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sexta-feira, 22 de abril de 2016

Perceived emotional intelligence and dispositional optimism-pessimism: Analyzing their role in predicting psychological adjustment among adolescents.

Resenhado por Luana Santos

Extremera, N., Durán, A., & Rey, L. (2007). Perceived emotional intelligence and dispositional optimism-pessimism: Analyzing their role in predicting psychological adjustment among adolescents. Personality and Individual Differences, 42, 1069-1079.

Estudos sobre diferenças individuais, como preditores individuais, tem aumentado, visto parecerem se relacionar ao ajustamento do indivíduo, ou seja, tem implicações sobra a maneira pelas quais o indivíduo lida com experiências estressoras. Nesse sentido, pesquisas tem mostrado que maiores escores em escalas de otimismo tem sido associadas a menos desajustes psicológicos, assim como pessimismo tem se associado com insatisfação com a vida, estresse percebido e maior prevalência de sintomas depressivos. Um dos fatores importantes de predição de ajustamento, a inteligência emocional, é conceituado como a capacidade de perceber, assimilar, entender e gerir as emoções em si mesmo e nos outros.
O presente estudo examinou as relações entre inteligência emocional percebida, mensurada pela Trait-Meta Mood Scale (TMMS), otimismo e pessimismo, e ajustamento psicológico (medido através de estresse percebido e satisfação com a vida). A amostra foi composta por 498 adolescentes, sendo 202 do sexo masculino e 296 do sexo feminino. Além disso, investigou-se também a extensão em que as dimensões da inteligência emocional previram variação na satisfação com a vida e estresse percebido.
Como resultados principais, as dimensões da TMMS e otimismo/pessimismo  mostraram correlações significativas na direção esperada com o estresse percebido e satisfação com a vida. Outras análises, a saber regressões, confirmaram que a clareza emocional permaneceu significativa na previsão de estresse percebido e satisfação com a vida após a influência do otimismo/pessimismo ter sido controlada. Estes resultados são consistentes com descobertas anteriores sobre a validade da inteligência emocional  avaliada pela TMMS. Nesse sentido, os dados sugerem que os adolescentes com altas percepções de habilidades emocionais (em particular, alta clareza e reparação) geralmente apresentam maior satisfação com a vida e menor estresse percebido. Além disso, em algum grau, este efeito pode ser considerado como independente das suas próprias disposições otimistas ou pessimistas.

Entretanto, embora este estudo tenha fornecido evidências preliminares interessantes sobre a validade incremental da escala TMMS sobre otimismo e pessimismo disposicional, os autores trazem que os presentes achados devem ser interpretados com cautela devido aos índices estatísticos de confiabilidade para as sub-escalas terem sido baixos e às condições subjetivas relacionadas às medidas de autorrelato. Diante do exposto, ressalta-se que apesar das limitações, a pesquisa forneceu evidências empíricas de que otimismo/pessimismo e inteligência emocional explicam um desvio de ajustamento psicológico.

terça-feira, 19 de abril de 2016

Em excesso, pensamento negativo afeta neurônios e prejudica saúde.

Postado por Maisa Silva

De acordo com pesquisadores, ver as coisas por uma ótica mais negativa pode prejudicar vários âmbitos, a exemplo da economia pessoal. Em saúde, sabe-se que o pessimismo possui uma influência quase que direta, que afeta desde as estratégias de enfrentamento à doença, até a própria adesão ao tratamento. Alguns cientistas indicam que o comportamento pessimista pode ser explicado por fatores genéticos. Estudos feitos com gêmeos apontam que há a identificação de alguns genes em um dos gêmeos. A identificação de pensamentos pessimistas em excesso pode ser um prognóstico para algumas patologias, a exemplo da depressão e infarto. Portanto, o tratamento dessas ideações pode contribuir para o desenvolvimento mais saudável do indivíduo.



“As consequências de nível nacional do pessimismo, nós estamos conseguindo ver bastante bem: retração da economia, demissões, inflação e todas as outras más notícias que os jornais têm trazido nos últimos meses. Mas esse sentimento também tem efeitos muito nocivos para o nosso organismo. 
O pessimismo, se mantido por muito tempo, pode chegar a danificar o cérebro. “Ele funciona como um fator estressor de pequena quantidade e longa duração. Os neurônios possuem uma camada de proteção neurológica. Se a pessoa mantiver um estresse crônico como esse, vai haver uma diminuição dessa proteção”, explica o psiquiatra Kalil Duailibi, diretor científico do departamento de psiquiatria da Associação Paulista de Medicina. 
A consequência direta disso é que essa pessoa fica muito mais propensa a desenvolver qualquer tipo de doença neuronal, principalmente a depressão. Acima de três meses de exposição a esse tipo de estresse, já é possível verificar esse tipo de dano. Com seis meses de exposição, ele certamente ocorrerá. 
Uma pesquisa publicada no periódico “Science Translational Medicine” conseguiu provar que os pensamentos negativos afetam a eficácia de tratamentos. Os pesquisadores submeteram um grupo de 22 voluntários saudáveis a uma dor nas pernas causada por um feixe de calor. 
Em uma etapa do estudo, aplicaram nos voluntários um potente analgésico – que aliviou a dor dos participantes. Em um segundo estágio, os pesquisadores mentiram aos voluntários, dizendo que o medicamento seria interrompido. Inacreditavelmente – já que eles ainda estavam sob efeito da droga –, os participantes relataram um aumento agudo da dor. 
A pesquisa comprovou que, quando a pessoa espera que vá sentir dor ou que o tratamento não vá funcionar, de fato, essa expectativa se torna realidade. Apesar de o experimento ter sido realizado com um grupo pequeno de voluntários e de ser específico para a dor, a comunidade científica acredita que as conclusões valham para outros tipos de tratamentos. 
Outro que sofre os efeitos do pessimismo é o coração. O estudo Women Health Status, realizado com 97 mil mulheres, conseguiu demonstrar que as participantes otimistas tiveram 10% a menos de chances de um infarto e 15% menos chances de mortalidade de uma forma geral. É como se os otimistas tivessem um bônus de vida. 
“Na medicina tradicional chinesa, determinados fatores comportamentais sempre foram considerados importantes. Mas, para nós, isso é uma coisa muito nova, é algo que estamos redescobrindo”, afirma o cardiologista Antonio Gabriel e Laurina Vicius, membro da equipe de medicina preventiva do Hospital Albert Einstein, em São Paulo. 
Por que o pessimismo está ligado à doença cardíaca ainda não está claro para a ciência, mas há algumas hipóteses. “Essas pessoas também mostraram ter um estilo de vida menos saudável. Outra possibilidade tem a ver com o fato de esses sentimentos negativos levarem a um excesso de radicais livres no sangue, que prejudicam o metabolismo e elevam a doença. “O que podemos concluir é que ser otimista é um bom negócio”, afirma Laurina Vicius. 


Maioria vê luz no fim do túnel 
Uma enquete feita durante os dias 24 a 27 de agosto pelo portal O TEMPO mostrou que, diferentemente do que se poderia imaginar, a maioria dos internautas (56%) se disse otimista com relação à própria vida nos próximos meses. Mas o percentual dos pessimistas é alto: 44%. Responderam ao portal 1.206 pessoas. 
O administrador de empresas e consultor de negócios João Gabriel Almeida, 30, percebe insegurança além do pessimismo. “Perdi alguns clientes que estão querendo ver como o mercado vai ficar, pois querem contar com o dinheiro para o caso de alguma emergência”, conta ele, que diz também estar se atendo aos gastos básicos com sua esposa, Michele Vilas Bôas, e a filha, Ana Luisa. 
Mas ele acredita que isso vai mudar. “Acho que vamos passar talvez um ano e meio nessa nebulosidade. Daqui a uns dois anos, as coisas vão voltar ao seu lugar”. 
A operadora de câmbio Danielle Santana, 35, é mais pessimista. “O que me incomoda bastante é o fato de trabalharmos muito e não sermos recompensados como deveríamos. Pagamos muitos tributos e não vemos nada. Não conseguimos desenvolver as coisas dentro do país. A impunidade é um absurdo”, cita. 
Trabalhando em um banco, ela nem consegue enxergar luz o fim do túnel. “Temos uma doença crônica política. Isso tem que ser mudado. A reforma política é importante, e precisamos saber quando ela virá”, afirma.”

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Eventos estressores e conduta social na adolescência.

Resenhado por Iracema Freitas

A. M. de A. Schneider & J. T. B. Pacheco. (2010). Eventos estressores e conduta social na adolescência. Gerais: Revista Interinstitucional de Psicologia, 3, 23-32.

Os estudos sobre infância e adolescência têm mostrado que experiências adversas podem definir a conduta social e servir como prenúncio de comportamentos violentos na fase adulta. O conceito de conduta social, desenvolvido por Reppold, inclui três categorias: comportamento antissocial (agressividade, desobediência, oposicionismo, temperamento exaltado e baixo controle de impulsos), comportamento de desafio-oposição (dificuldade em reconhecer os próprios erros e apresentar um padrão de hostilidade, vingança e desafio à figura de autoridade) e comportamento pró-social (cooperar, considerando as necessidades e desejos do outro).
Na adolescência, os eventos estressores são percebidos como ameaças que demandam do sujeito um repertório comportamental adaptativo inapropriado à expectativa social. Esse comportamento inadequado, também chamado de conduta antissocial, tem sua origem em fatores de risco de cunho individual (características biológicas, aspectos comportamentais e cognitivos) e contextual (aspectos familiares, sociais e frequência de experiências de vida estressoras). O trabalho também utilizou o conceito de maus-tratos, baseado na definição elaborada pelo Ministério da Saúde, que inclui abuso físico, psicológico, sexual e trato negligente.
O objetivo do estudo foi avaliar a relação entre a experiência de maus-tratos e a conduta social de adolescentes. A amostra foi composta por 144 adolescentes, destes, 64,6% eram meninas, alunos do Ensino Médio de escolas públicas da cidade de Porto Alegre. Os instrumentos utilizados foram a Escala de Conduta Social proposta por Reppold (2005), o Inventário de Eventos Estressores na Adolescência (IEEA) e questionários com dados sociodemográficos.
Os resultados foram agrupados em três categorias: conduta social dos adolescentes, eventos estressores e maus-tratos e relações entre a ocorrência de eventos estressores relacionados a maus-tratos e à conduta social. Quanto à conduta social, os meninos apresentaram maior média para comportamento antissocial e desafio-oposição, enquanto as meninas pontuaram mais alto para o comportamento pró-social. O quesito eventos estressores e maus-tratos, obteve maior frequência no item “abuso psicológico = sofrer humilhação e ser xingado” e a menor média no quesito “abuso sexual = ser tocado sexualmente e ser estuprado”.

Os dados sugerem a relação entre os adolescentes estarem habituados a determinados eventos estressores e a redução da percepção da intensidade desses acontecimentos. Contudo, a sujeição a maus-tratos e a ausência de percepção da intensidade dos fatos, não minimizam os danos causados à aprendizagem, o que compromete o desenvolvimento das habilidades sociais. Há evidências empíricas de que crianças e adolescentes expostos a maus-tratos tendem a reproduzir o comportamento antissocial como estratégia de resolução de problemas. Compete aos pais desempenharem papel socializador, para que haja uma aprendizagem dentro do esquema reforçador positivo e não restritivo e punitivo. 

domingo, 17 de abril de 2016

Pessimismo como alerta de adoecimento psíquico.

Postado por Iracema Freitas


O pessimismo é visto popularmente como um traço de caráter do indivíduo que tem uma visão negativa do mundo. O pessimista é aquele que, por ter medo de uma frustração, especula sobre as possibilidades de fracasso, e por temor ou incapacidade de lidar com um possível acontecimento, desiste antes mesmo de tentar. Porém, a presença e a persistência de pensamentos negativos podem sinalizar que algo não está indo bem.  O indivíduo pode estar com sintomas de depressão, ansiedade ou outros transtornos de humor que o impedem de ter uma visão mais condizente com a realidade, com a qual se consegue perceber que toda situação tem múltiplas possibilidades de ser ou não bem sucedida



sábado, 16 de abril de 2016

Estudo relaciona pessimismo a distúrbios do sono

Postado por Brenda Fernanda

De acordo com pesquisa realizada na Inglaterra, dormir mal pode estar relacionado com pensamentos pessimistas. O horário em que se vai dormir e o tempo de duração do sono estão associados à dificuldade que algumas pessoas têm em parar de se preocupar. Pessoas que passam pouco tempo dormindo ou dormem muito tarde são mais predispostas a imergir em uma onda de pensamentos ruins em comparação àquelas que dormem mais cedo e durante mais tempo. Participaram do estudo 100 jovens adultos universitários, tendo sido utilizados uma bateria de questionários e dois testes computadorizados. No procedimento, os pesquisadores verificaram o grau de preocupação, ruminação e obsessão dos universitários com alguma coisa, sendo estas as três medidas sobre as quais o pensamento negativo se fundamenta.


“Quem se sente incomodado com ideias pessimistas persistentes pode estar sofrendo, na verdade, com algum distúrbio do sono. Segundo uma pesquisa da Universidade de Binghamton, na Inglaterra, o horário em que se vai para a cama e a duração dos períodos de descanso têm relação com a dificuldade que alguns têm de parar de se preocupar. Pessoas que passam períodos curtos dormindo ou adormecem muito tarde são mais propensas a mergulhar em uma onda de pensamentos ruins, comparadas àquelas que dormem mais cedo e por mais tempo.De acordo com Meredith Coles, diretora da Clínica de Ansiedade da universidade, pensamentos negativos repetitivos caracterizam-se por ideias incômodas que persistem na mente, sem que a pessoa pareça ter controle sobre elas. Esses indivíduos tendem a se preocupar excessivamente com o futuro, remoer fatos passados e sofrer com pensamentos perturbadores repetitivos. “Esses pensamentos são muito típicos em pessoas que sofrem de distúrbio da ansiedade generalizada, depressão, estresse pós-traumático, transtorno obsessivo-compulsivo e ansiedade social. Ao mesmo tempo, sujeitos que têm esses problemas costumam apresentar problemas de sono”, observa Coles.Jacob Nota, aluno de Coles e coautor da pesquisa, conta que estudos anteriores já haviam feito essa conexão. “O que fizemos agora foi replicar esses estudos para verificar se também há uma relação entre esse tipo de pensamento e o horário em que a pessoa vai se deitar”, diz. Para tanto, eles pediram a 100 jovens adultos estudantes da universidade para completar uma bateria de questionários e fazer dois testes computadorizados. No processo, os pesquisadores verificavam o grau de preocupação, ruminação e obsessão dos universitários com alguma coisa — essas são as três medidas sobre as quais o pensamento negativo se fundamenta. Os estudantes também deviam falar sobre seus hábitos de sono, se eram pessoas mais noturnas ou diurnas e se dormiam bastante de uma só vez ou fragmentavam o descanso, entre outras questões.Os pesquisadores descobriram que pessoas que dormem pouco e vão para a cama mais tarde geralmente têm mais pensamentos negativos repetitivos que as outras. Isso foi observado, principalmente, entre os estudantes que se descreveram como pessoas de hábitos noturnos. “Dormir no horário certo pode ser uma intervenção simples e barata para indivíduos que se incomodam com pensamentos intrusivos”, diz Nota. O estudo também sugere que o sono interrompido está ligado ao desenvolvimento desse tipo de ideia fixa. “Pessoas em risco desse distúrbio de pensamento podem se beneficiar da estratégia de dormir por mais tempo”, afirma o estudante.“Se descobertas futuras derem suporte à relação entre o tempo de sono e o pensamento negativo repetitivo, isso poderia levar a uma nova via de tratamento para indivíduos com distúrbios do tipo. Estudos sobre a relação entre a redução da duração do sono e a psicopatologia já demonstraram que focar nessa questão na prática clínica leva à redução dos sintomas”, observa. “Há uma crescente linha de pesquisas com fortes evidências entre uma coisa e outra. Queremos explorar essas questões para poder ajudar pacientes de transtorno da ansiedade”, diz.DistresseUm desses estudos, publicado no jornal especializado Sleep, constatou que jovens adultos que dormem menos de oito horas por noite correm risco maior de sofrer de distresse psicológico, uma combinação de sintomas de depressão e ansiedade. Essa probabilidade aumenta 14% para cada hora de perda de sono. Assim, pessoas entre 17 e 24 anos que descansam menos de seis horas têm o dobro de chances de desenvolver o problema, comparado a indivíduos da mesma faixa etária que dormem oito horas por dia. “Em jovens adultos que já sofrem do distresse psicológico, quanto menos horas eles dormem, piores os sintomas”, diz Nick Glozier, professor de medicina psicológica do Instituto do Cérebro e da Mente da Universidade de Sydney, na Austrália.O estudo envolveu 20.822 jovens adultos de New South Wales, no país da Oceania. Os participantes completaram uma pesquisa confidencial, informando as horas de sono tanto nos fins de semana quanto nos dias úteis do mês precedente. Os dados foram pesados para determinar o tempo médio em que os voluntários dormiam. Trinta por cento deles dormiam de sete a oito horas por noite, e 18% relataram dormir menos de sete horas. Menos de 2% não chegava a repousar cinco horas.Para medir o nível de distresse psicológico, os pesquisadores usaram uma escala que avalia a sanidade mental da pessoa durante as quatro semanas anteriores. O questionário inclui questões sobre sentir-se cansado, nervoso, desesperançoso, deprimido, preocupado e triste, por exemplo. Um escore alto indica que o indivíduo muito provavelmente está sofrendo de distúrbio mental. Na pesquisa, 32,5% dos participantes se encaixavam nessa classificação.Glozier afirma que a relação entre sono e distresse psicológico é complexa.
“Embora a duração curta do sono possa ser um risco real para distresse, é possível que a perda do sono seja um sintoma de um episódio anterior do problema, que depois melhorou, ou que o distúrbio de sono reflita uma comorbidade que dificulta o tratamento do distresse”, afirma. Para ele, abordagens que visam a aumentar a duração do sono entre adultos, no geral, provavelmente não oferecerão um efeito preventivo contra o distresse. “Melhor que isso é nos focarmos nos indivíduos que dormem muito pouco ou que sofrem de distresse psicológico”, defende.”

quarta-feira, 13 de abril de 2016

“A tristeza é uma resposta que faz parte da nossa forma de ser e estar no mundo.”, afirma o médico psiquiatra Ricardo Moreno.



Postado por Edryenne Matos

            A tristeza é um sentimento intrínseco à existência humana. Em virtude disto, é necessário aprender a lidar com ela e perceber a sua importância. Sendo assim, não há a possibilidade da felicidade constante, pois todos flutuam entre os polos da felicidade e da tristeza. Porém, ao que parece, ser feliz o tempo todo tornou-se uma obrigação, ou mesmo um pré-requisito para viver hoje em dia. Em consequência disso, a procura por não sofrer tem se elevado, o que levou muitas pessoas a consumirem antidepressivos, tais como o prozac, propagado na década de 1990 como a pílula da felicidade. O psiquiatra Eduardo Ferreira-Santos alerta que esse tipo de medicação não produz o efeito desejado para qualquer pessoa, uma vez que os mesmos não são necessariamente estimulantes. Ademais, ele ressalta a importância do sentimento de tristeza como um mecanismo psíquico que possibilita a reflexão acerca do próprio indivíduo. Deste modo, a Psicologia da Saúde se atenta ao modo como a tristeza tem sido encarada, principalmente no que diz respeito a forma como este sentimento pode afetar a nossa saúde, seja de maneira positiva ou negativa.


Fonte: http://super.abril.com.br/comportamento/tristeza-faz-bem

Tristeza faz bemNinguém consegue ser feliz 24 horas por dia. Estar triste é chato, sim, mas ajuda no equilíbrio da mente e do corpo. O segredo é saber reagir aos momentos de baixo-astral até mesmo para ser alguém mais felizÉ melhor ser alegre do que ser triste, já dizia Vinícius de Moraes. Sem dúvida. O poetinha ia mais longe, entoando em rima e prosa que tristeza não tem fim, já a felicidade, sim. Até hoje, muita gente chora ao ouvir esses versos porque tocam num ponto nevrálgico da vida humana: os sentimentos. E quando tais sentimentos provocam algum tipo de dor, fica difícil esquecer – e ainda mais suportar. A tristeza, uma das piores sensações da nossa existência, funciona mais ou menos assim: parece bonita apenas nas músicas. Na vida real, ninguém gosta, ninguém quer.Pois bem, caro leitor, está na hora de rever seus conceitos. Você já deve ter percebido que a tristeza faz parte da vida, então o jeito é aprender a lidar com ela. Quem já experimentou a sensação de felicidade, certamente, já ficou triste também – até porque uma não existe sem a outra. Por isso, em vez de ficar se lamentando, a partir de agora você vai descobrir que o estado de melancolia tem seu lado bom, podendo até ser produtivo em muitos casos. Por que ficamos tristes? Tristeza é um sentimento que responde a estímulos internos, como recordações, memórias, vivências; ou externos, como a perda de um emprego ou de um amor. Não se trata de uma emoção, que é uma resposta imediata a um estímulo. No caso da tristeza, nosso organismo elabora a sensação e amadurece-a antes de manifestar. É uma resposta natural a situações de perda ou de frustrações, em que são liberados hormônios cerebrais, chamados neurormônios, responsáveis pela angústia, melancolia ou coração apertado.Como ninguém recebe somente notícias boas o dia todo, não há como fugir do estado de tristeza. O que dá para mexer é no significado dos estímulos e assim fazer com que ela apareça em menor grau de intensidade. “A tristeza é uma resposta que faz parte da nossa forma de ser e estar no mundo. Passamos o dia flutuando entre polos de alegria e infelicidade”, afirma o médico psiquiatra Ricardo Moreno, coordenador do Grupo de Doenças Afetivas do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo. Se passamos o dia entre esses polos de flutuação, é bom não levar tão a sério os comerciais de margarina em que a família é linda, perfeita, alegre e até os cachorros parecem sorrir o tempo inteiro. Não apenas na televisão, mas vivemos uma época em que a felicidade constante é praticamente um dever de todos. O físico, matemático e filósofo francês Blaise Pascal é autor de algumas das mais famosas reflexões sobre o tema. “A felicidade é o motivo de todas as ações de todos os homens, inclusive dos que vão se enforcar”, escreveu no século 17. O desejo desenfreado de querer ser feliz ganhou até status de direito social a partir do movimento iluminista, no século 18, cuja filosofia influenciou a Revolução Francesa e a independência dos Estados Unidos. Na Constituição americana, a busca da felicidade é assegurada como um “direito inalienável” dos cidadãos. “Quando passo por momentos de melancolia sem saber o porquê, me sinto até culpado. Afinal, como um sujeito bem-sucedido profissionalmente, com namorada e uma família linda, poderia se sentir triste?”, diz o analista de sistemas Guilherme Azevedo, de 26 anos. Felicidade tirana: É fato: a obrigação de ser feliz o tempo todo está virando uma obsessão a ponto de causar angústia. “A felicidade é efêmera por definição. Por isso, as pessoas que só pensam nela sofrem muito mais e se distanciam das pequenas alegrias da vida”, afirma o escritor francês Pascal Bruckner, autor do livro A Euforia Perpétua (Bertrand Brasil, 2002), no qual critica o que chama de “tirania da felicidade”. “Hoje em dia, sofre-se também por não querer sofrer, do mesmo modo que se pode adoecer de tanto procurar a saúde perfeita.” Não é à toa que os antidepressivos são um sucesso arrebatador nas farmácias. Para se ter uma ideia, em 2000, o Prozac, propagado como a “pílula da felicidade”, rendeu 2,6 bilhões de dólares aos cofres do laboratório fabricante. “É bom lembrar que essas drogas não fazem efeito em pessoas normais, ou seja, em quem não sofre de depressão. As substâncias antidepressivas não são necessariamente estimulantes”, diz o psiquiatra Eduardo Ferreira-Santos, do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo.Evitar a tristeza vem sendo um ideal tão perseguido que está chamando a atenção de pesquisadores do mundo todo. A conclusão: estar infeliz é mais do que natural, é necessário à condição humana. Segundo o psicólogo americano Martin Seligman, da Universidade da Pensilvânia, a tristeza é um dos raros momentos que nos permite reflexão, uma volta para nós mesmos, uma possibilidade de nos conhecer melhor, de saber o que queremos, do que gostamos. E somente com essa clareza de dados é que podemos buscar as atividades que nos dão prazer, isto é, que nos fazem felizes.Ferreira-Santos concorda. “A tristeza com relação a algum fato nos leva a pensar sobre ele. Pensamos em soluções, ou seja, trata-se de um mecanismo psíquico que nos dá condições de reflexão sobre nós mesmos e até mesmo para evitar a repetição do erro.” Assim como a dor e o medo, a tristeza nos ajuda a sobreviver. Sim, porque se não sentíssemos medo, poderíamos nos atirar de um penhasco. E se não tivéssemos dor, como o organismo poderia nos avisar que algo não vai bem? Insatisfação passageira: O pesquisador americano Robert Wright acredita que a tristeza tenha sua participação até mesmo no processo evolutivo. “Se a alegria que vem após o sexo não terminasse nunca, os animais copulariam apenas uma vez na vida”, diz Wright. Para ele, a felicidade é propositadamente projetada para escapar – e dessa forma corremos atrás daquela maravilhosa sensação que sentimos anteriormente. Um estudo feito em 1978 com ganhadores da loteria mostra o caráter momentâneo da felicidade: os sortudos tiveram picos de alegria logo após a premiação, mas tenderam a voltar aos níveis anteriores pouco tempo depois. O inverso é verdadeiro. No mesmo estudo, pessoas que ficaram paraplégicas em acidentes recuperaram seus níveis de felicidade dois meses depois. Ou seja: a tristeza, quando é um sentimento saudável e natural da vida, tem fim. Se não passar, aí é bom se preocupar, pois pode virar depressão, doença que afeta cerca de 20% da população mundial.“Mas tem muita gente que confunde as coisas, diz que está deprimido porque perdeu o emprego ou brigou com a namorada. Isso não é depressão, é tristeza. Depressão é uma síndrome e nunca vem isolada”, afirma o psiquiatra Ricardo Moreno. Foi o que aconteceu com a administradora de empresas Patrícia Menziane, de 25 anos. “Depois de perder um bebê, me senti muito mal. As pessoas me cobravam uma volta por cima, me incentivavam a sorrir, mas não dava. Demorou para descobrir que eu não era infeliz, apenas estava infeliz”, conta.Um dos pilares do budismo é a impermanência, segundo a qual tudo é transitório, em constante mudança. Para Dalai Lama, se as coisas podem ficar ruins de um momento para outro, as ruins também podem ficar boas rapidamente. O ideal é aprender os recados da tristeza enquanto ela não vai embora. Impulso criativo: Alguns artistas e intelectuais viveram o auge da produção nos momentos de melancoliaO que seria da música se seus compositores não tivessem passado por terríveis dores-de-cotovelo? Provavelmente, não existiriam os mais belos sambas, valsas, tangos, chorinhos e afins que tanto fazem bem aos nossos ouvidos. E essa constatação vale também para outras formas de expressão artística.O compositor alemão Ludwig van Beethoven redigiu a maior parte de suas sinfonias, incluindo a “Nona”, em momentos de profunda tristeza – acredita-se que o sentimento era alimentado pela sua precoce surdez e por três amores impossíveis. Outro clássico alemão, Franz Schubert, um melancólico de carteirinha, compôs em1822 a maravilhosa “Oitava Sinfonia”, obra tão angustiada que ficou inacabada.Na literatura, o poeta português Fernando Pessoa escreveu a maioria de seus textos quando se sentia ensimesmado – prova disso é que assumia diversas personalidades literárias.Um estudo da Harvard Medical School, de Boston, publicado em 2003, examinou a criatividade de 17 pacientes com depressão e concluiu que eles tiveram um melhor desempenho criativo do que pessoas sem histórico de doenças psíquicas. Isso indica que até mesmo a tristeza que se torna patológica pode ter lá sua serventia. Fique atento: Ao contrário da tristeza natural, a depressão é uma doença séria que exige ajuda médica. Veja alguns sintomas da depressão:·         Melancolia profunda e incessante por mais de 15 dias consecutivos.
·         O sentimento é incapacitante, ou seja, impede ou dificulta a execução das atividades normais.
·         Perda de interesse em atividades que antes davam prazer, incluindo sexo.
·         Dificuldade de raciocínio e concentração.
·         Irritabilidade e ansiedade.
·         Fadiga constante e perda de energia.
·         Alterações nos hábitos de sono, como excesso de sonolência ou insônia.
·         Pensamentos frequentes sobre morte e suicídio.
·         Mudanças no apetite.
·         Tendência ao isolamento

domingo, 10 de abril de 2016

Raiva em excesso pode causar adoecimento físico e mental.

Postado por Geovanna Souza


A raiva é considerada uma emoção importante e que serve para nos mobilizar para ação, porém, em excesso, pode gerar problemas de saúde física e mental, além de prejudicar o convívio social. Ela funciona como uma reação de sobrevivência e surge quando somos frustrados, provocando, muitas vezes, consequências graves em nossa saúde, principalmente no sistema cardiovascular. Raiva em excesso pode causar perda de memória, cansaço físico demasiado, problemas gastrointestinais e depressão. Sendo assim, é importante que saibamos reconhecer quando nossas emoções passam o limite do bom senso, prejudicando aspectos de nossa vida. Reconhecer a raiva extrema é o primeiro passo para buscar ajuda e tentar amenizar os efeitos dessa emoção, que pode passar de negativa à positiva.  




quarta-feira, 6 de abril de 2016

The relationships between daily optimism, daily pessimism, and affect differ in young and old age


Resenhado por Ariane de Brito

Palgi, Y., Shrira, A., Ben-Ezra, M., Cohen-Fridel, S., & Bodner, E. (2011). The relationships between daily optimism, daily pessimism, and affect differ in young and old age. Personality and Individual Differences, 50, 1294–1299. doi: 10.1016/j.paid.2011.02.030

O presente artigo objetivou analisar se a relação entre otimismo e pessimismo diários diferem em função da idade, e em caso afirmativo, de que maneira. Além disso, examinou-se também se diferentes combinações de otimismo diário e de pessimismo diário são emocionalmente adaptativas, ou seja, se estão associadas ao alto afeto positivo e ao baixo afeto negativo em jovens e idosos. Considerou-se o otimismo diário e o pessimismo diário como expectativas favoráveis e desfavoráveis para o dia seguinte (futuro próximo), nesta ordem.
Para Palgi et al. (2011), o otimismo e o pessimismo referem-se, respectivamente, a construtos em que os indivíduos mantêm expectativas favoráveis ​​e desfavoráveis ​​generalizadas para o seu futuro. Considera-se o otimismo e o pessimismo como extremos opostos e dependentes, ou seja, quando um deles é alto o outro é necessariamente baixo, e vice-versa. Porém, algumas evidências científicas têm indicado que algumas pessoas podem apresentar apreciações complexas que não se encaixam necessariamente com essa visão bipolar, e que há ainda razões para supor que a relação otimismo-pessimismo pode variar ao longo da vida. A título de exemplo, estudos como os realizados por Herzberg et al. (2006) e  Mroczek, Spiro, Aldwin, Ozer, e Bossé (1993)  descobriram que enquanto a correlação entre otimismo e pessimismo tendem a ser extremamente dependente no início da vida, elas tornam-se relativamente independente no final da vida. No entanto, existem ainda poucos estudos que examinam as condições que afetam as suas inter-relações em jovens e idosos.
Desse modo, as hipóteses que nortearam o estudo foram que: (1) a relação inversa entre otimismo e pessimismo diários seria mais forte entre os jovens do que entre as pessoas idosas; (2) a combinação de baixo otimismo diário e alto pessimismo diário estaria relacionada com o maior afeto positivo e menor afeto negativo entre os jovens, e (2b) as combinações baixas de ambos ou altas de ambos, otimismo diário e pessimismo diário, estariam relacionadas com o maior afeto positivo e menor afeto negativo entre idosos, respectivamente.
Participaram da pesquisa uma amostra por conveniência constituída de 191 indivíduos divididos em dois grupos: jovens (n = 96; M = 27,8; DP = 4,70, intervalo 20-40) e idosos (n = 95; M = 72,9; DP = 6,98; intervalo 62-89). Foram constatas diferenças entre os grupos em todas as variáveis demográficas, com exceção do gênero. O grupo jovem relatou mais anos de escolaridade, menor percentual de participantes casados, maioria nascida em Israel, e nível mais elevado de saúde subjetiva, em comparação com o grupo de idosos. Utilizou-se como instrumento para mensuração do otimismo e pessimismo diários os seis itens marcados (sem os itens de preenchimento) da versão hebraica da Escala Revista de Orientação para a Vida (LOT-R; Scheier, Carver, & Pontes, 1994). Os itens foram reformulados para se referir ao dia seguinte, e o coeficiente alfa (α) foi de 0,88 e 0,86 para o otimismo e pessimismo diários, respectivamente. Já o afeto positivo (α = 0,80) e o afeto negativo (α = 0,78) foram medidos com a versão hebraica da Escala de Experiência Positiva e Negativa (SPANE; Diener et al., 2010). Durante 14 dias consecutivos os participantes classificaram o seu nível de otimismo e pessimismo, referindo-se ao dia seguinte.
Os resultados indicaram que nos grupos de jovens e idosos, o otimismo e o pessimismo diários foram negativamente correlacionados; o afeto positivo e negativo foram negativamente correlacionados; o otimismo diário foi positivamente correlacionado com afeto positivo e negativamente com afeto negativo; o pessimismo diário foi negativamente correlacionado com afeto positivo e positivamente correlacionado com afeto negativo. A análise multivariada de covariância (ANCOVA), entre os grupos jovens e idosos, afeto positivo e negativo quanto a educação, estado civil, local de nascimento, e autopercepção de saúde, não indicou diferenças significativas.
Em relação a Hipótese 1, ela foi analisada a partir de um modelo multinível separado para jovens e idosos participantes. O modelo de interação examinou se a relação entre otimismo e pessimismo diários diferiu significativamente entre os grupos de estudo. Observou-se, então, que o termo de interação foi significativo (estimador = 0,16; p = 0,008; estimador = 0,18; p = 0,002), sem e com as covariáveis ​​(educação, estado civil, local de nascimento e autopercepção de saúde), respectivamente.
Já a Hipótese 2 sugeriu que o alto otimismo diário combinado com o baixo pessimismo diário seria o mais emocionalmente adaptativo em idade jovem, a qual estaria relacionada com alto afeto positivo e baixo afeto negativo. As combinações de baixo em ambos ou alto em ambos, otimismo e pessimismo diários, seriam a mais emocionalmente adaptativas na velhice. O resultado da análise de regressão múltipla hierarquizada, prevendo afeto positivo, indicou também que uma combinação de alto otimismo diário entrelaçado com alto pessimismo diário é tão emocionalmente benéfico quanto a combinação de alto otimismo diário e baixo pessimismo diário.
Do mesmo modo, a Hipótese 2b foi investigada através de uma análise de regressão múltipla hierarquizada, mas dessa vez prevendo afeto negativo. No geral, o afeto negativo foi menor entre aqueles com uma combinação de alto otimismo diário entrelaçado com alto pessimismo diário. Afeto negativo também foi baixo quando ambos, otimismo e pessimismo diários, foram baixos.

Contudo, os resultados do presente estudo sugerem que o otimismo e pessimismo diários são menos fortemente relacionados entre si entre os idosos. Além disso, uma combinação de alta otimismo diário-baixo pessimismo diário foi encontrada como a mais emocionalmente benéfica para os jovens. Nos idosos, as combinações de otimismo e pessimismo diários baixos ou altos foram mais emocionalmente benéficas para esse grupo.  Assim, conclui-se que enquanto o quadro de expectativa diária é relativamente interdependente entre os jovens, é mais dialética na velhice. Sugere-se que estudos futuros examinem ainda mais os mecanismos e as condições que promovam combinações emocionalmente benéficas de expectativas em grupos em função da idade.

terça-feira, 5 de abril de 2016

Como seu estado de espírito influencia sua saúde


Postado por Luana Santos

Desde 1980, pesquisas se propõem a investigar se o cérebro de alguma forma estaria ligado ao sistema imunológico, podendo os sentimentos negativos tornarem o corpo mais vulnerável. Tem-se encontrado, por exemplo, que a mesma parte do cérebro que controla a reação ao estresse tem um importante papel em tornar o organismo mais propenso a desenvolver enfermidades como a artrite e que pessoas com transtorno bipolar também tem respostas de inflamação no organismo de forma exacerbada. Nota-se que as maneiras como aspectos psicológicos afetam o corpo ocorrem de forma direta ou indireta: direta reflete em comportamentos quando os modos encontrados para lidar com o estresse e a depressão nem sempre são saudáveis (tabagismo, isolamento) e acabam colaborando com o enfraquecimento do organismo para lutar contra patologias; e indireta envolvendo alterações principalmente no hormônio ligado à regulação imunológica, o cortisol, liberado em situações de estresse que, em quantidade moderada, ajuda a combater inflamações e a manter a pressão arterial, entretanto, em pacientes com estresse crônico os níveis de cortisol se elevam causando alterações no sistema imune, podendo enfraquecer a resposta imune do organismo ou mesmo desencadear doenças inflamatórias (cardiovasculares, metabólicas, autoimunes). Diante dos achados científicos, comprova-se a necessidade de uma abordagem interdisciplinar para cura e tratamento de doenças que, como visto, parecem aparecer e exacerbar-se principalmente quando o organismo não têm mais a capacidade de suportar os efeitos gerados pelo estresse contínuo desencadeado por elas.


Quando a mente não consegue mais suportar, o corpo reage. E isso não é apenas sabedoria popular. Antes um conceito estigmatizado pela comunidade médica, o bem-estar emocional é cada vez mais compreendido como um fator crucial para a prevenção e o tratamento de doenças.Nas últimas décadas, avanços em pesquisas nas áreas da neuroanatomia e da bioquímica permitiram que os médicos compreendessem melhor como o nosso cérebro está ligado ao sistema imunológico e como o estresse e o acúmulo de sentimentos negativos podem tornar a saúde mais vulnerável. Essas descobertas reforçam a ideia de que, para tratar doenças que apresentam sintomas físicos, não se pode ignorar as emoções.Uma das principais pesquisadoras da área, a americana Esther Sternberg dedica-se desde os anos 1980 a comprovar como o sistema nervoso e os hormônios nos tornam mais suscetíveis a doenças inflamatórias. A mesma parte do cérebro que controla a reação ao estresse tem um importante papel para tornar o organismo mais propenso a desenvolver enfermidades como a artrite.As maneiras como a psique afeta o corpo ocorrem de forma direta e indireta, como explica Moisés Evandro Bauer, do Instituto de Pesquisas Biomédicas da PUCRS. A direta é comportamental: os modos encontrados para lidar com o estresse e a depressão nem sempre são saudáveis. Aumento do tabagismo, isolamento e falta de controle com a alimentação são alguns exemplos que colaboram com o enfraquecimento do organismo para lutar contra vilões como viroses e até mesmo o câncer.As linhas indiretas envolvem alterações principalmente no hormônio ligado à regulação imunológica, o cortisol, liberado em situações de estresse. Em quantidade moderada, ele ajuda a combater inflamações e a manter a pressão arterial.Em pacientes com estresse crônico, os níveis de cortisol se elevam, causando alterações no sistema imune. Em alguns casos, ocorre a imunossupressão, ou seja, o enfraquecimento da resposta imune do organismo. Em outros, a atividade do sistema imunológico é exacerbada, o que pode desencadear as chamadas doenças inflamatórias, como as cardiovasculares, metabólicas e autoimunes.No Instituto do Câncer Hospital Mãe de Deus, o psicólogo Marcelo Pereira Lemos trabalha com pacientes que lutam contra a doença. Junto às sessões de quimioterapia e radioterapia, o atendimento psicológico faz parte da rotina. A partir do momento do diagnóstico, o bem-estar emocional passa a ser um dos pilares para a recuperação.—Trabalhamos com os pontos positivos de cada paciente. Potencializamos aquilo que é bom, seja uma crença ou um sentimento, para encontrar medidas de enfrentamento da doença. Tudo o que for melhor para ele e que tenha validação médica para que o corpo responda de maneira mais eficaz ao tratamento, será feito. O corpo e a mente funcionam juntos — diz Marcelo. Quebra de tabu na medicina ocidentalCom essa premissa, de que o corpo e a mente estão interligados, médicos e pesquisadores comprovam que uma abordagem interdisciplinar para a prevenção e cura das doenças, como o câncer, pode ser mais eficaz. Esse conceito deu origem à medicina integrativa, considerada uma quebra de tabu na medicina ocidental.A prática combina os métodos e tratamentos intensivos às terapias e técnicas complementares. A espiritualidade e o bem-estar psíquico do paciente passam a ser contemplados nos cuidados durante o tratamento de doenças.— Ninguém está dizendo que se deve deixar de tomar os antibióticos ou qualquer outro medicamento, mas se os remédios para tratar a doença forem tomados sob constante estresse, serão menos eficazes. Aderindo a técnicas como meditação ou tai chi chuan, que aliviam e aquietam a mente, e a práticas saudáveis como caminhar 30 minutos por dia, é possível reverter os sinais do estresse crônico, que prejudicam a cura — afirma Esther Sternberg, professora e diretora de pesquisa no centro de medicina integrativa da Universidade do Arizona.Para Esther, práticas como a meditação ajudam a modular a conexão entre o cérebro e o sistema imunológico. Essa ligação foi uma das suas descobertas mais impactantes para o campo da medicina. A reação excessiva do cérebro ao estresse, segundo a especialista, atrapalha a habilidade do corpo de cicatrizar e curar.— Estresse não causa diretamente as doenças. O vírus da gripe causa a gripe e diversos fatores causam o câncer, por exemplo. Mas essas descobertas científicas foram importantes para entender como controlar o estresse pode ajudar na redução à suscetibilidade para certas doenças — diz a pesquisadora. Resposta biológica ao estresseSegundo o pesquisador Moisés Evandro Bauer, do Instituto de Pesquisas Biomédicas da PUCRS, pacientes com transtornos psíquicos, como depressão ou estresse crônico, desenvolvem mais doenças físicas e de cunho inflamatório como diabetes, AVC e infarto agudo do miocárdio.Pesquisas recentes mostram que pessoas com transtorno bipolar — uma doença crônica que pode surgir ainda na adolescência — também tiveram respostas de inflamação no organismo de forma exacerbada. Entre a euforia e a depressão, a rotina de quem lida com a doença está sob estresse constante.Os exames dos pacientes investigados mostraram que há uma elevação de proteínas inflamatórias — as citocinas — no sangue. Quando essas proteínas são encontradas em altos níveis, o corpo sinaliza que há um processo inflamatório no organismo. A elevação das citocinas é também encontrada em pacientes diagnosticados com câncer, doenças reumáticas e cardiovasculares.Indo mais longe, pesquisadores começam a investigar também a resposta biológica do organismo a eventos causados ainda na infância. As cicatrizes psicológicas de traumas, maus-tratos e negligência emocional não ficam apenas na memória.— Essas pessoas, quando mais velhas, mesmo com um estado de saúde normal aparente, manifestam alterações inflamatórias no sangue bem mais exacerbadas em relação ao grupo controle, que não teve história de traumas na infância — revela Bauer.Para o pesquisador, essas comprovações devem mudar a forma como o médico avalia o paciente e também o tratamento contínuo de doenças.— A divisão antiga que tínhamos entre um quadro de doenças psicológicas e um quadro de doenças mais clínicas, para mim, não existe mais. Doenças psíquicas desenvolvem alterações biológicas, mas também as doenças que, antigamente, não tinham ligação psiquiátrica, como as cardiovasculares, tidas apenas como físicas ou orgânicas, têm comprovadamente uma ligação com fatores psicológicos — finaliza.O conceito de medicina integrativa busca, portanto, usar técnicas que tragam bem-estar e saúde mental para ajudar a curar doenças. De acordo com Esther, se o estresse não for combatido, trabalha-se contra o corpo e o sistema imunológico.— O grande problema com o conceito de medicina do corpo e da mente é que há uma pressão para que os pacientes encontrem soluções sozinhos. E, se eles falham, passam a sentir-se mal, porque não conseguem tratar a si mesmos. É preciso procurar ajuda e encontrar os hábitos e as técnicas que funcionam para cada um e que são relevantes para a condição de saúde atual. Não é só "coisa da sua cabeça""Isso não é nada, é tudo psicológico." Essa frase, para a psicóloga e professora da Unisinos Andressa Bellé, é um reflexo de que a psique, como fator desencadeante de doenças, ainda é subestimado pela população em geral. A especialista em terapia cognitivo-comportamental explica que os pensamentos se relacionam com as emoções, podendo desencadear o estresse.Andressa menciona certas distorções cognitivas comuns, como a chamada catastrofização, uma forma de interpretar e enxergar situações do cotidiano como mais graves do que a realidade. Para Andressa, pessoas que sofrem com isso têm a tendência de viverem sob estado prolongado de ansiedade.— O que a gente pensa interfere no que a gente sente. Investir na saúde mental é uma forma de prevenção de doenças — afirma.As doenças psicossomáticas são aquelas que a origem pode ser traçada até a mente. Disfunções gastrointestinais, alergias, alterações na pressão arterial: todas aparecem quando o organismo não têm mais a capacidade de suportar os efeitos gerados pelo estresse contínuo.— Muitas vezes, o paciente começa a tomar o medicamento, mas não vê efetivamente uma melhora. São nesses casos que considera-se o fator emocional e psicológico — diz.  

segunda-feira, 4 de abril de 2016

O impacto da homofobia na saúde de adolescentes homossexuais.

Resenhado por Brenda Fernanda

Natarelli, T. R. P., Braga, I. F., Oliveira, W. A., & Silva, M. A. I. (2015). O impacto da homofobia na saúde de adolescentes homossexuais. Escola Anna Nery Revista de Enfermagem, 19(4), 664-670.

O artigo conceitua a adolescência como uma fase do desenvolvimento humano, marcada por aspectos de transformações físicas e comportamentais, bem como pela inserção do indivíduo na sociedade como adulto, o que acarretaria maior exposição a diferentes situações de conflito, violência e exclusão (Borges, Perurena, Passamani, & Bulsing, 2013), por conta da ampliação do contato social. É um período de busca de identidade, inclusive sexual. Nesse contexto, a homofobia aparece como um fenômeno que engloba emoções e comportamentos negativos de uma pessoa ou grupo em relação aos homossexuais. É um dispositivo de controle que reforça a ideia de naturalização da normalidade relacionada à orientação heterossexual, e se manifesta nas relações sociais por meio de agressões físicas, verbais, psicológicas e sexuais (Miskolci & Balieiro, 2011). Para a área da saúde, interessa a abordagem das violências enquanto um processo social. Essa perspectiva ultrapassa o modelo curativo e biomédico de saúde, realçando a concepção holística e ampliada de saúde e seus correlatos como a integralidade, a intersetorialidade e a promoção da saúde (Minayo, 2013).
De acordo com o Ministério da Saúde, em 2012 foram registrados 4.851 casos de homofobia, sendo que a maioria (61,16%) das vítimas tinha idade entre 15 e 29 anos. Esses dados ratificam a relevância e magnitude do problema da homofobia, além de apontarem os adolescentes como integrantes de um grupo vulnerável. A literatura científica assinala que a homofobia é um dos determinantes para a saúde dos adolescentes. Um estudo com 300 adolescentes não heterossexuais realizado no Canadá constatou que a homofobia causa efeitos negativos sobre o bem-estar, a qualidade de vida e a saúde dos adolescentes (Blais, Gervais, & Hebert, 2014). Demonstra-se, ainda, a associação entre a orientação sexual e ideações e tentativas de suicídio na adolescência, visto que os homossexuais têm mais chances de pensarem e tentarem suicídio se comparados aos heterossexuais (Teixeira-Filho & Rondini, 2012).
O presente estudo apresentou caráter qualitativo, participaram nove adolescentes com idades entre 13 e 19 anos de idade, autodeclarados homossexuais. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas, com base num roteiro que incluía questões sobre a percepção do adolescente em relação à: violência contra adolescentes homossexuais no cotidiano; a violência contra o próprio adolescente entrevistado; as acusas dessa violência e a influência dessa violência para a saúde do adolescente (Hanneman & Riddle, 2009).
No que concerne aos resultados, os adolescentes referiram serem vítimas de diversos tipos de violência física, verbal, psicológica e sexual. Como principais cenários para ocorrência da homofobia foram pontuadas a escola, a família e a comunidade. Sobre a influência na saúde, ressaltaram a dimensão e complexidade das situações de homofobia com as quais convivem, que acarretam prejuízos à sua saúde. Isso pode ser mensurado em termos de comprometimento da saúde mental e na dificuldade para adotar hábitos de vida saudáveis. Além disso, os adolescentes demonstram uma percepção negativa de si mesmos, o que pode contribuir para que negligenciem práticas de autocuidado, podendo até desenvolver ideação suicida. Apontaram aspectos como estresse, depressão, anemia, diabetes, entre outros. Também relataram a presença de ideais e comportamentos homofóbicos dentro dos serviços de saúde e entre seus profissionais, elementos capazes de dificultar o acesso à saúde e a um atendimento integral.

Conclui-se que os adolescentes homossexuais encontram-se em situação de vulnerabilidade e são expostos a diferentes tipos de violência. Nesse sentido, observa-se que as práticas de cuidado e atenção integral à saúde devem acompanhar as necessidades desse público por abordagens terapêuticas que valorizem a singularidade e a expressão da sexualidade, ao mesmo tempo que orientam e avaliam a necessidade de apoio ou serviços formais de saúde mental.

sábado, 2 de abril de 2016

“Solidão prejudica saúde mais do que obesidade”, afirma pesquisador.

Postado por Mariana Menezes

A solidão, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, constitui-se como um fator de risco para a saúde, podendo ser sentida em qualquer fase da vida. Sua ocorrência depende não só da falta de interação social, mas, sobretudo, do significado que a pessoa atribui às experiências de isolamento social em sua vida. A solidão pode conduzir a quadros patológicos físicos e mentais, inclusive à depressão, favorecendo o desenvolvimento de hábitos prejudiciais à saúde como maus hábitos alimentares, práticas sedentárias, até abuso de álcool e outras drogas. O envolvimento em atividades que promovem o contato social e reforçam os vínculos sociais pode proteger da solidão e até mesmo afastá-la, por isso é importante incentivar a participação, principalmente de grupos mais vulneráveis como o de idosos, em atividades lúdicas, passeios, práticas de atividade física e envolvimento em grupos.


A solidão é a principal causa de infelicidade para 60 milhões de pessoas nos Estados Unidos: um em cada cinco americanos. É também causa de muitas doenças, segundo o diretor do Centro de Neurociência da Universidade de Chicago, o psicólogo John Cacioppo. “A solidão prejudica a saúde mais do que a obesidade”, afirma o pesquisador que estuda a relação entre o cérebro e o corpo há mais de 30 anos.
Para entender como reagimos a esse sentimento, o doutor e outros pesquisadores cruzaram entrevistas de milhares de pessoas com testes de laboratório: exames de sangue, de saliva e também de ressonância magnética.
“Descobrimos que a solidão aumenta a pressão do corpo e os riscos de doenças cardiovasculares, que diminui a imunidade do nosso organismo e facilita o ataque de bactérias e de vírus como o da gripe. Uma pesquisa feita com jovens estudantes solitários descobriu que esse grupo era mais suscetível a pegar gripe. A solidão ajuda a degradar mais rapidamente o nosso corpo", diz o psicólogo.
Em média, nós passamos 80% da nossa vida na companhia de outras pessoas. Fazer parte de um grupo e ter amigos é uma necessidade do nosso corpo, segundo os pesquisadores. Assim como a fome indica que nós precisamos comer e que a sede é um sinal para beber água, o sentimento de solidão é um alerta para buscarmos companhia e rompermos com o isolamento.
"Muitos médicos reconhecem que a solidão é um problema de saúde, mas este é um assunto difícil de discutir com o paciente, porque há muito preconceito", declara John Cacioppo.



sexta-feira, 1 de abril de 2016

Comportamento de risco em adolescentes.

Postado por Mariana Serrão
Entende-se por comportamento de risco a execução de atividades que possam causar danos à saúde física ou mental do indivíduo, neste caso, do adolescente. Essas atividades de risco podem ser executadas devido a curiosidade característica dessa fase ou por influência do meio, entretanto é necessário que esses comportamentos sejam identificados precocemente para não serem consolidados e virarem hábitos. São exemplos de comportamentos de risco na adolescência: o uso de tabaco, uso indevido do álcool e distúrbios alimentares.



Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=PXtQaU4LP9c