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quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Do GEPPS para o doutorado na UFRGS. Parabéns Ariane!

Nós do GEPPS temos a imensa alegria de parabenizar publicamente a querida colega Ariane de Brito Kluge, Mestre em Psicologia Social pela UFS e participante do GEPPS, pela aprovação em 3º lugar na seleção de Doutorado em Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Ficamos muito felizes e orgulhos@s por termos assistido de perto mais essa conquista em sua vida. Parabéns!!!!!!!!



sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Concepções sobre morte e luto: Experiência feminina sobre a perda gestacional

Resenhado por Joelma Araújo

Lemos, L. F. S., & Cunha, A. C. B. (2015). Conceptions of death and grieving: eminine experience of miscarriage. Psicologia: Ciência e Profissão, 35(4), 1120-1138. 

            Enfrentar a morte de um filho antes mesmo do nascimento é algo traumatizante, significa uma grande perda para os pais, familiares, principalmente para a mãe que sofreu diversas  transformações em seu corpo decorrentes da gravidez. A mulher enlutada sofre ao ver ir embora seus planos e sonhos, principalmente se for o primeiro bebê, e se torna ansiosa diante da possibilidade de uma nova gestação, com medo de não conseguir gerar um filho saudável, se sentindo muitas vezes incapaz de ser mãe. Pelo fato de haver uma construção social do papel feminino concretizado na maternidade, a mulher pode se sentir incompleta e inferior, além de experimentar sentimento de culpa. Já em relação ao homem é exigido que este exerça o papel de forte, de ser suporte para a esposa, por isso muitos destes respondem de forma mais controlada diante da perda gestacional.
O luto enfrentado pelas mães é um processo doloroso que consiste em um reajustamento do psicológico da mulher e de toda a família. Neste processo o sujeito enlutado substitui certos esquemas por outros (Bousso, 2011). Ou seja, não se retorna ao estado de antes,mas se reinventa um novo. Assim, o luto que estaria dentro do grau de normalidade segundo Freitas (2000) seria o que permite o surgimento de novos vínculos substitutivos, promovido pelo engajamento em novas atividades e apoio social. Já o considerado patológico é aquele que a partir do qual há grande investimento afetivo em um vínculo com alguém que não poderá corresponder, o que acarreta em reações que levam ao desequilíbrio emocional e ao adoecimento. Nazaré et al. (2010) classifica certas reações apresentadas por pessoas enlutadas são elas – as manifestações emocionais, cognitivas, comportamentais e fisiológicas. Contudo, é importante ressaltar que cada pessoa tem suas particularidades, por isso cada um terá sua maneira diferente de enfrentar esse momento.
            Levando em consideração o processo doloroso que as mães passam ao perderem seu bebê, a equipe de assistência à saúde não deve apenas tratar a dor física, mas tentar compreender os aspectos cognitivos e emocionais envolvidos no momento de dor que a mãe se encontra, dedicando a atenção e cuidados necessários à mesma e ao esposo. Com isso, realizou-se uma pesquisa qualitativa com 11 mulheres internadas no alojamento conjunto de uma maternidade pública, localizada na cidade do Rio de Janeiro. Foram aplicadas entrevistas abertas e os relatos verbais foram analisados de acordo com a Metodologia de Análise de Conteúdo de Bardin.

            Com os resultados pode-se observar que as mulheres vivenciam momentos de reações de choque e negação, seguido de um estado de humor deprimido, desmotivação, autoestima baixa e medo de novas perdas. Também se evidencia a importância do suporte familiar e da atuação empática da equipe de saúde como essenciais para ajudar no processo de elaboração do luto. Dessa forma, cabe ao profissional de psicologia  atuar juntamente aos outros profissionais da saúde no sentido de sensibilizá-los para a assistência humanizada além de oferecer suporte psicológico às pacientes e aos seus familiares. 

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Luto infantil


Postado por Laís Santos

O vídeo em questão traz à tona o luto a partir do olhar de crianças. Como se sabe muito se escreve a despeito desse processo natural segundo a ótica de profissionais da saúde, de pais quanto à morte dos filhos, mas pouco se discute sobre a vivência e as estratégias de enfrentamento utilizadas por crianças frente ao luto. A maneira como crianças lidam com o luto não é uma forma deficiente da vivida pelos adultos, pelo contrário, elas tem características específicas associadas diretamente ao processo de estruturação de sua personalidade. Abaixo, estão traduzidas algumas das falas das crianças presentes no vídeo exposto.

Primeira criança: Luto significa muita muita emoção.
Segunda criança: Eu me senti realmente triste, não queria fazer nada, nem falar sobre isso novamente, mas percebi que tinha que falar sobre isso.
Terceira criança: É muito difícil dormir, porque geralmente eu dormia junto com meu pai.
Quarta criança: Eu sinto que minha mãe está comigo porque ela é um ajo.
Quinta criança: Eu gostaria que as pessoas soubessem que isso pode ser realmente difícil.
Sexta: Às vezes eu sonho sobre ele...
[...]
Sétima criança: Um conselho que eu dou para as crianças que perderam alguém é que falar com as pessoas não é ruim e isso realmente ajuda.
Oitava criança: O que eu quero que as pessoas saibam é que isso é realmente difícil, mas nós vamos passar por isso. Eu sei que você pode.
[...]
Oitava criança: Parece que ele está em todo lugar que eu vou mesmo que ele tenha ido, eu apenas o amo.


Fontehttps://www.youtube.com/watch?v=dfjgWDSFjxM

Dados retirados de Franco e Mazorra (2007), recuperado de www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-166X2007000400009

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

As cinco fases fundamentais do luto

Postado por Catiele Reis


O luto é um processo vivenciado pela pessoa após uma perda importante. Ao longo dos anos, psicólogos e outros estudiosos tentam explicar esse fenômeno. Qual o significado? Como ele se processa? Na notícia abaixo, um resumo das fases do luto proposta por Elisabeth Kubler Ross. Segundo a autora as pessoas vivenciam cinco fases do luto não sendo necessário, entretanto, a sequência exata dessas fases.


Luto é uma palavra que acompanha o ser humano desde sempre, principalmente quando perdemos alguém de quem gostamos muito. É uma espécie de despedida forçada e para sempre. Mas afinal o que é o luto? Como se processa? É mesmo necessário esse doloroso processo?
O luto é um processo necessário e fundamental para preencher o vazio deixado por qualquer perda significativa não apenas de alguém, mas também de algo muito importante, como um objeto, uma viagem, um emprego, uma ideia, etc.
O processo de luto dá-se tanto em humanos como animais. Nos humanos o processo de luto é acompanhado por um conjunto de sentimentos, entre os quais: tristeza, raiva, culpa, ansiedade, solidão, fadiga, desamparo, choque, anseio, torpor, alívio e emancipação. Refletindo-se em sintomas físicos de vazio no estômago, aperto no peito, nó na garganta, falta de ar, falta de energia, boca seca entre outros.
O luto/perda normalmente passa por 5 fases:
A negação - Surge a primeira fase do luto, é no momento que nos parece impossível a perda, em que não somos capazes de acreditar. A dor da perda seria tão grande, que não pode ser possível, não poderia ser real.
A raiva – A raiva surge depois da negação. Mas mesmo assim, apesar da perda já consumada negamo-nos a acreditar. Pensamento de “ porque a mim?” surgem nesta fase, como também sentimentos de inveja e raiva. Nesta fase, qualquer palavra de conforto, parece-nos falsa, custando acreditar na sua veracidade
A negociação - A negociação, surge quando o individuo começa a por a hipótese da perda, e perante isso tenta negociar, a maioria das vezes com Deus, para que esta não seja verdade. As negociações com Deus, são sempre sob forma de promessas ou sacrifícios.
A depressão – A depressão surge quando o individuo toma consciência que a perda é inevitável e incontornável. Não há como escapar à perda, este sente o “espaço” vazio da pessoa (ou coisa) que perdeu. Toma consciência que nunca mais irá ver aquela pessoa (ou coisa), e com o desaparecimento dela, vão com ela todos os sonhos, projetos e todas as lembranças associadas a essa pessoa ganham um novo valor.
A aceitação – Última fase do luto. Esta fase é quando a pessoa aceita a perda com paz e serenidade, sem desespero nem negação. Nesta fase o espaço vazio deixado pela perda é preenchido. Esta fase depende muito da capacidade da pessoa mudar a perspectiva e preencher o vazio.
As fases do luto, não possuem um tempo predefinido para acontecerem. Depende da perda e da pessoa. Porém sabe-se que a que leva mais tempo é da fase da depressão para a fase de aceitação, algumas pessoas levam décadas de vida e outras nunca conseguiram aceitar com serenidade a perda. Acontece principalmente no caso de perda de um filho.
Devemos sempre valorizar o que temos, enquanto o temos. Pois não sabemos quando o vamos deixar de ter. Curiosamente muitas vezes só nos apercebemos da importância de determinada pessoa ou coisa, quando a perdemos, porque o valor dessas pessoas ou coisas dilui-se no valor das coisas que a rodeiam. Essas pessoas ou coisas são tão sutis ao valorizarem o ambiente envolvente, que o seu próprio valor divide-se entre tudo o que a rodeia, tornando-se quase impercetível. Porém quando a perdemos, não a perdemos apenas a ela, mas muito do valor das coisas que a rodeavam e é aí que notamos a sua falta.
Metaforicamente falando, como se o ambiente que a envolvia “entristecesse” e “perdesse a cor”, e dificilmente voltará a ser como era.
E você, passa por estas fases nos seus Lutos?

  


segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Perdas irreparáveis e o luto: O papel do psicólogo.

Postado por Mariana Menezes


Perder alguém querido pode ser uma das situações mais dolorosas na vida das pessoas. Porém, apesar de doloroso, o luto deve ser vivido, pois é um processo psicológico importante. Além disso, em determinado momento, ele naturalmente deverá ser superado. No entanto, há quem apresente dificuldades para elaborar o próprio luto e não consegue sair dele. Nesses casos, o psicólogo é o profissional que pode ajudar essas pessoas a enfrentarem essa fase e a elaborarem seu luto de forma saudável.


A sensação que a maioria das pessoas sente de que a vida passa rápido demais, e mais, de que ela não é estável ou de águas calmas, é um aprendizado que a maturidade trás à todos, cedo ou tarde. Como pano de fundo, a questão da consciência da própria finitude e daqueles que amamos, numa sociedade calcada na publicidade jovem, constitui-se num duplo desafio aos psicólogos que acolhem em seus consultórios pessoas em processo de luto. A complexidade envolvida na experiência do luto se mostra muita acima das capacidades e recursos internos de muitos indivíduos, e nesses casos o trabalho do psicólogo, se mostra de vital valor àquele que sofre.
O luto se apresenta de maneira distinta e variável para cada uma das pessoas, para alguns podem ocorrer por antecipação, como uma forma de organização interna em relação a uma perda eminente, para outros o luto tardio, quando o impacto é muito grande e não se pode ou não se consegue olhar para a perda no momento, e muitas vezes, a dor irreparável no momento mesmo da perda, o desespero, a dor como se algum de nossos membros fosse amputado, e tantas outras expressões de sofrimento diante de uma perda de alguém significativo em nossa vida.Nem sempre o luto se dá naquela famosa sequência negação / raiva / negociação / depressão / aceitação, algumas pessoas não conseguem ultrapassar uma dessas fases e a aceitação parece estar num horizonte distante.Como então o psicólogo pode ajudar uma pessoa em processo de elaboração do seu luto? Como pode o psicólogo, no desempenho de seu papel profissional, colaborar para que, o tratamento, torne-se a ocasião para uma efetiva elaboração da perda, capaz de produzir na subjetividade da pessoa que sofre, ferramentas internas capazes de produzir um sentido emancipatório, de maturação do Eu e de fortalecimento para o enfrentamento de frustrações e dores que a experiência da vida nos trás? Levando em conta, as singularidades, o primeiro passo se dá a partir de uma avaliação da condição do enlutado para que a partir daí possa ser criado um planejamento terapêutico específico, oferecendo suporte para que a pessoa possa dar conta das exigências do cotidiano tanto quanto possível. E então passar a cuidar do essencial, o caminho da aceitação e dar sentido (existencial) a experiência da perda bem como da capacidade de seguir adiante.A estratégia clínica sob a qual a psicoterapia (tanto individual, como de grupo ou familiar) se desenvolverá, em geral terá um objetivo que cabe para todas as situações de luto, o de elaboração do luto, a de favorecer a criação de suportes e alavancas para que a pessoa possa se adaptar à condição de viver sem aquele que se foi e estabelecer novos sentidos que possam ser compreendidos como uma reorganização de sua subjetividade e das novas possibilidades de existir que se mostram a partir de então.P.S.: Sobre as fases do luto, consagradas em estudos de psicologia sobre o enlutamento:
Negação – (A dor da perda seria tão grande, que não pode ser possível, não poderia ser real); Raiva – (depois da negação. Vem um pensamento de “porque comigo?” ); Negociação - O indivíduo começa a avaliar a hipótese da perda, e perante isso tenta negociar, a maioria das vezes com Deus, para que esta não seja verdade. As negociações com Deus, são sempre sob forma de promessas ou sacrifícios; Depressão – A depressão surge quando o indivíduo toma consciência que a perda é inevitável e incontornável. Toma consciência que nunca mais irá ver aquela pessoa (ou coisa), e com o desaparecimento dele, vão com ela todos os sonhos, projetos e todas as lembranças associadas a essa pessoa ganham um novo valor; Aceitação – Última fase do luto. Esta fase é quando a pessoa aceita a perda com paz e serenidade, sem desespero nem negação. Nesta fase o espaço vazio deixado pela perda é preenchido. Esta fase depende muito da capacidade de constituir novos sentidos existenciais e novas possibilidades).

Autor: Marcos Eduardo Ferreira Marinho (Psicólogo, mestre e pesquisador em Psicologia pela PUC/SP). 

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Padrões Especiais de Luto em mães que perderam filhos por morte súbita

Resenhado por Sara Andrade


Almeida, E. J. Haas, E. I. & Santos, S. G. (2011). Padrões especiais de luto em mães que perderam filhos por morte súbita. Revista de psicologia da IMED. São Paulo. v. 3, 607-616.

É sabido que a morte é uma das situações experienciadas que mais proporciona questionamentos acerca do sentido da vida e da existência. Sendo esta uma situação dramática, é comum associá-la à necessidade de ajustamento e adaptação às novas informações para uma posterior acomodação das mudanças decorrentes dela no âmbito interno e externo da vida do indivíduo.
Dentre as principais ocorrências provenientes do crescimento urbano e populacional, situam-se a violência e os acidentes como, por exemplo, a morte de jovens no trânsito e por homicídio, acontecimentos desencadeantes do luto materno. Mesmo compreendendo que a adaptação às situações adversas é um fenômeno comum no desenvolvimento das pessoas, se verifica que situações estressoras muito intensas demandam uma acomodação mais lenta e difícil.
Segundo Gonzaga (2006) não há dor mais terrível que a vivenciada e sentida pela perda de um filho, na medida em que afeta vínculos de afeto singulares, contraria a expectativa do ciclo de vida familiar e social, e provoca rupturas em todo o sistema, também afetando cada um dos integrantes do mesmo. O tipo de perda súbita exige de cada familiar uma elaboração mais complexa do que a exigida em outros tipos de luto. Neste estudo, objetivou-se identificar os padrões especiais de luto (PEL) presentes nos repertórios comportamentais de mães enlutadas pela perda de um filho por acidente de trânsito ou homicídio, a fim de ampliar os conhecimentos empíricos para a prática de profissionais da saúde no acolhimento, aconselhamento e apoio dessas mães.
O estudioso do luto, Willian Worden (1998), elencou oito Padrões Especiais de Luto por morte súbita (PEL) expressos nas seguintes manifestações: 1) sensação de irrealidade sobre a perda; 2) exacerbação de fortes sentimentos de culpa; 3) desejo extremamente forte de censurar alguém pelo que aconteceu; 4) frequente envolvimento com autoridades médicas e legais, dificultando o processo e conclusão do luto; 5) sensação de desamparo; 6) depressão agitada; 7) preocupação por sensação de um trabalho não-terminado; 8) interesse especial crescente e necessidade de compreensão da morte.
Participaram da amostra 22 mães, com idades entre 38 e 74 anos, participantes dos grupos de apoio do Programa Vida Urgente, desenvolvido pela Fundação Thiago de Moraes Gonzaga. Dezoito das mães participantes perderam seus filhos em decorrência de acidente de trânsito e quatro por homicídio. Quinze dos filhos eram do sexo masculino e sete do sexo feminino, com idade entre 14 anos e 28. Para obter informações sobre os PEL foi construída uma escala, fundamentada no referencial teórico de Worden (1998), formada por 51 itens no total, dos quais para este estudo foram considerados os itens 1 a 14, que se referiam aos oito padrões especiais de luto por morte súbita.
Os resultados demonstraram que 92% das mães apresentam manifestações relacionadas a pelo menos um dos PEL e as manifestações que mais ocorreram foram relativas aos padrões seis (63,5%), sete (54,5%), um e oito (50%), e cinco (45,5%). Em suma, estes dados corroboram a ideia de que os padrões e manifestações de luto, nas mães estudadas, surgem de uma percepção realista e inesperada provocada por um grave evento externo que repercutiu na morte do filho, e não da distorção da realidade provocada pela depressão (Moorey, 2005). Visto isso, os autores, recomendam mais estudos com a escala, a fim de auxiliar os profissionais no manejo do luto materno.

sábado, 12 de novembro de 2016

Luto: A perda de alguém muito querido e as dificuldades do processo

Postado por Maisa Carvalho

Dentre as experiências mais traumáticas da vida, a morte de um ente querido é tida como uma das mais difíceis e dolorosas. As alterações emocionais que ocorrem neste contexto podem afetar os demais sistemas - tais como individual, familiar, social, trabalho – da vida de um indivíduo, fazendo-o adentrar no processo de luto. O meio científico costuma dividir o luto em cinco fases, sendo elas: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. Contudo, é sabido que o luto é um processo natural, complexo, dinâmico, fluído, adaptativo e, sobretudo, subjetivo, e, portanto, nem todos passam por todas estas fases. Por fim, assim como em outras vivências, é relevante o papel do suporte social de pessoas queridas no processo do luto, posto que a sensibilidade emocional costuma estar mais ampliada neste momento e, em razão disto, as pessoas tornam-se mais vulneráveis a doenças como depressão e outros transtornos mentais.


O luto é um processo psíquico de elaboração de uma perda a partir do rompimento de um vínculo significativo. A dor pela perda de alguém que se ama é algo subjetivo e pessoal. Depende de uma série de fatores que mudam de relação para relação. Cada dor é única e como não se sabe exatamente o que acontece depois que alguém morre, quem fica tem o grande desafio de renascer de uma dor profunda. “A morte de um cônjuge, por exemplo, traz mudanças na vida do parceiro, que terá que aprender a conviver com a ausência física daquela pessoa. E as mudanças acontecem desde aspectos práticos do dia a dia, até os subjetivos que permeiam a relação”, explica a psicóloga Juliana Guimarães, especialista em luto e sócia da clínica EntreSeres. Quando a perda é repentina, como no caso de acidentes, ou latrocínios, existe o fator do inesperado, que pode dificultar o processo de luto, pois quem fica não tem a chance de se despedir, de fechar ciclos, resgatar histórias passadas não digeridas, e outras oportunidades. “Essas oportunidades podem ajudar no processo de enfrentamento da perda, mas não se pode afirmar que a morte repentina é pior ou melhor do que uma longa despedida, no caso de alguém doente”, explica Juliana. “Cada luto é único, porque cada relação é única, e quando falamos em vínculo estamos falando de algo muito pessoal, como por exemplo, o lugar que aquela pessoa ocupava em cada uma de suas relações”.As fases do lutoO conceito de fases do luto surgiu para ajudar na compreensão desse processo complexo que é o enfrentamento de uma perda. Diversos estudos científicos elencaram comportamentos e emoções que costumam ser comuns aos enlutados. “Nem todo mundo sente tudo, passa por ‘todas as fases’. O luto é um processo dinâmico e fluido”. Mas dentre os comportamentos e emoções que costumam aparecer estão: Negação: entorpecimento, com atitudes de choque, descrença e mecanismos de defesa da negação que costumam acontecer em um primeiro momento após a perda; Protesto: na medida em que surge a consciência da perda estariam manifestações de raiva, protesto e busca pela pessoa perdida. Essa fase também pode ser marcada por desorganização, desespero, melancolia, raiva e culpa. Reestruturação - quando o enlutado adquire mais tolerância às mudanças e consegue se reorganizar. O apoio social, de amigos e familiares, é um potente recurso nesse processo. “Oferecer ajuda na parte burocrática dos rituais, cuidados com alimentação e hidratação, disponibilidade para estar com aquela pessoa nos momentos em que ela precisar, manifestações de carinho, suporte no retorno à rotina, são movimentos que amigos de enlutados podem fazer para ajudar”, diz Juliana. “O enlutado precisa estar cercado de amor e de presenças que deem a ele sensação de segurança, que é uma das coisas mais abaladas quando perdemos alguém ou algo muito importante para nós”. O luto é um processo que transforma as pessoas, que pede delas uma revisão da vida, ressignificando alguns aspectos. Passar pelo luto não é fácil, mas é possível sair dele transformado, com mais aprendizado e com mais recursos para se enfrentar dores. 



Como ajudar a criança a lidar com a morte

Postado por Beatriz Reis

A temática do luto ainda pode ser considerada como um tabu na atualidade. O relato de muitas pessoas que vivenciam tal experiência confirmam o fato de que vivemos numa sociedade que hegemonicamente não sabe lidar nem com as próprias perdas nem com a experiência de luto de outras pessoas. Entre as faltas de habilidade para lidar com tal temática, a maneira como falar com as crianças sobre a experiência de luto está entre as mais frequentes. Pensando sobre a importância de envolver a criança em uma das questões mais próprias da vida, a saber a morte, O Instituto de Psicologia 4 Estações lança mão de um texto que traz dicas de como abordar a criança no momento em que se explica sobre a morte de alguém próximo à ela. Considerando que o luto é algo inerente à existência humana e frequentemente presente no contexto e na prática da Psicologia da Saúde, consideramos tais dicas de grande importância. Vale conferir!

Link: http://www.4estacoes.com/pdf/como_ajud_crianca.pdf

Contando para a criança

A temática do luto ainda pode ser considerada como um tabu na atualidade. O relato de muitas pessoas que vivenciam tal experiência confirmam o fato de que vivemos numa sociedade que hegemonicamente não sabe lidar nem com as próprias perdas nem com a experiência de luto de outras pessoas. Entre as faltas de habilidade para lidar com tal temática, a maneira como falar com as crianças sobre a experiência de luto está entre as mais frequentes. Pensando sobre a importância de envolver a criança em uma das questões mais próprias da vida, a saber a morte, O Instituto de Psicologia 4 Estações lança mão de um texto que traz dicas de como abordar a criança no momento em que se explica sobre a morte de alguém próximo à ela. Considerando que o luto é algo inerente à existência humana e frequentemente presente no contexto e na prática da Psicologia da Saúde, consideramos tais dicas de grande importância. Vale conferir!

Link: http://www.4estacoes.com/pdf/como_ajud_crianca.pdf

Contando para a criança

Quando uma morte ocorre, alguém com quem a criança tenha uma história de confiança e envolvimento deve contar para ela. Isso a assegura de que ela não está sozinha e de que há outras pessoas para lhe prover proteção e cuidado. Esta informação deve ser dada imediatamente para a criança, em linguagem simples e direta. Você diz: “O vovô, papai, mamãe, ou João morreu”. Pode ser difícil de dizer, especialmente sem lágrimas. Não há problema que a criança experiencie seu luto juntamente com o próprio luto. Você a está ensinando a lidar naturalmente com seus sentimentos quando você não esconde os seus. Quando você pode dizer “Estou muito triste porque o papai morreu”, “Estou bravo porque mamãe não está mais aqui para cuidar de nós”, você está ensinando um recurso para a criança que irá perdurar para sempre. Após contar que um ente querido morreu, você precisa explicar o que acontecerá depois, o velório e o funeral. A criança terá muitas dúvidas. O que ela irá querer saber dependerá de sua idade e experiência prévia com a morte. Geralmente crianças pré-escolares não entendem que a morte é final; podem perguntar: ”Quando vovó vai voltar?”. Entre cinco e dez anos crianças começam a entender que a morte é irreversível, mas acreditam que somente pessoas velhas e vítimas de acidentes morrem. Se uma pessoa relativamente jovem morre, irá entender o porquê. Após os 10 anos a criança começa a entender que a morte é parte da ordem natural das coisas e que as pessoas morrem em todas as idades, por diversas razões. É importante responder as questões o mais simples e honestamente possível. Evite utilizar metáforas. Se você diz para uma criança pequena “O vovô está dormindo para sempre”, por exemplo, ela pode ficar com medo de dormir. Crianças comumente concluem que de alguma forma causaram a morte. Podem pensar “Eu fui mau, então minha mãe me abandonou”, ou “Eu desejei que minha irmã morresse e isso aconteceu”. Diga para a que ela não tem culpa pelo que aconteceu.

Reações da criança à perda

A criança pode negar inicialmente que a morte ocorreu. Pode tornar-se agressiva e culpar os demais pela morte, ou ter raiva da pessoa que morreu, por deixá-la. Pode sentir-se culpada por não ter sido “boa” para a pessoa que morreu e ficar deprimida. Ainda que a criança possa aparentemente não estar sofrendo, expressa sua dor de modos mais sutis, como regredir e começar a chupar o dedo, molhar a cama e agir como bebê. Pode ficar hostil com os colegas ou tratar seus brinquedos com violência. Pode desejar ou temer morrer.

Ajudando a criança a lidar com a perda

Como os adultos, a criança precisa enlutar-se para aceitar que a perda ocorreu e continuar com sua vida. Seu filho irá tomar o seu exemplo, por isso não tenha medo de expressar seu próprio luto. Chore e deixe que seu filho chore com você. Não diga a seu filho que “seja forte, não chore”. Esta é uma situação triste, e a criança precisa expressar sua tristeza. Converse com seu filho e o encoraje a falar também. Mostre que é permitido falar sobre a pessoa que morreu. Mesmo se a criança seja muito pequena para falar sobre a morte, você pode compartilhar seus sentimentos. O carinho irá confortar a criança que sente a angústia na família, mesmo que ela não entenda o que aconteceu. Crianças cercadas pela tristeza precisa ser reassegurada de que é amada. É uma boa ideia levar a criança ao funeral, mas não a force a ir. Crianças como os adultos precisam dividir sua dor. O funeral permite que as pessoas se juntem e expressem seus sentimentos. A criança deve receber uma explicação detalhada do funeral antes de decidir se quer ir. Lembre-se que a relação da criança com o falecido não acabou, somente mudou. Após o funeral mantenha fotos e outras lembranças do falecido para conversar sobre elas com a criança. Isto irá ajudar a formar um novo tipo de vínculo da criança com a pessoa que morreu.

Autora da matéria: Luciana Mazorra Santos

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Percepções de psicólogos da saúde em relação aos conhecimentos, às habilidades e às atitudes diante da morte

Resenhado por Edryenne Amaral

Ferreira, R. A., Lira, N. P. M., Siqueira, A. L. N., & Queiroz, E. (2013). Percepções de psicólogos da saúde em relação aos conhecimentos, às habilidades e às atitudes diante da morte. Revista Psicologia: Teoria e Prática, 15(1), 65-75.

A discussão sobre a morte representa demasiada importância para a formação do psicólogo, particularmente o psicólogo da saúde que enfrenta cotidianamente situações entre a vida e a morte (Kovács, 1992). Os psicólogos que intervém em situações como essas tem como objetivos atender às necessidades emocionais da pessoa frente à iminência da morte e sofrimento em decorrência desta; colaborar com o processo de tomada de decisões, incluindo decisões relacionadas ao tratamento, e resolução de problemas; fornecer suporte para a família e para a equipe interdisciplinar na qual está inserido. Assim, a aquisição dos conhecimentos que possibilitarão a atuação profissional no contexto da saúde deve se iniciar na graduação a fim de que este intervenha adequadamente. Contudo, o despreparo decorrente de uma formação deficitária impossibilita a eficácia da atuação psicológica destes profissionais. Em virtude disto, o estudo objetivou identificar a percepção de psicólogos da saúde que atuavam em hospitais da rede pública do Distrito Federal, precisamente na cidade de Brasília, com relação aos conhecimentos, às atitudes e às habilidades relacionadas ao morrer, e possíveis contribuições para a formação do psicólogo da saúde com apontamentos sobre a formação.
Participaram deste estudo quinze psicólogos, sendo que cinco atuavam em enfermarias, quatro em ambulatórios e seis nos dois locais. Quanto à formação verificou-se que sete, dos quinze profissionais, possuíam cursos na área da saúde, sendo que seis eram de especialização e um de mestrado, os demais tinham formação clínica. Foram feitas entrevistas semiestruturadas com duração média de 45 minutos, nelas eram coletados dados pessoais, sobre a formação acadêmica e a atuação profissional, atividade desempenhada, avaliações do trabalho, morte no contexto de trabalho e visão pessoal sobre a morte. Realizou-se a análise de conteúdo de Bardin (2011) e as respostas foram agrupadas em cinco categorias.
A primeira categoria tratava da formação para o trabalho com a morte, nove verbalizações fizeram referência à necessidade do conhecimento técnico sobre a comunicação de más notícias, estratégias de enfrentamento adotadas pelos pacientes, familiares e equipe frente à morte, luto e luto antecipatório. A maior parte dos profissionais mostrou-se favorável a inclusão de uma disciplina, obrigatória ou optativa, na grade curricular sobre o luto ou, pelo menos, sobre a psicologia da saúde e/ou hospitalar. A segunda categoria tratou dos aspectos pessoais relacionados à morte, alguns profissionais referiram-se à morte como o início de uma outra vida, outros encaram como algo natural, e outros ainda vivenciam o processo do luto através de orações, psicoterapia, desabafando verbalmente ou por escrito, entre outros.
A terceira categoria apresenta as verbalizações relacionadas ao impacto da morte no profissional e na equipe. Os profissionais relataram que são solicitados com frequência a informar o óbito à família e lidar com as consequentes emoções e reações, sendo que não é sua responsabilidade exclusiva. Além disto, o próprio profissional vivencia a tristeza diante da morte do seu paciente, e outros sentimentos como impotência, inconformismo e revolta. A quarta categoria retrata os aspectos que acarretam desgaste físico e/ou emocional aos profissionais, nela o aspecto preponderante foram as condições desgastantes do âmbito físico e relacional do ambiente de trabalho. A última categoria tratou da realidade do trabalho com a morte, a partir dela destacam-se as verbalizações que trazem a importância do acolhimento, da empatia e da sensibilidade, bem como habilidades interpessoais além de técnicas. Por fim, o profissional precisa estar atento à promoção da resiliência do paciente, dos familiares e da equipe, já que o luto é uma questão que promove intensas emoções.

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

É preciso mesmo falar sobre o luto!

                                                    Postado por Joelma Araújo


Apesar da morte e, por consequência, o luto serem questões rotineiras e inevitáveis, para a nossa sociedade falar sobre essa temática ainda é um tabu, uma vez que mexem com os nossos sentimentos e nossa saúde mental. Por esta razão, a ideias de que o luto precisa ser trabalhado, ou seja, elaborado e transformado, de que e o ato de falar sobre, dizer o que sente e expressar sua forma de luto são importantes para o enfrentamento deste processo. Em uma tentativa de romper com o tabu e tornar a experiência menos triste e solitária para os enlutados, um grupo de amigas que já perderam entes queridos fizeram um estudo com pessoas que também viveram o luto e com alguns especialistas no tema. Deste trabalho surgiu um site que reúne depoimentos e informações acerca da temática, entre eles, o minidocumentário exposto abaixo. “É preciso fazer com que o tabu do luto não cause uma dose extra de sofrimento! Uma coisa é a dor da perda outra coisa é a dor do tabu, é a dor de sentir inadequado, é a dor de não encontrar informação, a dor de achar que é o único que está passando por aquilo”, diz Mariane, participante do vídeo e uma das idealizadoras do projeto. Vamos conferir?


Link do site:
http://vamosfalarsobreoluto.com.br/sobre/

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Psicólogos nos cuidados continuados e integrados: intervenção positiva

  
 Resenhado por Mariana Serrão


Dias, M., & Pais-Ribeiro, J. (2012). Psicólogo nos cuidados continuados e integrados- intervenção positiva. Nono Congresso Nacional de Psicologia da Saúde (418-424). Placebo Editora.
 

            Com o aumento do número de idosos, baixa natalidade e alto índice de pessoas com doenças debilitantes em Portugal, fez-se necessário a criação da Rede de Cuidados Continuados e Integrados no âmbito do Ministérios da Saúde que tem como objetivo promover cuidados continuados e integrados, independentemente da idade, para pessoas com deficiência, bem como melhoria de vida e bem-estar, manutenção de indivíduos com perda de funcionalidade e apoio familiar. Os serviços prestados envolvem cuidados médicos, de enfermagem, fisioterapia, terapia ocupacional, prescrição e administração de fármacos, apoio psicossocial, higiene, conforto, alimentação, convívio e de lazer.


          Na Unidade de Cuidados Continuados a maioria das pessoas são idosas e os diagnósticos clínicos mais frequentes são dependência nas atividades da vida diárias consequentes de acidente vascular cerebral, fraturas, traumatismos, úlceras de pressão e amputação dos membros. O psicólogo tem o papel de avaliar o paciente, iniciar o contato com a família e o processo de reabilitação junto a equipe multidisciplinar, bem como contribuir para a redução do uso de remédios, diminuição do número de internação, prevenção e tratamento das doenças. Além de favorecer o bem estar do paciente, visto que as emoções são consideradas fatores protetivos, o tratamento não consiste apenas em reduzir os sintomas, mas também em promover emoções e afetos positivos.

          A principal responsável pela abordagem voltada para promoção de emoções e afetos positivos é a Psicologia Positiva, a qual defende que não se deva trabalhar apenas na intervenções de transtornos já desenvolvidos, mas também na promoção das potencialidades do indivíduo para a prevenção destes transtornos mentais. Assim, a Psicologia Positiva considera importante para o desenvolvimento de uma vida saudável a valorização de emoções positivas tais como felicidade, alegria, satisfação com a vida, otimismo, capacidade de amar, entre outros.

          Pesquisas apontam a relação entre afetos positivos e saúde mental, como por exemplo, altos níveis de afetos positivos e acidente vascular cerebral. Assim, tais pesquisas afirmam que felicidade e efeitos positivos nos níveis de cortisol, apoio social, gratidão e comportamento altruísta estão associados ao bem estar, a satisfação com a vida e o bem-estar emocional, o que aumentam o uso de estratégias apropriadas para lidar com a doença.
         
        A intervenção positivas em pacientes no processo de reabilitação tem sessões destinadas ao acolhimento e aquecimento, estimular o sentido da vida, atribuir sentido positivo as adversidades,  desenvolver o olhar e a expressão cognitiva positivamente e por fim promover a resolução de problemas.


terça-feira, 8 de novembro de 2016

Vamos falar sobre o luto?

Postado por Brenda Fernanda

Apesar de se configurar como uma experiência comum na vida do ser humano, sabe-se que nunca se está preparado para vivenciar a situação da perda de um ente querido. Discute-se acerca de quanto tempo é necessário para se viver o luto, e até quanto tempo este pode ser considerado como saudável. É importante ressaltar que cada pessoa vivencia esta situação de uma forma distinta e tem um tempo próprio para se recompor, mas experienciar a perda pode trazer inúmeros prejuízos a nossa saúde física e mental, podendo ser manifestados em crises de ansiedade, depressão, estresse, choro recorrente, além de alterações no apetite, melancolia, crises de raiva, alterações no sono e desânimo em realizar tarefas do cotidiano antes vistas como prazerosas. O luto pode ser caracterizado por cinco fases, exemplificadas no texto abaixo, sendo elas: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. Por fim, fala-se sobre a necessidade de elaboração do luto, de falar sobre ele, de modo que o auxílio de um profissional como o psicólogo pode ser fundamental no processo.  

Fonte: http://br.mundopsicologos.com/artigos/vamos-falar-sobre-o-luto

O Dia de Finados, em 2 de Novembro, é uma data delicada. Normalmente nos faz entrar em contato com a lembrança da perda de algum ente querido. Memórias e sentimentos são vividos e revividos mais intensamente, tornando-se um momento para refletirmos sobre este processo doloroso chamado ''luto''.Embora a única certeza que temos na vida seja a morte, parece que nunca estamos emocionalmente preparados para lidar com uma despedida. A dor e desesperança são sentidas de maneira insuportável. Falar e ouvir sobre o assunto faz entrarmos em contato com toda saudade que toma a nossa mente e o nosso coração.A verdade é que dizer adeus a uma pessoa amada dói... e muito. Viver e experienciar a dor e a angústia da saudade nos faz sofrer com o sentimento de impotência sobre a vida que não controlamos e não conseguimos prever, causando extrema tristeza, desconforto e abandono. Quanto tempo vai durar? Quando vou me sentir vivo novamente?O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM V) orienta que em uma situação de luto não seja realizado um diagnóstico de depressão dentro dos primeiros 15 dias após a perda. Mas será que apenas 15 dias seriam suficientes para elaborar e minimizar o sofrimento vivido?Parece que sempre existem conceitos que ditam o tempo necessário para nos sentirmos bem com algum evento traumático, mas, na prática, o que sentimos é bem diferente, e o tempo é algo muito relativo quando está relacionado com a individualidade de cada um de nós. Os prejuízos e as fases do lutoVivenciar a perda de um ente querido pode trazer inúmeros prejuízos a nossa saúde física e mental, normalmente sendo manifestados em crises de ansiedade, stress, choro recorrente, depressão, além de alterações no apetite, melancolia, crises de raiva, alterações no sono e desânimo em realizar tarefas do cotidiano antes vistas como prazerosas.Entre esta montanha russa de sentimentos e manifestações da dor, o luto é caracterizado por 5 fases:Negação - quando a pessoa evita falar, finge não estar acontecendo e usa sua estrutura emocional para lutar contra a morte. Trata-se daquele momento em que os enlutados sentem-se em choque e, normalmente, usam o termo ''a ficha não caiu''.Raiva - momento de ira, questionamentos e revolta, expressados de forma inquieta, chorosa. Vem normalmente por não se poder mais negar o fim.Barganha - uma negociação que se faz consigo mesmo, com o meio ou entidades religiosas, na que entende que não poder mais negar a ideia de morte, mas ainda tenta desviar os sentimentos para outras ideias, camuflar ou mesmo negociar uma última oportunidade, um último momento, para depois se permitir a aceitar.Depressão - quando já não há mais força emocional para lutar contra os medos e a dor da perda e o fim é assumido e encarado.Aceitação - quando a dor começa a dar espaço para um processo de superação. Mesmo sofrendo a dor da perda, deixa que a vida comece a ganhar sentido novamente, permitindo pensar em planejar, construir e seguir em frente, enquanto ainda lida com sua dor. Importância da elaboração do luto e auxílio profissionalAo contrário do que muitos pensam, falar é o único caminho que facilita essa trajetória da elaboração. A maioria das pessoas de nosso convívio não está preparada para entrar em contato com a dor e tendem a querer distrair os enlutados, sugerindo passeios, tentando confortar com palavras do tipo ''não fique assim, tente esquecer um pouco'', pela dificuldade de empatia ou pela dor que a empatia nos mobiliza.Às vezes também, por falta de sensibilidade ou conhecimento, tendem a expor falas ou pensamentos que dão a entender que já se passou muito tempo, não justificando a dor vivida pelo enlutado. E a partir desses comentários, a pessoa em luto sente-se culpada por não se sentir recuperada, ou por ainda lidar com alguns prejuízos em sua vida e saúde emocional decorrentes da perda.O auxílio profissional de um psicólogo pode ser fundamental no processo. A psicoterapia poderá fornecer apoio e fortalecimento emocional, fazendo com que o enlutado se sinta mais preparado para entrar em contato com o sentimento de dor devastador, facilitando a elaboração do luto e favorecendo seu conforto.O luto trata-se de um período importantíssimo para elaboração dessa despedida e possibilita que a perda de um ente querido passe a ter outros significados em nossa vida, que não o já esperado desamparo. Aos poucos, o processo de luto ressignifica dores e faz com que o fim do túnel ganhe uma luz, possibilitando encontrarmos as belezas deixadas em nossa memória por aqueles que foram embora.Falar sobre o luto e sobre a morte de quem amamos é uma maneira de deixá-los vivos em nossa memória, dissipando a enorme dor que naquele momento toma conta de quem ficou.

domingo, 6 de novembro de 2016

Como lidar com o luto pela perda de uma pessoa próxima

Notícia por Michelle Leite


Perder alguém que amamos não é fácil, e diferentemente do que muitas pessoas pensam, o processo do luto é necessário para a superação ou readequação da pessoa envolvida. Entender este processo é fundamental para que se possa dar o suporte necessário às pessoas que enfrentam alguma perda durante a vida. De acordo com a psicóloga Raquel Baldo, a forma de lidar com o luto varia de pessoa para pessoa, e precisa ser respeitada e compreendida. A matéria abaixo traz alguns esclarecimentos acerca desse tema:

Fonte: http://www.minhavida.com.br/bem-estar/materias/18111-como-lidar-com-o-luto-pela-morte-de-uma-pessoa-proxima

O luto é um processo de angústia resultado de uma perda significativa em nossa vida e tende a fazer parte de todo fim que vivenciamos. Ao contrário do que muitos pensam e dizem, o luto não é um transtorno ou uma doença, logo não é algo a ser curado ou evitado, mas sim compreendido, acolhido e elaborado (no contexto daquela pessoa, daquele momento de vida e conforme grau da relação e impacto da perda) e às vezes um auxílio profissional, como psicológico, pode ser necessário.
É comum as pessoas se referirem ao luto como uma situação que precisa ser resolvida, deixada para trás e normalmente com tempo breve. Isso acontece devido à falta de compreensão que se possui sobre o tema e sobre a pessoa envolvida no luto. E esta falta de compreensão tende a ser uma geradora da falta de tolerância, que tende a prejudicar diretamente a superação ou a readequação da vida da pessoa. A não habilidade, ou a falta de manejo com o assunto morte e luto, acaba sendo, na maioria das vezes, a maior causa de sofrimento, pois a pessoa enlutada acaba sendo pressionada pelo meio, às vezes por ela mesma, a sair desta situação o mais breve possível, assumindo atitudes e movimentos contrários ao que se sente e vive naquele momento.Existem dores e sofrimentos de perdas mais ou menos intensos. E quanto mais próximo afetivamente formos da pessoa que morreu, maior o luto. Assim, quando falamos de lutos mais sofridos ou mais longos, normalmente falamos de perdas de filhos, pais e cônjuges. Pessoas estas que normalmente ocupam lugar de base (passada ou futura) em nossa vida e por isso a sensação de desnorteamento é intensa. A tristeza faz parte dos sentimentos que compõem o luto e tende a trazer consigo o choro, o desanimo, sensação de dor. Alguns pacientes comparam com uma sensação de dormência, do corpo, dos movimentos, das sensações e até dos pensamentos.Reações ao lutoNão há atitude padrão para estar de luto. Algumas pessoas se calam, se fecham em seus mundos, se afastam, enquanto outras se tornam ativas, querem falar, chorar abertamente, estar acompanhadas. Não devemos nos prender ou avaliar uma reação, por si só, afinal cada ser humano tem o direito de sentir e vivenciar em sua particularidade. Podemos notar que independente a reação, ambos os casos possuem em comum a necessidade de ter sua dor de perda acolhida e respeitada.Os primeiros dias tendem a ser terríveis, sendo mais comum os choros descontrolados, atitudes agressivas ou intensas, falta de apetite e de sono. Com o passar do tempo, (e este tempo é particular para cada ser humano), estas reações tendem a ganhar uma estabilidade, não falo ainda em desaparecer, mas sim devem ocorrer de forma mais organizada. E assim a tendência é que o luto se encaixe na vida da pessoa e fique presente por algum tempo, podendo ser meses ou anos, oscilando as intensidades e as formas de expressões.
Geralmente, só devemos nos alertar para uma preocupação, quando o quadro de luto gerar sintomas que sugerem exagero no sofrimento e prejuízo na vida como: abandonar emprego, escola, namoro ou casamento, não conseguir se preocupar com seus filhos ou com suas contas, emagrecer ou engordar significativamente, assim como reações sintomáticas frequentes e intensas, como desmaios, taquicardias, dores diversas.O sinal do exagero e da intensidade desestruturada sugere o não saudável e, portanto, é merecedora de atenção e talvez de acompanhamento psicológico. E o acompanhamento de um profissional pode ser muito bem-vindo, por propiciar a pessoa uma possibilidade de reconhecer seus sintomas de sofrimento, de entender suas reações e para expressar sua dor e assim ir aliviando sua angustia.
Uma angustia não negada e bem acolhida tende a gerar a possibilidade de se refazer na vida, com a pessoa saindo mais fortalecida para continuar sua história.Como agir diante de um enlutado?Vale um alerta para aquelas pessoas que costumam dizer, e normalmente por não saberem o que dizer nestas situações de perdas, as seguintes frases: “Não chore, não sofra, ele (a) não quer te ver triste? ”. Sabemos ou imaginamos que na maioria dos casos estas falas possuem boas intenções, é realmente muito difícil ver alguém sofrer e não poder gerar este alívio. Mas chamo aqui a atenção para que compreendam que estes dizeres sugerem um grande disfarce ou até mesmo uma proposta de negação do luto, logo da perda. E neste momento delicado e fragilizado isto é tudo que não deve acontecer. Pois o fim já está instalado e ele dói.O luto não é algo ruim, na verdade ele é necessário. É uma etapa que precisamos encarar, compreender, vivenciar para continuarmos vivendo de forma equilibrada e saudável. Assim nestas situações talvez tudo que nos caiba seja de fato um bom abraço, uma oferta de colo, de ajuda com questões burocráticas ou mesmo a nossa presença ao lado. Mostrando que a tristeza atinge a todos, mas que estão ali unidos para chorarem e se ajudarem nesta fase difícil de vida.O luto varia de acordo com o contexto da morte?Culturalmente tendemos a acreditar que certas mortes são melhores ou piores que outras. Por exemplo, as mortes de crianças são praticamente inaceitáveis, assim como de adolescentes, jovens adultos, das mães e cônjuges. Estas perdas costumam gerar muita tristeza e reações intensas e normalmente são as que mais precisam de tempo e de ajuda.As mortes inesperadas, como as geradas por acidentes, também costumam desestruturar uma pessoa ou até mesmo uma família, pois a tristeza vem acompanhada de raiva, revoltas, questionamentos e fantasias de respostas que acalentem ou que justifique esta interrupção e intromissão nos projetos de vida.Já os quadros de doenças, em geral os quadros terminais costumam trabalhar, muitas vezes inconscientemente, a preparação da perda e assim é muito comum vivenciarem o luto ainda enquanto o paciente está vivo. Logo quando a morte ocorre, apesar da tristeza é muito comum que o pior momento de dor já tenha sido vivenciado anteriormente durante o tratamento. Talvez porque a pessoa ou a família enlutada tenham tido tempo para lembrar que a morte existe e faz parte da vida e que é preciso haver espaço para lidar com ela. Normalmente os familiares, assim como os doentes, buscam se redimir de suas ofensas e falhas, tentam realizar sonhos e desejos e criam assim um espaço de despedida, aliviando a culpa e fantasiando uma permissão para a morte se aproximar.O que podemos dizer, é que todas estas situações são verdades, mesmo que mais ou menos intensas. Não acham? E estas verdades merecem a chance de serem entendidas como únicas e respeitadas em seu tempo e forma de expressão, independente de padrões de diagnósticos. Talvez não haja melhor remédio que um olhar sincero de outra pessoa sugerindo compreensão e parceria, enquanto se encara a dor a da realidade. 

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Luto e enfrentamento em famílias vitimadas por homicídio

Resenhado por Catiele Reis


Domingues, D.F., Dessen, M.A., & Queiroz, E. (2015). Luto e enfrentamento em famílias vitimadas por homicídio. Arquivos Brasileiros de Psicologia, 67(2), 61-74.

            As mortes violentas são acontecimentos potencialmente deletérios que costumam exigir estratégias adaptativas dos familiares das vítimas. Considerando que as mortes violentas são acontecimentos potencialmente estressores, que costumam exigir que as pessoas empreendam diferentes tipos de estratégias adaptativas por parte dos familiares das vítimas, o presente estudo teve como objetivo descrever os modos de enfrentamento utilizados por mães e irmãos de jovens que perderam a vida em razão de homicídio por arma de fogo durante os 12 primeiros meses de luto.
            Participaram da pesquisa oito famílias com nível socioeconômico baixo, residentes em regiões administrativas do distrito federal. As famílias foram selecionadas através de uma amostra por conveniência através de indicação de profissionais de ONG’s e outros órgãos que prestavam assistência a vítimas de violência. Os instrumentos utilizados foram uma entrevista semiestruturada e a escala de modos de enfrentamentos de problemas, ambos aplicados tanto nas mães quanto nos irmãos das vítimas.
            Os resultados apontam que as principais estratégias de enfrentamento adotadas pelos participantes são as práticas focalizadas na religiosidade e no pensamento fantasioso. Além dessas, as estratégias centradas no problema e a negação da morte também foram relatados como recursos adaptativos utilizados pelas famílias. De modo contrário, a busca pelo suporte social não foi relatada enquanto estratégia de enfrentamento nem pelas genitoras nem pelos irmãos.
            Em suma, percebe-se que a família é a primeira a sofrer os impactos da violência letal, exigindo uma reorganização em sua rotina, em seus hábitos e no seu sistema de valores e crenças (Domingues, 2010). Essas mudanças, muitas vezes, são inevitáveis e de consequências geralmente imprevisíveis, com adversidades que podem ser percebidas já no início do processo de luto e, também, a longo prazo. Dessa forma, tem-se visto a necessidade de construir políticas públicas destinadas a ampliar a rede social dessas famílias no contexto da perda. 


segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Estresse e suporte social em mães de crianças com necessidades especiais

Resenhado por Joelma Araújo

Matsukura, T. S., Marturano, E. M., Oishi, J., Borasche, G. (2007) Estresse e suporte social em mães de crianças com necessidades especiais. Revista Brasileira de Educação Especial, 13, 415-428.

A saúde dos cuidadores de crianças com necessidades especiais é algo que vem sendo investigado há poucas décadas, a partir da avaliação do papel de cuidadores, do impacto da doença, dos cuidados com a criança, e através da busca por compreender e identificar as estratégias de enfrentamento utilizadas por cuidadores e crianças. Segundo pesquisas, as famílias apresentam resultados diferentes em relação aos recursos utilizados para lidar com a situação de ter uma criança acometida por uma deficiência ou problemas crônicos de saúde, e também maneiras diversas de perceber os desafios decorrentes dessa situação.
A presença de uma condição ou situação onde existe uma acentuada diferença entre as demandas externas ao organismo e a avaliação do indivíduo sobre sua capacidade em responder a elas, caracteriza o estresse, processo pelo qual muitos cuidadores são acometidos. Segundo Medeiros, Ferraz e Quaresma (1998), não necessariamente o cuidador considerará a demanda como um estressor, pois as avaliações irão depender do contexto que envolve o cuidador, o doente e o ambiente familiar. Segundo Flynt, Wood e Scott (1992), dentre as variáveis que moderam a adaptação familiar ao estresse de ter uma criança com deficiências, status da família antes do nascimento da criança, disponibilidade de recursos financeiros e suporte social, é o suporte social que tem um maior impacto nesta adaptação.
Como a maioria dos estudos aponta, são as mães que ficam encarregadas de viabilizar os tratamentos e dedicar a maior parte do tempo aos cuidados com a criança, o que as deixa sobrecarregadas, pois, além de cuidar da criança, tem de exercer vários outros papéis dentro da sociedade. Quando a família é de baixa renda, a situação pode ser ainda mais agravante. Por isso, o objetivo desse estudo foi avaliar a associação entre estresse e suporte social em mães de crianças com necessidades especiais e mães de crianças com desenvolvimento típico, em famílias de baixa renda.
O estudo foi quantitativo com amostra de 75 mães de crianças com idade entre quatro e oito anos, com renda familiar de até quatro salários mínimos, alocadas em dois grupos: mães de crianças com desenvolvimento típico e mães de crianças com necessidades especiais. As participantes responderam ao Inventário de Sintoma de Stress e ao Questionário de Suporte Social. Os dados mostraram que em ambos os grupos, houve uma elevada porcentagem de mães estressadas. Mães de crianças com necessidades especiais contam com menos suporte social. Observou-se também associação negativa entre estresse e satisfação com o suporte social.
Os autores discutiram que o presente estudo confirmou achados de pesquisas anteriores, identificando o papel do suporte social nos processos de adaptação familiar. A associação encontrada entre a satisfação com o suporte social e o estresse aponta para adequação da implantação de programas de intervenções em saúde para famílias de crianças com necessidades especiais. Dessa forma, considerando os efeitos protetores do suporte social contra o impacto das situações estressoras, o que o torna fundamental para a adaptação familiar, evidencia-se a importância da prática psicológica dos profissionais da área da Psicologia da Saúde, está voltada também para a promoção de intervenções voltadas para mostrar às famílias a importância do suporte social.