicídio, pois ao invés de serem encaminhados para avaliação psiquiátrica com possibilidade de internação, receberam alta e poucos foram orientados a procurar o Centro de Atendimento Psicossocial (CAPS). Tais fatos revelam o desconhecimento e a falta de qualificação dos profissionais da saúde para atender esses pacientes de maneira adequada. Faz-se necessário que a populações e os profissionais da saúde sejam educados e que os conhecimentos em torno do suicídio sejam divulgados para que a desinformação e os tabus sobre o tema sejam quebrados. 

domingo, 13 de setembro de 2015

Suicídio

Postado por Lucila Moraes

O suicídio é entendido atualmente como um transtorno psicossocial de causas múltiplas (como interação de fatores biológicos, fatores psíquicos, eventos traumáticos, abuso de drogas e álcool) no qual o sujeito acredita que a única solução viável para seus problemas é tirar a própria vida. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2002) o suicido está em primeiro lugar dentre as causas de morte por atos violentos, além dos números de casos ter crescido mais de 60% nos últimos 45 anos. Portanto, é preciso estar atento aos comportamentos suicidas manifestados (como o desejo de morte, presença de transtornos mentais, tentativas prévias de se matar) e procurar a ajuda de um profissional da saúde o quanto antes, para que a morte não seja vista como única saída para os problemas. 


sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Crenças que influenciam adolescentes na doação de órgãos.

Resenhado por Geovanna Souza

Moraes, M. W., Gallani, M. C. B. J., & Meneghin, P. (2006). Crenças que influenciam adolescentes na doação de órgãos. Revista da Escola de Enfermagem da USP, 40, 484-92.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que o termo ‘órgão humano’ se refere a órgãos e tecidos, com exceção de tecidos reprodutivos, tais como ovários, óvulos, espermas, testículos, embriões, sangue e seus constituintes. Como cita os autores em seu texto, hoje, são realizados transplantes de diversos órgãos como coração, fígado, pulmão, pâncreas, rins, córneas, pele, entre outros. Embora a temática do transplante e doação de órgãos humanos sejam bastante divulgadas nas mídias, ainda são temas polêmicos que geram discussões em várias comunidades.
No Brasil, o interesse pela doação é realizado em vida pelo próprio doador ou após sua morte, por seus familiares. Na maioria das vezes o desconhecimento das resoluções e legislações existentes contribuem para a não doação, prolongando o sofrimento de pacientes que dependem da doação de órgãos para continuar vivendo. Segundo Moraes, Gallani e Meneghin (2006), tanto a estrutura educacional e religiosa, como a ignorância que ainda existe a respeito do tema contribuiu para a elaboraração deste estudo.
Entender e explicar o comportamento humano não é uma tarefa fácil. Partindo desse ponto, surgiram várias teorias dentro da Psicologia Social com o intuito de tentar explicar os aspectos que levam as pessoas a se comportar de determinada maneira. Uma dessas teorias é a Teoria da Ação Racional (TAR), que tem tem como objetivo predizer e compreender o comportamento do indivíduo. Essa teoria parte do pressuposto que o ser humano é racional e faz uso sistemático das informações disponíveis, para então formar a intenção comportamental.
Para a TAR, a intenção é função de dois determinantes básicos: a atitude (influência pessoal) e as normas subjetivas (influência social). Porém, para explicar o comportamento é também necessário o reconhecimento das crenças salientes em relação à ação investigada. Dessa forma, conhecer as crenças que cercam adolescentes a respeito da doação de órgãos é de fundamental importância, visto que essa fase do desenvolvimento é uma fase de influências e decisões. A partir disso, este estudo teve como objetivo avaliar o conhecimento sobre transplante e doação de órgãos, além de identificar as crenças salientes, pessoais e normativas, em relação ao transplante e doação de órgãos.
Para atingir aos objetivos do trabalho, foram coletados dados de 94 alunos de ambos os sexos, entre 16 e 18 anos, que cursavam o ensino médio em escolas públicas. Tratou-se de um estudo do tipo descritivo e seu instrumento baseou-se na TAR, constituído por questões sociodemográficas, conhecimentos específicos sobre doação de órgãos e transplantes, além de mensuração de crenças salientes. Os participantes do estudo foram, em sua maioria, do sexo feminino (68,1%), com idades entre 16 e 18 anos (73,4%), brancos (63,8%), católicos (66,0%). Mais da metade da amostra (74,5%) afirmou se atualizar a respeito das temáticas da doação e do transplante através da televisão e 52,1% afirmaram que permitiriam o carimbo de doador.  
De acordo com a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos, a maior causa para não se efetivar uma doação ainda é a recusa familiar, seguida da contra-indicação médica. Assim, ressalta-se a importância de comunicar aos familiares e pessoas próximas o interesse em ser doador.  Anualmente, no Brasil a taxa de doadores é de 3,7 por milhão de habitantes. Esse número ainda é considerado pouco perto da taxa de pessoas que compõem a lista de espera por doações de órgãos.
Quando os adolescentes foram questionados se deveriam ou não ser doadores de órgãos, segundo a opinião de pessoas significativas para eles, 53,2% responderam que não deveriam. Estes dados caracterizam uma norma social com grande peso negativo sobre a formação da opinião dos adolescentes. Os autores ressaltam ainda que foram identificadas oito crenças positivas em relação à doação de órgãos, demonstrando intenção positiva dos adolescentes quanto ao ato de doar órgãos e cinco crenças negativas menos favoráveis à doação de órgãos. Tais dados evidenciam que as crenças populares são decorrentes do preconceito pelo não conhecimento dos fatores que cercam a doação e o transplante, evidenciando o desconhecimento acerca dos procedimentos que envolvem todo o processo. Assim, notou-se que apenas a educação não é suficiente para solucionar estes problemas, sendo necessário o estabelecimento de técnicas cognitivas e comportamentais capazes de amenizar o temor dos doadores.
A presente pesquisa revelou que o instrumento utilizado permitiu atingir os objetivos estabelecidos, esclarecendo algumas crenças que cercam os processos de doação e transplantes de órgãos. Embora a pesquisa não possa ser generalizada a todos os públicos, sexos e faixas etárias, ela se fez importante no conhecimento das crenças afetivas, pessoais e sociais que permeiam tais questões. Com isso, ressalta-se a necessidade de realizar mais pesquisas na área, que tenham como produto final o desenvolvimento de ações que contribuam na explicação e minimização de comportamentos menos favoráveis à temática. 

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Doação de órgãos

Postado por Laís Santos


A doação de órgãos é uma prática que vem se consolidando e se aperfeiçoando ao longo dos anos. No entanto, apesar dos avanços, há ainda um grande contingente de doações que não são efetivadas. Sabe-se que a doação de órgãos após a morte é o tipo de doação mais vantajosa, pois se pode aproveitar um maior número de órgãos e tecidos. Estudos apontam que a negativa familiar, no caso de doação após a morte, é um dos fatores que mais influencia a não efetivação do transplante. Os profissionais da saúde tem buscado estratégias eficazes que tentam diminuir a espera pelo transplante. À psicologia cabe o papel de também auxiliar nessa busca, ajudando no rastreio das atitudes preditoras a doação de órgãos, bem como na disseminação da importância de tal comportamento de saúde.


quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Morre-se mais por suicídio do que nas estradas.

Postado por Iracema Freitas

Em Portugal, há uma média de três suicídios por dia. Só em 2014, o Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses registou 1074 casos de suicídio contra 480 mortes em acidentes. Em situações em que há baixa resolutividade para os conflitos e problemas que surgem, o suicídio pode ser considerado como uma maneira cogitável de eliminar o próprio sofrimento por parte do indivíduo. Porém, dar fim a própria vida desencadeia danos emocionais a toda rede de relacionamento que possa ser afetada por tal ato.



Em 2014, o Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses registou 1074 casos de suicídio, contra 480 mortes em acidentes. Na leitura de João Pinheiro, vice-presidente do Instituto, o número das mortes autoinfligidas nos últimos anos "tem sido constante", mesmo quando o ângulo de análise estabelece a relação com o total de autópsias. Em 2014, os suicídios corresponderam a 39% do volume global de diagnóstico de mortes ali realizado (5998). Em 2013, equivaliam a 38% do total de autópsias (6220). Nos anos anteriores, andaram entre os 34% e os 38%.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

O suicídio no contexto psiquiátrico.

Resenhado por Alexsandra Macedo

Teng, C., T., & Pampanelli, M. B. (2015). O suicídio no contexto psiquiátrico. Revista Brasileira de Psicologia, 02(01).

           O presente artigo descreve o comportamento suicida a partir da visão da psiquiatria, relatando que em mais de 90% dos casos de suicídio, é possível detectar no individuo algum diagnóstico psiquiátrico implícito. No campo da saúde mental a terapêutica parte do princípio de proporcionar uma vida funcional e com comportamentos mais adaptativos e não no aspecto direto de luta contra a morte; o que torna o suicídio um enlace perturbador na atividade psiquiátrica.
Estudos anteriores observaram o impacto econômico causado pelo suicídio,  que é responsável por 49% das mortes por causas externas e representa a 4ª maior causa de morte na faixa etária de 10 e 24 anos. Nos homens as tentativas são mais letais e nas mulheres, mais frequentes. Verificou-se que as tentativas de suicídio geram alto custo hospitalar e que são de 10 a 40 vezes maior que o número de suicídios.
Traços de agressividade, impulsividade e raiva são tidos como importantes fatores de risco crônico de suicídio. Indivíduos com doenças clínicas como síndromes dolorosas crônicas, epilepsia, lesões neurológicas centrais, HIV e alguns tipos de câncer apresentam maior frequência de comportamento suicida. Ressalta-se, também, o impacto do contexto cultural, social e econômico do suicídio, percebido na heterogeneidade e nas múltiplas variáveis envolvidas neste comportamento. A depressão é uma das patologias mais associadas ao suicídio.
As evidências bioquímicas do suicídio não são completamente compreendidas.  Sabe-se que existe uma importante relação com os neurotransmissores serotonina, noradrenalina e dopamina, assim como fatores genéticos relacionados aos marcadores de serotonina. Constatando-se a alta porcentagem de uma morbidade psiquiátrica nos casos de suicídio, verificou-se o impacto do tratamento medicamentoso na diminuição de risco deste comportamento, já que a maioria dos pacientes que o cometeram não estava sob o tratamento adequado de sua doença. Acredita-se que o tratamento dos sintomas depressivos através de antidepressivos diminua o risco de suicídio.
O suicídio é uma questão de saúde pública, tanto pela alta prevalência de doenças psiquiátricas, como pelo fato de onerarem o sistema de saúde, especialmente devido a suas consequências. Nessa perspectiva, a OMS e alguns países desenvolveram estratégias preventivas para melhor abordarem esses pacientes, englobando ações de caráter individual como o tratamento de pacientes psiquiátricos, e ações de caráter público Como o controle de posse de armas de fogo, controle de disponibilidade de substâncias tóxicas e reportagens cuidadosas na imprensa. 

domingo, 6 de setembro de 2015

Antecedentes do suicídio


Postado por Luana Santos


O suicídio é um problema de saúde pública peculiar. Os esforços frente a esse problema podem se voltar a sua compreensão e prevenção, e não apenas a intervenção após a tentativa malsucedida. Para tanto, é de suma importância entender o que antecede (problemas pessoais e sociais, transtornos, eventos estressores crônicos, dentre outros), entendendo-o como resultado de um processo temporal complexo, diante do qual é necessário concentrar esforços multidisciplinares para que se possa abordá-lo da forma mais eficaz possível. 


quinta-feira, 3 de setembro de 2015

A relação entre a depressão e o suicídio

Postado por Brenda Fernanda

É sabido que o suicídio é uma das maiores causas de mortalidade ao redor do mundo, principalmente entre os jovens. Pode-se dizer que o suicídio é visto como o desfecho de uma série de elementos complexos, advindos da interação de múltiplos fatores, tanto psicológicos quanto fisiológicos. Desse modo, estudos têm sido feitos com o intuito de examinar a relação existente entre psicopatologias e o suicídio. Dentre os diagnósticos psiquiátricos ligados ao suicídio, a depressão é o que mais se destaca. Assim, torna-se necessário, principalmente para o campo da Psicologia, o trabalho de prevenção, de modo a detectar e tratar casos de depressão em serviços gerais de saúde, diminuindo o risco de suicídio.