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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

O diagnóstico das crianças com doença falciforme: Desafios e perspectivas do enfrentamento

Ataide, C. A., & Ricas, J. (2016). O diagnóstico das crianças com doença falciforme: desafios e perspectivas do enfrentamento. Interfaces Científicas-Saúde e Ambiente. 4(2), 19-28. doi: 10.17564/2316-3798.2016

Resenhado por Uquênia Lemos

A doença falciforme é uma anemia hemolítica, decorrente da presença de uma hemoglobina anormal - conhecida como Hemoglobina S -, que tem característica genética e varia com a idade, sendo sua evolução clínica considerada crônica. No Brasil, a anemia falciforme é considerada um problema de saúde pública, pois apresenta alta taxa de morbimortalidade e diversas complicações clínicas. Em virtude da gravidade clínica, foi implantado no Brasil o diagnóstico precoce das hemoglobinopatias por meio da Triagem neonatal, mais conhecido como Teste do Pezinho. A precocidade do diagnóstico passa a ser um diferencial para o tratamento da anemia falciforme, todavia, ainda demanda uma análise das implicações psicossociais dessa doença no contexto familiar. Sendo assim, o presente estudo buscou analisar as principais reações do diagnóstico da doença falciforme, bem como os principais enfrentamentos e desafios mediante o processo de adoecimento para as famílias.
 Participaram do estudo 12 mães/e ou responsáveis diretas, as quais precisavam ter uma convivência mínima de 6 a 14 meses com a criança que fora diagnosticada com doença falciforme por meio da triagem neonatal. Foi detectada uma falta de participação da figura paterna durante as consultas e no tratamento das crianças, além de um nível social baixo dessas famílias. Para a coleta dos dados foram realizadas entrevistas semiestruturadas,  mediante o critério de saturação. Segundo este método, o número ideal de entrevistas é alcançado quando as respostas começam a ser repetidas pelos novos indivíduos que vão integrando a amostra.
Os dados foram analisados pela técnica de análise de conteúdo  utilizando o processo de triangulação, que consiste na combinação e no cruzamento de diversos pontos de vista através do trabalho conjunto de vários pesquisadores, de múltiplos informantes e de múltiplas técnicas de coleta de dados, conferindo assim uma maior validade ao estudo. O instrumento utilizado para categorização e organização dos resultados, foi a técnica do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC), dos quais foram categorizados quatro temas centrais: sentimentos e reações no recebimento do diagnóstico; percepções sobre a comunicação do diagnóstico e a compreensão acerca da doença; principais mudanças, dificuldades e preocupações da família após o diagnóstico da doença falciforme e estratégias de enfrentamento da família para melhor aceitação da doença.
Nos resultados, observou-se que assim como em outras patologias, os indivíduos trouxeram o sofrimento psicológico das diversas adaptações, mudanças, inseguranças e limitações que são provocadas pelo diagnóstico da doença falciforme, além das questões sociais, tais como desemprego, baixo poder aquisitivo e desestruturação familiar, que intensificam ainda mais o impacto do diagnóstico.
Devido aos desajustes emocionais que as cuidadoras enfrentam no momento do diagnóstico da doença falciforme, percebeu-se a necessidade de que as questões psicossociais da família sejam consideradas e assistidas para fins de compreensão da repercussão da enfermidade, elaboração de conflitos, reestruturação da convivência e dos cuidados com a criança. Assim, ressalta-se a importância da psicologia da saúde promovendo pesquisas e, sobretudo, intervenções voltadas às estratégias de enfrentamento e orientação emocional às famílias afetadas.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

A capacidade de resiliência e suporte social em idosos urbanos

Silva Júnior, E. G., Eulálio, M. D. C., Souto, R. Q., Santos, K. D. L., Melo, R. L. P. D., & Lacerda, A. R. (2019). A capacidade de resiliência e suporte social em idosos urbanos. Ciência & Saúde Coletiva24, 7-16.

Resenhado por Sara Andrade

             Os aspectos protetivos ou de risco do envelhecimento são frequentemente alvos de pesquisas, dentre as variáveis protetivas mais investigadas estão a resiliência e o suporte social. A resiliência é entendida como um processo no qual o individuo é capaz de enfrentar adversidades e eventos estressores da vida, respondendo de forma eficiente e adaptativa, enquanto o suporte social diz respeito a aspectos das relações interpessoais, vinculado à percepção de apoio recebido nas interações sociais. Ambos os aspectos são vistos como positivos e contribuintes para um envelhecimento saudável.
         O estudo buscou identificar as associações entre resiliência e variáveis sociodemográficas (sexo, idade, renda, estado civil, arranjo de mora­dia e religião), bem como possíveis correlações entre resiliência e suporte social em um grupo de 86 idosos residentes em Campina Grande – PB. Foram utilizados um ques­tionário sociodemográfico, a Escala de Resiliência e a Escala de Suporte Social. Para averiguar as associações entre variáveis realizaram análises descritivas (frequências rela­tiva e absoluta, média, desvio-padrão, mínimo e máximo) e inferenciais (teste de qui-quadrado, correlação de Pearson e regressão linear).
            A média de idade foi de 75,7 anos (DP = 5,35) e houve o predomínio do sexo feminino na amostra (72,1%; n = 62). A maior parte dos idosos se declararam: casado (48,8%; n = 42), aposentado (76,7%; n = 66), que cursou os anos iniciais do ensino fundamental (40,7%; n = 35) e professando algum tipo de religião (87,2%; n = 75).
            Os resultados apontaram alta capa­cidade de resiliência nos idosos (M = 134,37; DP = 16,6) e moderado índice de suporte social (M = 17,36; DP = 2,77). Através do teste qui-quadrado percebeu-se associação significativa apenas entre resiliência e religião (c² = 0,30; p = 0,027). Também foi observada uma correlação fraca e positiva entre o fator independência e de­terminação da Escala de Resiliência com o suporte social (p = 0,005). A análise de regressão linear apontou que o suporte social não foi uma variá­vel preditiva para a capacidade de resiliência nos idosos.
           Os autores explicaram a associação entre resiliência e religião com o fato desta última remeter à ideia de significado e propósito maior de vida, possível fator desencadeante de superação das adversidades vivenciadas. Os resultados apontam que a falta de capacidade preditiva do suporte social sobre a resiliência dos idosos pesquisados, vai de encontro aos dados   que  indicam efeitos diretos deste e das redes sociais na promoção e potencialização da resili­ência.
        Em função dos achados, os autores salientaram a necessidade de utilizar instrumentos mais precisos para averiguar a relação entre suporte social e resiliência, bem como de pesquisas com abordagens qualitativas. A Psicologia da Saúde faz seu papel nessa temática por possibilitar a construção de subsídios teóricos e estratégicos para a intervenção na esfera relacional dos idosos, e também proporcionar entendimento acerca dos processos de adaptação deste grupo rumo a um envelhecimento saudável.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

A formação em Psicologia e o profissional da Saúde para o SUS (Sistema Único de Saúde)

Guareschi, F. M. N., Dhein, G., Dos Reis, C., Machry, S. D., & Bennemann, T. (2009). A formação em psicologia e o profissional da saúde para o SUS (Sistema Único de Saúde). Arquivos Brasileiros de Psicologia, 61, 3, 35-45.

Resenhado por Renata Elly Barbosa Fontes

A psicologia é uma profissão regulamentada no Brasil desde 1962. Inicialmente, teve sua formação vinculada às faculdades de filosofia, mas, atualmente, vê-se uma aproximação com as ciências humanas, além de um paralelo com a área da saúde. Neste artigo, os autores discutem de que maneira a formação em psicologia e os currículos das universidades atendem a demanda da formação profissional para a saúde pública, trabalhando os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS).
Em um primeiro momento, a formação do psicólogo estava voltada para a psicometria e a psicologia organizacional em virtude da crescente industrialização. Em 1988, com o surgimento do Sistema Único de Saúde (SUS), a formação passa a operar em outra lógica, não somente a assistencial e de atenção aos trabalhadores, mas também visando a prevenção, promoção e recuperação em saúde. A partir disso, os cursos da área da saúde tiveram que reformular seus currículos para atenderem a essa outra lógica de cuidado em saúde.
Segundo os autores do estudo, o currículo está além de um conjunto de disciplinas que compõem toda a atividade escolar, sendo na verdade, uma prática cultural com significações políticas. O estudo em questão teve como objetivo discutir o currículo de cursos de psicologia de universidades do Rio Grande do Sul, para isso, o autor mapeou três eixos, estudando como os currículos das universidades constituíram. O primeiro estaria entre as disciplinas biomédicas, o segundo atenta-se a psicopatologia e a avaliação psicológica, o terceiro situa-se na psicologia social e comunitária.
No primeiro eixo, o autor discursa sobre a incorporação da medicina na psicologia, ou seja, como essa formação influencia a do psicólogo. O modelo biológico costuma concentrar-se em estudos dos transtornos e a compreensão do tratamento de doenças, por isso, a dificuldade de estabelecer nos currículos de psicologia a formação de um profissional de saúde para o SUS que pense a concepção de saúde não fundamentada na dicotomia de saúde/doença. Os currículos com ênfase nessa dicotomia passam a privilegiar também a ênfase no segundo eixo, a avaliação psicológica e as psicopatologias, com investimento em testes psicológicos dando identidade a profissão, uma vez que são de uso único de psicólogos, inserindo a noção de cientificidade na psicologia no desenvolvimento desses instrumentos e colaborando com o estudo epidemiológico que identifica principalmente grupos de riscos e populações vulneráveis.
Com o intuito também de abarcar a multiplicidade dos sujeitos e seus modos de interagir com o mundo, há também o movimento da psicologia social e comunitária nos currículos, possibilitando alguma formação para que o profissional de psicologia atue na inserção das práticas psi nas políticas públicas, auxiliando na construção do exercício da cidadania e nas causas dos Direitos Humanos.
Para os autores, a formação em psicologia, principalmente na psicologia da saúde, deveria abarcar com maior profundidade as diretrizes do SUS, uma vez que nesse novo modelo proposto na saúde pública, a ausência de doença não define saúde. Os currículos também deveriam priorizar na formação em psicologia um olhar integral que abarque os diversos contextos sociais e culturais que os indivíduos estão inseridos, no mais, a saúde coletiva, o que aponta Bernardes (2016), é o encontro da psicologia com a política.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Análise da qualidade de vida e prevalência de declínio cognitivo, ansiedade e sintomas depressivos em idosos

Silveira, M. M., & Portuguez, M. W. (2017). Analysis of life quality and prevalence of cognitive impairment, anxiety, and depressive symptoms in older adults. Estudos de Psicologia (Campinas)34(2), 261-268. doi:org/10.1590/1982-02752017000200007

Resenhado por Millena Bahiano
  
O envelhecimento constitui um processo natural do organismo que pode resultar em uma redução da vitalidade e mobilidade do indivíduo. Nessa fase do ciclo vital problemas cognitivos e emocionais também podem surgir comprometendo a qualidade de vida, a capacidade funcional e a independência dos adultos mais velhos. De forma geral, os centros de convivência de idosos tem buscado estimular a sociabilidade, autonomia e favorecer um aumento na qualidade de vida contribuindo assim, na minoração de danos à saúde física e mental do idoso.
O presente estudo foi realizado em dois centros de idosos localizados na cidade de Passo Fundo-RS e objetivou analisar a qualidade de vida e determinar a prevalência de ansiedade, sintomas depressivos e comprometimento cognitivo em adultos mais velhos. A amostra da pesquisa constou de 120 participantes, os quais eram frequentadores dos centros de idosos e apresentavam idade igual ou superior aos 60 anos. Os instrumentos utilizados na pesquisa foram: questionário sociodemográfico e de saúde, Escala Geriátrica de Depressão (GDS 15), Inventário de Ansiedade de Beck (BAI), World Health Organization Quality of Life - BREF (WHOQOL-BREF) e Cognitive Examination Addenbrooke - Revised (ACE-I).
Dentre os resultados encontrados, viu-se que 78,3% dos participantes foram do sexo feminino, 21,7% do sexo masculino e a maioria (75%) possuíam entre 60 e 69 anos de idade. Em geral, os idosos apresentaram boa qualidade de vida, baixa prevalência de déficit cognitivo e baixos níveis de ansiedade e sintomas depressivos. Os autores evidenciaram que a participação e convivência estabelecida por pares nos centros de idosos favoreceram positivamente o estado emocional, a cognição e a satisfação com a vida. Além do mais, foi observado que os centros de idosos tendem a proporcionar aos adultos mais velhos o estreitamento das suas redes sociais, o desempenho de atividades físicas e entretenimento.
Por fim, o estudo tornou claro que a participação em centros de idosos foi considerado um preditor positivo contra o declínio da capacidade cognitiva e agravos à saúde mental do idoso. Ademais, entende-se que para a psicologia da saúde a elaboração de estratégias, por parte de psicólogos e profissionais de saúde, que visem a combinação de ações envolvendo a convivência de adultos mais velhos, atividades físicas e de lazer podem ser significativas na prevenção de adoecimento por transtornos depressivos e ansiosos e déficits cognitivos no período de envelhecimento.

sábado, 23 de fevereiro de 2019

Prática Baseada em Evidências em Psicologia e Idosos: Conceitos, Estudos e Perspectivas


Monteleone, T. V. & Witter, C. (2017). Prática Baseada em Evidências em Psicologia e Idosos: Conceitos, Estudos e Perspectivas. Psicologia: Ciência e Profissão, 37(1), 48-61.
Resenhado por Michelle Leite

       O movimento da Prática Baseada em Evidências da Psicologia (PBEP) iniciou-se na década de 50 e defende que a relevância da prática psicoterápica depende intimamente de evidências empíricas que indiquem os resultados de suas intervenções. O processo psicoterapêutico com idosos é pouco discutido pelos profissionais de Psicologia, o que tem produzido incertezas e pouca confiabilidade nas intervenções realizadas. Dado o exposto, o objetivo do artigo é apresentar o desenvolvimento histórico do conceito de PBEP, as influências científicas, clínicas e de associações de classes nesse desenvolvimento, bem como a integração desde modelo à pratica clínica da pessoa idosa.
      Em meados dos anos 1950, Eysenck (1952) concluiu que as intervenções psicoterápicas utilizadas não eram mais efetivas para a evolução do quadro do paciente do que a simples passagem do tempo. Com este estudo, ele iniciou uma série de discussões a respeito da prática dos psicoterapeutas da época e estimulou a produção de pesquisas empíricas que demonstrassem os resultados das psicoterapias nas suas mais variadas vertentes.
     Estudos subsequentes demonstraram que a psicoterapia era altamente efetiva e que não existiam diferenças significativas nas diferentes modalidades de tratamento. Iniciou-se, a partir de então, uma nova discussão acerca de quais seriam os fatores responsáveis pelas mudanças no processo terapêutico: fatores comuns ou fatores específicos de cada abordagem psicoterápica. A Divisão 12 da APA considerou ambos os fatores e se tornou mais rigorosa nos procedimentos que atestam a validade empírica dos tratamentos.
   Revisões sistemáticas que correlacionam o conceito de PBEP com a população idosa foram realizadas visando situar os tratamentos mais efetivos para cinco queixas clínicas comuns nessa faixa etária: depressão, insônia, ansiedade, sobrecarga no cuidador e distúrbios comportamentais na demência. Para esses estudos serem classificados como uma prática com base em evidências, os resultados deveriam indicar que o tratamento era melhor do que uma condição controle ou comparável a um tratamento baseado em evidências já estabelecido. É estipulado por um manual de codificação que um tratamento é considerado melhor quando pelo menos 50% das medidas de resultados que avaliam o problema alvo forem estatisticamente significativas (<0,05).  Como resultado, foram classificados como tratamentos baseados em evidências: Terapia Cognitivo-Comportamental; Treinamento de Relaxamento; Terapia Cognitiva; Terapia de Suporte; Terapia de Restrição de Sono; Terapia de Resolução de Problemas; Psicoeducação para Construção de Habilidades; Aconselhamento Psicoterápico e Intervenção com Multicomponentes.
    Apesar das PBEP mencionadas, a busca por mais evidências de resultados de intervenções psicoterápicas na população idosa ainda é deficitária, com poucos estudos e revisões com critérios discutíveis. A adoção de novos critérios se faz necessária, como delineamentos experimentais de caso-único, não limitando a amostra a apenas ensaios randomizados; a utilização de meta-análises como forma de mensuração dos efeitos; além de considerar critérios culturais, sociais e econômicos. Tais estudos são fundamentais para a construção de um conhecimento mais robusto da ciência psicológica.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Condições de saúde psicológica, capacidade funcional e suporte social de idosos

Possato, J., & Rabelo, D. (2017). Condições de saúde psicológica, capacidade funcional e suporte social de idosos. Revista Kairós – Gerentologia, 20(2), 45-58. doi: 10.23925/2176-901X.2017v20i2p45-58

                Resenhado por Mariana Serrão

        Em decorrência do processo de envelhecimento, sintomas como: perdas sociais, no trabalho, cognitivas e nas condições de saúde, muitas vezes são atribuídos à idade. Essa atribuição equivocada leva ao subdiagnóstico de depressão e ansiedade em idosos. A depressão em idosos é a doença psiquiátrica que mais causa sofrimento, casos de suicídio, além de ser a segunda maior causa de anos vividos com incapacidade. Em idosos, a depressão causa mais anedonia em comparação ao humor deprimido, bem como mais sintomas somáticos e mais queixas cognitivas em relação à depressão em jovens. No que diz respeito à ansiedade, os sintomas apresentados são: preocupação crônica, intensa e excessiva; sensação de medo e estado de hipervigilância. A ansiedade nos idosos compromete sua qualidade de vida, bem como seu funcionamento social e ocupacional, além de se associar com menor satisfação com vida.
        Dado o exposto, o estudo buscou avaliar sintomas de depressão e ansiedade em idosos, bem como sua associação com sexo, faixa etária, capacidade funcional e a percepção de suporte social. A pesquisa foi realizada com 134 idosos de uma Unidade Básica de Saúde do Recôncavo da Bahia. Os critérios para participar da pesquisa incluíam: residência permanente na região e no domicílio, compreensão das instruções, interesse em participar e assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido.
           Os resultados indicaram que 17,2% dos idosos apresentaram sintomatologia depressiva, 23,1% ansiedade e em 10,4% verificou-se as duas sintomatologias. Identificou-se também que idosos que dependentes para atividades básicas e instrumentais de vida diária apresentaram mais sintomatologia depressiva e ansiosa em comparação aos idosos independentes. A ansiedade se relacionou também com a baixa percepção de suporte social e baixo envolvimento social.
         O comprometimento funcional é um fator de risco para depressão, assim como a depressão pode causar um comprometimento funcional. Idosos não depressivos demonstram uma percepção mais positiva do envelhecimento. Devido a esse impacto das psicopatologias na qualidade de vida ao envelhecer, é preciso/possível destacar a importância da psicologia ao pesquisar sobre a temática e desenvolver intervenções que auxiliem o idoso em um processo de envelhecimento saudável, além de dar suporte adequado aos idosos que já apresentam sintomas ou diagnóstico de depressão e ansiedade.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

A experiência de solidão e a rede de apoio social de idosas

Carmona, C. F., Couto, V. V. D., & Scorsolini-Comin, F. (2014). A experiência de solidão e a rede de apoio social de idosas. Psicologia em Estudo19(4), 681-691. doi:10.1590/1413-73722395510

Resenhado por Mariana Menezes

- O que é que você traz aí? perguntou ele.
- O jantar, respondeu o rapaz. Vamos jantar.
- Não tenho fome.
- Mas você precisa comer. Não pode ir à pesca sem comer.
- Já comi, murmurou o velho, levantando-se e dobrando o jornal. Depois começou a dobrar também a manta.
- Ponha a manta nas costas, disse o rapaz. E fique sabendo que, enquanto eu for vivo, você não irá à pesca sem comer.
(Trecho retirado do livro “O velho e o mar” de Ernest Hemingway (1962)).

Solidão é um sentimento de insatisfação provocado pela ausência ou afastamento de pessoas queridas. Esse sentimento também pode se instalar quando a própria pessoa se isola tornando-se distante das demais. A solidão é considerada uma reação afetiva penosa e dolorosa que resulta em grande carência emocional. Na velhice, experiências de perdas costumam ser comuns, o que consequentemente pode levar à solidão. Desta forma, a solidão se configura como um grave problema entre os idosos, pois é possível que resulte em declínio da saúde mental e aumente o risco de depressão, abuso de substâncias químicas e tentativas de suicídio.
Em virtude do processo de envelhecimento é comum que ocorra uma redução nos contatos sociais dos idosos. É possível que devido as limitações físicas e/ou mentais que eles enfrentam, sejam deixados de lado e recebam menos atenção de pessoas significativas. Isso pode levar o idoso a se sentir excluído e desamparado. A formação de vínculos com outras pessoas ao longo da vida é muito importante e, na terceira idade, não é diferente, pois o apoio oferecido por outros é fundamental para a saúde e bem-estar do idoso. No entanto, o modo como o idoso encara a solidão em sua vida (como algo negativo ou positivo) parece depender do quanto está satisfeito com seus relacionamentos interpessoais e não necessariamente com a quantidade de vínculos que ele estabelece.
A presente pesquisa teve como objetivo investigar o sentimento de solidão em mulheres idosas, bem como o papel da rede de apoio social na vivência dessa fase do ciclo vital. Tratou-se de um estudo de casos coletivos, de caráter qualitativo e corte transversal. Participaram cinco idosas com idade média de 71,2 anos e foram utilizados um questionário sociodemográfico, entrevista semiestruturada e diagrama de escolta.
De acordo com os resultados, a rede de apoio social das idosas foi composta basicamente por familiares, amigos, vizinhos e grupos religiosos. As participantes avaliaram a solidão ora com um sentimento negativo, como a experiência de estar só, ora como algo que enriquece e impulsiona para uma vida agradável, por propiciar um contato com a individualidade e atividades prazerosas realizadas sem a presença de outros. Além disso, a manutenção de vínculos e atividades sociais se constituiu como um fator protetivo em relação à solidão.
Em síntese, idosos podem encarar a solidão, quando ela se faz presente, de forma positiva ou negativa, o que pode acabar interferindo no modo como irão lidar com este sentimento, isolando-se ou buscando ampliar sua rede de apoio social, por exemplo. Investigar a solidão na velhice é importante para a Psicologia da Saúde, sobretudo, no campo de atenção a saúde do idoso, ao passo que se não for manejada de maneira adequada, a solidão pode prejudicar a saúde dos idosos desencadeando problemas graves como depressão e suicídio.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Abordagem do Idoso em Programas de Saúde da Família


Silvestre, J. A., & Costa Neto, M. M. D. (2003). Abordagem do idoso em programas de saúde da família. Cadernos de Saúde Pública19, 839-847.

Resenhado por Maria Clara

Em dezembro de 1999, em concordância com a Comissão Intergestores Tripartite e o Conselho Nacional de Saúde, o Ministério da Saúde aprovou a Política Nacional de Saúde do Idoso, que determinou que órgãos e entidades relacionadas com o tema da política aprovada readequassem seus planos, projetos e atividades afim de contemplar as novas diretrizes nela estabelecidas.
A Política confere que o principal prejuízo proveniente da senescência é a perda da sua capacidade funcional. Dados de estudos realizados à época no país demonstram que cerca de 40% dos idosos de 65 anos ou mais necessitavam de apoio em pelo menos uma atividade instrumental de vida diária, e que 10% precisam de auxílio para realizar tarefas básicas. Desta forma, as diretrizes da Política Nacional do Idoso são pautadas numa proposta de envelhecimento saudável e manutenção ou reabilitação da capacidade funcional, visando a permanência do idoso na comunidade, junto a sua família, de forma digna e confortável. A atenção básica de saúde deve abarcar o cuidado comunitário do idoso através das Unidades Básicas de Saúde (UBS) sob a Estratégia de Saúde da Família.
Em 1994, a Estratégia em Saúde da Família foi instituída afim de romper com o modelo hospitalocêntrico vigente através das UBS. Essa organização possibilita a integralidade da assistência, criação de vínculo e responsabilidade compartilhada, compreendendo a saúde de maneira abrangente. A Estratégia de Saúde da Família deve almejar a manutenção do estado de saúde do indivíduo idoso, requerendo ao máximo a independência funcional e autonomia numa perspectiva integrativa da saúde.
No entanto, a formação dos profissionais está muito aquém do necessário. Comumente vemos as formações em saúde ainda bastante enrijecidas na perspectiva biologizante, considerando pouco a integralidade dos indivíduos. A lógica de funcionamento da Estratégia de Saúde da Família demanda uma prática extensiva que contemple todas as facetas do ser humano visto que atua principalmente no âmbito social, em toda a comunidade em que a Unidade se encontra instalada. A Psicologia enquanto ciência que perpassa o campo da saúde, das ciências humanas e sociais pode conceder arcabouço teórico e recursos para os cursos de formação desses profissionais para educação em saúde e apoio na ampliação da visão do cuidado humanizado a fim de que os indivíduos idosos recebam assistência global.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Intervenção cognitivo-comportamental em transtorno de ansiedade: Relato de caso

Oliveira, M. I. S. D. (2011). Intervenção cognitivo-comportamental em transtorno de ansiedade: relato de caso. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas7(1), 30-34.

Resenhado por Maísa Carvalho

A Terapia Cognitiva-Comportamental (TCC), criada por Aaron Beck e especialmente difundida por sua sucessora Judith Beck, objetiva tratar as desordens psicológicas mediante a reestruturação cognitiva e comportamental, promovendo uma maior autonomia e consciência do sujeito a respeito de seus pensamentos e ações. No transtorno de ansiedade, as intervenções cognitivo-comportamentais comumente empregadas são: psicoeducação, identificação dos pensamentos automáticos (PAs) e das emoções, a identificação das crenças centrais e intermediárias, identificação de erros cognitivos, a reestruturação cognitiva, a resolução de problemas e a avaliação do processo.
O presente estudo trata-se de um relato de caso de um paciente do sexo masculino, de nome fictício João, 30 anos, solteiro, desempregado há cerca de 01 ano e que reside em companhia do irmão, cunhada e três sobrinhos em virtude da perda do emprego. Anteriormente, o rapaz residia com a mãe e dois irmãos mais novos. Após a mudança residencial, João passou a desenvolver um transtorno de ansiedade moderado, apresentando sintomas de taquicardia, sudorese excessiva, tonturas, insônia, dores de cabeça e cólicas intestinais. O paciente chegou até a autora do estudo - profissional integrada à uma Unidade Básica de Saúde (UBS) - após diversos encaminhamentos médicos. Feita a escuta e proposta de contrato, deu-se início as sessões. Nesse caso, o processo durou 12 semanas.
A primeira sessão consistiu na realização da psicoeducação sobre a TCC e do transtorno, focando em seus sintomas, pensamentos automáticos, principais erros cognitivos do ansioso e tarefas de casa. Além disso, a psicoterapeuta ressaltou a importância da postura ativa do paciente em seu processo terapêutico. Na segunda, explicou-se a conceituação cognitiva e treinou junto ao paciente o preenchimento de um formulário em que ele deveria relatar a situação ansiogênica, o PA emergente, a emoção e comportamento advindos. Nas sessões subsequentes, foram exploradas tarefas de casa que facilitassem a identificação de PAs, emoções e crenças disfuncionais, a fim de tornar João consciente acerca da relação entre as esferas cognitiva, sentimental e comportamental.
Nas quatro sessões após a conceituação, foram feitos treinos de respiração diafragmática e relaxamento progressivo em cada sessão, bem como a identificação das principais distorções cognitivas de João, que costumava interpretar os eventos basicamente através de dois desses vieses: catastrofização, e generalização. Cada erro era discutido com o paciente e os eventos eram questionados com base em interpretações realistas. Nas sessões seguintes e finais, o trabalho concentrou-se na discussão das principais preocupações de João, as baseadas na realidade e nas distorções cognitivas, sendo que a maior delas era a falta de emprego. Foram discutidos os possíveis trabalhos (empregados e autônomos), bem como as vantagens e desvantagens de cada um. O paciente trouxe ao setting a ideia de vender água, que, juntamente com a psicoterapeuta, avaliou essa proposta como positiva. Ao final do tratamento, percebeu-se uma redução significativa dos sintomas ansiosos, aumento do bem-estar em seu novo emprego e o empoderamento do paciente em suas decisões.
Em virtude do seu caráter prático, objetivo e empírico-colaborativo, a TCC vem sendo amplamente utilizada no tratamento psicoterapêutico de diversos transtornos mentais. Assim, considera-se importante para a Psicologia Clínica e da Saúde a produção de mais estudos empíricos com este e outros transtornos, com o intuito de obter mais evidências a respeito da eficácia dessa abordagem, especialmente nos serviços públicos de saúde.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Suporte social media solidão e depressão em pessoas idosas


Liu, L., Gou, Z., & Zuo, J. (2014). Social support mediates loneliness and depression in elderly people. Journal of Health Psychology, 21(5), 1-9. doi: 10.1177/1359105314536941

Resenhado por Luana C. Silva-Santos

Inserida no grupo dos Transtornos Mentais Comuns (TMC), a depressão é considerada um dos TMC mais prevalentes a nível mundial, além de fator associado a diversos comportamentos de risco, como o suicídio por exemplo. Estudos relatam que à medida que os indivíduos envelhecem, têm maior probabilidade de ponderar cometer suicídio, o que é importante sinal de alerta para a necessidade de estudo e prevenção do comportamento nos idosos. Um dos principais fatores associados a ambos, depressão e suicídio, é o baixo nível de suporte social percebido, o que indica que por outro lado, alto suporte social percebido funciona como fator protetivo ou ao menos de prevenção. Nesse sentido, idosos que experimentam a solidão são mais vulneráveis a sintomas depressivos e comportamentos suicidas que àqueles que tem uma boa rede de suporte social, por exemplo.
Diante do exposto, Liu, Guo e Zuo (2014) buscaram testar o efeito da mediação do apoio social entre solidão e depressão em uma cultura coletivista, objetivando fornecer evidências significativas de validade dos achados teóricos. Para tanto, investigaram 320 idosos chineses, que responderam a Emotional and Social Loneliness Scale, a Multidimensional Scale of Perceived Social Support e a Self-Rating Depression Scale (Escala de Solidão Emocional e Social, Escala Multidimensional de Suporte Social Percebido e Escala de Autoavaliação da Depressão, respectivamente, em tradução literal). Os autores concluíram que existe uma relação positiva entre solidão e depressão em idosos, o que sugere que idosos com grau alto de solidão tendem a ter maior probabilidade de possuir sintomas depressivos. Além disso, o modelo estrutural dos autores demonstrou o efeito de mediação do suporte social em relação à solidão e a depressão. Em outras palavras, o caminho da solidão para a depressão por meio da percepção de (baixo) suporte social foi evidente.
Sob a perspectiva da Psicologia da Saúde, o papel mediador do suporte social quando estudado com variáveis como solidão e depressão traz nova luz nos estudos sobre efeitos de tais variáveis na terceira idade. Dessa forma, tais achados fornecem evidências para a construção de intervenções que visem diminuir a prevalência de depressão em idosos a partir do aumento da percepção de suporte social, por exemplo.

sábado, 16 de fevereiro de 2019

Autoestima e Autoimagem em Idosos com Deficiência


Storch, J. A., Borella, D. R., Harnisch, G. S., Frank, R., & Almeida, J. J. G. (2016). Auto‐estima e autoimagem em idosos com deficiência. Journal of Research in Special Educational Needs, 16, 251-254. doi: 10.1111/1471-3802.12288.

Resenhado por Lizandra Soares

A população brasileira está envelhecendo. O grupo com maior crescimento populacional nos últimos anos tem sido o grupo de idosos. Por idoso a Organização Mundial da Saúde (OMS) entende pessoas com idade igual ou superior a 65 anos. A velhice é um período de desenvolvimento que traz consigo mudanças físicas e de saúde. É neste momento que enfermidades tendem a aparecer com maior frequência, tais como hipertensão, problemas cardiovasculares, limitações físicas e de locomoção, entre outras. Por essa razão, a autoestima e a autoimagem dessa população tem foco especial neste estudo. A autoestima é compreendida como a autoavaliação realizada pelo sujeito a respeito de si próprio. A autoimagem por sua vez, se refere a percepção corporal que o indivíduo tem de si próprio. Segundo os autores da pesquisa, para os idosos a autoestima e a autoimagem possuem um papel essencial para a construção de consciência de si e dos outros.
O objetivo da presente investigação foi analisar a influência da prática regular de atividade física na autoimagem e autoestima de idosos com deficiência pertencentes ao Asilo Lar Rosas Unidas, da cidade de Marechal Cândido Rondon / Brasil. Utilizou-se como método pesquisa descritiva, com uma amostra de seis idosos com deficiência de ambos os sexos, com faixa etária entre 60 a 82 anos. Como instrumento de coleta foi realizada uma adaptação da entrevista validada por Steglich (1978). A análise de dados foi quantitativa.
Como resultado foi encontrado que a prática de atividade física regular pode produzir efeitos satisfatórios na autoestima e na autoimagem, apresentando-se em 80% dos idosos. De igual maneira, esse público relatou sentir-se otimista e confiante, o que refletiu na funcionalidade motora. Consequentemente, os indivíduos que praticavam atividade física possuíam amplas relações sociais e convívio em grupos. Tais dados podem apontar a prática de atividade física como um fator protetivo para o desenvolvimento de transtorno na velhice.
Como limitações do estudo, pode ser apontado o número reduzido de indivíduos na amostra, o que limita a possibilidade de generalização. Além disso, não foi possível realizar comparação entre grupos que praticam atividade física regular e grupos que não praticavam, não permitindo o controle de outras variáveis além da atividade física. No que se refere a relação entre a presente temática e a psicologia da saúde, este texto pode auxiliar na compreensão do fenômeno da velhice ligado aos aspectos de saúde e de percepção de si mesmo, incluindo autoimagem.  Tais conceitos são importantes para entender a forma como o período da velhice impactam em fatores psicológicos (autoestima e autoimagem) e de saúde.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Autoavaliação de saúde e comportamentos de cuidado entre homens idosos

Borges, L. M., & Seidl, E. M. F. (2012). Percepções e comportamentos de cuidados com a saúde entre homens idosos. Psicologia: Ciência e Profissão, 32(1), 66-81.
Resenhado por Laís Santos

Os indicadores de saúde apontam que tanto internacional quanto nacionalmente, homens tendem a morrer mais cedo, a se engajarem menos em comportamentos saudáveis e a buscar com menor frequência os serviços de saúde em comparação às mulheres. Em geral, os homens são mais vulneráveis ao adoecimento e agravamento de doenças já existentes. Dessa forma, a saúde do homem se mostra um tema relevante no âmbito de políticas de intervenção, principalmente no que tange à identificação dos determinantes sociais que afastam ou facilitam a prevenção e prática de comportamentos de saúde por parte dos homens e, consequentemente, aumentam sua qualidade e expectativa de vida.
Dado o exposto, essa pesquisa objetivou identificar, a partir da perspectiva de idosos do sexo masculino, quais fatores influenciam seus comportamentos de prevenção e promoção de saúde. Para tanto, participaram do estudo dez idosos, residentes no Distrito Federal, cujas idades variaram dos 61 aos 81 anos. Utilizou-se uma entrevista semiestruturada, com oito questões baseadas na autoavaliação do participante sobre a sua saúde e fatores interventores. Realizou-se uma análise de conteúdo das entrevistas, gerando três categorias: determinantes da saúde pessoal, comportamentos de autocuidado e barreiras ao autocuidado masculino.
Na primeira categoria de análise, os principais determinantes listados versavam sobre a ausência de sintomas físicos. O suporte familiar, principalmente das esposas e filhos, e incentivo social para manutenção de práticas saudáveis como a atividade física, foram outros fatores mencionados como determinantes de saúde. Os idosos apontaram o seguimento das prescrições médicas, a adoção de estilos de vida mais saudáveis, o cuidado com a alimentação (redução de açúcar e sal, por exemplo) e a prática de atividade física como os principais comportamentos de autocuidado (segunda categoria). Quanto às principais barreiras ao autocuidado masculino (terceira categoria), foram elencadas questões econômicas e do cotidiano (como a falta de tempo para cuidar da saúde), as dificuldades para acessar os serviços de saúde (longas filas, principalmente quanto aos serviços especializados) e descrença em relação à efetividade do atendimento (terceira categoria). Outras barreiras mencionadas - esferas intrapessoal e cultural - dizem respeito ao medo, as preocupações, e até mesmo a vergonha que alguns homens sentem de buscar atendimento médico, principalmente no que tange a determinados tipos de exame e patologias, dificultando o acesso e as práticas de prevenção.
Por fim, à Psicologia cabe o papel de investigar e promover ações educacionais voltadas para esse público, a partir dos determinais sociais e culturais que influenciam a adoção de tais estratégias. Dessa forma, essas ações irão refletir não apenas na redução dos gastos em menores gastos públicos, como também proporcionar mais qualidade de vida para homens idosos, estimulando-os a vivenciar o envelhecimento de modo mais saudável.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa

Portaria n° 2.528, de 19 de outubro de 2006. Aprova a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa. Brasília, DF: Diário Oficial da União, Seção 1, 237-E.
Resenhado por Joelma Araújo

Devido à necessidade de atualizar a lei que versava sobre a Politica Nacional de Atenção a Saúde da Pessoa Idosa, foi aprovada a portaria nº 2.528 de 19 de outubro de 2006. Esta tem por finalidade recuperar, manter e promover a autonomia e independência dos indivíduos considerados idosos (a partir de sessenta anos) por meio de ações coletivas e individuais de saúde, visando proporcionar qualidade de vida aos sujeitos.
A lei entra em vigor para atender as necessidades de saúde da população brasileira que, segundo dados do IBGE, está envelhecendo rápido. Cerca de 650 mil novos idosos são incorporados à população brasileira por ano,  o que ocasiona a necessidade de reorganizar os modelos assistenciais em saúde. Por ser uma população com número elevado de doenças crônicas, surge a necessidade de aumentar o consumo de serviços médicos e sociais a médio e longo prazo.                                  
As diretrizes da política trazem pontos baseados nos princípios do SUS, que para serem alcançados necessitam da organização nas redes do referido sistema. Dentre as diretrizes, pode-se destacar:
- A promoção do envelhecimento ativo e saudável. Nesta busca-se manter a capacidade funcional e a autonomia dos idosos. As ações de prevenção de doenças e promoção de saúde não se restringem à população jovem. Sejam elas primárias secundárias ou terciárias, devem ser incorporadas a atenção a saúde de todas as idades;
- Atenção integral à saúde da pessoa idosa. Baseia-se em uma linha de cuidado focada no usuário, visando ampliar o acesso do idoso a todos os níveis da atenção.
- Estímulo às ações intersetoriais, para a integralidade da atenção. O setor de saúde terá que interagir com outros setores da sociedade, a fim de garantir atenção à saúde que atenda todas as necessidades dos usuários, levando em consideração as dimensões biopsicossociais;
- Incentivo à participação e fortalecimento do controle social. Deverá ser estimulada inclusão de temas sobre os idosos e o envelhecimento nas conferências municipais e estaduais de saúde, bem como estimulada a inclusão desses cidadãos no controle social e na formulação de ações deliberadas nessas conferências.
        A articulação com outros setores é um dos objetivos desta política, como por exemplo, a parceria com a Educação, que propõe  inclusão de disciplinas que abordem o processo do envelhecimento nos currículos escolares, o incentivo à criação de Centros Colaboradores de Geriatria e Gerontologia nas instituições de ensino superior, atuando de forma integrada com o SUS.
Ademais, a política busca promover um envelhecimento saudável e ativo, considerando não apenas a saúde como ausência de doença, mas no seu conceito ampliado que engloba aspectos biopsicossociais, considerando o contexto social, a saúde mental, e a capacidade funcional do idoso. Por isso, estimula-se dentre outros aspectos, à autonomia, independência, acesso integral à saúde em todos os níveis de atenção e reinserção social. Em consonância a isso, o psicólogo da saúde visa estimular a participação ativa do sujeito em seu processo de adoecimento e cuidado, contribuindo para a qualidade de vida em todas as idades.                                                                                            

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Estudo comparativo da qualidade de vida de idosos asilados e frequentadores do centro dia

Simeão, S.F.A.P.  at al. (2018). Estudo comparativo da qualidade de vida de idosos asilados e frequentadores do centro dia. Ciência & Saúde Coletiva, 23(11):3923-3934. doi: 10.1590/1413-812320182311.21742016

Resenhado por Iracema R. O. Freitas

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define qualidade de vida (QV) como a percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. Para os idosos QV é um produto das interações com o seu ambiente, bem como o resultado das atividades, percepções e crenças ao longo da vida. Diante de alguma limitação, idosos podem necessitar dos cuidados da família, contratar um cuidador ou procurar um serviço de internação em uma Instituição de Longa Permanência para Idosos – ILPI.
O objetivo do estudo foi comparar a qualidade de vida de idosos asilados e frequentadores do Centro Dia do Asilo Vila Vicentina, no município de Bauru/SP. A amostra foi composta por 48 idosos, 27 asilados (11 mulheres e 16 homens) e 21 frequentadores do Centro Dia (16 mulheres e 5 homens). Os instrumentos utilizados foram um questionário sociodemográfico e dois questionários de avaliação da QV, o WHOQOL-Bref e WHOQOL-Old, conforme instrução da OMS devem ser respondidos conjuntamente. Os dados foram analisados pelo software Statiscal Package for Social Sciences (SPSS) versão 17.0. Os resultados mostraram que a idade média dos homens foi de 75,4 ± 8,7 anos e das mulheres 79,4 ± 9,6 anos, com a maior incidência de homens asilados (59,3%) e mulheres frequentadoras do Centro Dia (76,2%); a maioria foi da raça branca (74,1% – asilados e 81,0% – Centro Dia) e estudaram até 1 ano (51,9% – asilados e 47,6% – Centro Dia), destacando-se que 3 idosos tinham curso superior completo (2 asilados). Os idosos do Centro Dia, de ambos os sexos, tiveram maiores índices de QV em comparação aos asilados, as mulheres institucionalizadas tiveram os piores escores na QV. O estudo traz ainda a discussão sobre a institucionalização e os seus aspectos positivos, como a adesão à farmacoterapia, melhora no convívio social, amenização de sintomas depressivos, participação em atividades de lazer beneficiando a locomoção. Dentre os aspectos negativos da institucionalização, estão a insatisfação quanto à capacidade de tomar decisões, vida monótona, perda de autonomia física e mental, desvios nutricionais, tanto para magreza, como para excesso de peso. Esses aspectos fazem um contraponto com a outra modalidade de assistência aos idosos frequentadores e não asilados, que possuem maior rede de contato social, maior número de atividades diárias e maior autonomia para executá-las, contextos que contribuem para uma autoestima mais elevada e um bom nível de saúde.
O aumento de sobrevida dos idosos gera a necessidade de garantir a esse público não apenas maior longevidade, mas felicidade, satisfação pessoal e qualidade de vida. Para isso, é fundamental que a autonomia, participação social, por exemplo, sejam estimuladas a fim de promover bem estar e saúde mental. A psicologia da saúde, enquanto especialidade que investiga essas e outras variáveis, pode contribuir de forma significativa ao produzir conhecimento sobre elas, o que implicaria na ampliação das possibilidades de intervenção).

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Enfrentamento evitativo media a relação entre a autoeficácia para a revelação do HIV e sintomas de depressão entre homens que fazem sexo com homens recém diagnosticados com HIV

Cherenack, E. M., Sikkema, K. J., Watt, M. H., Hansen, N. B., & Wilson, P. A. (2018). Avoidant coping mediates the relationship between self-efficacy for hiv disclosure and depression symptoms among men who have sex with men newly diagnosed with HIV. AIDS and Behavior, 22(10), 3130–3140. doi: 10.1007/s10461-018-2036-2
Resenhado por Geovanna Turri

Os autores iniciam o texto narrando que homens que fazem sexo com homens (HSH) representam 67% dos novos diagnósticos de HIV nos Estados Unidos, motivando diversos estudos na área acerca da saúde mental e dos estressores psicossociais presentes nas vidas desses homens. Receber o diagnóstico de HIV pode ser um evento estressor forte, sendo assim, torna-se relevante identificar e entender como tal público vivencia o estresse, cria estratégias de enfrentamento e lida com a depressão que pode ocorrer após o diagnóstico. Para os autores, o diagnóstico precoce do HIV e o entendimento das variáveis estresse, depressão e enfrentamento servem para reduzir a transmissão secundária, melhorar o envolvimento no tratamento e o bem-estar de forma geral. Dessa forma, examinaram o enfrentamento evitativo, a autoeficácia diante da possibilidade de revelação do diagnóstico do HIV e a depressão entre HSH que mantiveram comportamento sexual de risco antes do diagnóstico.
Foram coletadas informações por meio de uma pesquisa transversal, tendo como amostra HSH acima de 18 anos que haviam sido diagnosticados com HIV nos últimos 3 meses anteriores a coleta e que tiveram relação anal sem preservativo com um homem nos 3 meses antes de receber o diagnóstico de HIV. Para testar a mediação entre as variáveis, regressões lineares múltiplas foram conduzidas. A autoeficácia para decisões de revelação do HIV mostrou uma relação linear negativa com sintomas de depressão e 99% dessa relação foi mediada pelo enfrentamento evitativo. O índice de mediação da autoeficácia na depressão indicou um efeito que varia de pequeno a médio. Maior autoeficácia foi relacionada ao enfrentamento menos evitativo, enquanto menor enfrentamento evitativo se relacionou à diminuição dos sintomas de depressão. Para Cherenack et al. (2018), a taxa de depressão foi elevada na amostra do estudo (48,9%), indo ao encontro de outros estudos com amostras semelhantes. Os resultados mostraram que todos os cruzamentos do modelo de mediação foram significativos quando a variável ‘revelação do diagnóstico de HIV’ para os parceiros sexuais foi controlada. Revelar o diagnóstico para parceiros sexuais não foi associado com enfrentamento evitativo ou depressão. Esta descoberta demonstra a importância da autoeficácia no momento de decidir se revelará o diagnóstico do HIV ou não, destacando o papel dos fatores cognitivos e emocionais na promoção do enfrentamento evitativo e da depressão.
O presente estudo se mostra de extrema relevância ao fornecer suporte empírico para a associação entre autoeficácia e enfrentamento evitativo. Para os autores, a relação entre autoeficácia e enfrentamento evitativo pode ser bidirecional, sendo importante reconhecer o potencial das avaliações de autoeficácia que impactam nos tipos de estratégias de enfrentamento utilizadas. Em conclusão, essas descobertas são importantes dentro da Psicologia da Saúde, pois destacam o papel do enfrentamento evitativo na explicação da relação entre a autoeficácia para decisões de revelação do HIV e depressão. Os resultados forneceram evidências de que as intervenções para melhorar a autoeficácia e o enfrentamento podem ser úteis para reduzir os sintomas depressivos e melhorar as vidas de HSH recém-diagnosticados com HIV.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Sintomatologia depressiva em idosos ativos e não ativos

Macedo, M. A. S. S., Oliveira, V. B., Oliveira, A. G., Abreu, S. S. S., Duarte, S. F. P., & Lima, P. V. (2018). Sintomatologia depressiva em idosos ativos e não ativos. Revista de Enfermagem da UFPI6(4), 33-39.

Resenhado por Gabriela de Queiroz

      É possível afirmar que o aumento da população idosa é o fenômeno demográfico mais evidente na atualidade. Apesar do envelhecimento ser associado aos danos moleculares e celulares que estão relacionados ao surgimento de diversas doenças crônicas, é preciso considerar as particularidades de cada individuo e atentar não só a quadros clínicos comuns à terceira idade, mas também aos principais transtornos mentais aos quais estes indivíduos estão vulneráveis.
     Dentre os principais transtornos mentais que acometem a população idosa, destaca-se a depressão. Devido a sua magnitude, a depressão é considerada um problema de saúde pública, mas ainda assim não é tratada com a devida importância, quando comparada a outros quadros clínicos. É preciso enfatizar a necessidade em conhecer a sintomatologia depressiva especialmente na terceira idade, por haver uma tendência ao subdiagnóstico, uma vez que seus sintomas são confundidos com manifestações comuns do envelhecer.
       O presente estudo estimou a ocorrência de sintomas depressivos em 241 idosos, ativos e inativos, em um município da Bahia, entre agosto e setembro de 2016. Constatou-se que quanto a prática de atividade física, 21,6% (52) são ativos e 78,4% (189) estão inativos. Nos idosos ativos, os sintomas depressivos mais presentes foram: dificuldade para trabalhar 59,6%, fadiga 57,7%, preocupação com a saúde  53,9%  perda  o interesse sexual 42,3 e perda de apetite 42,3%. Já no grupo dos inativos, os sintomas mais frequentes foram: fadiga 76,2%, dificuldade para o trabalho 76,2%, perda do interesse  sexual,  72,4%, preocupação  com  a  saúde 66,1% e perda de apetite 55,5%.
         Verificou-se maior frequência de sintomatologia depressiva entre os idosos fisicamente inativos, mulheres e pertencentes a classes sociais mais baixas. Dentre os sintomas mais relatados, evidenciou-se a dificuldade para o trabalho, fadiga, perda da libido, preocupação com a saúde e diminuição do apetite.
       Com base nesses achados, é possível afirmar que a atividade física é considerada um fator de proteção e promoção de saúde, e aos poucos vem sendo indicada como um tratamento alternativo para a depressão. A atividade física, além de auxiliar na diminuição do sofrimento mental do idoso, oferece oportunidade de interação social e elevação da autoestima.
      Por fim, ao considerar a psicologia da saúde um campo que tem por objetivo a promoção e manutenção da saúde, bem como a prevenção de doenças, é possível destacar os benefícios psicológicos que a prática de atividade física pode proporcionar ao idoso: melhora da autoestima; redução do estresse; proteção do sistema cognitivo, prevenindo assim as doenças degenerativas; reforça o sistema imunológico, que é prejudicado pelos transtornos mentais; e aumento da disposição. Sendo assim, conclui-se que a atividade física é um fator promotor de saúde, bem-estar e qualidade de vida, além de ser recomendado por médicos e psicólogos como recurso que auxilia no tratamento da depressão.  

sábado, 9 de fevereiro de 2019

Compreensão neurobiológica da dor persistente

Brodal, P. (2017). A neurobiologist’s attempt to understand persistent pain. Scandinavian Journal of Pain, 15, 140–147. doi:10.1016/j.sjpain.2017.03.001
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Resenhado por Danielle Alves Menezes

A dor persistente é um fenômeno complexo, pois pesquisas realizadas até o momento ainda não esclareceram as razões pelas quais pessoas com patologias semelhantes podem sofrer de modos diferentes. Diante disso, Brodal (2017) afirmou que pode ser aconselhável adotar uma “visão panorâmica” em vez de abordar fatores individuais em detalhes, envolvendo a complexidade do cérebro e os fatores que determinam a vida mental e comportamento humano.
Como ponto de partida, Brodal sugeriu entender que a dor é exatamente como a pessoa a descreve; a causa da dor, no entanto, pode estar localizada em algum outro lugar ou não ser aquilo em que a pessoa acredita. A ativação da rede neural da dor independe da ameaça ao organismo propriamente e parece se relacionar mais com a experiência de dor. Um exemplo típico disso seria a indução de dor por meio da hipnose.
A “checagem” pelo cérebro, especialmente pelo o córtex pré-frontal, de que existe ameaça depende da integração e interpretação de informações que respondam a questões do tipo: a homeostase corporal é ameaçada? Quão séria é a ameaça? O que a ameaça significa?
O envolvimento do córtex pré-frontal medial na experiência de dor parece particularmente relevante, uma vez que se pensa que esta região está implicada na produção de significado de sensações a partir do próprio corpo. Isso explicaria a razão pela qual a dor persistente influenciaria a maioria dos processos cognitivos e emocionais. Porém, o conhecimento mais detalhado sobre isso não responde às questões clinicamente mais importantes, a saber, o que “impulsiona” a rede de dor em uma pessoa e o que determina que sinais nociceptivos sejam impedidos de evocar dor em outra pessoa com lesão ou doença muito semelhante?
Para responder a essas perguntas, Brodal colocou que é preciso ir além do nível biológico e mecanicista e buscar o significado que a pessoa atribui à dor. A intensidade do sofrimento é largamente determinada pelo que a dor significa para o paciente. Qualquer que seja a causa da dor, o medo de consequências futuras influenciará sua intensidade e desagrado: a dor significa sofrimento prolongado ou morte? Isso impedirá de perseguir atividades e objetivos que são caros? Pode-se perder o trabalho ou enfrentar problemas econômicos e isolamento social? Medo e ansiedade estariam intimamente associados ao significado que a pessoa atribui à dor - eles seriam aspectos do mesmo fenômeno.
Em resumo, é possível reiterar que dado o fato da psicologia da saúde ser uma especialidade que investiga variáveis moderadoras e mediadoras dos diversos comportamentos em saúde, ela possui importância fundamental no esclarecimento dos fatores que podem levar a predisposição à persistência da dor.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Educação em saúde como principal alternativa para promover a saúde do idoso

Mallmann, D. G., Galindo Neto, N. M., Sousa, J. D. C., & Vasconcelos, E. M. R. D. (2015). Educação em saúde como principal alternativa para promover a saúde do idoso. Ciência & Saúde Coletiva20, 1763-1772. doi: 10.1590/1413-81232015206.02382014

Resenhado por Daiane Nunes

A educação em saúde é entendida como a atividade desenvolvida por profissionais de saúde, que tem por objetivo a conscientização do paciente sobre aspectos de sua saúde e implica na participação ativa na mudança de comportamento. Em outras palavras, a educação em saúde compreende a prática para a transformação de hábitos em saúde dos indivíduos, com vista à promoção de qualidade de vida. Considerando a necessidade de conhecer as estratégias de educação em saúde que vem sendo utilizadas com idosos, esse estudo teve como objetivo identificar as evidências científicas sobre as ações educativas voltadas para a promoção de saúde dessa população, a partir de uma revisão inte­grativa da literatura.
A coleta de dados foi realizada nos meses de agosto a outubro de 2013, através de busca online de artigos que respondessem a seguinte questão de pesquisa: “Quais as evidências científicas sobre as práticas de educação em saúde voltadas a promoção da saúde do idoso?”. As bases de dados utilizadas foram a Medline, Lilacs, BDENF, CINAHL e Scielo, com os descritores: Educação em Saúde, Idoso, Envelhecimento, Saúde do Idoso, Promoção da Saúde e Qualidade de vida. Foram incluídos artigos completos publicados no período de 2003 a 2013, nos idiomas inglês, espanhol e português, realizados, especificamente, com idosos. Como critérios de exclusão, os autores descartaram artigos de reflexão e relatos de experiência, revisões de literatura, dissertações, teses, editoriais de jornais sem caráter científico.
A busca bibliográfica nas bases de dados totalizou 36 artigos qualificados para análise dos dados. Destes, três não atingi­ram rigor metodológico satisfatório e 25 estavam duplicados restando, portanto, oito artigos que foram detalhadamente analisados. Evidenciou-se que cinco artigos tiveram delineamento quantitativo e três qualitativos. A análise indicou que as ações educativas em saúde voltadas para a promoção da saúde do idoso foram representadas por programas educativos com grupo de idosos sobre atividade física, estado nutricional e apoio social. As temáticas foram divididas em educação em saúde relacionada à qualidade de vida e à promoção da saúde.
No que se refere à qualidade de vida como fator resultante da educação em saúde, a atividade física está entre os principais programas educativos, por apresentar efetividade para todas as populações, melhorar a saúde e facilitar os contatos sociais entre os idosos. Já a categoria promoção da saúde através da educação compreende aspectos do envelhecimento ativo, incluindo a prevenção e o controle de doenças, a atividade cognitiva e social, a participação social e comportamento de saúde.
      Os autores concluíram que as ações de educação em saúde para idosos ne­cessitam de metodologias que atentem para a com­plexidade do processo de envelhecimento e rela­cionem os fatores que cercam o indivíduo, como as crenças, valores, normas e modos de vida. Contudo, é imprescindível que tais ações devem ser condizentes com a necessidade e as demandas dessa população, a fim de obter resultados em saúde mais eficazes.