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quinta-feira, 29 de outubro de 2015

O “Ursinho Elo” no internamento de crianças com câncer.

Postado por Catiele Reis


As hospitalizações decorrentes do tratamento do câncer infantil provocam o distanciamento da criança tanto do ambiente familiar quanto da escola e dos amigos. O ursinho Elo mostrado no vídeo faz uma aproximação das crianças hospitalizadas com esses ambientes evitando possíveis repercussões negativas no processo de socialização.

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Health-related quality of life in preschool children with Type 1 diabetes


Postado por Ariane de Brito



A relação entre saúde e qualidade de vida em crianças pré-escolares com diabetes tipo 1 foi investigada no presente artigo em comparação com crianças sem a doença. Sabe-se que a qualidade de vida em relação a saúde deve ser monitorada como parte do resultado do tratamento de crianças com diabetes tipo 1 e por esse motivo procurou-se descrever essa relação com os aspectos de tratamento com insulina e o controle glicêmico das crianças.
Participaram do estudo 24 crianças diabéticas tipo 1, sendo 12 meninas e com idade média de 4,5 anos, e 27 crianças sem a doença, entre as quais 14 serão meninas e com média de idade de 4,6 anos. Os critérios de inclusão foram: ter idade superior a 7 anos, ter diabetes há no mínimo 3 meses e ser paciente da clínica de diabetes pediátrica de Gotemburgo. Os pais das crianças autorizaram previamente a participação delas na pesquisa, e estas foram informadas sobre o estudo verbalmente.
Sobre os instrumentos foi utilizado o Pediatric Quality of Life Inventory 4.0 Generic Core Scales, instrumento que avalia a qualidade de vida relacionada a saúde e validado numa amostra de crianças suecas. As crianças diabéticas ainda responderam o Pediatric Quality of Life Inventory 3.0 Type 1 Diabetes Module Scales. Ambos os questionários são indicados para crianças com idades entre 2 e 18 anos (grupos etários: 2-4, 5-7, 8-12 e 13-18 anos), mas, para crianças de 2 a 4 anos, apenas relatos dos pais são incluídos.
Além disso foram medidos os níveis de hemoglobina glicada (HbA1c) utilizando o DCA Vantage (Siemens Healthcare Diagnostics Inc., Tarrytown, NY, USA), a altura e o peso das crianças, as memórias do glicosímetro enviados em intervalos e os dados sociodemográficos dos pais e da criança. Para análise de dados foram realizados os testes estatísticos ANOVA e Qui-quadrado através do programa estatístico SPSS v.19. O nível de significância adotado em todas as análises foi de p <0,05.
Quanto aos resultados, observou-se que crianças diabéticas com idade menor que 7 anos apresentaram menores índices de qualidade de vida relacionada a saúde quando avaliada pelos pais em comparação com a avaliação feita pelos pais das crianças do grupo controle. A diferença foi ainda maior em crianças menores de 5 anos. Entre os pais de crianças com diabetes tipo 1, 22,0% avaliaram a qualidade de vida do filho no nível de preocupação.
Houve correlação entre a qualidade de saúde específica para diabetes e de vida, tanto com a autoavaliação por parte da criança (r = 0,75, p = 0,01; n = 10) e, com a avaliação feita pelo pai (r = 0,77, p = 0,0004, n = 23), confirmando a validade convergente do instrumento. As crianças diabéticas tipo 1 apresentaram significativamente menor qualidade de vida relacionada à saúde do que as crianças sem a doença, tendo ocorrido o mesmo resultado entre as avaliações dos pais de ambos os grupos. Mesmo com a estratificação do grupo por faixa etária (< 5 anos e ≥ 5 anos), o resultado permaneceu estatisticamente significativo.
Não foram observadas correlações significativas entre os aspectos de tratamento (modo de administração de insulina, número de valores de glicose no plasma, HbA1c, hiperglicemia, hipoglicemia, variabilidade glicêmica ou IMC) com a qualidade de vida relacionada a saúde. Também não houve diferenças entre qualidade de vida e escolaridade dos pais, condição de migrante ou coabitação dos pais, entre as crianças diabéticas.

De modo geral, os dados sugerem que a qualidade de vida relacionada com a saúde atual das crianças muito mais jovens (< 5 anos) com diabetes merece atenção, especialmente de como a percepção dos pais pode afetar a adaptação da criança à condição e a vida cotidiana. Apesar do estudo ter sido realizado uma amostra considerada pequena, o grupo controle utilizado foi muito semelhante em idade e em distribuição por sexo com o grupo de estudo. Novos e maiores estudos são necessários para a investigação de possíveis correlações entre fatores socioeconômicos e fatores relacionados ao tratamento e qualidade de saúde de vida em crianças com diabetes tipo 1.

domingo, 25 de outubro de 2015

Depressão na infância.

Postado por Marcelle Mota


Neste tema ainda existe algumas controvérsias. Uns acreditam que os sintomas são parecidos com os sintomas adultos e outros não. Segundo o DSM-IV, a depressão na infância existe e é parecida com os sintomas adultos. Os mais comuns são: humor deprimido na maior parte do dia, falta de interesse nas atividades diárias, alteração de sono e apetite, falta de energia, alteração na atividade motora, sentimento de inutilidade, dificuldade para se concentrar, pensamentos ou tentativas de suicídio. É válido ressaltar que um fator importante na prevenção de psicopatologias, tais como a depressão na infância, é com uma relação saudável entre a criança e seus pais.


sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Why do young children die in the UK? Comparison with Sweden.

Resenhado por Beatriz Ramalho

Tambe, P., et al. (2015). Why do young children die in the UK? A comparison with Sweden. Arch Dis Child. 2015 Oct;100. doi: 10.1136/archdischild-2014-308059


Os índices de mortalidade infantil do Reino Unido são maiores que os de muitos países europeus, diante disso foi feito um estudo com o objetivo de comparar as taxas de mortalidade para diferentes doenças entre o Reino Unido e outra nação europeia. Por possuir um dos menores índices de mortalidade a Suécia foi escolhida para essa comparação. Além disso, ambos os países possuem sistema público de saúde e desenvolvimento econômico e social semelhantes. O foco da análise é entender do que as crianças estão morrendo no Reino Unido a partir da observação das causas de óbito dos dois países, com interesse maior nas causas que possuem tratamentos disponíveis e eficazes.  
Os dados referentes às causas de mortalidade de crianças menores que 5 anos de idade foram obtidas na Inglaterra, País de Gales, Escócia, Irlanda do Norte e Suécia entre os anos de 2006 e 2008. A classificação das doenças de acordo com o CID apresentam duas limitações: grande proporção de óbitos de crianças são classificados como sintomas, sinais, achados clínicos e laboratoriais mal definidos e não especificados e a maioria das infecções são classificadas junto com o sistema relacionado, por exemplo, uma infecção respiratória é classificada como uma doença respiratória. Devido a isso, a partir da classificação do CID foram atribuídas causas de mortalidade clinicamente mais úteis para que se fossem feitas as análises do estudo.
Houve um total de mortes de crianças menores de 5 anos de 14104 e 1036 no Reino Unido e na Suécia, respectivamente, entre os anos de 2006 e 2008. A maioria dos óbitos ocorreu no período neonatal tanto no Reino Unido (63%) quanto na Suécia (55%). Os índices de mortalidade de neonatos, de crianças entre 28 dias e 4 anos e de crianças entre 4 e 5 anos são significativamente maiores no Reino Unido. As limitações da classificação de doenças pelo CID podem ser exemplificadas pelo fato de que a terceira maior causa de morte nos dois países sintomas, sinais, achados clínicos e laboratoriais mal definidos e não especificados. A primeira e segunda maior causa, de acordo com o CID, são afecções originadas no período neonatal e malformações congênitas. 
De acordo com a classificação mais utilizada clinicamente, as principais causas de morte no Reino Unido são: prematuridade, má formações congênitas e infecções. Já na Suécia elas consistem em má formação congênita, distúrbios na gestação e infecções. As taxas de mortalidade, de uma fora geral, foram mais elevadas no Reino Unido para a maioria das doenças. As mortes por prematuridade no Reino Unido não estão relacionadas à qualidade dos cuidados intensivos neonatais, mas é reflexo de condições socioeconômicas adversas. Tais condições também são determinantes nos óbitos por má formação congênita. Em relação às infecções, o que chama atenção é que mesmo os dois países possuindo sistema de saúde pública, no Reino Unido um número maior de crianças não recebe tratamento oportuno para infecções potencialmente fatais.
As principais pesquisas em relação à do Reino Unido estão focadas em aprimorar novas tecnologias e investir em novos medicamentos. No entanto, os resultados desse estudo mostram que seria mais apropriado investir em medidas que possam reduzir a mortalidade infantil, como, por exemplo, descobrir porque as crianças não recebem o tratamento existente em tempo hábil. Outro fator importante é ressaltar as diferenças entre a mortalidade nos dois países e uma das medidas essenciais para reduzir essa discrepância é reduzir as desigualdades socioeconômicas no Reino Unido.

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade.

Postado por Laís Almeida


O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurocomportamental, derivado de múltiplos fatores, cuja característica principal é um padrão persistente de desatenção e ou hiperatividade/impulsividade, que costuma trazer prejuízos emocionais, sociais e funcionais. É comum na população de crianças em idade escolar, por seus sintomas serem mais evidentes na escola e muitas vezes gerarem dificuldades de aprendizagem. É importante que ele seja corretamente diagnosticado de forma que comportamentos normais de uma criança não sejam patologizados e que não haja medicalização desnecessária e irresponsável.


Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=g7Us-PKt2t4

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Aspectos clínicos da depressão em crianças e adolescentes.

Resenhado por Brenda Fernanda

Bahls, S. C. (2002). Aspectos clínicos da depressão em crianças e adolescentes. Jornal de Pediatria, 78, 359-366.

Os transtornos depressivos constituem um grupo de patologias com alta e crescente prevalência na população geral. No entanto, anteriormente, acreditava-se que a depressão era um fenômeno que acometia apenas adultos. Deste modo, pode-se dizer que o interesse científico pela depressão em crianças e adolescentes é recente, datando aproximadamente da década de 70. Estudos apontam que os sintomas básicos de um episódio depressivo são os mesmos em crianças, adolescentes e adultos; porém, os pesquisadores destacam a importância do processo de maturação na apresentação sintomatológica da depressão, isto é, em cada fase do desenvolvimento apresentam-se características predominantes a cada faixa etária.
         O presente trabalho menciona que o Instituto Nacional de Saúde Mental dos EUA (NIMH) reconheceu oficialmente a existência da depressão em crianças e adolescentes a partir de 1975 e, desde então, as pesquisas sobre depressão nestes períodos da vida têm atraído um interesse crescente por parte da comunidade científica.
          Várias pesquisas têm chamado a atenção para o fato de a depressão em crianças e adolescentes estar mais frequente e acontecer cada vez mais cedo. No estudo Los Angeles Epidemiologic Catchment Area Project, de acordo com Olsson e von Knorring (1999), 25% dos adultos com depressão relataram o primeiro episódio da doença ocorrendo antes dos dezoito anos de idade.
O autor relata a que a depressão maior na infância e na adolescência apresenta natureza duradoura e pervasiva, afetando múltiplas funções e causando significativos danos psicossociais.
Como quadro clínico, pode-se dizer que em crianças pré-escolares (idade até seis/sete anos), a manifestação mais comum são os sintomas físicos, tais como dores (em especial de cabeça e abdominais), fadiga e tontura. Goodyer (1996) cita que aproximadamente 70% dos casos de depressão maior em crianças apresentam queixas físicas. As queixas de sintomas físicos são seguidas por ansiedade, fobias, agitação psicomotora ou hiperatividade, irritabilidade, alterações do apetite e do sono. Ainda que a maioria dos autores afirme que ideação ou tentativas de suicídio neste período são raras, Shafii e Shafii (1982) destacam que o comportamento autodestrutivo na forma de bater a cabeça severa e repetidamente, morder-se, engolir objetos perigosos e a propensão a acidentes pode ser um equivalente suicida em crianças que não verbalizam emoções. No que diz respeito às famílias, estudos norte-americanos realizados com crianças pré-escolares com depressão encontraram com frequência pais também depressivos e envolvidos em graves problemas sociais (Versiani, Reis, & Figueira, 2000).
            Em crianças escolares (entre seis/sete anos até doze anos), o humor depressivo já pode ser verbalizado e é comumente relatado como tristeza, irritabilidade ou tédio. Apresentam aparência triste, choro fácil, apatia, fadiga, isolamento, declínio ou desempenho escolar fraco, podendo chegar à recusa escolar, ansiedade de separação, fobias e desejo de morrer. Também podem relatar concentração fraca, queixas somáticas, perda de peso, insônia, entre outros.
            A manifestação da depressão em adolescentes (a partir dos doze anos) costuma apresentar sintomas semelhantes aos dos adultos, mas com importantes características fenomenológicas que são típicas do transtorno depressivo nesta fase da vida. Adolescentes deprimidos não estão sempre tristes; apresentam-se principalmente irritáveis e instáveis, podendo ocorrer crises de explosão e raiva em seu comportamento. Segundo Kazdin e Marciano (1998), mais de 80% dos jovens deprimidos apresentam humor irritado e perda de energia, apatia e desinteresse, retardo psicomotor, sentimentos de desesperança e culpa, perturbações do sono (principalmente hipersonia), alterações de apetite e peso, isolamento e dificuldade de concentração. Outras características próprias desta fase são o prejuízo no desempenho escolar, a baixa autoestima, as ideias e tentativas de suicídio e graves problemas de comportamento, especialmente o uso abusivo de álcool e drogas. Alguns autores chamam a atenção para a diferença dos sintomas entre adolescentes do sexo feminino e masculino, destacando que garotas relatam mais sintomas subjetivos, como sentimentos de tristeza, vazio, tédio, raiva e ansiedade,  além de costumarem ter, também, mais preocupação com popularidade, menos satisfação com a aparência e menos autoestima, enquanto que os garotos relatam mais sentimentos de desprezo, desafio e desdém, e demonstram problemas de conduta como: falta às aulas, fugas de casa, violência física, roubos e abuso de substâncias.
Dessa forma, pode-se dizer que atualmente a depressão em crianças e adolescentes é considerada comum, debilitante e recorrente, envolvendo alto grau de morbidade e mortalidade, sendo considerada sério problema de saúde pública. O autor destaca que o transtorno depressivo tem apresentação heterogênea já desde a infância, requerendo cuidadosa avaliação diagnóstica dos profissionais envolvidos com crianças e adolescentes. Seja em relação à sintomatologia ou em relação à evolução, a existência de patologias psiquiátricas comórbidas traz especial complicação no estudo das depressões infanto-juvenis, sendo que a coexistência de múltiplos diagnósticos é mais a regra do que a exceção. Especialmente nestes períodos é necessário considerar a importância da utilização de várias fontes de informações (pais, professores e amigos) ao se estabelecer uma investigação clínica.


segunda-feira, 19 de outubro de 2015

O sintoma da criança e a dinâmica familiar: orientação de pais na psicoterapia infantil.

Resenhado por Laís Santos

Sei, M. B., Souza, C. G. P., & Arruda, S. L. S. (2008). O sintoma da criança e a dinâmica familiar: Orientação de pais na psicoterapia infantil. Vínculo – Revista do NESME, 2, 101-219.

No início de seu desenvolvimento, o ser humano se apresenta de forma muito frágil e dependente de seu meio, pois entre outras coisas, ainda é incapaz de fazer uso da linguagem verbal para a sua comunicação. A partir da maior ou menor dependência do ambiente, Winnicott elenca três estágios para o desenvolvimento emocional da criança.O primeiro deles é a fase de ‘dependência absoluta’, na qual a criança não consegue discernir que o seu meio está separado de si. No segundo estágio, de ‘dependência relativa’, a criança consegue perceber um mundo externo a si, porém, ainda espera os cuidados provenientes do meio. No último estágio, intitulado de ‘rumo à independência’, a criança continua evoluindo nesse processo de internalização dos cuidados recebidos. No entanto, de acordo com Winnicott, ela, assim como todo ser humano, nunca será completamente independente do meio.
Pensando na importância do meio ao longo da vida, o artigo em questão enfatiza a necessidade de cuidado com o meio no qual as crianças se desenvolvem e também de atenção ao contexto familiar para esse desenvolvimento, já que a família representa as pessoas que, na maior parte das vezes, dão suporte a esse processo. Em muitos casos, os problemas identificados na infância são basicamente reflexos de problemas primeiros existentes no próprio contexto familiar, e/ou também nos pais de modo individual.
O texto em questão exemplifica essa dinâmica através do relato de um caso clínico de uma criança e sua mãe que eram atendidas no ambulatório de psicoterapia infantil de um hospital universitário. A mãe trazia a questão de que sua filha, de oito anos, era uma criança ‘terrível’ e atribuía isso ao problema de saúde da mesma. No decorrer do atendimento individual prestado à criança, foi constatada a importância de um olhar para a família como um todo. O terapeuta percebeu que a queixa trazida pela mãe na verdade era um reflexo da dinâmica familiar e viu a necessidade de realizar psicoterapia com a criança e dar orientações a mãe. No entanto, como ocorreu no caso em questão, muitas vezes a orientação de pais centrada apenas na criança não é suficiente, pois, durante as orientações surgem conteúdos que diferem da queixa inicial. Esses conteúdos também precisam ser acolhidos, assim, muitas vezes a orientação perpassa o caminho entre orientar e fazer uma espécie de psicoterapia do cuidador.
Acredita-se que apesar da família ser o principal alicerce das crianças, nem sempre a mesma tem o suporte e as condições necessárias para conduzir um bom desenvolvimento de seus membros. O caso em questão é um exemplo disso, os sintomas da criança eram reflexos da desordem existente na própria família. Por vezes, ao fornecer orientações aos pais, os psicólogos acabam identificando angústias e situações mais problemáticas trazidas pelos pais, podendo também ajudá-los na compreensão destas.
De acordo com os autores, as orientações só produzem efeitos se os cuidadores puderem se desenvolver emocionalmente, trabalhando com questões da dinâmica entre pais e filhos. Contudo, nos casos em que isso não se aplica, vê-se a necessidade de uma atenção maior para o cuidador, podendo este receber um atendimento individual, com um suporte direcionado.
A psicoterapia infantil é uma estratégia interventiva muito benéfica, ao passo em que age preventivamente, auxiliando a construção de bases sólidas importantes para o desenvolvimento da criança. Quando se fala em psicoterapia infantil, mediante a influência dos pais sobre seus filhos, a entrevista familiar diagnóstica tem papel fundamental nesse processo. Nos casos em que a criança recebe acompanhamento psicoterápico individual, as orientações aos pais podem ser mantidas, pois se mostram como uma possibilidade de intervenção em conjunto com o atendimento individual. Por fim, a psicologia contribui com orientações psicoeducacionais aos pais e as crianças e/ou também pode intervir terapeuticamente com as crianças e seus familiares quando há necessidade.


domingo, 18 de outubro de 2015

Entraves da adoção de crianças.

Postado por Maisa Silva

Sabe-se que a infância costuma ser uma das fases mais importantes na vida de uma pessoa, pois é nela que se adquire os pilares para a construção de sua personalidade e quando as diferenças individuais começam a ser percebidas. Nesse sentido, o ambiente familiar é crucial para que a criança consiga uma boa formação, pois o relacionamento com os pais e familiares irão auxiliar e passar tais ensinamentos, orientando vivências futuras. Entretanto, há muitas crianças sem lar, vivendo em abrigos a espera de adoção.
Apesar de existir uma grande procura pela adoção, a maioria dos adotantes insistem em idealizar um perfil que é incompatível com a realidade dos centros de adoção do país: crianças com idade inferior aos 4 anos. Por causa disso, cada dia que passam nos abrigos, essas crianças crescem sem perspectiva de vida, descrentes de um futuro diferente.


sábado, 17 de outubro de 2015

Perfil dos pacientes internados em 199 serviços de pediatria no município do Rio de Janeiro: Mudamos?

Resenhado por Beatriz Ramalho

Duarte, J. G., et al. (2012). Perfil dos pacientes internados em serviços de pediatria no município do Rio de Janeiro: Mudamos?. Revista de Saúde Coletiva, 22, 199-214.

A apresentação da morbimortalidade na infância e na adolescência está passando por um processo de mudanças. Há poucos anos, o atendimento hospitalar pediátrico era voltado para o tratamento de doenças agudas, atualmente com a disponibilidade de programas de saúde, mudanças na dinâmica social e o processo de incorporação de tecnologias nos serviços hospitalares há uma redução da mortalidade infantil, resultando em um aumento da sobrevida das crianças que morreriam precocemente. Sendo assim, hoje existe um aumento da prevalência de doenças crônicas na infância, o que requer novas estratégias no cuidado hospitalar dessas crianças.
Este estudo teve como objetivo mostrar o perfil clínico e demográfico de crianças internadas e analisar os procedimentos diagnósticos e terapêuticos nessas internações.  Foi realizado estudo retrospectivo das internações nos serviços de pediatria de quatro hospitais gerais da rede hospitalar federal do Rio de Janeiro.
Em 2008 ocorreram 2269 internações, destas selecionaram-se de maneira proporcional e aleatória 170 internações ocorridas entre janeiro e dezembro de 2008 de crianças desde o nascimento até os 17 anos, 11 meses e 29 dias. A coleta de dados foi realizada no período de setembro de 2009 a fevereiro de 2010 através do acesso aos prontuários. Foram analisadas seis informações principais: informações demográficas do paciente, dados clínicos referente a existência de malformações congênitas, doenças genéticas e outras condições com perfil de cronicidade, dados referentes à internação, informação nutricional do paciente, procedimentos diagnósticos e terapêuticos, e, por fim, solicitação de parecer técnico para definição do diagnóstico.
A média da idade das crianças internadas foi de 5,7 anos e 56% residiam no município do Rio de Janeiro e 44% em outros municípios. As doenças crônicas foram encontradas em 81 prontuários nos quatro hospitais, representando 47,6%, ressaltando a importância de hospitais públicos estarem preparados para o manejo do paciente com esse perfil. A incidência de 27 crianças portadoras de doenças crônicas, mas internadas por causas infecciosas demonstra bem a transição epidemiológica no contexto da saúde infanto-juvenil, pois nesses casos os desafios no manejo das doenças crônicas se somam aos desafios ligados à ocorrência de doenças infecciosas.
O estado nutricional das crianças internadas foi registrado em apenas 31 prontuários e foi possível identificar que 14 crianças apresentavam alteração nutricional (seis com baixo peso, quatro com sobrepeso e quatro com sinais evidentes de desnutrição). O reduzido número de registro nutricional é preocupante, pois ele é um importante indicador de assistência e como a permanência hospitalar prolongada pode desencadear desnutrição é preciso identificar precocemente quem necessita de intervenções nutricionais.
Em relação aos procedimentos diagnósticos e terapêuticos, os procedimentos diagnósticos com maior destaque foram os exames de imagem como a radiografia simples e a ultrassonografia. No tratamento a utilização de antibióticos mostrou-se elevada em todos os hospitais e o acesso venoso periférico foi verificado na quase totalidade das internações.

O estudo pode ressaltar a o elevado número de crianças com doenças crônicas nas enfermarias pediátricas, mostrando a mudança do perfil dessas internações. Diante disso, é preciso rever a organização dos serviços assistenciais e a realização de novos métodos relacionados ao cuidado desses pacientes, que estão mais vulneráveis a sequelas, limitações de função ou atividade, dieta restrita, uso frequente de medicamentos, e cuidados médicos especiais.

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Perfil epidemiológico da mortalidade por causas externas em crianças, adolescentes e jovens na capital do Estado de Mato Grosso, Brasil, 2009


Resenhado por Beatriz Ramalho

Matos, K.F., & Martins, C.B.G. (2012). Perfil epidemiológico da mortalidade por causas externas em crianças, adolescentes e jovens na capital do Estado de Mato Grosso, Brasil, 2009. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, 21(1):43-53

As causas externas (acidentes e violências) consistem em um dos maiores problemas de saúde pública do país. A população infanto-juvenil surge como a mais vulnerável, seja pela imaturidade e curiosidade característica das crianças, seja pelo excesso de coragem, aventura e uso de álcool e drogas pelos jovens. Diante disso, o estudo em questão teve como foco analisar os óbitos por causas externas nessa população para que seja possível conhecer o perfil e as circunstâncias desses óbitos, além de planejar formas de prevenção e ações que venham a reduzi-los.
            A população do estudo foi composta por crianças, adolescentes e jovens (zero a 24 anos) residentes no município de Cuiabá-MT, que foram a óbito por causa externa no ano de 2009.  Os dados foram obtidos a partir da inspeção manual da Declaração de Óbito e para as crianças menores de um ano, foram coletados idade, número de filhos e escolaridade da mãe.
Nos resultados foi possível perceber a predominância de óbitos do sexo masculino em relação ao sexo feminino (89,3% sexo masculino e 10,7% sexo feminino). Até a faixa etária de 5-9 anos houve certa semelhança no coeficiente de mortalidade no sexo feminino e masculino, no entanto a partir dos 10 anos as taxas do sexo masculino aumentam consideravelmente, principalmente no grupo de 20 a 24 anos, 252 óbitos por 100 mil habitantes. Tal fato pode ser explicado por um processo cultural que tem início na infância quando é oferecida maior liberdade para os meninos e com as meninas há uma maior vigilância, e na adolescência quando há uma maior exposição masculina a agressões e envolvimento em acidentes terrestres, deixando-a mais exposta a fatores de risco.
Pode-se notar também que houve um elevado percentual de mortes por agressão (61,1%), principalmente por arma de fogo, seguindo-se os acidentes de transporte terrestre (16,8%) e outros acidentes (13%). Os acidentes foram mais expressivos nos mais jovens, como nos menores de 4 anos, já a violência foi mais expressiva a partir dos 10 anos, elevando-se a cada faixa etária. Adolescentes e jovens estão mais expostos à violência em decorrência da marginalidade e envolvimento com drogas. No atual estudo observou-se que a morte por causa violenta predomina tanto em brancos quanto em negros, contudo outros estudos mostram que indivíduos negros são mais vulneráveis à violência devido à inserção social adversa que muitas vezes estão submetidos.
Em menores de 1 ano de idade as causas externas apresentam características especiais, na maioria das vezes relacionadas predominantemente com o cuidador, muitas vezes a própria mãe. No estudo a grande maioria das mães foi identificada entre os 25 e 29 anos, 50% tinha três filhos e houve uma distribuição uniforme em relação à escolaridade. É importante ter conhecimento desses dados porque muitos óbitos estão ligados a mães jovens em decorrência da inexperiência, com um grande número de filhos e baixo grau de instrução, que pode ser relacionado ao desconhecimento dos cuidados.

As causas externas constituem um problema multifatorial e é necessário que haja uma combinação de medidas preventivas que envolvem leis, educação, segurança, saúde, melhora nas condições socioeconômicas para minimizar as sequelas e aumentar a sobrevida das vítimas. Por isso, é importante que estudos desse tipo sejam feitos para que seja possível identificar e analisar as causas e a epidemiologia associada a esses óbitos para que as medidas preventivas adotadas sejam mais efetivas.

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Uso de medicamentos na infância cresce 940% em quatro anos


Postado por Ariane de Brito


            A medicalização da infância tem sido tema recente de discussões, principalmente, devido ao aumento do número de prescrições médicas de remédios para o público infantil. Esse aumento foi de cerca de 940% em todo mundo, fato que preocupa profissionais de saúde e que impacta, diretamente, no desenvolvimento infantil.

A medicalização infantil é um tema de pauta mundial, porque estamos vivendo uma época de patologização da infância. Comportamentos e situações que antes eram vistos como atos de indisciplina, hoje são considerados doenças”.

            É preciso ter cautela ao se abordar a questão da medicalização na infância, uma vez que, o tratamento medicamentoso infantil, em alguns casos, não deve ser a primeira opção. Avaliar os micro e macro ambientes que a criança está inserida para a compreensão das causas do problema, tornam-se indispensáveis antes de qualquer intervenção medicamentosa.

Antes de medicar é preciso buscar as causas do problema”.



A rede de atenção psicossocial de Rio Claro está preocupada com o aumento da medicalização na infância. Nos últimos quatro anos o número de prescrições médicas de remédios para o público infantil cresceu 940% em todo o mundo. Tal fato preocupa os profissionais de saúde.O assunto foi discutido no programa Jornal da Manhã da Rádio Excelsior Jovem Pan News dessa quarta-feira (26) por Andressa Scaglia, coordenadora do Caps Infantil, e Marta Bianchi, do Núcleo de Educação em Saúde. De acordo com Andressa, a medicalização infantil é um tema de pauta mundial, porque estamos vivendo uma época de patologização da infância. Comportamentos e situações que antes eram vistos como atos de indisciplina, hoje são considerados doenças.A coordenadora alerta que a medicação nunca deve ser a primeira alternativa para o tratamento da criança. Andressa afirma que os medicamentos são importantes, mas não devem ser a única opção de tratamento e muito menos vir desacompanhados de outras medidas que incluem família, escola, amigos etc.A profissional chama atenção para o fato de que muitas vezes criamos um ideal de criança, ou seja, como ela deve ser, e procuramos enquadrá-la nesse perfil sem questionar esse tipo de atitude. Essa prática pode atrapalhar a identificação do problema. Como exemplo, ela cita o caso de crianças vítimas de violência. Muitas vezes elas não conseguem ‘significar’ o abuso e passam a ter comportamentos desadaptados que, mal interpretados, podem ser patologizados e tratados com medicação. “Antes de medicar é preciso buscar as causas do problema”, destaca.Marta Bianchi comenta que o crescimento da medicalização é geral e não acomete apenas as crianças. Adultos também usam remédios em excesso. Ela conta que na farmácia do SUS (Sistema Único de Saúde) da Avenida 29 são dispensados 860 mil comprimidos de psicotrópicos por mês. Tem-se que pensar como está o uso e o controle desses medicamentos, o acompanhamento, porque às vezes cai somente na medicação sem considerar outras alternativas de tratamento.Para ela, existe uma cultura do remédio. As pessoas acreditam que a saúde somente é adquirida quando se toma o comprimido, quando na verdade todos os aspectos da vida são importantes para a manutenção da saúde.Andressa comenta que Rio Claro possui uma rede de atendimento psicossocial com vários serviços. O Caps III funciona 24 horas e atende as urgências psiquiátricas. O Caps AD atende até as 16 horas as pessoas com dependência de álcool e outras drogas. O Caps Infantil atende crianças e adolescentes. A rede ainda tem dois ambulatórios: o Criari que atende casos mais leves, e o Cesm, ambulatório de saúde mental.O áudio completo com a entrevista pode ser conferido no player abaixo. Clique para ouvir!ENCONTROA medicalização e a patologização da infância serão discutidas no “1º Encontro sobre Medicalização na Infância e Adolescência”, que acontece nesta quinta-feira (27), das 18 às 22 horas, na sala de cinema do Centro Cultural “Roberto Palmari”. O evento, organizado por psicólogos da Fundação Municipal de Saúde, marca o Dia Nacional do Psicólogo, comemorado nesta quinta-feira (27).

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Comportamentos de coping no contexto da hospitalização infantil.

Postado por Catiele Reis

Motta, A.B., Perosa, G.B., Barros, L., Silveira, K.A., Lima, A.S.S., Carnier, L.E., & Caprini, F.R. (2015). Comportamentos de coping no contexto da hospitalização infantil. Estudos de Psicologia, 32, 331-341. doi: https://dx.do.org/10.1590/010366x20.5000200016

As crianças empregam uma variedade de estratégias de enfrentamento para lidar com o estresse decorrente de cuidados médicos e de doença. Entre as estratégias mais usadas pelas crianças destacam-se as de controle secundário, que incluem pensamento positivo, aceitação e distração, assim como estratégias opostas como a esquiva e a negação, sendo estas últimas relacionadas com pior ajustamento.
O estudo aqui apresentado teve como objetivo descrever e analisar os comportamentos de coping das crianças frente à hospitalização, além de responder as seguintes questões: a) Há correlação entre os comportamentos de coping mais referidos por crianças hospitalizadas? b) O comportamento de coping de crianças hospitalizadas diferem em função de características sociodemográficas como idade e sexo? c) Comportamentos de coping de crianças hospitalizadas diferem em função do motivo da hospitalização? O estudo analisou ainda diferenças entre as crianças com câncer brasileiras e portuguesas.
Para isso, a amostra foi composta por 148 pacientes com idade média de 9,5 anos. Entre as crianças hospitalizadas 19 eram portuguesas e estavam em tratamento em um hospital de Lisboa e as demais (n = 129) eram brasileiras internadas em hospitais públicos de São Paulo. Os dados foram obtidos através da aplicação da avaliação de hospitalização (AEH), que é um instrumento capaz de avaliar as estratégias de enfrentamento da hospitalização, em crianças na faixa etária de 6 a 12 anos.
Os dados  que há correlações entre os comportamentos de coping mais referidos por crianças hospitalizadas, e que tais comportamentos diferenciam-se no que se refere ao sexo e tipo de hospitalização, mas não no que se refere a idade.
Pode-se observar que a maioria dos comportamentos relatados nesse estudo refere-se aqueles com maiores chances de desfecho positivo no processo adaptativo, tais como: tomar remédio, rezar, conversar, assistir televisão e brincar. Por outro lado os comportamentos menos frequentes foram aqueles com possível impacto negativo em longo prazo para adaptação, como sentir culpa, pensar em fugir e se esconder. Ou seja, de modo geral, os dados mostraram um cenário favorável ao ajustamento psicológico das crianças desse estudo, o que foi confirmado através da análise de correlação entre os comportamentos mais referidos.
A análise dos comportamentos de coping em função do sexo evidenciou diferenças significativas. Reações de medo, tristeza e choro foram mais evidenciadas pelas meninas do que pelos meninos. Da mesma forma, as mulheres tendiam a procurar mais o suporte social para lidar com o manejo da dor do que os homens.
É importante destacar também a característica multicultural da amostra. Crianças brasileiras e portuguesas apresentaram semelhanças em seus comportamentos de coping na hospitalização, o que permitiu que elas fossem colocadas em uma única amostra: a de crianças com câncer.
Embora muito bem estruturado, o artigo possui algumas limitações. O tamanho da amostra, mesmo sendo ampliada com a integração dos dados, pode ser considerado reduzido em relação ao agrupamento de crianças por diagnóstico. Também não houve igualdade no número de crianças por diferentes hospitais, o que pode pressupor que alguns dos comportamentos ocorrem em virtude da oferta de recursos do local da pesquisa que são diferenciados.
Portanto, dada a relevância do coping para o ajustamento da criança com câncer, estudos posteriores poderiam incluir instrumentos que mensurem esses comportamentos após a internação fazendo a comparação entre o momento crônico e agudo da doença. Tais esclarecimentos podem permitir a construção de propostas de intervenção que se diferenciam no ambiente hospitalar para atender as necessidades das crianças. 

sábado, 10 de outubro de 2015

Dificuldades na infância alteram estrutura do cérebro, diz estudo.

Postado por Iracema Freitas

Estudo realizado por Sarah Jensen, pesquisadora do King's College, em Londres, analisou um grupo de 494 garotos e suas mães de 1991 a 2010. Verificou-se os efeitos de estressores no surgimento da depressão e ansiedade entre crianças que vivenciaram situações de grande impacto emocional. Os resultados do estudo sugerem uma nova visão frente ao cuidado e prevenção desses transtornos mentais.


Dificuldades enfrentadas até os seis anos de idade, como doença na família, separação dos pais, mudança de bairro, entre outras, estão relacionadas à internalização de sintomas de depressão e ansiedade que geram alterações na massa cinzenta no fim da adolescência (dos 18 aos 21 anos). Esta conclusão foi publicada em um estudo divulgado no jornal científico JAMA Pediatrics, que analisou um grupo de 494 garotos e suas mães de 1991 a 2010.
"Devemos lembrar que se trata de uma escala de estresse. É normal ter um pouco de estresse na infância, o que medimos é um acúmulo de vários fatores estressantes", afirmou ao UOL a coordenadora do estudo e pesquisadora do King's College, em Londres, Sarah Jensen.
"Problemas de internalização, como depressão, estão extremamente ligados a eventos que aconteceram no início da vida", explica. A equipe usou como referência 37 tipos de estresse, desde os citados acima até a violência física e emocional contra as crianças e contra as mães.
Segundo os autores, o estudo é importante porque mostra que é possível prevenir diversos problemas, em vez de achar que depressão e ansiedade são causados apenas pela genética. "A descoberta de que as experiências da infância podem afetar o cérebro mostra que a primeira infância não é só um período de vulnerabilidade, mas também de oportunidade", conclui. "Intervenções contra a adversidade podem ajudar a prevenir que crianças internalizem sintomas e as proteger contra o desenvolvimento anormal do cérebro."
As mães também apresentaram níveis de internalização de sintomas (depressão e/ou ansiedade) quando os garotos tinham 7, 10 e 13 anos. Os dados foram coletados por meio de imagens de ressonância magnética.
Sarah e Edward Barker, outro autor do estudo, explicam que existem duas maneiras de reagir à adversidades, uma é a internalização de sintomas, que é o caso da pesquisa, e a externalização, que se reflete no comportamento das pessoas. A equipe observou três partes do córtex associadas à internalização de sintomas. "A ideia é que algumas partes do cérebro que eram associadas com a internalização de sintomas na verdade estão associadas à adversidade", diz Barker.
Nas crianças que internalizaram sintomas de depressão e ansiedade, o giro frontal superior apresentou um volume inferior de massa cinzenta. "Isso vai de encontro com estudos anteriores que mostram que regiões frontais do cérebro estão implicadas na depressão", diz Sarah.
Em relação ao volume do precuneus (região do lobo parietal), houve uma surpresa. Existe uma associação positiva entre adversidades e aumento de volume. "Normalmente, o estresse tem um efeito tóxico sobre o cérebro e a massa cinzenta é menor, mas neste caso, foi maior. Pode ser uma proteção, uma compensação, ou quer dizer que algum nível de estresse tenha um efeito positivo nesta área, mas não sabemos ao certo", explica Sarah. Essa região já havia sido associada a experiências adversas como maus tratos.
O estudo foi feito apenas com meninos por ter sido feito juntamente com outra pesquisa que observou apenas crianças do sexo masculino. A coordenadora avalia que trata-se de uma limitação e que seria interessante repeti-lo com meninas também.


sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Bullying: Comportamento agressivo entre estudantes

Resenhado por Lucila Moraes

Lopes Neto, Aramis A. (2005). Bullying: comportamento agressivo entre estudantes. Jornal de Pediatria, 81(5, Suppl. ), s164-s172.

      A violência é um fenômeno de grande impacto em nossa sociedade, sua repercussão quase sempre traz desfechos negativos e, não raras vezes, trágicos para os envolvidos. Uma dessas formas de violência que se manifesta na fase escolar, a chamada violência juvenil (ocorre entre pessoas de 10 a 21 anos de idade), é um tipo de agressão que ocorre entre jovens – em sua maioria estudantes - e que se não interrompida, pode resultar em comportamentos mais agressivos na fase adulta. 
        A violência escolar é definida por comportamentos agressivos ou antissociais, como atos de furto e criminosos, dano ao patrimônio, conflitos interpessoais e provocações e insultos a colegas. O termo mais usado para nomear tais padrões agressivos de comportamento é o termo bullying, que é conceituado como uma forma de agressão deliberada e repetitiva com o único objetivo causar sofrimento ao outro, sendo executada numa relação de poder desigual entre o agressor e a vítima. Assim, a pessoa que sofre o bullying é geralmente mais fraca (tanto fisicamente quanto emocionalmente) e, portanto, incapaz de se defender e reagir a tais agressões. 
     Além de muitas situações de bullying serem vistas muitas vezes como normais e banais, o bullying pode muitas vezes intensificar o comportamento agressivo de quem o pratica e prejudicar o desenvolvimento psicossocial de suas vítimas, até mesmo na fase adulta. De acordo com a Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência (ABRAPIA), cerca de 50% dos autores de bullying afirmaram não receberem qualquer advertência sobre seus atos, e essa negligência favorece a perpetuação do comportamento agressivo. 
     Outra manifestação de bullying que tem ganhado cada vez mais espaço na era digital é o cyberbullying, que é definido por Bill Belsey (2005) como uma forma de comportamento violento e repetitivo que utiliza meios tecnológicos como sites difamatórios, emails, fotos digitais, ridicularizarão online, entre outros; para provocar dor e danos a terceiros. 
       A ABRAPIA classificou as crianças e estudantes em três grupos em relação ao bullying: bullying (agressor), o alvo de bullying (vítima) e a testemunha do bullying. Os agressores geralmente tem uma história de vida que favorece atitudes violentas, seja por falta de atenção ou excesso de permissividade dos pais, ou por possuir alguma característica individual que favoreça esse comportamento (por exemplo, hiperatividade, impulsividade, distúrbios de atenção, etc.). Muitas vezes o agressor é popular, sente prazer em provocar dano aos demais e é mais forte que seu alvo. 
       O alvo do bullying é descrito como alguém que é constantemente exposto a atos agressivos (seja através de violência física ou violência mental) e que não consegue reagir ou cessar os atos de bullying. Dependendo da regularidade das agressões, a vítima pode desenvolver sérios problemas psicológicos e sofrer de insegurança e baixa autoestima. Uma das consequências mais graves para os alvos de bullying é tirar a própria vida ou a de outros, como forma de vingança aos anos de sofrimento e descaso dentro da escola. Estudos apontam que nos casos em que alunos armados invadem e atiram contra colegas e professores, cerca de dois terços foram vítimas de bullying. 
        Já as testemunhas do bullying são alunos que apesar de não se envolver diretamente nos casos de bullying, tendem a se calar ao se depararem com tais atos, seja por medo de se tornar vítima ou por não saberem como agir. Autores apontam que a omissão ajuda o agressor a agir de forma mais livre, sem temer possíveis consequências da escola ou dos pais. Apesar disso, de acordo com a ABRAPIA, as testemunhas tendem a ter empatia pelas vítimas e desejam que tais comportamentos cessem – sendo 80% dos alunos contra os atos de bullying. Quando há uma intervenção da testemunha, o bullying tende a parar, o que mostra a necessidade de se incentivar que alunos não compactuem com tais situações e que desestimulem o agressor, para que este não encontre mais apoio para seus atos e interrompa-os por completo. 
       Por fim, medidas preventivas para evitar o bullying se fazem necessárias não só para um melhor desempenho do aluno na escola, como também para evitar que o sofrimento e medo perdurem e atrapalhem os alunos no seu desenvolvimento futuro. A prevenção deve levar em consideração cada contexto escolar e suas particularidades (como condições econômicas, sociais e culturais da população), sendo imprescindível a participação dos professores, funcionários da escola e pais dos alunos nesse combate à violência escolar. As medidas devem favorecer um ambiente de acolhimento às vítimas de bullying, bem como a conscientização dos alunos sobre as consequências negativas das suas ações. Aos agressores, não basta tomar medidas punitivas (como suspensão ou castigos), pois isso tende-se a marginalizá-los; é preciso uma reeducação social e o incentivo de atividades que favoreçam uma interação amigável e saudável com outros colegas de sala, para que o ambiente escolar seja um lugar de acolhimento e inserção, não de sofrimento e exclusão.

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Depressão infantil



Postado por Brenda Fernanda

Durante muito tempo, considerava-se a depressão em crianças um fenômeno que não existia. Contudo, a partir da década de 1960, alguns estudos foram realizados e, atualmente, a ocorrência da depressão na infância é um fato comprovado. A depressão é avaliada como transtorno de humor, visto que a alteração e perturbação do humor ou do afeto consiste em um dos mais importantes sintomas depressivos. Algumas pesquisas apontam que os sintomas variam de acordo com a idade. Na criança, além dos sintomas comuns, pode-se dizer que a depressão geralmente vem associada a outras dificuldades, sobretudo problemas de comportamento e problemas escolares, acarretando num prejuízo do funcionamento psicossocial.


quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Preparação psicológica e o estresse de crianças submetidas a cirurgias.

Resenhado por Alexsandra Carvalho
Broering, C., V., & Crepaldi, M., A. (2011). Preparação psicológica e o estresse de crianças submetidas a cirurgias. Psicologia em Estudo, 16. 15-23.
            O presente artigo apresenta uma pesquisa que avaliou a preparação psicológica pré-cirúrgica focada no estresse de crianças submetidas a cirurgias eletivas (programadas). Ao iniciar o texto os autores conceituam o estresse como uma reação do organismo causada pelas alterações psicofisiológicas que ocorrem quando o indivíduo se encontra em uma situação que o irrite, amedronte, excite, confunda ou o faça imensamente feliz. Assim, entende-se que que a resposta ao estresse deve funcionar como um processo e não como uma reação estanque e independente.
            Os autores observaram na literatura o reconhecimento da preparação de crianças para todo tipo de procedimento médico como forma de amenizar o estresse pertinente à situação de hospitalização e possível cirurgia; assim como a preparação dos pais. Pontua-se também que a ansiedade é a resposta emocional mais frequente, que o medo faz com que a criança responda adversamente aos eventos cirúrgicos e contribuem para problemas de comportamento após a hospitalização. Em estudos mais recentes, observou-se que o foco são procedimentos médicos gerais, excluindo ou não citando as cirurgias.
            A preparação psicológica para procedimentos médicos e cirúrgicos devem incluir informações sobre os detalhes do procedimento, assim como o ensino de estratégias de enfrentamento que ajudem a criança e os familiares.  Deve abranger o pré-operatório, o perioperatório e o pós-operatório imediato e remoto. Com isso, o objetivo deste trabalho foi investigar os efeitos da preparação psicológica pré-cirúrgica em crianças submetidas a cirurgias eletivas.
            A pesquisa foi realizada com 30 participantes, 15 meninos e 15 meninas, na  faixa etária de 6 a 12 anos, usuários de um hospital infantil para a realização de cirurgia eletiva de  pequeno porte. Todas as crianças estavam acompanhadas pela mãe ou outro responsável. Para coleta dos dados foi utilizada a Escala de Estresse Infantil (ESI). O estudo compreendeu três etapas distintas: aplicação do ESI antes da preparação, no dia anterior a cirurgia; a preparação propriamente dita; a reaplicação do ESI após a preparação.

            A partir da análise de dados constatou-se que ambos os programas foram eficazes na diminuição do estresse pré-cirúrgico. A falta de informação provocou medo, angústia, depressão, estresse e ansiedade. Os resultados corroboram as observações de estudos anteriores, segundo os quais uma intervenção psicológica  pré-cirúrgica possibilita que o paciente adquira conhecimento sobre os procedimentos médicos a que será submetido, aumentando a possibilidade de  comportamentos adaptativos e diminuindo a emissão de comportamentos não adaptativos. 

domingo, 4 de outubro de 2015

A (des)construção do conceito ‘infância’.

Postado por Laís Santos

O conceito de infância vem sendo modificado ao longo dos anos. No decorrer da história, a sociedade como um todo, principalmente o meio familiar, passou a estar mais atento a esta fase do desenvolvimento, interessando-se por questões de saúde, higiene, educação, socialização infantil, entre outros fatores.
Hoje, após tantos avanços e com o advento da tecnologia acessível à população, mais uma vez pais e educadores precisam gerir um novo conceito sobre a infância. Ultimamente, é muito comum observar a patologização infantil desenfreada, o acesso sem limites à tecnologia e o distanciamento dos parâmetrossobre a infância. Concomitantemente a todas essas transformações, nota-se o aumento da busca por tratamento psicoterápico infantil. Porém, na maior parte das vezes o problema não está nas crianças, mas nos pais, que não estão preparados para lidar “da melhor forma”com os seus filhos.

Com isso, é um papel da Psicologia buscar orientar esses pais, e, também, a população como um todo, a respeito da importância do desenvolvimento infantil. Além disso, cabe aos psicólogos agir visando à minimização da patologização de determinados comportamentos infantis. Em suma, a Psicologia precisa avançar cada vez mais na produção de conhecimento e, sobretudo, na busca por intervenções concretas e eficazes que ajudem esses pais e educadores a entender melhor a infância.



sábado, 3 de outubro de 2015

Nickelodeon analisa poder de influência da criança.

Postado por Marcelle Mota

Segundo o estudo realizado pela Nickelodeon, verificou-se que os adultos pedem e levam em consideração a opinião das crianças mesmo nas compras de produtos que não são infanto-juvenis. Isto reflete as modificações que vêm ocorrendo na dinâmica familiar, onde a relação pai-filho está mais estreita e mais equiparada.


Segundo o estudo, para 51% dos pais, toda escolha deve ser baseada na opinião das crianças, sendo que 97% conversam com seus filhos antes de sair às compras.
São Paulo - As pesquisas não deixam dúvidas: a relação entre pai e filho nunca foi tão estreita quanto nos dias de hoje. A fim de compreender esse novo comportamento familiar, a Viacom International Media Networks, distribuidora do canal Nickelodeon no Brasil, realizou o estudo “O poder da influência da criançanas decisões de compra da família”. Ao todo, foram ouvidas 15.600 pessoas por meio de um questionário online, entre crianças de nove a 14 anos e pais e mães com filhos de seis a 14 anos.
Os participantes receberam questões voltadas a nove categorias (Automóvel, Celular/Operadoras, Vestuário, Computadores, Alimentação, Eletrônicos, Calçados, Saúde & Beleza e Fast Food). “A pesquisa foi criada com o intuito de entender quão a sério os pais levam a opinião da criança e, por outro lado, saber se essa criança realmente acha que sua opinião é levada em consideração no ambiente familiar”, explica Adriana Pascale, gerente de pesquisa da Nickelodeon.
Segundo o estudo, 79% dos pais entrevistados declararam ser mais próximos dos filhos do que seus pais eram deles. Na maioria das vezes, as decisões familiares são tomadas de forma conjunta. Para 51% dos pais, toda escolha deve ser baseada na opinião das crianças, sendo que 97% conversam com seus filhos antes de sair às compras. “A interação entre pai e filho é muito maior agora. As famílias mudaram para um modelo menos hierárquico, no qual todos têm algo a dizer. Se formos analisar as gerações no decorrer dos anos, percebemos claramente uma diminuição do espaço entre elas. Com isso, os conflitos também estão diminuindo, dando lugar à compreensão e à abertura ao diálogo”, afirma Adriana.
As crianças influenciam a compra de produtos para toda a família, mesmo quando não são voltados ao universo infanto-juvenil. É o caso da compra de automóveis – 60% das crianças declararam que a sua opinião é levada em consideração por seus pais. Há também uma alta colaboração em itens de vestuário, alimentação e calçados – 56% dos pais afirmam que escolhem junto alimentação e calçados e 54%, vestuário – e nas decisões dos lugares onde a família costuma ir, como cinemas e restaurantes.
A maioria dos pais e filhos realiza muitas atividades em conjunto, como assistir a programas de TV. É o que declararam 99% dos pais e 98% dos filhos. “Com a pesquisa, descobrimos que os pais buscam ouvir os filhos como forma de ensiná-los sobre a importância de respeitar a opinião do próximo, além de ser uma maneira eficiente de conquistar a confiança deles. Os anunciantes, por sua vez, precisam saber utilizar esses dados a seu favor e aprender como criar um conteúdo diferenciado, que chegue até a criança”, ressalta a Adriana.