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sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Esperança e Depressão em pacientes oncológicos

Resenhado por Sara Andrade

Schuster, J. T., Feldens, V. P., Iser, B. P. M., & Ghislandi, G. M. (2015). Esperança e depressão em pacientes oncológicos em um hospital do sul do Brasil. Revista da AMRIGS59(2), 84-89.

A esperança se constitui como um valioso recurso na vivência de pessoas acometidas por enfermidades, e comumente é experienciada de forma pessoal e única. Por meio dela é possível almejar um significado para a vida, tanto nas situações cotidianas como nas de crise. Ao serem influenciados por esse sentimento, os indivíduos sentem-se impulsionados e motivados a seguir em frente na resolução dos problemas e alcance de metas.
Mesmo não oferecendo cura, a esperança tem demonstrado ser uma variável estritamente relacionada a benefícios na saúde das pessoas, na medida em que aparenta influenciar o ânimo dos pacientes, e principalmente a percepção dos mesmos a respeito de sua qualidade de vida. Dessa forma, não somente a saúde psicológica pode ser auxiliada pela esperança, mas também a saúde física, pois através desta o paciente é levado a se engajar em longas trajetórias no árduo processo de tratamento da doença.
De igual modo, pacientes oncológicos tem sido beneficiados pelos níveis de esperança, fato que desencadeou o interesse de Schuster et al. (2015) em avaliar sua associação com a depressão em pacientes em tratamento quimioterápico em um hospital do sul do país, por meio de um estudo observacional de delineamento transversal. Na pesquisa foram utilizados três instrumentos: (1) um questionário sociodemográfico (para obtenção de informações como: sexo, idade, cor, escolaridade, estado civil, religião, praticante ou não da religião, com quem vive, renda, tempo de tratamento, tipo de tratamento, tipo de quimioterapia e sítio do tumor); (2) Escala de Esperança de Herth e (3) Inventário de Beck para Depressão.
Os resultados apontaram que o tipo de religião das pessoas não fez diferença para os níveis de esperança, que de modo geral na amostra foram altos. No entanto, verificou-se que o fato de praticar uma religião se associou significativamente com o nível de esperança, ou seja, aqueles que praticam alguma religião obtiveram maior nível de esperança. Em prosseguimento, os autores verificaram que correlação entre a Escala de Esperança de Herth e o Inventário de Beck para Depressão se mostrou negativa e significativa, isto quer dizer que quando o escore de esperança crescia o escore de depressão diminuía.
Foi encontrada relação positiva entre as variáveis escolaridade e esperança, o que levou à compreensão de que quanto maior o tempo de escolaridade, maior o nível de esperança apresentado pelos pacientes em quimioterapia. Uma análise geral do estudo, possibilitou concluir que a esperança se apresenta como uma importante estratégia de enfrentamento frente à doença, de modo a auxiliar o paciente a lidar com a dor do momento e com o futuro incerto de uma maneira mais eficaz.
Tendo em vista à necessidade de maiores informações sobre a esperança como fator benéfico à saúde, os autores sugerem a realização de mais pesquisas com a Escala de Esperança de Herth, a fim de verificar o impacto real da esperança em um enfermo, já que os resultados do presente estudo apontaram que altos níveis de esperança proporcionam uma diminuição dos sintomas depressivos. Enfim, acredita-se que dados brasileiros sobre o assunto contribuirão significativamente nos avanços teóricos e práticos da Psicologia da Saúde.

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Forgiveness education in fibromyalgia: A qualitative inquiry

Resenhado por Mariana Menezes

Toussaint, et al. (2014). Forgiveness education in fibromyalgia: A qualitative inquiry. Pain Studies and Treatment, 2 (1), 11-16.

A fibromialgia se trata de uma doença incurável cujo principal sintoma é dor em diferentes regiões do corpo. O recebimento do diagnóstico pelo paciente pode causar sentimentos negativos tais como embaraço, frustração, culpa e vergonha. Além disso, a presença constante de dor pode manter os pacientes fibromialgicos afastados do convívio social, podendo gerar sentimentos de perda e isolamento.
A fibromialgia exige do paciente esforço não apenas físico, mas também psicológico, pois o mesmo precisa administrar a grande carga emocional provocada por essa doença. O perdão diz respeito a uma estratégia de enfrentamento focada na emoção e há evidências de este pode promover saúde e reduzir o estresse percebido e a raiva em pessoas que experimentaram a falta de perdão.
Toussaint et al., (2014) buscaram verificar se o perdão poderia ser uma estratégia de enfrentamento útil em pacientes com fibromialgia para aprenderem a lidar melhor com as emoções negativas resultantes do diagnóstico e desafios impostos pela doença, e analisar a aceitação da intervenção por parte de pacientes com fibromialgia e a aplicabilidade de uma ‘educação para o perdão junto a esses pacientes. Desta forma, foi realizada uma educação na qual o conceito e as ferramentas de perdão foram apresentados a treze mulheres fibromialgicas de idade entre 40 e 54 anos.  O perdão foi apresentado como uma estratégia de enfrentamento focada na emoção para lidar com estressores interpessoais.
A avaliação qualitativa das discussões dos grupos focais revelou que: (1) as participantes aceitaram o perdão como uma estratégia de enfrentamento focalizada na emoção, compreenderam a associação entre abrigar ressentimentos, internalização do estresse e a experimentação de sintomas e concluíram que o perdão é saudável e reduz as dores características da fibromialgia; (2) as participantes demonstraram entender que através do perdão é possível controlar respostas pessoais à adversidade e diminuir a dor crônica; e (3) as participantes descobriram que a educação para o perdão é similar a outros tipos de educação que já receberam e que serviu para reforçar conceitos que elas tinham aprendido em outras sessões de educação do paciente.
Portanto, apesar das limitações do estudo, tais como a amostra ter sido composta apenas por mulheres, a pesquisa indica que a educação para o perdão é aplicável em pacientes com fibromialgia, uma vez que defende que o perdão é uma estratégia de autogestão focada na emoção capaz de diminuir o sofrimento psíquico desses pacientes.


domingo, 18 de setembro de 2016

Esperança

Postado por Maria Clara

Em meio ao conturbado modo de vida produzido pela sociedade atualmente, a esperança se apresenta como um grande aliado para adaptabilidade da vida humana. Há quem diga que ela é uma crença, uma capacidade da pessoa, uma força que vem de dentro, um estado mental, uma expectativa positiva produzida pelas emoções. Apesar de não uma definição concisa, o que se sabe é que a esperança é um elemento inestimável para auxiliar na manutenção da saúde mental, produzindo assim melhor qualidade de vida.


sábado, 17 de setembro de 2016

Suicídios poderiam ser evitados se sinais não fossem banalizados

Postado por Sara Andrade

Constata-se atualmente no país e no mundo, a elevada ocorrência de suicídios entre idosos, bem como o acentuado crescimento de casos entre adolescentes. Mesmo ocorrendo por fatores distintos, é necessária uma atenção maximizada das pessoas frente às atitudes suspeitas em ambos os públicos, cuja relevância por vezes é banalizada por familiares e amigos, que são os principais receptores das solicitações de ajuda. A especialista Alexandrina Meleiros salienta que 98% dos casos de suicídio catalogados no Brasil, em 2014, têm relação com a presença de transtornos mentais. No entanto, esse não é um pré-requisito suficiente para a ocorrência de um ato suicida. Conforme salienta Alexandrina, todo suicida “quer morrer porque quer fugir dos problemas, mas também quer ajuda”. Debruçando-se em dados como estes, verifica-se a necessidade de efetivar ações preventivas mais eficazes no combate ao suicídio.

Fonte:   http://circuitomt.com.br/editorias/brasil/92161-suicadio-poderia-ser-evitado-s-sinais-nao-fossem-banalizados.html

Mais de 800 mil pessoas cometem suicídio a cada ano no mundo. No Brasil, o último dado do Ministério da Saúde mostra que em 2014 foram mais de 10.600 casos no país.Segundo a coordenadora da Comissão de Combate ao Suicídio da Associação Brasileira de Psiquiatria, Alexandrina Meleiros, 98% desses indivíduos tinham transtornos mentais, como depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia, dependência de drogas. Hoje (10), é considerado o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio.Dificuldades como as que vêm com a velhice, crises financeiras, solidão, fim de relacionamentos amorosos são considerados fatores de risco para o suicídio, já que funcionam como gatilho para desencadear crises dos transtornos. “Mas isso não quer dizer que quem tem transtorno vai se matar. Essa é uma condição necessária para o suicídio, mas não suficiente”, ressaltou Alexandrina. Para a especialista, de cada dez suicídios, nove poderiam ter sido evitados com diagnóstico e tratamento corretos dos transtornos. “A maioria das pessoas, cerca de 70% delas, dá algum tipo de sinal [de que pensa em tirar a própria vida], mas muitas vezes os sinais são banalizados. Frases como: a vida não vale mais a pena; melhor morrer; queria desaparecer são sinais de alerta. Esse alerta é um pedido de ajuda comum, pois todo suicida tem uma ambivalência: ele quer morrer porque quer fugir dos problemas, mas também quer ajuda”, explicou a psiquiatra.De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz, a maior parte das pessoas que pensa em cometer suicídio enfrenta uma doença mental que altera, de forma radical, a percepção da realidade e interfere no livre arbítrio. O tratamento da doença é a melhor forma de prevenir. Quem convive com essas pessoas, como colegas de trabalho, parentes e amigos, são os que mais podem perceber os sinais de que alguém pensa em desistir da própria vida. “A pessoa mudou o comportamento, ficou mais triste, mais desanimado, passou a faltar o trabalho, não rende do mesmo jeito. São vários os indícios de reações depressivas ou quadros depressivos de maior severidade, que podem levar ao suicídio”, disse a psiquiatra. Ela aconselha que quem perceber esses sinais dê atenção, se disponha a ouvir e sugerir acompanhamento especializado, caso necessário.IdososA mortalidade por suicídio é maior entre os idosos. As limitações físicas, perda de autonomia, morte de entes queridos são fatores relacionados aos casos nesta faixa etária, segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), José Elias Pinheiro.“A depressão no idoso é o maior fator de risco daqueles que tentam contra vida e o diagnóstico não é fácil, não existe um exame sorológico que diga que o paciente tem depressão. Muitos sinais como ausência do convívio social, o recolhimento, podem ser vistos como algo que faz parte do processo natural de envelhecimento, porém, se esse comportamento for diferente da rotina anterior da pessoa, pode ser um sinal de alerta para procurar ajuda profissional”, ressaltou o profissional.De acordo com o geriatra Ulisses Cunha, 70% dos casos de suicídio nesta fase da vida podem ser atribuídos à depressão, além de psicoses, demências e abuso de drogas, como álcool.As estatísticas apontam o maior número de suicídios ocorre entre os 65 e 70 anos de idade. Os especialistas recomendam que os idosos não fiquem sozinhos em datas marcantes, como morte de um ente familiar ou aniversário, pois são momentos que servir de gatilho para pensamentos destrutivos.A sociedade médica também alerta para o “suicídio passivo-crônico” – ou seja, um suicídio lento, não claramente manifesto. Pinheiro explica que geralmente esse tipo de suicídio ocorre quando o idoso recebe o diagnóstico de alguma doença crônica, muitas vezes progressiva, mas que não tira a capacidade cognitiva. “Nesse processo progressivo de perda da independência, o indivíduo mantém o grau de lucidez, e vê a independência comprometida, precisa deixar de fazer atividades diárias, como fazer asseio, ir ao banco. Ele começa uma recusa a se alimentar, a usar medicamentos, deixa de ter atitudes que o põem em risco, como provocar quedas. O indivíduo vai negando as funções básicas, como ingerir alimento e água”, descreve Pinheiro.AdolescentesEnquanto o maior índice de suicídio está entre os idosos, a faixa etária entre 15 e 19 anos registrou o maior aumento de mortes. A alta de casos nesta faixa etária chegou a 30%, superior a 10,8% na média nacional entre 2000 e 2012.“Vários fatores estão levando nossos jovens a se matarem mais. Lares desfeitos, aumento do abuso de drogas, aumento do alcoolismo, os jovens perderem o sentido do verbo ser e passaram a valorizar o verbo ter. É o imediatismo, o consumismo, fatores que fazem com que os jovens não desenvolvam tolerância para frustrações e diante delas, acabam optando por tirar a própria vida”, disse a psiquiatra Alexandrina Meleiro.Fatores de proteçãoProfissionais preparados para lidar com essas situações, informar população, reduzir o acesso aos meios de execução e acompanhamento profissional podem evitar as mortes. “A espiritualidade também é considerada um fator de proteção. E não estamos falando em religião, e sim em crença, até ser ateu. Ter uma crença afasta a possibilidade de pensamentos suicidas”, acrescentou Alexandrina.Para a especialista, a atenção básica de saúde deveria estar preparada para identificar sinais de alerta, ter familiaridade com o assunto e encaminhar o paciente para o serviço especializado, mas essa não é a realidade no sistema de saúde brasileiro. “O paciente com perfil suicida precisa de pessoas com familiaridade com o assunto. Muitas vezes uma palavra não positiva pode detonar o gesto suicida, cada vez mais o profissional tem que estar familiarizado com o assunto para ter a possibilidade de mudar um destino que poderia ser trágico daquele paciente”.Dados do Ministério da Saúde mostram que em 2014 foram registrados 10.653 óbitos por suicídio no Sistema de Informação de Mortalidade, taxa média de 5,2 por 100 mil habitantes, praticamente metade da média mundial (11,4 por 100 mil). Na Argentina, a taxa é de 10,3 por 100 mil habitantes; Bolívia (12,2), Equador (9,2), Uruguai (12,1) e Chile (12,2).Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 30% dos suicídios no mundo ocorrem por envenenamento com pesticidas, a maioria é registrado em zonas rurais de países com baixa e média renda. Outros métodos recorrentes são enforcamento e uso de armas de fogo.O conhecimento dos métodos de suicídio mais utilizados é importante para a elaboração de estratégias de prevenção que têm se mostrado eficazes, como a restrição de acesso aos meios de suicídio. 

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Esperança e orientação positiva diante de problemas estão associadas ao baixo risco de suicídio

Resenhado por Laís Santos


Chang, E.C., Yu, E.A., Kahle, E.R., Jeglic, E.L., & Hirsch, J.K. (2013). Is doubling up on positive future cognitions associated with lower suicidal risk in latinos? A look at hope and positive problem orientation. Cognitive Therapy and Research, 37(6), 1285–1293. doi: 10.1007/s10608-013-9572-x


  A população latina é o grupo de maior crescimento nos Estados Unidos, correspondendo a aproximadamente 50,5 milhões de cidadãos, o que representa um aumento de 43,0% desde o ano de 2000. Contudo, apesar de tamanho aumento, no campo científico, ainda há poucos estudos com este público, principalmente acerca do suicídio. Estima-se que o suicídio é a terceira maior causa de mortes entre jovens latinos com idades dos 15 aos 24 anos. Além de escassa a produção sobre os riscos do suicídio entre este público, os poucos estudos existentes, priorizam a avaliação de fatores preditores negativos, em detrimento de pesquisas que mensuram fatores protetivos contra o suicídio.
   Nesse sentido, a literatura aponta que a esperança e as orientações positivas frente a problemas são importantes fatores preditores positivos de ajustamento psicológico. Acredita-se então que, quanto maior o nível de esperança e quanto mais o sujeito se orienta positivamente diante de problemas, menor a chance deste cometer suicídio. Todavia, ainda há poucos trabalhos que avaliam a relação direta de ambos, especialmente em relação à população latina.
    Assim, o estudo em questão, avaliou a esperança e orientação positiva quanto aos problemas como fatores preditores ao risco de suicídio. A amostra foi de 155 sujeitos, 76,1% mulheres (n = 118), com idades dos 18 aos 46 anos. Os resultados revelaram que a esperança e as orientações positivas acerca dos problemas se correlacionaram positivamente. Observou-se que a esperança associou-se negativamente aos níveis de desesperança e ao risco de suicídio. Em geral, 37,0% (n = 57) apresentaram algum comportamento suicida (ideação, planejamento ou tentativa), e 5,8% (n = 9) relataram ter tentado suicidar-se.
     Em suma, os resultados apontam a relação negativa da esperança e das orientações positivas diante de problemas e o suicídio.  Em outras palavras, quanto maior o nível de esperança e quanto mais positivamente orientado frente às adversidades, menor a probabilidade de realizar o suicídio. Pesquisas como esta reforçam demais estudos que avaliam a ação de outros construtos, a exemplo do otimismo e crenças de autoeficácia, como fatores protetivos acerca de doenças, ajustamento psicológico e qualidade de vida da população.

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Psicóloga diz que prevenção é a melhor saída para evitar casos de suicídio

Postado por Brenda Fernanda

É sabido que atualmente o suicídio se configura como problema de saúde pública. No entanto, percebe-se que esse assunto ainda é tratado como tabu na sociedade. Diante disso, torna-se fundamental promover ações de combate ao suicídio. Apesar de ser um assunto complexo, afirma-se que a prevenção é possível, visto que aproximadamente 90% dos casos o são decorrentes de questões psiquiátricas que, se devidamente acompanhadas, podem evitar os suicídios. O diálogo aberto e preventivo sobre o tema deve fazer parte da sociedade, bem como a identificação dos fatores de risco. Por fim, pode-se dizer que grupos de apoio e prevenção são fortes aliados no combate à repetição de casos de suicídio, de modo que “Enquanto houver vida. Há esperança”.

Fonte: http://www.portalodia.com/noticias/saude/psicologa-diz-que-prevencao-e-a-melhor-saida-para-evitar-casos-de-suicidio-231303.html

As mortes por suicídio permanecem sendo um tabu na sociedade, mas também uma constante. Em todo o mundo, multiplicam- se as estatísticas de casos registrados e o Brasil têm grande número delas, principalmente entre os jovens. O último relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que acontece, em média, um suicídio a cada 40 segundos em todo o planeta. Para a pesquisadora do tema e psicóloga Adriana Lemos, o suicídio é um assunto de saúde pública e deve ser prevenido. “O suicídio já se tornou um problema de saúde pública. Assim como ele é um assunto complexo, a prevenção também é, mas é possível. É preciso que haja um engajamento na questão de políticas públicas. Cerca de 90% dos casos de suicídio estão ligados a questões psiquiátricas, como depressão, esquizofrenia ou abuso de substância psicoativa; então, com o devido acompanhamento é possível evitar que os casos aconteçam”, ressalta a psicóloga.
Com base nos últimos dados veiculados pelo Ministério da Saúde, em 2014, o Piauí ocupa a quinta posição em números de suicídios do Brasil. Na capital Teresina, a cada 100 mil habitantes, 6,8 cometem suicídio todos os anos. No ano de 2020, o mundo pode contabilizar 1,6 milhão de mortes em decorrência da prática.É com base nesses dados e na devastadora consequência do ato, que debates a respeito do tema começam a se fortalecer na sociedade, ajudando a abandonar o paradigma do silêncio sobre o suicídio. Para especialistas, é necessário se discutir a temática, mas com responsabilidade e ética.
“A gente não é preparado para falar sobre o assunto. A forma de abordar está errada. O que acontece é que o tema não é tratado como deveria, porque não basta só noticiar ou especular, como acontece em alguns veículos de comunicação e, hoje em dia, principalmente nas redes sociais. É preciso que se fale, mas de uma forma que ajude a superar o preconceito, mostrando que qualquer pessoa está sujeita, mas pode haver ajuda e saída”, defende Adriana Lemos.Aspectos emocionais, psiquiátricos, religiosos, sociais e culturais podem estar associados ao suicídio. Por isso, é imprescindível que os fatores de risco sejam identificados o quanto antes pelas pessoas próximas ao convívio, tais como transtornos psiquiátricos, abuso de substâncias como álcool e outras drogas, brigas familiares, perda do emprego, doença grave, dívidas, entre outros. Nesse cenário, a informação é a principal ferramenta.
O diálogo aberto e preventivo sobre o tema deve fazer parte da sociedade. Segundo a psicóloga, os fatores protetivos também devem ser identificados e reforçados. “Os fatores protetivos são aqueles que ajudam que o indivíduo não desenvolva uma tendência suicida. Pode ser a religião, o controle e acompanhamento de doenças psicológicas, fazer esportes, ter um grupo de amigos, se abrir ao diálogo com a família e vários outros”, relata.
Grupos de apoio e prevenção são fortes aliados no combate à repetição de casos de suicídio. Para ir de contra as mortes causadas pelo ato de desespero, a frase de sabedoria popular fica ainda mais usual: Enquanto houver vida. Há esperança.

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Rumination and suicidal ideation: The moderating roles of hope and optimism

Resenhado por Luana Santos

Tucker, R. P., Wintage, L. R., O’keefe, V. M., Mills, A. C., Rasmussen, K., Davidson, C. L., & Grant, D. M. (2013). Rumination and suicidal ideation: The moderating roles of hope and optimism. Personality and Individual Differences, 55, 606-611. doi: 10.1016/j.paid.2013.05.013.

Sabe-se que o suicídio é considerado a 10ª principal causa de morte nos Estados Unidos e que, diante disso, pesquisas que identifiquem fatores de risco são necessárias. Um destes fatores, a ruminação (definida como pensamentos repetitivos sobre a própria angústia, incluindo razões e consequências), e tem sido associado a sintomas depressivos e ideação suicida. Assim, partindo da hipótese que tanto a esperança como o otimismo enfraqueceriam a relação entre ruminação e ideação suicida, os autores buscaram investigar se a correlação entre ruminação e ideação suicida é moderada pela presença de esperança e otimismo. Para isso, participaram 298 indivíduos que responderam questionários de autorrelato sobre esperança, otimismo, ruminação, depressão e o perfil sociodemográfico e os dados foram analisados via regressão hierárquica.
Os resultados comprovaram a hipótese que tanto esperança como otimismo enfraquecem a relação entre pensamentos ruminativos e ideação suicida, bem como as relações entre as sub-escalas de ruminação e pensamento suicida. Elevados níveis de esperança foram associados com uma relação mais fraca entre ruminação e ideação suicida em comparação a níveis mais baixos de esperança. Da mesma forma, um enfraquecimento na relação entre ruminação e ideação suicida foi relacionada com elevados níveis de otimismo.
Tais resultados sugerem que um estilo de pensamento ruminativo pode ser mais prejudicial quando há ausência de esperança ou otimismo. Esses achados podem subsidiar importantes estratégias de prevenção do suicídio e servem como base para que estudos futuros repliquem os resultados em uma amostra clínica, o que permite encontrar a utilidade clínica potencial de compreender o papel protetor da esperança e do otimismo no que diz respeito a ideação e tendencias suicidas e ao pensamento ruminativo.



domingo, 11 de setembro de 2016

Setembro amarelo: mês de combate ao suicídio


Em setembro, celebra-se internacionalmente o mês de prevenção contra o suicídio. Apesar de ser um importante problema de saúde pública, ainda é entendido por muitos como um tabu. Frente a isto, queremos chamar atenção para o fato de que o suicídio pode sim ser evitado. Salientamos a importância de um acompanhamento especializado, principalmente no que tange a presença de um profissional da psicologia devidamente capacitado. Além disso, o apoio de familiares e amigos é essencial, para dar suporte frente a essa população. É importante estarmos atentos aos sinais relacionados ao suicídio, uma vez que, geralmente, antes da tentativa o sujeito apresenta as ideações suicidas, desejo e planejamento de cometer o suicídio. Por isso, fique alerta, observe os sinais e procure ajuda especializada. Não se omita, permita que mais vidas possam ser salvas.


terça-feira, 6 de setembro de 2016

A esperança: uma proteção contra o suicídio

Postado por Beatriz Reis


No mês em que é realizada a campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio, o GEPPS traz uma matéria que esclarece um pouco mais a respeito de um dos caminhos para a prevenção e o tratamento deste fenômeno. O texto em questão destaca a esperança, um dos construtos estudados pela Psicologia Positiva, como um fator importante para a recuperação da vontade de viver e, em consequência, para a diminuição das ideações suicidas do paciente. Vale conferir!

Fonte:http://www.boasaude.com.br/noticias/291/razao-para-viver-ajuda-a-prevenir-suicidio-durante-a-depressao.html


Razão Para Viver Ajuda a Prevenir Suicídio Durante a Depressão
 NEW YORK, (Reuters Health) – Pessoas que sofrem de depressão importante são menos propensas a pensamentos suicidas se elas acreditam que há razões para viver. Desta forma, o tratamento destes pacientes deve “instilar esperança durante tempos de stress”, sugerem pesquisadores. Na pesquisa sobre o risco de suicídio, a questão “raramente proposta” não é porque as pessoas querem morrer, mas o que as faz querer viver, de acordo com um artigo do American Journal of Psychiatry.  
Pesquisadores do New York State Psychiatric Institute relatam que sentimentos de afirmação da importância da vida parecem vir da responsabilidade com a família, objeções morais ao suicídio, sentimentos de desaprovação social e maiores objetivos de vida. O Dr. Kevin M. Malone liderou o estudo de 84 pacientes com depressão grave, tentando encontrar os motivos que levaram 39 destes a tentar suicídio.  
Durante a depressão a percepção das pessoas de seu stress, ao invés do stress real, deflagra pensamentos suicidas. Em um estudo atual, indivíduos deprimidos responderam a um questionário projetado para medir se eles sentiam sua própria vida como algo que valia a pena viver. Em média, aqueles que nunca tentaram suicídio apresentaram escores maiores do que aqueles que haviam atentado contra suas próprias vidas. Eles foram mais propensos a se sentir indispensáveis para suas famílias, a ser moralmente contra o suicídio, e apresentar melhores perspectivas de vida.  
Estes escores de “motivos-para-viver” previram o risco de suicídio, enquanto a idade, sexo, educação e convicções religiosas não previram. Uma vez que situações de vida não diferiram substancialmente entre os pacientes que tentaram suicídio e os que não tentaram, a forma pela qual os pacientes vêem suas vidas parece ser importante no risco de suicídio.  
Pacientes com mais motivos para viver mostram menos desesperança, observam o Dr. Malone e seus colaboradores. Basicamente, isto confirma o senso comum, mas os médicos devem procurar motivos pelos quais os pacientes devem ter esperança”, disse o Dr. Malone em uma declaração na American Psychiatric Association. Estratégias de tratamento para depressão que reforcem motivos para viver e dêem esperança aos pacientes devem ser desenvolvidas, conclui ele. 
Fonte: American Journal of Psychiatry 2000;157:1084-1088.

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Escala de Expectativa/Esperança quanto ao futuro e orientação para a vida

Resenhado por Edryenne Amaral


Morais, L.M., & Mascarenhas, S.A.N. (2010). Avaliação da escala de expectativa/esperança quanto ao futuro e orientação para a vida e seus efeitos sobre o rendimento acadêmico dos estudantes do IEAA/Ufam-Brasil. Revista Amazônica, 4(1), 19-27.

O advento da Psicologia Positiva ocasionou o estudo mais aprofundado dos aspectos salutogênicos da experiência humana, como por exemplo, a esperança, a resiliência, a criatividade e a felicidade. A esperança, por sua vez, objeto de estudo da teoria construída por Snyder, em 1994, define-se como a capacidade percebida de localizar caminhos rumo aos objetivos desejados e por pensamentos baseados nas motivações necessárias para utilizar esses caminhos. Snyder (1994) também propõe a esperança como algo totalmente aprendido, sendo assim, de acordo com esta teoria, a esperança não possui influências hereditárias. Por sua vez, as autoras atribuem importância ao contexto escolar para a construção do sentimento de esperança dos indivíduos, e entendem que esse ambiente  possui uma influência significativa, já que a esperança é  aprendida nos âmbitos familiar, social e escolar.
A partir da definição do que é esperança, é possível percebê-la como um pensamento esperançoso  que contribui significativamente para a superação dos obstáculos inerentes ao cotidiano, pois ela possibilita uma interpretação mais positiva da realidade ao auxiliar o indivíduo a enxergar as vantagens e o lado positivo dos acontecimentos. No mais, compreende-se que conquistar e preservar o sentimento de esperança é fundamental para a promoção das metas e objetivos na vida de quaisquer seres humanos, pois indivíduos esperançosos possuem maior probabilidade de enfrentar as dificuldades cotidianas. Dito isto, o objetivo do artigo foi verificar a relação entre a esperança/expectativa quanto ao futuro e orientação para a vida e o rendimento acadêmico de estudantes do Instituto de Educação, Agricultura e Ambiente (IEAA-UFAM).
O  estudo realizado foi quali-quantitativo, transversal e com amostra de 300 estudantes s, com idades variadas e dos cursos das áreas de exatas e educação. O instrumento utilizado foi a Escala de Expectativa/Esperança quanto ao Futuro e Orientação para a Vida de Snyder et. al. (1991), traduzida e adaptada por Pais-Ribeiro, Pedro e Marques (2006) para o português de Portugal. A escala é composta por 12 itens, dos quais 4 são distratores (3, 5, 7 e 11); 4 itens propõem-se a medir o fator iniciativa (2, 9, 10 e 12); e os outros 4 propõem-se a medir o fator caminhos (1, 4, 6 e 8). As repostas são dadas em uma escala do tipo likert de oito pontos, em que 1- totalmente falsa e 8-totalmente verdadeira.
De acordo com os dados encontrados, observou-se  que  60,0%dos estudantes (n = 180) consegue encontrar caminhos positivos para as suas ações diárias, sendo  justificado a partir dos indicadores de esperança positivos e significativos estatisticamente. No que tange ao fator iniciativa, pode-se afirmar que os estudantes possuem um perfil positivo em relação às iniciativas pessoais, isto é explicado a partir das respostas positivas às afirmações obtidas em  60,0% da amostra.

A análise descritiva possibilitou evidenciar que os estudantes entrevistados estão desenvolvendo expectativas/esperanças positivas em relação ao futuro, pois os valores das médias das respostas encontram-se acima de 5,0. Ademais, em relação à análise inferencial, o teste estatístico  ANOVA mostrou que existe uma relação significativa entre expectativa/esperança quanto ao futuro e rendimento acadêmico, observado nos parâmetros psicométricos do item 9 (Minha experiência de vida preparou-me para o futuro) da escala (F = 2,436; p<.01). Conforme o exposto neste artigo, a esperança revela-se um importante fator para o enfrentamento das adversidades e auxílio na interpretação positiva das experiências da vida. Isto contribui para a construção de uma vida mais saudável e funcional para o indivíduo. 

domingo, 4 de setembro de 2016

O acúmulo de cargas sem necessidade faz mal a saúde

Postado por Laís Santos

É muito comum a existência de pessoas que acumulam mágoas, culpas e responsabilidades que muitas vezes não são suas, ou não apenas suas, podendo gerar uma série de prejuízos à saúde física e mental. Com isso, pela falta de acesso à informação e cuidado adequados, muitos destes sujeitos passam suas vidas carregando, conforme ilustrado na figura abaixo, pesos que não seus. Assim, reconhece-se a importância da psicoterapia, a fim de auxiliá-los a gradativamente reorganizarem suas crenças e valores, de modo que estes carreguem aquilo que de fato podem e lhes é necessário.


sábado, 3 de setembro de 2016

Perdoar faz (muito) bem a saúde

Postado por Maisa Carvalho
Parte do leque de construtos da Psicologia Positiva, o perdão vem sendo amplamente estudado, sobretudo pela dimensão dos efeitos benéficos relacionados à saúde e bem estar. Ele pode ser entendido como uma mudança nos pensamentos, ações e emoções da suposta vítima com relação ao sujeito que ocasionou o problema e também como uma característica da personalidade, dependente de uma variedade de circunstâncias interpessoais. Assim, as respostas das pessoas que perdoam tornam-se menos negativas e mais positivas ou até pró-sociais, reduzindo estresse e diminuindo a probabilidade de ocorrência de doenças mentais. A promoção deste construto é de suma importância, no que tange aos efeitos benéficos para a saúde mental e o social.
Fonte: http://veja.abril.com.br/saude/perdoar-faz-muito-bem-a-saude/
“Estudo publicado recentemente no periódico científico Psychology Journal of Health mostra que pessoas com mais facilidade para perdoar a si mesmas e aos outros estão mais protegidas dos males do stress.De acordo com informações da revista americana Time, pesquisadores da Luther College e da Universidade da California, ambas nos Estados Unidos, pediram que 148 jovens adultos preenchessem questionários que avaliaram níveis de stress durante a vida, a tendência para perdoar e a saúde física e mental. Os pesquisadores identificaram que, apesar do nível de stress pelo qual passaram, entre os indulgentes os problemas físicos e mentais decorrentes da vida estressante desapareciam. Exatamente. Desapareciam.  “O ato de perdoar funciona como uma espécie de amortecedor contra o estresse. Se você não tem tendência para perdoar, sente os efeitos brutos do stress de forma absoluta “, disse Loren Toussaint, professor de psicologia na Luther College e principal autor do estudo.Embora não possam afirmar categoricamente de que forma a indulgência protege a saúde contra os males do stress, os pesquisadores acreditam que pessoas mais tolerantes tenham mais habilidade para lidar com as adversidades da vida ou ainda podem ter uma reação mais suave em situações estressantes. Toussaint acredita que todas as pessoas podem aprender a perdoar. Segundo ele, a prática é comumente trabalhada em sessões de terapia. “O perdão elimina a conexão entre estresse e doença mental. Eu acho que a maioria das pessoas quer se sentir bem e o perdão lhes oferece essa oportunidade.”, conclui.