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segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Epidemia de zika aumenta apreensão de pílulas abortivas enviadas ao Brasil.

                                                                                                                                                 Postado por Maisa Silva

A epidemia de zika e microcefalia provocou um aumento da apreensão de remessas de medicamentos abortivos enviados pelo correio para o Brasil. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), de junho a novembro de 2015, mês em que foi declarada emergência nacional de saúde, foram confiscados 36 pacotes da pílula Misoprostol, conhecida no Brasil como Cytotec. Já de dezembro a fevereiro desde ano, foram 57 remessas.”

A notícia retrata o caos em que está vivendo o Brasil por conta da epidemia de Dengue, Chicungunya e Zika Vírus, que estão relacionadas com o grande aumento de casos de Microcefalia no país. A Microcefalia é uma doença em que o tamanho da cabeça é de dois ou mais desvios padrão abaixo da média para idade e sexo. Logo, essa condição neurológica acomete problemas de saúde – como atrasos no desenvolvimento e déficit intelectual – e sociais, como questões governamentais e relacionadas à pobreza, por causa dos gastos com tratamentos que a pessoa com microcefalia necessita. Em razão disto, a opção pelo aborto pode ser considerada pelas grávidas de bebês microcéfalos, trazendo à tona a discussão acerca de métodos abortivos, além de questões religiosas e de saúde pública. Analisando o cenário em que vive o país, é importante discutir a opção das mulheres pelo aborto tanto em uma ótica psicológica quanto de saúde pública, para que se possa buscar as melhores condições para cada situação vivenciada, visto que muitas mulheres morrem por causa de abortos ilegais.


Isso não significa, necessariamente, que mais comprimidos de Cytotec tenham sido retidos. Antes da zika, as remessas costumavam ter mais pílulas, o que, segundo a Anvisa, indica que o objetivo do receptor poderia ser a revenda. Agora, os pacotes vêm com menos pílulas, o que sugere que os comprimidos seriam destinados a uso pessoal. O vírus da zika vem sendo ligado a casos de microcefalia e outras malformações congênitas em bebês. O Brasil é o país mais atingido - segundo o Ministério da Saúde, 4.107 casos suspeitos estão sendo investigados. Já foram confirmados 583 casos e 950 notificações foram descartadas. 
O aborto no Brasil só é permitido quando a gravidez é fruto de estupro ou há risco de morte para a mãe. Por determinação do STF, a interrupção da gravidez também é permitida em casos de fetos anencéfalos. Mas medicamentos abortivos estão à venda na internet ou podem ser solicitados por meio de ONGs como a Women on Web, que oferece atendimento pela internet a mulheres que vivem em países onde o aborto é proibido ou restrito. Os remédios são então enviados gratuitamente pelos Correios para a gestante. A criadora da ONG, Rebecca Gomperts, diz que o número de e-mails de mulheres brasileiras pedindo ajuda ou informações sobre aborto praticamente triplicou com a epidemia de microcefalia. 

Segundo ela, a organização recebia, em média, cem e-mails de brasileiras por semana. Em fevereiro, foram 285 em apenas uma semana.

"Nos últimos dois anos, a alfândega brasileira começou a confiscar todos os pacotes. Por isso chegou uma hora em que desistimos e começamos apenas a informar às brasileiras onde elas poderiam fazer um aborto com segurança, como na Guiana ou em Cuba", afirma. No início do mês, a ONG lançou um comunicado dizendo que, diante da epidemia de zika, iria retomar o envio de abortivos para o Brasil. Ela alertava que, em outras ocasiões, as autoridades alfandegárias do país haviam retido os medicamentos, mas pedia que, diante da epidemia de zika, elas se solidarizassem com as mulheres. "Mas tudo indica que os medicamentos continuam sendo barrados", diz Gomperts, que não soube precisar quantos remédios foram enviados ao Brasil por causa da zika. Segundo a Anvisa, os pacotes apreendidos não foram enviados por empresas, mas por pessoas físicas. Várias dessas encomendas vieram da Índia e da Europa. Como a ONG envia remédios da Índia, é provável que suas remessas estejam entre as apreendidas.

Apreensões: 
Mas por que os pacotes são retidos?
Segundo a ONG, que também atua em diversos países, toda a sua ação é legal.

A Women on Web diz que os medicamentos utilizados no procedimento, que eles chamam de aborto medicinal, são autorizados no Brasil. Eles afirmam que o Misoprostol - assim como Mifepristone, também enviado pela ONG - são utilizados em hospitais. Diz também que os brasileiros têm direito de importar medicamentos para uso próprio e que o procedimento, feito com instruções de médicos, é seguro. Por isso, não vê sentido na retenção das encomendas.
Segundo a Anvisa, porém, as drogas são de uso controlado. O Misoprostol, por exemplo, é usado em hospitais para induzir partos. Por isso, a pessoa que faz a encomenda precisaria ter uma autorização especial para a importação e apresentar uma receita médica indicando que ela precisa daquele medicamento. O problema é que aborto é crime no Brasil. Ou seja, ao apresentar este pedido, a pessoa estaria se incriminando. Segundo a Anvisa, a Receita Federal é a primeira responsável por analisar, com raios-X, os pacotes que chegam do exterior. Remédios são então enviados para a Anvisa, que autoriza ou não a entrada no país.
As pílulas de Misoprostol são encaminhadas à Polícia Federal - o órgão responsável para eventuais investigações criminais. De acordo com Gomperts, devido à dificuldade em obter abortivos, a maioria das brasileiras que procura a ONG tem optado por fazer o aborto em outros países.

"[Apreender os medicamentos] é outro exemplo de como o problema está recaindo apenas sobre as mulheres e como os direitos delas de acesso a serviços de saúde está sendo violado", afirma.
"Nós, a ONU e outras organizações achamos que as mulheres deveriam ter acesso ao aborto quando precisam, não apenas nos casos de zika. Mas no caso de zika isso é ainda mais cruel", completa Gomperts. A ONG classifica o Brasil como um dos países mais difíceis de se obter pílulas abortivas. A organização, que começou suas ações fazendo abortos em navios e já usou até um drone para entregar medicamentos, viu aumentar também a procura de mulheres de outros países da América Latina, como Colômbia e Venezuela. No Brasil, o Misoprostol chega a ser vendido no mercado negro, mas muitas vezes é falsificado e, de acordo com especialistas, pode provocar problemas graves para a mãe e para o feto. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, abortos ilegais provocam a morte de uma mulher a cada dois dias no Brasil.



sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Comorbilidade entre hepatite c e depressão: Aspectos epidemiológicos e etiopatogenicos


  Postado por Mariana Serrão

Dickens, C., Neves, A., & Xavier, M. (2006). Comorbilidade entre hepatite C e depressão. Acta Médica Portuguesa, 19, 21-28.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estimou que 3% da população mundial (aproximadamente 170 milhões de pessoas) é infectado pelo Vírus da Hepatite (VHC), nos EUA a prevalência foi estimada em 1,8%. Segundo dados recentes, a principal via de transmissão é o uso de drogas por meio endovenoso. A transmissão sexual não é um meio comum, apenas 1,5% de prevalência em parceiros de portadores do vírus.       
Os indivíduos com VHC tendem a apresentar diversos problemas de natureza psiquiátrica como fadiga crônica, ansiedade, depressão e déficits cognitivos. A associação entre a Hepatite C e a depressão tem duas linhas, uma sugere que os indivíduos com VHC tem uma maior prevalência de perturbações psiquiátricas e outra sugere que os indivíduos com perturbações psicológicas tem uma mais alta prevalência de infecção por Hepatite C que a população geral.
O presente estudo se trata de uma revisão de literatura, foram encontrados alguns estudos que podem comprovar a associação da Hepatite C com a depressão.
Goulding et al. avaliaram a predominância da ansiedade e depressão em 77 indivíduos com Hepatite C crônica, encontraram que 45,3% dos sujeitos apresentava sintomatologia depressiva  e uma probabilidade maior que o dobro de ansiedade, quando comparado com o grupo controle.
Kraus et al. analisaram em 113 sujeitos os estilos de coping e o estado emocional e avaliaram a correlação entre as variáveis e o modo de infecção, idade, sexo e tempo desde o diagnostico inicial e histologia hepática, o resultado encontrado mostrou depressão em 22,4% dos indivíduos  e ansiedade em 15,2%, sendo que em idosos os níveis de depressão foram significativamente mais altos. Em outro estudo, McDonald et al. avaliaram a fadiga como sintoma da hepatite e como sintoma ligado a outras dimensões psicopatológicas, usaram 115 indivíduos e encontraram 53% de relação com depressão.           
Mesmo os dados epidemiológicos pareceram ter relação positiva entre a Hepatite C e depressão, não existe um modelo que permita explicar definitivamente a natureza fisiopatológica desta associação. A depressão pode aparecer como um fenômeno secundário decorrente do estresse causado ao ser diagnosticado e por conta  das consequentes preocupações sobre o estado de saúde a longo prazo.                   
O diagnóstico é um fator ansiogênico podendo originar na maiorias dos indivíduos portadores perturbação psiquiátrica, níveis altos de estresse psicológico e afetar a qualidade de vida. Por fim, a depressão em comorbidade com a hepatite  C está altamente relacionada com a percepção da doença, a incapacidade funcional, a baixa qualidade de vida, a fadiga grave e com a presença de comorbidade psiquiátrica, em alguns dos estudos a idade avançada e o a duração do diagnóstico também estão associados. Ainda é necessário mais estudos e maiores amostras para efetivar essa relação da presença da depressão em portadores da Hepatite C.  Ansiedade e estresse, ao receber o diagnóstico da doença, relacionam-se à percepção que os sujeitos sobre a doença, o que denota a importância do psicólogo e sua atuação nas crenças  do indivíduo com relação a Hepatite C, por exemplo. Além disso, profissionais da psicologia podem também trabalhar com o paciente estratégias de enfrentamento frente a doença, a fim de diminuir a ansiedade e melhorar a qualidade de vida do paciente.


segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Impact of tuberculosis on the quality of life.

Resenhado por Luana Santos

Dhuria, M., Sharma, N., & Ingle, G. K. (2008). Impact of tuberculosis on the quality of life. Indian Journal of Community Medicine, 33, 58-59.
A tuberculose é problema de saúde pública e seu controle tem sido alta prioridade no setor de saúde. O que é visto é que, além dos sintomas físicos, doentes com tuberculose também enfrentam problemas de natureza social e econômica, o que justifica uma avaliação abrangente desses pacientes considerando o impacto global da doença sobre a saúde e a vida de cada um, por exemplo, avaliando percepção de bem-estar concomitantemente às avaliações clínicas e bacteriológicas de rotina.
Neste estudo, participaram pacientes com tuberculose de categoria I, II e III com idades entre 20 e 65 anos, sendo excluídos aqueles que apresentaram alguma comorbidade respiratória diferente da tuberculose ou qualquer outra doença crônica conhecida e diagnosticada, o que poderia afetar a qualidade de vida. Um grupo controle foi selecionado a partir da população geral das áreas atendidas após o cruzamento para a idade, sexo e status sócioeconômico. Um total de 90 casos que preencheram os critérios de inclusão foram entrevistados no próprio centro de estudo nos  primeiros três dias de inscrição, utilizando um questionário pré-concebido, pré-testado sobre dados sóciodemográficos, a percepção sobre a sua qualidade de vida usando WHOQoL BREF (versão Hindi) que é uma escala de 26 itens, concebida pela OMS, que tem quatro domínios (saúde física, psicológico, relações sociais e ambiente). Os dados foram analisados ​​utilizando software SPSS para Windows. Para a comparação entre as médias dos grupos, foi utilizado o teste t independente, utilizando-se os escores médios para os diferentes domínios. A qualidade de vida geral foi avaliada através de perguntas específicas.
Do total de 90 pacientes com tuberculose que foram incluídos no estudo, 56,7% (n = 51) eram do sexo masculino e 43,3% (n = 39) eram do sexo feminino, sendo que 48,9% (n = 44) pertenciam à categoria I de tuberculose, 30% (n = 27) à categoria II e o restante (11%, n = 10) à III. A maioria (70%, n = 63) dos pacientes tinha faixa etária entre 20 e 39 anos de idade [Média (M) = 31,19; Desvio Padrão (DP) = 10,25]. Quase metade (48%, n = 43) dos pacientes eram analfabetos. O perfil sóciodemográfico dos controles era comparável ao dos casos e não houve nenhuma diferença significativa.
Os pacientes com tuberculose tiveram escores médios significativamente mais baixos que os grupos controles tanto para qualidade de vida geral quanto para seus domínios. Os domínios mais afetados foram o físico e o psicológico, sendo o domínio com maior pontuação o domínio social (M = 14,3; DP = 2,50). Percebeu-se que a diferença média de pontuações para os casos de tuberculose e os controles foi altamente significativa para todos os domínios e para qualidade de vida. Além disso, a qualidade de vida dos pacientes com tuberculose foi menor do que os controles e todos os domínios de qualidade de vida foram afetados pela tuberculose. As mulheres apresentaram uma pontuação média mais baixa (M = 11,67; DP = 1,26) do que os homens (M = 11,85; DP = 1,66) para qualidade de vida geral.

Os cuidados em saúde para serem abrangentes no verdadeiro sentido devem incluir não só os indicadores de mudanças na frequência e gravidade da doença, mas também uma estimativa de bem-estar. Neste estudo, os pacientes com tuberculose tinham escores médios significativamente mais baixos para qualidade de vida geral e seus domínios. A tuberculose é uma doença com implicações sociais, voltar maior atenção para essas implicações permitiria que os profissionais de cuidados de saúde concebam intervenções pertinentes para melhorar a qualidade de programas interventivos e preventivos.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Aspectos psicológicos da gestação e da maternidade no contexto da infecção pelo HIV/Aids.

Resenhado por Geovanna Souza

Gonçalves, T. R., & Piccinini, C. A. (2007). Aspectos psicológicos da gestação e da maternidade no contexto da infecção pelo HIV/Aids. Psicologia USP, 18, 113-142.

Este artigo foi baseado em parte da dissertação de mestrado da primeira autora, intitulada Experiência da maternidade no contexto do HIV/Aids aos três meses de vida do bebê e visa fornecer informações da temática de acordo com uma busca bibliográfica acerca do tema. Os autores iniciam o texto narrando que desde a identificação do primeiro caso de infecção pelo HIV/aids no Brasil, por volta da década de 1980, até junho de 2007, foram notificados aproximadamente 474 mil casos da doença. Seguindo a tendência mundial, o perfil da doença no Brasil se modificou, revelando um considerável aumento da transmissão heterossexual do HIV/aids entre as mulheres. Com base nesses dados, acredita-se que a maior parte das mulheres portadoras do HIV/aids está em idade reprodutiva, sendo que o aumento das taxas de transmissão materno-infantil do vírus desperta especial preocupação.
Os autores narram que quando se fala em mães portadoras do HIV/aids, compreende-se que diversas situações podem estar implicadas. Muitas mulheres contraem o HIV/aids depois de já terem filhos e outras descobrem-se infectadas quando engravidam, por ocasião dos exames pré-natais. Há ainda aquelas mulheres que, já conhecendo seu estado sorológico positivo, decidem ter filhos. Em relação à infecção em mulheres, pontuam-se, ainda, alguns fatores socioculturais que têm contribuído para a maior vulnerabilidade feminina à infecção. Muitas mulheres assumem uma posição submissa em seus relacionamentos amorosos, delegando aos homens a responsabilidade pela prática de sexo seguro e acreditando-se protegidas pelo fato de manterem relações estáveis e heterossexuais. Sabendo-se que a situação de infecção pelo HIV/Aids em mulheres é incrementada por questões sociais relacionadas ao gênero e às restrições impostas aos aspectos reprodutivos, é inegável que a maternidade para uma mulher contaminada pelo vírus pode trazer uma sobrecarga psicológica particular.
Os autores trazem uma série de pesquisas com esse público e a partir disso é possível concluir que a experiência da maternidade, por si só, envolve um intenso trabalho psicológico da mulher, iniciando-se na gravidez e estendendo-se aos primeiros anos de vida da criança. A vivência subjetiva de tornar-se mãe exige que a mulher se defronte com a formação de um novo ser dentro de si e com a realidade imposta pelo nascimento do filho. Devido a importância da gestação, do parto e dos primeiros meses do bebê para a experiência da maternidade, fica evidente que a infecção pelo HIV/aids pode trazer importantes impactos psicológicos para a mãe nesse período. Independentemente da doença, a família é a principal fonte de apoio emocional e financeiro para a pessoa, sendo que as relações familiares precisam mobilizar-se em torno da situação.

Diante do exposto, acredita-se que o imaginário social relacionado à infecção ainda está impregnado pela noção ultrapassada de grupos de risco e por concepções erradas sobre as formas de contaminação. O estigma dificulta a adesão a comportamentos de prevenção e penaliza ainda mais os portadores do vírus, aumentando o preconceito. É necessário traçar estratégias que auxiliem essas mães a superar possíveis obstáculos e a modificar crenças errôneas, para que essas mães possam ter a possibilidade de uma maternidade saudável. 

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Aedes Aegypti e os determinantes sociais da saúde


Postado por Catiele Reis


O atual surto de doenças causadas pelo mosquito Aedes Aegypti, tais como Dengue, Zika e Chikungunya, coloca em evidência alguns dos grandes problemas urbanos: alta concentração demográfica, falta de saneamento básico, habitações inadequadas, educação de baixa qualidade e comportamentos inapropriados. Estes e outros fatores são alguns exemplos dos chamados determinantes sociais da saúde.  No combate ao mosquito Aedes Aegypti é muito importante a modificação do hábito de acumular objetos que podem acumular água parada, tais como, pneus, plantas, telhas e etc. 



sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Conhecimento sobre DST/AIDS por estudantes adolescentes

Resenhado por Maisa Silva

Brêtas, José Roberto da Silva, Ohara, Conceição Vieira da Silva, Jardim, Dulcilene Pereira, & Muroya, Renata de Lima. (2009). Conhecimento sobre DST/AIDS por estudantes adolescentes. Revista da Escola de Enfermagem da USP, 43(3), 551-557.
                                                                                                      
A adolescência é o período de transição entre a infância e a vida adulta, marcado por transformações de cunho biológico, psicológico e social. As mudanças biológicas impulsionam a curiosidade e vivência da sexualidade, porém, o papel que cada adolescente assume durante a prática da sua sexualidade pode representar riscos a sua saúde, visto que cada vez mais cedo começam a vida sexual e geralmente possuem desconhecimento sobre os riscos de DST e Aids. Assim, esta pesquisa teve como objetivos verificar o conhecimento deste público sobre prevenção, sinais e sintomas de DST/Aids. O estudo foi realizado no período de março de 2003 a junho de 2005 com 1087 adolescentes (652 do sexo masculino e 435 do sexo feminino) com idades entre 12 e 19 anos.
Nos resultados, verificou-se que tanto meninos quanto meninas possuem 100% de conhecimento sobre a Aids, embora as meninas possuam mais conhecimentos gerais sobre as DST. Entretanto, os participantes demonstraram pouco conhecimento sobre doenças como Candidíase, Tricomoníase e Condiloma Acuminado (Papiloma Vírus Humano/HPV). Sobre os métodos de prevenção das DST, as garotas demonstraram ter mais conhecimento que os rapazes, principalmente sobre o uso do preservativo masculino, seguido de consulta médica periódica e maior conhecimento sobre o parceiro sexual. Além disso, o uso do preservativo foi indicado por uma grande porcentagem dos adolescentes (92% feminino/78% masculino).
 Grande parte dos adolescentes que participaram, a maioria do sexo feminino, possuiam como principais meios de informação sobre as DST/Aids, em ordem decrescente: a televisão; os professores; os veículos da mídia (revistas, jornais e livros) e amigos. Houve baixa referência aos pais como fonte de informação sobre as DST.
Com relação ao conhecimento da transmissão da Sífilis e Gonorréia, notou-se desconhecimento entre ambos os sexos, com prevalência dos rapazes sobre as garotas. O mesmo foi observado sobre o conhecimento de transmissão, sinais e sintomas do Herpes Genital e Condiloma Acuminado. Verificou-se que o conhecimento dos participantes (ambos os sexos) sobre a transmissão da Aids/HIV prevaleceu em relação as outras DST. Sobre a cura das DST, observou-se grande desconhecimento dos participantes, principalmente para o sexo masculino.

Por fim, sobre a cura das DST, observou-se grande desconhecimento dos participantes, principalmente do sexo masculino. Este e os demais dados obtidos na análise deste estudo denota a importância de acompanhamento multidisciplinar na adolescência, para orientação tanto dos jovens quanto da família, afim de contribuir para o desenvolvimento sexual saudável. O acompanhamento psicológico nesta fase pode ser bastante eficaz, já que este período da vida tende a ser acompanhado de diversas alterações psicológicas e biológicas, acarretando, muitas vezes, comportamentos de risco. 

sábado, 6 de fevereiro de 2016

Paciente com Aids sofre mais por questões psicológicas do que com ação do HIV.

Postado por Geovanna Souza

“Um estudo realizado com pessoas em tratamento contra Aids no Brasil mostra que os soropositivos sofrem mais com problemas relacionados a interação social do que com a ação do vírus no organismo. Os números fazem parte da pesquisa Percepção da qualidade de vida e do desempenho do sistema de saúde entre pacientes em terapia antirretroviral no Brasil”.Embora a notícia seja do ano de 2009, ainda percebe-se sua relevância no tratamento de pessoas soropositivas. Já se passaram cerca de três décadas desde a eclosão do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e ainda há muitas dúvidas e questionamentos acerca dessa condição. Porém, ainda hoje, com campanhas esclarecendo dúvidas sobre o vírus, um aspecto parece sobressair aos demais: a visão preconceituosa e deturpada sobre a soropositividade que ameaça a convivência social de pessoas que já tem que lidar com a nova rotina que o vírus HIV/AIDS provoca.



Um estudo realizado com pessoas em tratamento contra Aids no Brasil mostra que os soropositivos sofrem mais com problemas relacionados a interação social do que com a ação do vírus no organismo. Os números fazem parte da pesquisa “Percepção da qualidade de vida e do desempenho do sistema de saúde entre pacientes em terapia antirretroviral no Brasil”, divulgada nesta terça-feira (1º), Dia Mundial de Luta Contra Aids.
A pesquisa, realizada pela Fundação Oswaldo Cruz em 2008 com 1.260 pessoas, indica que 65% dos pacientes avaliam seu estado de saúde como bom ou ótimo, número que supera o da população geral, que é de 55%. Em relação a portadores de outras doenças crônicas, o contraste é ainda maior, já que só 27% delas classificam sua saúde como boa ou ótima.
No entanto, quem está em tratamento com o coquetel anti-Aids sofre mais com problemas psicológicos. Entre as soropositivas, 33% afirmam ter grau intenso ou muito intenso de tristeza ou depressão e, 47%, grau intenso ou muito intenso de preocupação e/ou ansiedade. Entre os homens, o índice é um pouco menor: 23% e 34%, respectivamente. Na população geral, apenas 15% da população relata um grau intenso ou muito intenso de tristeza ou depressão. E a ansiedade é queixa de 23% das pessoas.
Preconceito
“Concordo com a pesquisa. A ação do vírus é totalmente controlada pelo coquetel. Agora, a interação social é bem mais complexa e envolve uma série de coisas. A maioria dos soropositivos prefere não contar que tem o HIV, porque o preconceito é muito forte e existe de forma dissimulada", testemunha Samir Thomaz, autor do livro “Te Espero o Tempo que For” (Ed. Brasiliense), livro que retrata o amor entre um soropositivo e uma pessoa sem o vírus.
A análise das entrevistas também mostra que os pacientes de Aids tem um nível de educação superior ao da média da população brasileira. Apesar disso, a distribuição de renda é semelhante. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad-2006), cerca de 67% da população brasileira, com 18 anos ou mais, tem rendimento mensal menor que dois salários mínimos, proporção semelhante à encontrada entre os pacientes de Aids (69%).
O estudo revela que ainda existe muito preconceito e discriminação em relação ao HIV, já que mais de 20% dos entrevistados relataram ter perdido o emprego após o diagnóstico. Na ocasião da pesquisa, 58% dos soropositivos não estavam trabalhando (55% entre os homens e 62% entre as mulheres).
Entre os pacientes homens, aposentadoria por doença (31,3%), incapacidade (14,7%), e recebimento de auxílio doença (24,6%) foram os principais motivos alegados para não estarem trabalhando. Entre as mulheres, 28% são donas de casa, 15,4% são aposentadas pela doença, 11% relataram incapacidade para o trabalho, e 15,4% recebem auxílio doença.
Influências
Os pesquisadores que conduziram o estudo desenvolveram um modelo estatístico para verificar os principais fatores associados à autoavaliação do estado de saúde como excelente ou boa. Fatores sociais como escolaridade e renda impactam positivamente. Por outro lado, estar aposentado por motivo de doença, incapacitado para o trabalho ou recebendo auxílio doença diminui em 55% a chance de ter boa autoavaliação do estado de saúde.
A presença de sintomas da doença também reduz em 40% a chance de autoavaliação positiva. Ter iniciado o tratamento a partir de 2007 também é um fator negativo, provavelmente porque esses pacientes ainda não recuperaram seu sistema imunológico devido ao pouco tempo de tratamento e ainda estejam sofrendo com os efeitos colaterais do início do tratamento e do diagnóstico recente.
Perdas e ganhos
A pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz também avaliou os ganhos e perdas dos soropositivos após o diagnóstico. Entre os entrevistados, 43,5% informaram que depois da descoberta da doença passaram a ter melhor assistência à saúde e 18,6% afirmaram ter mais suporte social. Entre as perdas, a mencionada pelo maior número de pessoas foi a piora das condições financeiras (36,5%), seguida da aparência física (33,7%).
Os resultados da pesquisa são representativos de toda a população em tratamento antirretroviral, atualmente estimado em cerca de 200 mil pessoas.
Campanha
A divulgação do estudo coincide com o lançamento, pelo Ministério da Saúde, da campanha “Viver com Aids é possível. Com o preconceito não”. No site elaborado para a ocasião, é possível deixar mensagens, fotos e vídeos sobre o tema.
A campanha também contou com a participação do artista plástico paulista Vik Muniz, radicado em Nova York, que produziu três obras de arte inspiradas no combate ao preconceito aos soropositivos. Os quadros foram doados ao Museu de Arte de São Paulo (Masp).

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Grau de adesão ao tratamento com anti-retrovirais entre indivíduos HIV positivos atendidos no Hospital Universitário de Santa Maria.

Resenhado por Brenda Fernanda

Saldanha, J. S., Andrade, C. S., & Beck, S. T. (2009). Grau de adesão ao tratamento com anti-retrovirais entre indivíduos HIV positivos atendidos no Hospital Universitário de Santa Maria. Saúde (Santa Maria), 35, 4-9.

O presente estudo teve caráter qualitativo e avaliou, durante um período de seis meses, o grau de adesão à terapia anti-retroviral, entre 898 sujeitos maiores de 15 anos, que recebem medicamentos para o controle da infecção pelo vírus da Imunodeficiência Humana, buscando informações que permitam desenvolver e programar intervenções que auxiliem o paciente e o cuidador na adesão à terapia medicamentosa.
O trabalho inicia conceituando a síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) como uma doença pandêmica que tem como agente etiológico o vírus HIV (Humam Immunodeficiency Virus). Em relação a seu tratamento, em 1996 foi sancionada uma lei que garante aos portadores do vírus HIV e AIDS o direito de receber gratuitamente, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), todos os medicamentos necessários. Assim, pode-se dizer que o acesso universal à terapia anti-retroviral, associado ao uso mais difundido de quimioprofilaxia para infecções oportunistas e a oferta de outros tipos de assistência, tem possibilitado a redução das internações hospitalares (80%) e dos óbitos por AIDS (50%) no Brasil.
Os autores ressaltam que a infecção pelo HIV não determina a AIDS imediatamente, e os aspectos de como e quando os pacientes infectados pelo HIV irão progredir para a expressão da doença permanecem controversos. Assim, apresentam as características clínicas da enfermidade, que se divide em quatro fases: a fase inicial, caracterizada pela síndrome retroviral aguda, na qual ocorre uma súbita diminuição na contagem de linfócitos T CD4+ e altos níveis de carga viral plasmática; na segunda fase (fase assintomática ou latência clínica), o número de linfócitos T CD4+ aumenta, porém, na maioria das pessoas infectadas não retorna aos níveis pré-infecção; a terceira é a fase sintomática precoce, com a ocorrência de manifestações; a última fase (fase sintomática) caracteriza-se pela contagem de linfócitos T CD4+ < 200 céls/mm3 e pelo aparecimento de doenças oportunistas, definindo assim o quadro de AIDS.
Contudo, a efetividade da terapia de alta potência depende de uma estratégia de adesão ao regime prescrito, pois o uso irregular ou em doses insuficientes pode propiciar o desenvolvimento de vírus resistente. Consequências de uma baixa adesão incluem limitações terapêuticas para o paciente e ameaça para a saúde pública, diante da possibilidade de transmissão de vírus multirresistentes.
A faixa etária mais prevalente da população estudada foi a de 30-49 anos, sendo 517 sujeitos do sexo masculino (58%) e 381 do sexo feminino (42%). A maioria dos pacientes (72%) apresentou bom nível de adesão. Apenas 7% dos indivíduos abandonaram o tratamento. Deste modo, pode-se concluir que manter uma adesão adequada ao tratamento por longo prazo é um trabalho que necessita de vigilância constante. A atenção farmacêutica e clínica no acompanhamento e tratamento da infecção pelo HIV aumentaram a expectativa e melhoraram a qualidade de vida dos indivíduos avaliados. Assim, destaca-se que a adoção de algumas estratégias específicas podem contribuir para a melhora da adesão ao tratamento, como: aumentar o aporte de informações; equipe assistente para atender e orientar bem os pacientes, extinguindo suas dúvidas e explicando os procedimentos em linguagem simples e objetiva; participar de grupos de adesão que abordem temas relacionados à adesão, identificando as dificuldades e incentivando a troca de experiências entre os pacientes.

Ainda, é importante destacar o papel do psicólogo junto ao público HIV positivo, visando oferecer suporte psicossocial e evidenciar o ser humano em sua integralidade, como sujeito que sofre para muito além da doença que porta. Assim, rompe-se com uma compreensão parcial do processo saúde-doença, que valorizava apenas a organicidade das patologias. É necessário que o psicólogo identifique e lide com as vulnerabilidades deste paciente e de sua família, a fim de reinserir este sujeito na sociedade e fazê-lo perceber-se além de sua doença, melhorando sua qualidade de vida. Além disso, a Psicologia também está intimamente ligada com a criação de políticas públicas que visam dar voz e cuidados a essas pessoas.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Apesar dos riscos, mais da metade dos brasileiros não usa camisinha.

Postado por Laís Santos

A reportagem em questão alerta a sociedade para uma realidade comum, apesar do conhecimento acerca da gravidade de doenças sexualmente transmissíveis (DST’s), mais da metade dos cidadãos não usam preservativo. O levantamento realizado pela Gentis Panel revelou que dos mais de 2 mil entrevistados em todas as regiões brasileiras, 52% nunca ou raramente usam preservativos, 10% utilizam às vezes e só 37% se protegem sempre ou frequentemente. Além disso, 51,8% das mulheres abrem mão do uso de preservativo durante a relação sexual, na maioria das vezes por conta de resistência imposta pelo parceiro.

Nota-se que apesar do empenho quanto à prevenção e a conscientização quanto às consequências das DST’s, alguns fatores como o uso de drogas e a dificuldade de conciliar a ereção com o uso da camisinha podem influenciar a não prevenção. De maneira geral, a sensação de que nada irá acontecer influencia a intenção comportamental de usar ou não o preservativo. À Psicologia, cabe buscar conhecer os fatores que predizem a intenção comportamental relacionada ao uso do preservativo. Com isso, as ações relacionadas à prevenção das DST’s, poderão de fato ter maior influência na conscientização dos indivíduos.


Apesar de a camisinha representar o método mais seguro de prevenção ante as DSTs, além de ser um dos jeitos mais baratos de impedir uma gestação, ela vem sendo deixada de lado em território nacional. A revista SAÚDE teve acesso em primeira mão a um levantamento da Gentis Panel, empresa especializada em pesquisa de mercado, que entrevistou mais de 2 mil pessoas de todas as regiões do Brasil e obteve resultados preocupantes: 52% dos brasileiros nunca ou raramente usam preservativos, 10% utilizam às vezes e só 37% se protegem sempre ou frequentemente. "O estudo deixa claro, por exemplo, que a maior parte da população já esteve exposta ao HIV", analisa Guilherme Cerqueira, diretor de marketing da Gentis Panel.
O curioso é que esses números evidenciam um enorme paradoxo: o Ministério da Saúde aponta que mais de 95% da população sabe que a camisinha é o modo mais eficiente de não contrair o vírus da aids. Então, o que estaria levando jovens e adultos a ignorarem uma maneira tão prática de se defender do HIV e de outras doenças?
A resposta não é simples e os motivos são muitos. Enquanto os adolescentes não parecem dar a devida importância ao preservativo, chegando inclusive a pensar que as DSTs são facilmente remediáveis, os mais velhos pecam pela falta do hábito de colocá-lo. "Eles iniciaram a vida sexual sem aprender a usar a camisinha. Assim, têm dificuldade em fazer disso um costume", explica a psiquiatra Carmita Abdo, de São Paulo.
A distribuição gratuita de camisinhas masculinas só começou no país em 1994, junto com os programas de combate à aids. Isso explicaria por que aqueles que não foram bombardeados com essas informações na sua juventude não lhe dão tanto valor hoje em dia. Ainda nos anos 1990, a chegada de remédios que garantem a ereção deu um gás, sem querer, para que o sexo descuidado acontecesse ainda mais. "Quando não havia acesso a esses medicamentos, os homens tinham menos relações ou faziam sexo sem penetração, diminuindo o risco de contrair doenças", contextualiza Carmita.

Mulheres desprevenidas
Mas não é apenas a ala masculina que faz vista grossa ao método. Segundo a pesquisa da Gentis Panel, 51,8% das mulheres abrem mão do contraceptivo na hora do rala e rola. "Muitas vezes, elas não se protegem devido a uma resistência do parceiro, que deixa de usar o preservativo por achar que ele vai diminuir o prazer ou interferir na ereção", justifica a ginecologista Marta Franco Finotti.
Outro fator que acabou depondo contra a camisinha foi a popularização da pílula anticoncepcional, que desde a década de 1960 permite às mulheres transar sem se preocupar em engravidar. É aí que está o perigo: muitas delas tomam o comprimido e não usam outros métodos. "Elas estão mais preocupadas em evitar a gravidez do que com as consequências de ter uma relação desprotegida", alerta Marta. Lembre-se: a pílula não previne DSTs.
Aliás, quem pensa que herpes, sífilis e clamídia são encrencas passageiras, consertadas com qualquer pomadinha, que se cuide. Elas podem gerar consequências sérias, de deformações a infertilidade. "Além da aids, há outras doenças que comprometem a saúde e agem silenciosamente. As DSTs não se resumem a HIV e HPV", reforça Carmita.
Por falar em HPV, vale ressaltar que a camisinha tem um papel a cumprir diante do papilomavírus humano, responsável pela maioria dos casos de câncer de colo de útero nas mulheres e outras chateações nos homens, como a formação de verrugas no pênis. Apesar de a vacina ser a forma mais eficiente de frustrar o ataque do vírus, a camisinha ajuda a diminuir o risco de contágio, desde que, é claro, seja utilizada corretamente. "O problema é que, muitas vezes, o rapaz coloca o preservativo apenas no momento de ejacular, quando já houve contato prévio sem nenhum tipo de proteção", observa Marta. Nesse momento, o HPV migrou de um parceiro para o outro faz tempo.

Foco nos mais novos
O levantamento sobre o uso de preservativos no Brasil denuncia que, entre aqueles que não se protegem, 28% têm de 20 a 29 anos. A questão é que, ao contrário dos mais velhos, esses cresceram ouvindo, na TV ou na escola, a necessidade de pôr o preservativo. O que justificaria índice tão alto nessa faixa? "Há quatro fatores determinantes: álcool, drogas ilícitas, dificuldade de conciliar a ereção com a camisinha e não ter o preservativo na hora da relação", enumera Carmita.
As meninas ainda têm uma preocupação muito maior em escapar de uma gravidez do que das DSTs em si, o que também é demonstrado pelo uso indiscriminado da pílula do dia seguinte. Para complicar, além da liberdade sexual, muita gente cai na cilada de imaginar que, com os avanços da medicina, a aids é facilmente controlada hoje.
Tudo isso reforça aquele sentimento típico do adolescente de que nada acontecerá com ele. Daí a importância não só de campanhas, mas principalmente do diálogo dentro de casa. "O ideal é conversar sempre e responder às dúvidas dos filhos de forma correta", orienta o ginecologista Nelson Gonçalves, de São Paulo. Essas atitudes contribuem para formar pessoas conscientes e, sempre com um preservativo por perto, mais preocupadas com a sua saúde e a do seu parceiro.

Proteção não tem idade
A pesquisa da Gentis Panel mostra que 63% dos indivíduos de 60 a 80 anos estão no grupo que se abstém do sexo seguro. Não à toa, os casos de infecção por HIV nos mais velhos dobraram na última década, de acordo com o Ministério da Saúde. "E ainda há muitos médicos que negligenciam a sexualidade de seus pacientes idosos", opina a geriatra Maria Zali Borges.

Teste de HIV: ele também foi esquecido
O levantamento com a população brasileira constatou que, em 52% dos casos, pelo menos um dos parceiros não se submeteu a esse exame, e 61,5% dos casais só o fizeram após transar sem preservativo. Entre os solteiros, 70% raramente exigem o teste antes de irem para a cama sem proteção. "As pessoas davam mais atenção ao método quando não havia promessa de tratamento para aids", afirma Carmita Abdo.