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sábado, 18 de fevereiro de 2017

Surto de febre amarela já é o pior em 10 anos, segundo dados do Ministério da Saúde

Postado por Maisa Carvalho
No início de 2017, os casos de Febre amarela no Brasil subiram drasticamente – 61 casos confirmados e 34 mortes -, se espalhando até em cidades nas quais comumente não há risco de contato com o mosquito transmissor. Por se tratar de uma doença cujo vírus é transmitido por um mosquito, a prevenção primária se faz urgentemente necessária, visto que algumas das formas de combater a transmissão é o ataque ao mosquito e vacinação antecipada, por exemplo. O psicólogo da saúde pode intervir em campanhas que promovam a comportamentos deletérios e na proatividade da população frente à doença.
A febre amarela silvestre avança em Minas e na Região Sudeste, fazendo de 2017 o ano com mais mortes pela doença no país em uma década – o último ano com dados disponíveis, segundo o Ministério da Saúde, é 2008. Naquele ano, 27 pessoas morreram vítimas da enfermidade. Ontem, novo balanço da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) indicou que já são 32 as mortes confirmadas em Minas, aumento de 28% em relação às 25 da última sexta-feira. A situação pode ser pior, uma vez que há 51 óbitos sendo investigados e o total de casos notificados passou de 272 para 391. A preocupação de autoridades e especialistas também aumentou ontem diante da confirmação de três mortes em São Paulo e da informação de que o provável local de infecção de um dos mortos em Minas é a zona rural de Januária, no Norte de Minas, que não figura no mapa de alerta da SES-MG. Uma das mortes em São Paulo é de um paciente que esteve em Minas Gerais, começou a apresentar os sintomas e morreu em Santana do Parnaíba, no interior paulista. Os outros dois casos confirmados são autóctones, ou seja, com transmissão dentro de São Paulo. Os pacientes são dos municípios de Batatais e Américo Brasiliense. Além de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo já estavam na estratégia de reforço vacinal anunciada pelo Ministério da Saúde na semana passada.Em Minas, a SES informou ontem que o “provável local de infecção” do pedreiro mineiro que morreu em Brasília (DF) na semana passada é o distrito de Várzea Bonita, em Januária, no Norte de Minas. Se a informação for confirmada, será o primeiro caso de febre amarela este ano na região. Para o infectologista Dirceu Greco, do Hospital das Clínicas da UFMG, os casos fora da área de alerta em Minas reforçam a necessidade de mais atenção e resposta das autoridades de saúde pública.“É ruim que este alerta esteja ocorrendo com mortes, mas isso mostra, mais do que nunca, que as pessoas precisam estar com seus cartões de vacina em dia. É importante que toda a informação sobre a doença seja repassada da maneira correta, para que as pessoas estejam atentas e todo o reforço seja feito no sentido de controlar o vetor (os mosquitos)”,afirmou.O especialista lembrou ainda que o combate deve ser contra o mosquito que transmite o tipo silvestre da febre amarela (Haemagogus), mas também contra o Aedes aegypti, transmissor da forma urbana da doença, além da dengue, zika e chikungunya. “Com o avanço de casos, há risco de haver um salto do tipo silvestre para o urbano. Mas, parece que o estado tem tomado decisões claras. O problema é ter que tomar decisões em situações de emergência”, avaliou.Na tentativa de evitar a transmissão da febre amarela, a Prefeitura de Caratinga, município do Vale do Rio Doce com maior número de casos notificados da doença na zona rural (85), tem usado a caminhonete de combate à dengue para borrifar inseticida em bairros da área urbana. Ontem, o fumacê, como é conhecido, passou pelo Bairro Santa Cruz, que exige atenção por se espalhar ao longo de uma mata densa na parte alta da cidade.Circulação do Vírus: De acordo com Dirceu Greco, a ocorrência de casos da doença tem a ver com a circulação do vírus, que é comum a todas essas regiões, de clima tropical ou subtropical. Ele explica que muitos casos estão sendo analisados por terem sintomas de patologias virais, que podem ser de febre amarela ou de outras doenças. É o que vem ocorrendo no Espírito Santo, onde a Secretaria de Saúde investiga o quadro de saúde de 19 pacientes internados com sintomas de doenças como febre amarela, leptospirose e dengue, entre outras.Até o momento, não há caso confirmado de febre amarela em humanos no estado. Apenas em macacos encontrados nos municípios de Colatina e Irupi. Como medida preventiva, a secretaria iniciou, na semana passada, a vacinação cautelar em 37 municípios, levando em consideração a morte dos primatas e a proximidade geográfica entre esses municípios e a divisa com Minas Gerais por meio da faixa contínua de floresta. Sobre os casos de São Paulo, a SES-MG sustentou, por meio de nota, que não é possível afirmar que haja relação com os casos de Minas Gerais, sendo necessário concluir uma investigação epidemiológica mais detalhada para compreender a situação. “Destaca-se que o Norte do estado de São Paulo, desde o ano passado, já havia registrado caso de febre amarela silvestre nos municípios de Ribeirão Preto e São José do Rio Preto”, informou. A SES-MG ressaltou que, diante do atual surto, já distribuiu 1,6 milhão de vacinas aos municípios nas áreas prioritárias. Três cidades fora da área de alerta tiveram reforço de imunização: Januária, Pedra Azul e Diamantina, com 304 mil doses. Outras 266 mil foram entregues como parte da rotina de imunização no estado.


terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Estudo epidemiológico acerca do câncer entre irmãos

Postado por Edryenne Matos

De acordo com Last (1988 citado por Barreto, 2002), a epidemiologia trata da disposição e dos determinantes de eventos e estados concernentes à saúde em populações específicas. O conhecimento produzido por esta ciência é aplicado na resolução dos problemas de saúde. Pode-se depreender desta definição o quanto a ciência epidemiológica tem contribuído para a compreensão dos fenômenos relacionados à saúde das populações. Deste modo, a notícia abaixo trata de um estudo desenvolvido pelo Estudo do Câncer em Gêmeos Idênticos e Não Idênticos que objetivou analisar a hereditariedade do câncer entre irmãos, sejam eles idênticos ou não. A realização de estudos como este possibilita a construção do perfil epidemiológico da população e, assim, compreendê-la a fim de intervir na conjuntura instaurada.

Referência: Barreto, M. L. (2002). Papel da epidemiologia no desenvolvimento do Sistema Único de Saúde no Brasil:  Histórico, fundamentos e perspectivas. Revista Brasileira de Epidemiologia, 5(1), 4-17.

Fonte: http://brasil.elpais.com/brasil/2016/01/05/ciencia/1452016944_817268.html

Se o seu irmão teve câncer, você tem 37% de chances de também ter um 

Se o seu irmão tem câncer, suas possibilidades de desenvolver outro, do mesmo tipo ou não, são de 37%, de acordo com um estudo de 200.000 irmãos gêmeos – idênticos ou não – submetidos a acompanhamento durante mais de três décadas. A cifra de 37% corresponde aos gêmeos não idênticos, cuja semelhança genética é a mesma do que a de qualquer irmão. No caso dos gêmeos idênticos, o risco sobe aos 46%. Em geral, 32% das pessoas estudadas sofreram um câncer durante sua vida, uma porcentagem considerada normal.O trabalho pertence ao Estudo do Câncer em Gêmeos Idênticos e Não Idênticos Nórdicos, uma gigantesca base de dados de irmãos nascidos ao mesmo tempo na Dinamarca, Finlândia, Noruega e Suécia. Os pesquisadores analisaram a hereditariedade do câncer: a proporção da variação do risco de câncer de uma população que se deve a fatores genéticos. Os autores detectaram uma hereditariedade significativa no melanoma (58%), o câncer de próstata (57%), o câncer de pele não melanoma (43%), de ovário (39%), de rim (38%), de mama (31%) e de útero (27%).O estudo, publicado na quarta-feira na revista médica JAMA, mostra que em 3.300 duplas os dois irmãos desenvolveram um câncer ao longo de sua vida. Foi o mesmo tipo de câncer em 38% dos irmãos gêmeos idênticos e em 26% dos não idênticos. Nos outros casos, os irmãos sofreram tipos de tumores diferentes. Os resultados sugerem, pela primeira vez, que em algumas famílias existe um risco maior de sofrer qualquer tipo de câncer. O trabalho foi liderado pela epidemiologista Lorelei Mucci, da Universidade de Harvard (EUA), e seu colega Jacob Hjelmborg, da Universidade do Sul da Dinamarca.Os cientistas detectaram um risco familiar maior em 20 dos 23 tipos de câncer analisados, incluindo tumores comuns, como os de mama e próstata, e outros menos frequentes, como os de ovário e estômago. Um dos maiores riscos familiares foi detectado no câncer de testículo. O risco de um homem ter esse tumor é 12 vezes maior se o irmão o desenvolveu, 28 vezes mais alto no caso de irmãos gêmeos idênticos.O estudo não dá tanta importância, entretanto, a alguns fatores de risco ambientais que uma família pode ter, como a exposição ao sol. “Que dois irmãos tenham câncer de pele é seguramente mais provável pelo costume de seus pais de não os protegerem quando eram crianças do que pelo componente genético, que também pode ser um fator”, observa Esteve Fernández, pesquisador do Instituto Catalão de Oncologia e presidente da Sociedade Espanhola de Epidemiologia.Morrem por ano oito milhões de pessoas por câncer no mundo e são diagnosticados 12 milhões de novos casos. “Essa informação sobre os riscos hereditários dos tumores pode ser útil na educação dos pacientes e na assessoria sobre o risco de sofrer um câncer”, dizem os autores.

domingo, 12 de fevereiro de 2017

População brasileira obesa, sério?

Postado por Joelma Araújo

A obesidade é uma doença crônica não transmissível caracterizada pelo excesso de gordura corporal que acarreta prejuízos à saúde dos indivíduos (Pinheiro, Freitas & Corso, 2004). Dados do Ministério da Saúde alertam que o excesso de peso já atinge 52,5% da população adulta brasileira (Ministério da Saúde, 2015). Essa taxa cresceu 23% em relação ao primeiro levantamento em 2006, em que era 43%. Também preocupa a proporção de pessoas com mais de 18 anos com obesidade, 17,9%, embora este percentual não tenha sofrido alteração significativa nos últimos anos. Na charge abaixo os personagens ironizam a percepção a respeito da obesidade ao falarem da notícia como se fosse uma realidade distante da deles.



Fonte: Ministério da Saúde. (2015). Vigitel Brasil 2014: Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico. Brasília, DF: Ministério da Saúde.
Pinheiro, A. R. D. O., Freitas, S. F. T. D., & Corso, A. C. T. (2004). Uma abordagem epidemiológica da obesidade. Revista de Nutrição, 17(4), 523-533.  

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Síndrome de Burnout e consumo de álcool em funcionários da prisão

Postado por Sara Andrade


Campos, J. A. D. B., Schneider, V., Bonafé, F. S. S., Oliveira, R. V., & Maroco, J. (2016). Burnout Syndrome and alcohol consumption in prison employees. Revista Brasileira de Epidemiologia19(1), 205-216. Doi: 10.1590/1980-5497201600010018

Boa parte dos estudos em prisões focam na tentativa de compreensão do bem-estar e saúde dos presos, mas os trabalhos que intentam analisar esses fatores nos funcionários são escassos. Por ser um ambiente que proporciona riscos, estudos já demonstraram a relação entre o estresse ocupacional, a utilização de estratégias de enfrentamento inadequadas e maior probabilidade de abuso de substâncias, bem como a associação entre abuso de álcool e variáveis sociodemográficas como idade, sexo, estilo de vida, e prática religiosa em profissionais do ambiente prisional.
A Síndrome de Burnout é classificada como a reação ao estresse ocupacional associada à carência em estratégias de enfrentamento adequadas nas questões concernentes ao ambiente de trabalho, que culminam num quadro de baixa percepção de competência e bem-estar e podem acarretar em enfrentamento direcionado ao abuso de álcool ou substâncias. Tendo em vista a problemática, o estudo de Campos, Scheneider, Bonafé, Oliveira e Maroco (2016) objetivou estimar a associação entre variáveis sociodemográficas, como sexo, tabagismo e prática religiosa e o engajamento em comportamentos de risco. Também foram comparados os valores médios de exaustão emocional, cinismo (despersonalização ou instabilidade nas relações interpessoais), eficácia profissional e o comportamento de beber nos funcionários de duas prisões do estado de São Paulo.
O estudo transversal contou com uma amostra de 339 funcionários de duas penitenciárias. Foram coletadas informações sociodemográficas, o teste de Identificação de Distúrbios de Uso de Álcool (AUDIT) para identificar o padrão de consumo, e o Maslach Burnout Inventory - General Survey (MBI-GS) para avaliar a síndrome de Burnout.
Observou-se que a prevalência geral de participantes com comportamento de risco foi de 22,4%. Houve associação significativa entre o comportamento de beber e o sexo, prática religiosa e tabagismo, sendo os homens e fumantes mais propensos a engajar-se nessa atividade, e a prática religiosa verificada como fator protetivo contra ela. Também foi verificada alta prevalência de participantes que se sentiam esgotados ao fim do dia e com perda de interesse pelo trabalho. A prevalência da Síndrome de Burnout foi encontrada em 14,6% dos participantes e o escore médio para exaustão emocional entre eles foi de 2,71 (DP = 1,76), 2,44 (DP = 1,33) para o cinismo e 4,20 (DP = 1,22) para a eficácia profissional. Além disso, foram verificados escores significativos (p<0,001) de exaustão emocional e cinismo, como também pontuações mais baixas de eficácia profissional entre os participantes que consumiam álcool em comparação com os participantes abstinentes.

Os resultados apontam para a necessidade de mais estudo acerca do impacto do estresse ocupacional e consequentemente da Síndrome de Burnout no desenvolvimento de comportamentos de risco nos trabalhadores, bem como de criar estratégias educativas e preventivas quanto à saúde dessa população.