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quarta-feira, 29 de maio de 2019

Um tratamento baseado na internet para fobia de voar (NO-FEAR Airlines): Estudo protocolo para um ensaio clínico randomizado/ An Internet-based treatment for flying phobia (NO-FEAR Airlines): Study protocol for a randomized controlled trial

Campos, D., Bretón-López, J., Botella, C., Mira, A., Castilla, D., Baños, R., & Quero, S. (2016). An internet-based treatment for flying phobia (NO-FEAR Airlines): Study protocol for a randomized controlled trial. BMC Psychiatry, 16(1), 296. DOI 10.1186/s12888-016-0996-1.
Resenhado por Luanna Silva

O medo de voar é classificado como uma fobia específica e causa sofrimento e prejuízos para a vida dos indivíduos. Perda de oportunidades profissionais, restrições nas opções de lazer e dificuldades em relacionamentos interpessoais são alguns dos entraves que pacientes com esse diagnóstico podem enfrentar. A terapia de exposição in vivo é uma técnica psicoterapêutica em que o paciente confronta o estímulo temido. Embora seja considerada o tratamento mais eficaz para esse tipo de transtorno, essa técnica apresenta algumas limitações. A proposta de contato com a situação temida implica em altos índices de rejeição ao tratamento; a confidencialidade pode sofrer prejuízos, uma vez que a exposição pode demandar a utilização de ambientes que não o consultório do terapeuta; além disso, pode ser difícil ter acesso ao estímulo que provoca medo.
Tendo em vista a necessidade de novas estratégias de promoção de saúde mental, os tratamentos assistidos por computador, como por exemplo, a terapia de realidade virtual, têm se mostrado muito proveitosos. Entre os benefícios desses tipos de intervenções é possível citar, o fato de funcionarem como uma fase intermediária à situação real temida; facilidade de acesso e considerável baixo custo; maior aceitação entre os pacientes, principalmente aqueles com alta resistência à exposição ao estímulo temido; não precisam ser conduzidos em um ambiente público, fora do consultório do terapeuta e evocam níveis menores de ansiedade. No mais, por serem possíveis de aplicar através da internet, tratamentos assistidos por computador são capazes de alcançar um grande número de pessoas. Barreiras como acesso limitado à assistência em saúde mental, alcance geográfico, aceitação e conveniência podem ser superados através do uso da internet.
Nesse sentido, o presente estudo tem por objetivo apresentar o desenho de um ensaio clínico randomizado para investigar a eficácia de um tratamento de exposição baseado na internet para fobia de voar. Cumpre ressaltar que ainda não são apresentados os resultados da pesquisa, mas discutido o método que será usado para realizá-la.
Os autores pretendem explorar duas formas possíveis de fornecer o tratamento, com ou sem orientação do terapeuta e estudar a aceitação dos pacientes por meio de expectativas, preferências e satisfação com o programa on-line. Para isso, será conduzido um ensaio clínico randomizado que dividirá os participantes em três condições que envolvem a auto aplicação do programa NO-FEAR Airlines, aplicação com acompanhamento do terapeuta e lista de espera. O programa contém um protocolo de avaliação e um de tratamento. Estima-se que o tratamento possa ser concluído em três ou quatro semanas, com um período máximo de seis semanas. Por meio do programa, os pacientes serão expostos a imagens e sons relacionados aos seus medos fóbicos. Instrumentos para avaliar a fobia de voar, medo e evitação, aceitação e satisfação com o tratamento serão aplicados ao longo do processo. Espera-se que a pesquisa proveja novas informações sobre o tratamento de fobias, uso da internet para fornecimento de tratamentos e intervenções auto orientadas.
Em casos de fobias específicas, como o medo de voar, a demora ou inexistência de busca pelo tratamento é um importante fator a ser considerado, o qual pode ser suplantado mediante facilitadores de acesso aos recursos terapêuticos. Considerando que a Psicologia da Saúde visa a promoção e manutenção do bem-estar, é relevante estudar novos modelos que viabilizem a assistência em saúde mental.

terça-feira, 28 de maio de 2019

Efeitos de intervenção cognitivo-comportamental sobre fatores de riscos psicológicos em cardiopatas


Almeida, P. L., Facchini, G. B., Gorayeb, R., Nakao, R. T., Schmidt, A., & Siguihura, A. L. M. (2015). Efeitos de intervenção cognitivo-comportamental sobre fatores de riscos psicológicos em cardiopatas. Psicologia: Teoria e Pesquisa, V. 31, N.3, 355-363. doi: 10.1590/0102-37722015032103355363

Resenhado por Uquênia Lemos Brito

 O Brasil apresenta uma alta prevalência de doenças Cardiovasculares (DCVs), gerando cada vez mais o interesse em analisar o papel dos fatores de risco (FR) para os cardiopatas, pois se acredita que é na redução da exposição do indivíduo as FR que se consegue uma maior eficácia na prevenção e tratamento das cardiopatias. Quanto aos aspectos emocionais, os fatores mais associados ao risco das DCVs são: depressão, ansiedade, estresse crônico, pessimismo e falta de sentindo na vida. Sendo assim, o objetivo da pesquisa foi avaliar a eficácia de grupos de intervenção baseadas na Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) sobre os sintomas de ansiedade, depressão e estresse em pacientes brasileiros com DCV.
Trata-se de um estudo quase experimental e de corte transversal, com amostragem por conveniência, constituída por 91 pacientes de ambos os sexos, sendo que, do total, 75,82% (n = 69) eram do sexo masculino, com média de idade de 59,51 anos, variando de 36 a 80 anos. Como método de inclusão para participar da pesquisa, os cardiopatas tinham que ter sido diagnosticados com um período máximo de dois anos anteriores à entrevista inicial e terem acompanhamento na enfermaria geral de cardiologia de um hospital universitário, localizado no interior de São Paulo.
Foram realizadas entrevistas semiestruturadas, aplicadas nas sessões de avaliação pré e pós-intervenção, cuja finalidade foi coletar dados sociodemográficos e clínicos dos pacientes, além de relatos orais sobre as estratégias de enfrentamento ao estresse. No estudo, também foram utilizados os Inventários Beck (Ansiedade e Depressão) e Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp. As intervenções tiveram caráter psicoeducativo e psicoterapêutico, com enfoque cognitivo-comportamental. Tendo uma duração de 12 sessões semanais, de 2h em cada encontro, com participação mínima de cinco e máxima de 12 pacientes, com o objetivo de tratar temas como: autoconhecimento, fatores de risco e de proteção das doenças cardiovasculares, manejo de estresse, resolução de problemas, dentre outros.
A análise dos dados foram feitas em pacientes que compareceram no mínimo, oito sessões do grupo e às entrevistas pré e pós-intervenção. A média de frequência nos grupos foi de 10,5 encontros (DP = 2). No que se refere às estratégias de enfrentamento ao estresse, foram classificados dois tipos: Enfrentamento Adequado e o Enfrentamento Inadequado, cuja intervenção psicológica indicou redução na frequência de relatos de estratégias inadequadas, de 89 na avaliação pré-intervenção para 51 relatos na avaliação pós-intervenção (χ2 = 10,31; p = 0,001). No nível de ansiedade foi observado que essas diferenças se refletiram na redução da pontuação média de ansiedade na amostra, que variou de 12,37 antes da intervenção para 10,08 após a intervenção (Z = -3,3; p = 0,001). A mesma redução foi identificada no nível de depressão, em que a média do escore geral de sintomas de depressão, calculada antes e após a intervenção psicológica, variou de 13,45 para 11,53 (Z = -2,2; p = 0,025).
Por fim, constatou-se que o tratamento na abordagem TCC resultou na redução dos fatores de riscos psicológicos para estes cardiopatas. Contudo, a escassez de estudos e a pouca atenção dada aos transtornos psicológicos no caso das DCVs mostra a importância da Psicologia da saúde na promoção de pesquisas e estratégias de enfrentamento de suporte, proteção e prevenção em um maior número de pessoas com este diagnóstico.

segunda-feira, 27 de maio de 2019

Importância das técnicas de relaxamento na terapia cognitiva para ansiedade

Willhelm, A. R., Andretta, I., & Ungaretti, M. S. (2015). Importância das técnicas de relaxamento na terapia cognitiva para ansiedade. Contextos Clínicos8(1), 79-86.

Resenhado por Sara Andrade

É comum verificar que em situações de ansiedade o corpo se adapta, de modo a ativar músculos específicos do sistema nervoso, que têm a função de tensão corporal, para lidar com tal emoção. Nem sempre, porém, essa emoção é enfrentada de modo simples, o que caracteriza a ocorrência dos transtornos de ansiedade. Estes se caracterizam por uma resposta de ansiedade exagerada e desadaptativa diante de algum estímulo, que comumente é interpretado como ameaçador ou perigoso (Ballenger, 2000; Silva, 2010). O processamento cognitivo dos transtornos ansiosos se pauta em vulnerabilidade, visto que o indivíduo tente a superestimar um estímulo e/ou situação, e subestimar a própria capacidade de enfrentamento.
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma das terapias mais utilizadas no tratamento de transtornos ansiosos. Nela se visa intervir em três domínios: cognitivo, comportamental e o fisiológico. A terapia abrange técnicas específicas para extinguir o medo dos estímulos e promover a regulação emocional. Dentre as técnicas usadas em TCC para o tratamento dos transtornos ansiosos estão as técnicas de relaxamento corporal, com objetivo de desenvolver nos pacientes a habilidade de reduzir a tensão ocasionada pela ansiedade. Em virtude disso, o objetivo deste estudo foi investigar os indicadores subjetivos de efetividade das técnicas de relaxamento e sua implicação na TCC em três pacientes com transtorno de ansiedade atendidos no Serviço de Atendimento e Pesquisa em Psicologia da PUCRS.
A investigação foi realizada através de três estudos de caso. A mesma contemplou a compreensão de três atendimentos conduzidos por uma estagiária do oitavo semestre do curso de psicologia, que se encontrava em supervisão semanal e individual. O diagnóstico foi feito com base em critérios e sintomas presentes no DSM-IV, as pacientes estavam cientes da pesquisa e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Para a avaliação dos sintomas antes e depois das técnicas de relaxamento utilizou-se uma escala de zero a dez (sendo zero nada de ansiedade e dez ansiedade extrema), para averiguar o quanto de ansiedade o paciente sentia naquele momento.
Para cada caso foi aplicada uma técnica de relaxamento diferente, sendo no primeiro utilizada a técnica do relaxamento passivo, no segundo a respiração diafragmática e no terceiro o relaxamento progressivo. Os resultados apontaram que houve eficácia das técnicas nos três casos, o que corroborou com a literatura; as pacientes mostraram uma resposta alterada da cognição e do corpo, verbalizando como se sentiram, e foi possível observar as tensões corporais. Os atendimentos com TCC ajudaram a flexibilizar pensamentos e crenças disfuncionais, assim como relaxar os músculos e o corpo com as técnicas de relaxamento.
Por fim, é possível compreender que o uso das técnicas de relaxamento caracteriza um forte aliado na prática da psicologia da saúde, visto que pacientes ansiosos precisam inicialmente desenvolver a habilidade de relaxar, para que o tratamento parta para aspectos mais cognitivos ou comportamentais, aliviando assim a ocorrência dos sintomas e a desfuncionalidade que os transtornos ansiosos causam.

domingo, 26 de maio de 2019

Diabetes Mellitus e Depressão: Uma Revisão Sistemática


Moreira, O., Papelbaum, M., Appolinario, J. C., Matos, A. G.; Coutinho, W. F.; Meirelles, M. R.; Ellinger, C. M.; Zagury, L. (2003). Diabetes Mellitus e Depressão: Uma Revisão Sistemática. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, 47(1), 19-29.
Resenhado por Renata Elly

A Diabetes Mellitus (DM) é uma doença crônica que afeta aproximadamente 7,6% da população brasileira entre 30 e 69 anos. Pacientes com diabetes necessitam modificar hábitos alimentares e aderir a esquemas terapêuticos restritivos. Esses hábitos podem repercutir no estado de humor dos pacientes diabéticos. No caso dos sintomas depressivos, estes podem prejudicar a adesão ao tratamento, piorar o controle metabólico e aumentar o risco de complicações da DM.
Os autores realizaram uma revisão sistemática da literatura utilizando as bases de dados MEDLINE e LILACS, utilizando os termos Diabetes Mellitus, glycosylated hemoglobin, glycemic control, depression, depressive disorder, depressive symptoms e dysthymia. Os critérios de inclusão foram artigos com amostra na população adulta, meta-análises, revisões sistemáticas e revisões de especialistas, publicados entre janeiro de 1990 e agosto de 2001.
Entre os achados, cabe ressaltar a meta-análise publicada por Anderson e cols (2001), os autores chegaram à conclusão de que: 1) o DM praticamente duplica o risco de depressão; 2) um em cada 3 pacientes diabéticos têm depressão; 3) a prevalência de depressão varia sistematicamente em função do instrumento e da amostra utilizada; 4) mulheres diabéticas apresentam maior risco de depressão; e 5) não houve diferença na prevalência de depressão entre o DM tipo 1 e 2.
Foi encontrado pelos autores 2 fatores que parecem associar-se diretamente com a presença de sintomas depressivos no paciente diabético: o fato de ser solteiro e um menor nível de escolaridade. A ausência de um companheiro pode ser responsável por uma menor capacidade de aceitar a doença e as modificações necessárias no estilo de vida. Já um menor nível educacional dificulta o entendimento das implicações da doença e de seu tratamento.
O transtorno depressivo no paciente diabético parece correlacionar-se com 2 fatores: a aceitação da doença e a capacidade do paciente em lidar com as alterações que a doença impõe sobre alguns aspectos da vida cotidiana. A presença de sintomas depressivos graves estaria relacionada a uma menor adesão às orientações dietéticas e maior risco de interrupção do uso das medicações contribuindo para uma possível piora do controle glicêmico. A simples presença de sintomatologia depressiva estaria relacionada a um aumento no número de visitas ao consultório médico. Portanto, os estudos clínicos avaliados sugerem uma importante associação entre depressão e o DM.
A psicologia da saúde pode auxiliar nas intervenções para o tratamento da depressão, promovendo adesão às orientações médicas, melhorando o controle glicêmico e, indiretamente, diminuindo o risco de complicações crônicas da doença, possibilitando menos gastos relacionados à saúde e a uma melhor sensação de bem-estar e funcionamento social.



sábado, 25 de maio de 2019

Manejo da Insônia Aguda na Prisão: Avaliação de uma Terapia Cognitiva Comportamental “One-Shot” para Intervenção da Insônia (TCC-I)


Randall, C., Nowakowski, S., & Ellis, J. G. (2018). Managing Acute Insomnia in Prison: Evaluation of a “One-Shot” Cognitive Behavioral Therapy for Insomnia (CBT-I) Intervention. Behavioral Sleep Medicine, 1-10. doi: 10.1080/15402002.2018.1518227

Resenhado por Millena Bahiano

A terapia cognitivo-comportamental para insônia (TCC-I) incide sobre um tratamento não farmacológico e de curto prazo, baseado na reestruturação de pensamentos e crenças mal adaptativas as quais contribuem para o acometimento da insônia. Os benefícios obtidos com a TCC-I tem sido equivalentes ao tratamento com o uso de medicamentos hipnóticos, porém os efeitos identificados possuem maior durabilidade após a interrupção do tratamento. Na prisão a ocorrência de insônia aguda pode estar atrelada ao processo de adaptação do indivíduo ao contexto prisional, bem como, as restrições impostas pelo ambiente carcerário que incluem extrema falta de privacidade, horários regulados para dormir e se alimentar, receber visitas, entre outros fatores associados com a situação de privação de liberdade. A insônia aguda é classificada pelo DSM-V como de curta duração (entre 2 semanas a 3 meses) e se não tratada pode evoluir para um quadro clínico de insônia crônica.
O presente estudo objetivou investigar a eficácia preliminar da TCC para a insônia aguda, supondo que este tipo de intervenção seria um tratamento eficaz para a redução de sintomas relacionados à insônia na prisão e consequente melhoria do sono das pessoas privadas de liberdade. A hipótese secundária incluiu que a intervenção da TCC-I também estaria associada à reduções significativas de sintomatologia ansiosas e depressivas nessa população. Os participantes da pesquisa foram 30 homens em cumprimento de pena no regime fechado de uma prisão do Reino Unido. A intervenção consistiu em uma única sessão de 60-70 min de TCC-I e um panfleto de autogestão. Os participantes foram avaliados uma semana antes e quatro semanas após o recebimento da intervenção. Também foram utilizados na pesquisa os seguintes instrumentos: Índice de Gravidade de Insônia (ISI), Questionário de Saúde do Paciente (PHQ), Questionário de Perturbação de Ansiedade Generalizada (GAD) e um diário para monitoramento das condições do sono.
Nos resultados, observou-se que a média de idade da população investigada foi de 33 anos e os achados indicaram que os participantes obtiveram com a intervenção da TCC-I uma melhora significativa da continuidade do sono (73%), assim como, uma redução significativa de sintomas depressivos (p < 0,001) e ansiosos (p < 0,001) após um mês da aplicação da intervenção. Quando perguntados sobre quais aspectos da intervenção foram mais benéficos, os participantes evidenciaram que o diário do sono os auxiliou significativamente na identificação dos padrões de comportamento que tiveram impacto sobre o sono, e o panfleto de autogestão nas instruções de controle de estímulos. Em suma, a pesquisa evidenciou que uma sessão única de TCC-I foi eficaz no controle de sintomas agudos de insônia e sintomatologias depressivas e ansiosas nas pessoas investigadas.
Portanto, para a Psicologia da Saúde a utilização de intervenções e terapias que contribuam para a redução de sintomas físicos e psicológicos durante o aprisionamento se faz importante para os indivíduos privados de liberdade. Visto que, o ambiente prisional aumenta a vulnerabilidade das pessoas presas para o desenvolvimento de insônia aguda no decurso do aprisionamento, e que as consequências da insônia podem aumentar a agressividade, queixas em saúde e problemas de adaptação na prisão.

quinta-feira, 23 de maio de 2019

Teoria da Ação Planejada como suporte teórico e metodológico: Uma revisão sistemática de literatura


Fernandes, S. C. S.; Bezerra, D. S.; Souza, D. D. S.; Silva, G. G. G.; & Lima, M. D. (2019). Teoria da Ação Planejada como suporte teórico e metodológico: Uma revisão sistemática de literatura. Interação em Psicologia, 23(1), 92-103.

Resenhado por Michelle Leite.

            A Teoria da Ação Planejada (TAP) surgiu em meio ao questionamento sobre o estudo cientifico dos comportamentos e sua intencionalidade. Anteriormente à esta teoria, em 1960, foi desenvolvida por Martin Fishbein a Teoria da Ação Racional (TAR), cujo objetivo principal é entender e predizer o comportamento e precisar a intenção do indivíduo em realizá-lo. Segundo o teórico, para que um comportamento seja entendido, é necessário buscar as determinantes das intenções, a saber: as atitudes, as normas subjetivas, as crenças individuais, a avaliação das consequências e as motivações.
Em 1988, Icek Ajzen propôs uma alteração à TAR e desenvolveu a TAP. Essa nova versão imprime mais fortemente a ideia de que o fator central da controlabilidade do comportamento é a intenção do indivíduo em realizar a ação e, além disso, incorporou as crenças sobre o controle como variável de predição. As crenças sobre o controle nada mais são do que a percepção que o indivíduo possui em poder executar uma determinada ação. Dessa forma, quanto mais favorável forem a atitude e a norma subjetiva, maior será o controle percebido e mais forte a intenção em realizar o comportamento.
A TAP tem sido utilizada em programas de investigações do estudo do comportamento e também como suporte para o planejamento de programas de intervenção nos mais diversos eixos. Dentre esses, três se destacam, respectivamente, como as maiores áreas nas quais a TAP tem contribuído para as predições de comportamentos: prevenção e saúde; educação e tecnologias; marketing e empreendedorismo. Mais especificamente, as intervenções baseadas na TAP apresentaram contribuições na saúde mental e física, prevenção do consumo de drogas, adoção de alimentação saudável, comportamentos sexuais de risco, suicídio, dentre outros.
A TAP é teoria simples, porém eficaz e altamente explicativa, cujo pressuposto parte da avaliação os fatores sociais e psicológicos que perpassam a intenção de realizar um comportamento, de modo a ampliar a compreensão acerca das crenças dos indivíduos que determinam suas práticas. A importância dessa teoria, como ferramenta de suporte teórico e metodológico, reside no fato de favorecer a construção de políticas públicas e a realização de companhas educativas a fim de minimizar a ocorrência de comportamentos que comprometem à saúde da população.




quarta-feira, 22 de maio de 2019

O modelo cognitivo da ansiedade


Clarck, D. & Beck, A. (2012). Modelo Cognitivo da Ansiedade (Cap. 2, pp. 43-65). Porto Alegre:Artmed.

Resenhado por Mariana Serrão

          O fundamento da terapia cognitiva e da terapia dos transtornos emocionais propõe que a forma como o indivíduo pensa influencia a forma como ele vai sentir. As pessoas geralmente imaginam que a situação gera a ansiedade, entretanto, o que determina o nível de ansiedade é a avaliação que o indivíduo faz da situação. Esse capítulo buscou mostrar o modelo cognitivo da ansiedade e o porquê da manutenção dos sintomas mesmo na ausência de um perigo real.
      O modelo cognitivo sobre a ansiedade concentra-se na noção de vulnerabilidade. Essa seria a percepção que o indivíduo tem sobre sua incapacidade de enfrentar um perigo interno ou externo. Na ansiedade, o senso de vulnerabilidade é aumentando e o sujeito faz avaliações exageradas e tendenciosas em relação a um estímulo neutro ou de baixo perigo. Pessoas ansiosas costumam não perceber a segurança das situações e focar na ameaça, além de subestimar a sua capacidade de enfrentar um dano ou perigo antecipado.
        A avaliação da ansiedade é feita de forma primária e secundária. Na primeira, a análise da ameaça envolve uma perspectiva distorcida na qual a probabilidade de ocorrer um dano e a gravidade percebida em relação ao dano são superestimadas. A avaliação secundária é o resultado da avaliação primária de ameaça, e nos estados de ansiedade ela exacerba a percepção inicial de insegurança. Portanto, a intensidade da ansiedade depende do equilíbrio entre a avaliação primária e a secundária.
       A ansiedade é consequência de um processamento de informações que interpreta a situação como ameaçadora a vida e o bem-estar do indivíduo. Portanto, seria um sinal de perigo enviado ao organismo, por isso são gerados sintomas fisiológicos, comportamentais e cognitivos primitivos que se desenvolveram  para proteger o indivíduo da ameaça.
        Alguns processos cognitivos, neurofisiológicos e de aprendizagem da ansiedade acontecem de maneira automática. Ou seja, não há uma interpretação ou raciocínio sobre esses processos. Entretanto, existem os pensamentos estratégicos que são de caráter mais elaborado e também auxiliam na manutenção da ansiedade, são esses pensamentos que geralmente fazem o indivíduo buscar ajuda.
     O modelo cognitivo indica algumas características cognitivas de pessoas que apresentam sintomas ansiosos, como: avaliação de ameaça exagerada a qual o indivíduo foca nas ameaças; impotência aumentada que envolve uma avaliação de incapacidade inadequada  de enfretamento do perigo; processamento inibitório de segurança, quando a pessoa restringe, subestima a segurança do local ou situação; pensamento construtivo ou reflexivo prejudicado, que é o difícil acesso do pensamento real e lógico no momento da ansiedade; processamento automático e estratégico; processamentos autoperpetuadores caracterizados pela atenção concentrada ao sinais e sintomas de ansiedade que contribuem para o aumento e intensificação do sofrimento; primazia cognitiva e, por último, a vulnerabilidade cognitiva à ansiedade.
       Dado o exposto, o psicólogo busca junto ao paciente identificar seus pensamentos automáticos e a forma de processamento de informações do indivíduo, como são feitas as avaliações e interpretações dos eventos e quais estímulos desencadeiam a ansiedade. Isso é feito a fim de realizar uma reestruturação cognitiva e assim tornar as cognições disfuncionais em cognições funcionais, o que influenciará a intensidade e frequência de sintomas ansiosos.


segunda-feira, 20 de maio de 2019

Análise Funcional do Comportamento Autolesivo

Ceppi, B., & Benvenuti, M. (2011). Análise funcional do comportamento autolesivo. Archives of Clinical Psychiatry38(6), 247-253. 
Resenhado por Maria Clara

As práticas que o indivíduo se engaja a fim de provocar dano a si próprio se caracterizam como comportamentos autolesivos. As contingências revelam a relação existente entre variáveis ambientais e o comportamento, que pode ser mantido e com novas chances de ocorrência conforme suas consequências, que podem ser reforçadoras. Usualmente são três consequências reforçadoras que mantêm os comportamentos autolesivos: reforçamento social positivo, negativo e reforçamento automático.
Em estudo realizado por Iwata et al. (1994) constatou-se que a realização do comportamento autolesivo variou de acordo com as consequências produzidas no ambiente pelo comportamento. Dessa forma, ao identificar as consequências reforçadoras responsáveis pela manutenção dos autolesivos através de uma análise funcional é possível o desenvolvimento de estratégias de rearranjo de contingências, objetivando a redução desses comportamentos pela definição do tratamento mais apropriado.
         Nos trabalhos analisados nesta revisão, evidenciou-se que ao desempenhar a análise funcional em pacientes com ou sem atraso do desenvolvimento e amparada nos esquemas de reforçamento, pode-se identificar como se dão a aquisição e manutenção dos comportamentos autolesivos e quais as consequências que os promovem. Este estudo se mostra relevante pois aponta para o crescimento da Psicologia Comportamental devido a elaboração de técnicas comportamentais efetivas que dispensam técnicas essencialmente dependentes do comportamento verbal, alcançando outros públicos que não são sensíveis a elas e expandindo as contribuições da Psicologia para outras áreas como a Psiquiatria.

domingo, 19 de maio de 2019

Evolução da terapia cognitivo-comportamental


Wenzel, A. (2018). Evolução da terapia cognitivo-comportamental. In A. Wenzel (Ed.), Inovações em Terapia Cognitivo-Comportamental: Intervenções Estratégicas para uma Prática Criativa (pp. 1-18). Porto Alegre: Artmed.

Resenhado por Maísa Carvalho

A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é caracterizada como uma psicoterapia ativa, semiestruturada e limitada temporalmente, cujo o objetivo é reduzir os problemas de saúde mental e adaptação que geram sofrimento emocional. Para tanto, são realizadas intervenções de ordem cognitiva e comportamental, as quais auxiliam o paciente a reconhecer aspectos do pensamento e características comportamentais que podem contribuir para uma vida mais disfuncional. Sua origem se deu através dos descontentamentos e inquietações de estudiosos acerca da real eficácia das abordagens psicodinâmicas e da insuficiência do enfoque estritamente comportamental.
A partir do fim da década de 1940 e início dos anos 1950, Albert Ellis desenvolveu a Terapia Racional Emotiva Comportamental (TREC), conhecida por ser a primeira abordagem de TCC descrita na literatura. Sua premissa básica é a de que pensamentos irracionais geram respostas emocionais e comportamentais que interferem no funcionamento saudável do indivíduo. Posteriormente, em meados dos anos 1970, outra abordagem semelhante foi proposta por Aaron T. Beck, que desenvolveu uma teoria que postulava a existência de uma série de distorções cognitivas para diferentes transtornos psicológicos, dando maior enfoque ao viés cognitivo. Ao contrário da TREC, a TC de Beck foi submetida a diversas testagens empíricas para comprovar sua eficácia clínica, desempenhando um papel relevante no desenvolvimento das TCCs contemporâneas. Também existiram protocolos de tratamento que foram importantes na história da TCC, tais como o Treinamento de Autoinstrução (TAI), Treinamento de Inoculação do Estresse, Treinamento do Manejo da Ansiedade, Reestruturação Racional Sistemática e a Terapia de Autocontrole.
Desde seu surgimento, a TCC vem se expandindo quanto ao tratamento da depressão e de outros problemas de saúde mental como os transtornos de ansiedade, abuso de substâncias, transtornos alimentares, transtornos da personalidade, comportamento suicida, além de condições psiquiátricas graves como o transtorno bipolar e a esquizofrenia. Sua aplicação também vem sendo amplamente utilizada em outras modalidades como as terapias de grupo, de casais, familiar e pela internet, desvinculando sua aplicabilidade apenas da forma clássica: individual, em um consultório. Ademais, destaca-se o desenvolvimento quanto a sua aplicação flexível, pesquisas com ambientes e clientes reais relatando sua efetividade, além da fácil adaptação cultural.
Outras terapias de base cognitivo-comportamental vêm ganhando espaço no âmbito científico nos últimos 20 anos, sendo definidas como TCCs de terceira onda ou contextuais. Como exemplos tem-se a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT), Terapia cognitiva baseada no Mindfulness, Terapia Comportamental Dialética, Terapia Metacognitiva e Terapia do Esquema. A diferença dessas abordagens para a TCC clássica é a mudança de foco, do conteúdo para o funcionamento. Ou seja, a modificação de cognições passa a não ser o foco principal, mas sim a relação do indivíduo com os próprios pensamentos.
Segundo pesquisas, atualmente a TCC é a abordagem que conta com a mais ampla base empírica, possuindo uma aplicabilidade flexível e sendo considerada referência para uma série de desordens psicológicas. Sendo assim, a Psicologia da Saúde pode se utilizar do aporte teórico-metodológico dessa abordagem para o desenvolvimento de novas pesquisas que estimulem intervenções para seus objetos de estudo e também para o uso nos espaços de atuação do psicólogo da saúde.

sábado, 18 de maio de 2019

Fatores associados com distresse emocional e ideação suicida entre universitários internacionais / Factors associated with emotional distress and suicide ideation among international college students

Taliaferro, L. A., Muehlenkamp, J. J., & Jeevanba, S. B. (2019). Factors associated with emotional distress and suicide ideation among international college students. Journal of American College Health, 1-6. doi: 10.1080/07448481.2019.1583655

Resenhado por Luana C. Silva-Santos

Uma atualização da OMS em 2018 mostrou que anualmente cerca de 800.000 pessoas cometem suicídio, sendo globalmente a segunda principal causa de morte de jovens entre 15 e 29 anos de idade. Devido a características pessoais e certas circunstâncias sociais e culturais, um grupo que tem se mostrado vulnerável à ideação suicida são os jovens universitários, visto que sua adaptação ao contexto universitário pode não ser bem-sucedida, levando a uma vulnerabilização da sua saúde mental e, nesse sentido, fazendo emergir conflitos existenciais e traços psicopatológicos latentes, no extremo, ao processo suicida.
Nesse sentido, Taliaferro, Muehlenkamp e Jeeyanba (2019) objetivaram em seu estudo identificar fatores de risco e proteção associados a maior sofrimento emocional e ideação suicida em estudantes universitários internacionais de duas universidades do centro-oeste e duas universidades do sudeste dos Estados Unidos. Participaram do seu estudo 435 universitários, que responderam pesquisas online avaliando distresse emocional (The Depression, Anxiety, and Stress Scales, versão reduzida), ideação suicida no ano anterior e sanções culturais contra o suicídio (Suicidal Behaviors Questionnaire-Revised e Self-Injurious Thoughts and Behaviors Interview), aprisionamento (The Entrapment Scale), estresse cultural e conflitos familiares (The Cultural Assessment for Risk of Suicide), perfeccionismo (Multidimensional Perfectionism Scale), discriminação étnica (The 14-item Discrimination Scale), necessidades interpessoais (Interpersonal Needs Questionnaire) e identidade étnica (The Multigroup, Ethnic Identity Measure-Revised). Os autores encontraram via regressão linear que níveis mais altos de aprisionamento, necessidades interpessoais não satisfeitas e discriminação étnica foram significativamente associados ao aumento do sofrimento emocional. Em regressão multivariada, apenas as necessidades interpessoais não satisfeitas permaneceram associadas à ideação suicida no ano anterior.
Considerando o grupo de universitários como uma população diversificada e crescente, com demandas e necessidades únicas e com maior risco de problemas de saúde mental, os resultados do estudo de Taliaferro, Muehlenkamp e Jeeyanba mostram que profissionais que trabalhem com tais grupos devem abordar as percepções dos alunos sobre armadilhas, discriminação étnica e necessidades interpessoais não satisfeitas. Dessa forma, tem-se um caminho possível na construção de estratégias de prevenção e intervenção eficazes e específicas a esse grupo com vistas a diminuição de distresse emocional e ideação suicida.


quinta-feira, 16 de maio de 2019

Eficácia da Terapia Cognitivo-Comportamental no Transtorno da Ansiedade Generalizada


Reyes, A. N., & Fermann, I. L. (2017). Eficácia da terapia cognitivo-comportamental no transtorno de ansiedade generalizada. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, 13(1), 49-54. doi: http://dx.doi.org/10.5935/1808-5687.20170008.

Resenhado por Lizandra Soares

O Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) é compreendido como uma doença de cunho psiquiátrico cuja característica principal é a preocupação excessiva e generalizada com o futuro. Trata-se de um dos transtornos mais comuns encontrados na clínica, de curso crônico e com potencial de desencadear comorbidades, a exemplo de insônia. A ansiedade é definida como um sentimento normal, cuja função é ser um sinal de alerta para situações perigosas ou ameaçadoras. Quando ela se torna patológica, sua intensidade aumenta, apresentando caráter anacrônico, repetitivo e desproporcional ao estímulo ambiental.  O resultado é um sentimento desagradável de apreensão e medo. No caso de TAG, a preocupação excessiva é generalizada e deve estar presente por pelo menos seis meses, sendo acompanhada de pelo menos três dos sintomas a seguir: inquietação, irritabilidade, fatigabilidade, perturbação do sono, tensão muscular e/ou dificuldade de concentração.
No que se refere ao tratamento, a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é vista como uma das principais abordagens cognitiva da atualidade aplicada em casos de TAG. A TCC consiste em uma abordagem de psicoterapia baseada na ideia de que o indivíduo se sente e comporta-se de acordo com a sua interpretação dos eventos e do mundo. Assim, o foco inicial do tratamento é na autoconscientização do paciente a respeito de seus pensamentos automáticos, e posteriormente, crenças nucleares e subjacentes. As pesquisas com essa abordagem têm indicado efetiva redução na sintomatologia e na taxa de recorrência de TAG, com ou sem o uso de medicação. O artigo teve como objetivo realizar uma revisão sistemática da literatura a respeito da eficácia da TCC no tratamento de TAG. Neste sentido, foram realizadas buscas nas bases de dados Scielo e Pubmed por meio dos descritores “terapia cognitivo- comportamental” e “transtorno de ansiedade generalizada”. Para a análise, as publicações deveriam estar em língua portuguesa ou inglesa e na íntegra.
Como resultado foram obtidos 1.141 artigos, cujo títulos e resumos foram analisados a fim de perceber se tratava da temática pesquisada. Ao final da análise restaram 15 publicações, sendo: 7 estudos clínicos randomizados, 3 metanálises, 2 ensaios clínicos, 1 livros, 1 revisão e 1 estudo clínico controlado. Pode ser concluído que a TCC, por meio da avaliação das publicações avaliadas, demonstrou eficácia no tratamento da TAG, inclusive com a população idosa, já que pode ser realizada à distância (por meio de telefone ou internet). Como limitação do estudo pode ser apontado que em vista de terem sido analisadas publicações apenas em português e inglês, outras possibilidades em outros idiomas não foram avaliadas. Além disso, sugere-se a realização de outros estudos nesse sentido, principalmente, por oferecer um panorama geral e resumido das evidências da eficácia de técnicas específicas para o manejo de sintomas de transtornos mentais.
Por fim, para a psicologia da saúde trabalhos como este oferecem direcionamento de técnicas e abordagem que podem ser utilizadas na clínica e em intervenções psicológicas com a finalidade de trabalhar sintomas ansiosos. Uma vez que a TCC demostrou alto nível de eficácia nos estudos avaliados nessa revisão, pode-se afirmar que a TCC poderia ser uma das principais terapias de escolha para casos de TAG.


quarta-feira, 15 de maio de 2019

Transtorno de ansiedade generalizada no contexto clínico e social no âmbito da saúde mental


Brentini, L. C., Brentini, B. C., Araújo, E. C. S., Aros, A. C. S. P. C., Aros, M. S. (2018). Transtorno de ansiedade generalizada no contexto clínico e social no âmbito da saúde mental. Nucleus, 15(1), 237-248. doi: 10.3738/1982.2278.2700

Resenhado por Laís Santos

            A ansiedade é uma emoção natural que impulsiona os indivíduos a agir em situações de estresse. Quando em excesso desencadeia uma série de problemas e comorbidades, passando a ser classificada como um transtorno. Tendo em vista a relevância do estudo dos transtornos de ansiedade, realizou-se uma revisão da literatura sobre ansiedade e saúde mental. Para tanto, foram utilizadas três bases de dados, a saber: Medline, Lilacs e Scielo, tendo como descritores os termos “ansiedade” e “saúde mental”, tanto em português quanto em inglês. Foram inclusas pesquisas sobre a epidemiologia do transtorno de ansiedade generalizado, resultando em uma amostra de 21 artigos, quatro livros e as diretrizes da Associação Médica Brasileira e do Ministério da Saúde.
            Foram elencadas quatro categorias para a discussão dos resultados. A primeira delas se referiu ao contexto social dos transtornos de ansiedade. Observou-se que no decorrer dos últimos anos houve diversos avanços em termos de políticas assistenciais em saúde mental. Todavia, constata-se uma sobrecarga do sistema de saúde que dificulta até mesmo o atendimento de condições clínicas menos complexas. Assim, salienta-se a falta de equipamentos sociais suficientes para o cuidado em saúde mental eficaz, não apenas voltados para os pacientes, mas principalmente, para os seus familiares. A segunda categoria, contexto clínico, reuniu os principais sintomas do transtorno de ansiedade generalizado, como por exemplo, a dificuldade de concentração, fadiga, preocupação excessiva, distúrbios relacionados ao sono, irritabilidade, dores de cabeça, dores musculares, entre outros.
A terceira e quarta categorias se referiram ao tratamento farmacológico e não-farmacológico disponível para o TAG. Em geral, recomenda-se a psicoeducação das pessoas que sofrem com tal transtorno, uma vez que, cientes da definição, sintomas e tratamentos se torna mais fácil o manejo e auxílio efetivo prestado a esse público. Sabe-se que a psicoterapia é um passo essencial para o tratamento dos transtornos de ansiedade, devendo existir independente ou não de estar associada ao tratamento medicamentoso. Estima-se que a Terapia Cognitivo Comportamental é uma das abordagens mais eficazes no manejo dos transtornos ansiosos, uma vez que, ela incide justamente na reestruturação cognitiva, e, consequente efeito nas emoções e comportamentos, produzindo assim respostas mais adaptativas frente a diferentes situações estressora. Quanto ao tratamento farmacológico dos TAG, o principal recurso utilizado pelos psiquiatras é a indicação dos antidepressivos, especialmente os inibidores seletivos de recaptação de serotonina.



terça-feira, 14 de maio de 2019

Terapia focada nas emoções e processos de mudança em psicoterapia


Mendes, M. A. (2015). Terapia focada nas emoções e processos de mudança em psicoterapia. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas11(2), 96-104.

Resenhado por Joelma Araújo

O artigo trata de uma revisão teórica sobre a terapia focada na emoção (TFE), modelo psicoterapêutico que vem sendo desenvolvido há 30 anos. A TFE enfatiza a relação terapêutica, a empatia e intervenções vivenciais conduzidas por marcadores específicos observados durante os atendimentos, a partir da aplicação de princípios humanistas, fenomenológicos e construtivistas, tendo por objetivo principal a reorganização do sistema de significados do paciente a partir de processos experienciais e relacionais desenvolvidos para acessar as emoções.
                Para a TFE, as emoções possuem fator primordial para promoção da sobrevivência e bem-estar, por serem basilares na construção de significados das experiências e assim fundamentais para o sentido do self e da auto-organização. No entanto, nem sempre as emoções são adaptativas. Segundo a TFE, os esquemas emocionais, a ausência de awareness (consciência), a incapacidade de regulação emocional e problemas na construção da narrativa emocional e do significado levam a disfunção emocional.
Na prática clínica o foco é no processo experiencial, em que o psicoterapeuta busca levar o cliente a entrar em contato com suas emoções (arriving) para então entendê-las, transformá-las e assim libertar-se de respostas desadaptativas, automáticas e repetitivas (leaving). Há como ferramenta essencial para o processo terapêutico a empatia, por possuir a função interpessoal de promover a aliança entre cliente e terapeuta, ajudar na exploração, desconstrução de visões e pressupostos do cliente e a construir novos significados, além de promover a regulação emocional dos indivíduos.
            A TFE também preconiza a existência de marcadores (markers), que são estados emocionais desadaptativos emergidos durante as sessões e que sinalizam para as dificuldades de processamento afetivo/cognitivo. Ao decorrer da terapia, os clientes acessam as emoções contidas nos esquemas emocionais, o que torna possível tolerá-las, identificar as necessidades emocionais centrais que não foram atendidas e então acessar suas emoções primárias adaptativas. Depois de experienciadas, o cliente é levado a simbolizar suas emoções através da narrativa, o que permite suscitar novos significados.
            Como explanado, o processo terapêutico da TFE, leva o sujeito a entrar em contato com suas emoções e a gerar outras emoções, tendo como ferramenta principal a empatia, que se dá por meio da escuta e validação do fala do sujeito. Esta prática assemelha-se com algumas intervenções da Psicologia da saúde no ambiente hospitalar, já que o trabalho do psicólogo nessa instituição também recebe a influência da Psicologia Clínica. Sendo que, o psicólogo de forma empática, acolhe e valida o sofrimento do paciente e o estimula a entrar em contato com suas emoções, para possibilitar a ressignificação e elaboração de suas vivências.

segunda-feira, 13 de maio de 2019

Fobia alimentar associada a magreza: um diagnóstico diferencial com anorexia nervosa


Silva, V. G.,  Marcelo , M. (2009),Fobia alimentar associada a magreza: um diagnóstico diferencial com anorexia nervosa, Jornal  Brasileiro de  Psiquiatria, 58(3):205-208. doi: 10.1590/S0047-20852009000300011
                
Resenhado por  Iracema R. O. Freitas

                A fobia alimentar (FA), também chamada fagofobia, é caracterizada pelo medo excessivo e condicionado de comer ou engolir, levando o individuo a rejeitar os alimentos por mais de um mês. A FA é mais comum na infância e entre mulheres, com início após alguma situação que tenha ocasionado vômito.  Em muitos casos o fator desencadeador é um evento traumático que envolveu vômito ou sensação de asfixia causada pela comida. Essa experiência traumática pode levar a um comportamento mal-adaptativo, como a recusa alimentar.  A FA é um transtorno psiquiátrico pouco reconhecido e comumente diagnosticado como AN (anorexia nervosa) em função da perda de peso acentuada.
Este estudo apresenta as diferenças diagnósticas entre FA e AN e os tratamentos adequados através de revisão teórica, assim como de análise de caso clínico. Discute ainda a possibilidade da classificação da FA como um transtorno alimentar não especifico ou uma fobia específica, uma vez que o DSM e o CID não classificam a FA como um diagnóstico independente.
A FA e AN pertencem a categoria do transtorno alimentar, mas a diferenciação pode ser realizada através da identificação dos sintomas. A AN apresenta sintomas como o medo do ato de comer, amenorreia, a perda de peso desejada, preocupação mórbida com peso e\ou forma, comida e\ou alimentação. Enquanto na FA há um medo no ato de comer, de engolir, engasgar ou vomitar, e o indivíduo não tem problema médico orgânico. O tratamento é interdisciplinar, com reabilitação nutricional e acompanhamento psicológico, e ênfase nas técnicas cognitivo-comportamentais. As técnicas recomendadas para os casos de FA são a combinação individualizada de manejo de contingências, compartilhamento, dessensibilização, relaxamento, reestruturação cognitiva e a exposição gradativa aos alimentos considerados proibidos, ou desencadeadores de náuseas e vômitos.
Apesar da FA ser pouco reconhecida e de difícil diagnóstico, ela não deve ser confundida com outros transtornos de ordem alimentar. Os autores defendem a independência diagnóstica psiquiátrica como maneira de facilitar o reconhecimento das suas características clínicas e epidemiológicas, bem como a avaliação das diferentes formas de tratamento. A psicologia da saúde reconhece a relevância dos aspectos cognitivos como fomentadores de diversos transtornos e se propõe a intervir a fim de contribuir para a melhoria de tais quadros clínicos, por meio, por exemplo, da correção de distorções cognitivas.

domingo, 12 de maio de 2019

Espiritualidade promove melhores resultados de saúde e diminui a ansiedade sobre o envelhecimento: A importância das dimensões espirituais para a geração baby boomers quando eles entram na idade adulta mais velha


MacKinlay, E., & Burns, R. (2017). Spirituality promotes better health outcomes and lowers anxiety about aging: The importance of spiritual dimensions for baby boomers as they enter older adulthood. Journal of Religion, Spirituality & Aging, 29(4), 248–265. doi:10.1080/15528030.2016.1264345

Resenhado por Geovanna Turri

Entre 1946 e 1964 na Europa, Estados Unidos, Canadá ou Austrália, logo após a Segunda Guerra Mundial, estes países experimentaram um súbito aumento de natalidade, que ficou conhecido como baby boom. A geração nascida nessa época é chamada de baby boomers e tem sido um grupo alvo de muitos estudos internacionalmente. Os baby boomers apresentam desafios únicos aos serviços de cuidados a idosos. Com longevidade prolongada e melhores serviços de saúde, os baby boomers estão contribuindo para o envelhecimento da população. Tendo tido maior acesso à educação e tendo passado por períodos de reformas sociais substanciais, os baby boomers continuarão a ter maiores expectativas de continuidade da autonomia na vida diária. No entanto, assim como as gerações anteriores, os baby boomers ainda enfrentarão os desafios da vida adulta, como desafios à saúde física e mental, à identidade social e ao aprendizado espiritual. Esses desafios serão impulsionados pelo aumento da exposição às deficiências normativas da idade e aumento do risco de doenças crônicas, como artrite, depressão e depressão.
MacKinlay e Burns fizeram uma investigação a fim de entender como a geração de baby boomers enfrentam desafios do envelhecimento a exemplo da ansiedade de acordo com sua espiritualidade. Para isso, fizeram um estudo de métodos mistos (levantamento e grupos focais) para investigar a espiritualidade em uma amostra de 143 participantes que eram membros de uma igreja. Os autores examinaram associações entre saúde física e mental, ansiedade e espiritualidade, além de buscarem identificar se a espiritualidade dos baby boomers amorteceu o impacto de eventos negativos ao longo da vida.
Os resultados revelaram medos de perdas, da fragilidade associada ao envelhecimento e da demência. A falta de proximidade com pessoas mais idosas em seus cuidados representou níveis mais baixos de medo associado ao envelhecimento. Níveis mais altos de espiritualidade estavam relacionados a uma melhor saúde mental e física e a uma menor ansiedade e medo do envelhecimento, além de revelar que maior espiritualidade ajuda a amortecer o impacto das experiências negativas.
Em suma, os resultados evidenciaram vários fatores espirituais relacionados à ansiedade do envelhecimento. Os autores descobriram que a espiritualidade está relacionada à baixa ansiedade em relação ao envelhecimento e ao aumento da positividade e da sobrevida e que embora a afiliação religiosa tenha sido geralmente mais baixa entre os participantes neste estudo, a espiritualidade não estava baixa.
Acredita-se que os dados obtidos nesta pesquisa são de extrema relevância para os cuidados da população idosa, no que tange ao planejamento da assistência espiritual junto ao fornecimento de cuidados apropriados para a melhoria da qualidade de vida e da saúde física e mental.

sábado, 11 de maio de 2019

Psicólogo da saúde no hospital geral: um estudo sobre a atividade e a formação do psicólogo hospitalar no Brasil


Almeida, R. A. D., & Malagris, L. E. N. (2015). Psicólogo da Saúde no Hospital Geral: um Estudo sobre a Atividade e a Formação do Psicólogo Hospitalar no Brasil. Psicologia: Ciência e Profissão35(3), 754-767.

Resenhado por Gabriela de Queiroz

         A psicologia da saúde é um campo de atuação que busca compreender o papel de variáveis psicológicas sobre a manutenção da saúde, o desenvolvimento de doenças e seus comportamentos associados. Sendo assim, os psicólogos da saúde realizam intervenções a fim de prevenir doenças e auxiliar no enfrentamento das mesmas, além de desenvolver pesquisas sobre o processo saúde/doença em diversas populações.
          Atualmente, a maioria dos psicólogos da saúde atua na atenção básica e de média complexidade, unidades de internação hospitalar (alta complexidade), serviços de saúde mental, unidades de dor, oncologia, consultas de supressão do tabagismo, serviços de reabilitação, entre outros. Nos hospitais, o psicólogo da saúde pode prestar assistência no ambulatório clínico, nas unidades de emergência ou pronto-socorro, unidades de internação ou enfermarias e nas unidades e centros de terapia intensiva.
         No âmbito hospitalar, o psicólogo da saúde tem como principais atribuições: ofertar atendimento à pacientes com dificuldades de adaptação à sua condição de saúde e ensinar os pacientes técnicas psicológicas que os ajude a manejar seus problemas de saúde bem como condições emocionais, mesmo diante da dor. É importante salientar que as intervenções do psicólogo da saúde devem ultrapassar os pacientes, abrangendo seus familiares/cuidadores e os demais profissionais de saúde envolvidos no processo de cuidar.
          Diante disso, o estudo teve o objetivo de realizar um levantamento do perfil profissional de psicólogos da saúde que atuam em hospitais do Brasil, para então obter um panorama deste setor da psicologia no país. Para tanto, foi realizada uma pesquisa de levantamento com 125 profissionais, que após concordarem com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, responderam ao Questionário de Pesquisa Acadêmica e Profissional (QPAP), instrumento elaborado pelas autoras, composto por perguntas objetivas sobre a formação acadêmico-profissional e atividades desempenhadas na instituição.
         Dentre os 125 participantes da pesquisa, 89,6% eram mulheres, 62,4% atuam na região sudeste, 41,6% dos participantes é formado em psicologia há mais de 12 anos e a maior parte (32%) dos profissionais atua em psicologia hospitalar há mais de 10 anos. A maioria dos participantes possui curso de pós-graduação relacionados à área de psicologia hospitalar e da saúde (82,2%). Quanto a área de atuação, 70,4% trabalha em hospitais públicos, 84% atua no setor de internação, 60% no ambulatório e apenas 28% nas emergências. Quanto aos clientes atendidos, grande parte dos profissionais tem como foco de atuação no hospital tanto os pacientes (92,8%), quanto a família (88%) e a equipe (64%).
        Com base nestes dados, é possível concluir que a psicologia hospitalar tem apresentado um desenvolvimento positivo no Brasil, sendo importante destacar que os profissionais da área têm buscado aprimoramento tanto à nível de especialização, como também mestrado e doutorado na área. Apesar disto, ainda existem dificuldades principalmente no que diz respeito à inserção desses profissionais tanto nos hospitais, como em outros serviços de saúde do país.

quinta-feira, 9 de maio de 2019

Terapia cognitivo-comportamental para transtornos de ansiedade na infância

Petersen, C. S. (2011). Evidências de efetividade e procedimentos básicos para Terapia Cognitivo-Comportamental para crianças com transtornos de ansiedade. Revista Brasileira De Psicoterapia 13(1), 39-50.

Resenhado por Danielle Alves Menezes

Os transtornos de ansiedade costumam afetar as crianças e adolescentes com uma prevalência entre 4% e 20%. Essas manifestações são  preditoras de transtornos de ansiedade na vida adulta. A terapia cognitivo-comportamental (TCC) construiu alguns pressupostos de atuação voltados a esse público  específico.
Incialmente sugere-se uma compreensão ecológica do contexto da criança, que envolva a família e a escola. O objetivo seria investigar possíveis estressores familiares e/ou sociais envolvidos nos seus sintomas. Estilos parentais, relações com os pares e as relações familiares são também alvo de avaliação incial. Por exemplo, são fatores de risco estilos de apego inseguro, temperamento da criança, presença de transtorno de ansiedade nos pais, superproteção e comportamentos de evitação.
A compreensão acerca do transtorno é multidimensional, já que a ansiedade possuem quatro aspectos bem definidos, a saber, as emoções, comportamento, pensamentos e o corpo. A intervenção deve abarcar as dimensões comportamental, cognitiva, emocional e social. Comportamentalmente, a ansiedade refere-se ao paradigma da evitação aprendida. Dois fatores combinados explicam esse fenômeno: condicionamento clássico e operante. O pareamento do estímulo causador de medo com um lugar pode resultar em medos fóbicos específicos. Por outro lado, reforçamentos resultantes de evitações desse lugar pela redução de desconforto caracterizam a aprendizagem operante. A etiologia cognitiva baseia-se no papel de percepções não realísticas e interpretações ameaçadoras dos fatos.
Técnicas psicoterápicas envolveriam duas etapas: estratégias facilitadoras e exposição às situações temidas. O tratamento deve iniciar com educação afetiva e familiarização com o modelo de tratamento através de psicoeducação. O objetivo principal seria ensinar a criança a reconhecer sinais de ansiedade, utilizando esses sinais para enfrentá-la. Dessa forma a criança aprende a identificar os processos cognitivos envolvidos no estado de excessiva ansiedade e recebe treinamento em relaxamento.
A psicologia da sáude, a partir de seu aporte teórico, poderá aprofundar o conhecimento acerca do papel desempenhado pelos processos cognitivos na surgimento de comportamentos ansiogênicos em crianças, contribuindo para detecção precoce e prevenção de sofrimento psíquico na vida adulta.

quarta-feira, 8 de maio de 2019

Depressão em pacientes com fobia social


D’El Rey, G. J. F., & Freedner, J. J. (2017). Depressão em pacientes com fobia social. Psicologia Argumento24(46), 71-76.

Resenhado por Daiane Nunes

            A depressão é considerada uma das principais comorbidades dos transtornos de ansiedade, influenciando significativamente o curso do seu diagnóstico, tratamento e prognóstico. Na literatura, há poucos estudos sobre as comorbidades entre fobia social e os transtornos depressivos, destes, grande parte teve foco em amostras epidemiológicas e não clínicas. De modo que, o presente estudo teve como objetivo verificar a comorbidade e o curso longitudinal da depressão maior na fobia social em pacientes com diagnóstico de fobia social.
            A amostra contou com 63 pacientes, com idades entre 18 e 56 anos (M = 36,5; DP = 9,6), que procuraram tratamento no Centro de Pesquisas e Tratamento de Transtornos de Ansiedade – São Paulo-SP. Eles foram avaliados quanto aos critérios diagnósticos para fobia social contidos na Entrevista Clínica Estruturada do DSM-IV e aos critérios para depressão maior. Aplicou-se também a Escala de Impressão do Funcionamento Global, para avaliar o grau de funcionamento dos pacientes com fobia social.
            Os resultados demonstraram que 35% dos pacientes com fobia social preencheram, em algum momento de suas vidas, critérios diagnósticos para depressão maior, destes, 90% pontuaram entre quatro e cinco pontos da Escala de Impressão do Funcionamento Global (1 a 5 pontos), isto é, que os sintomas interferem muito no trabalho e atividades sociais/as atividades de trabalho e sociais estão seriamente comprometidas pelos sintomas. Os autores ressaltam que os dados da presente pesquisa devem ser interpretados exclusivamente em termos de uma amostra clínica e não epidemiológicas, considerando que a amostra do presente estudo tinha caráter clínico.
            Por fim, cumpre destacar que grande parte dos pacientes com fobia social e depressão conjuntamente se sente desmotivado para aderir a programas de tratamentos cognitivo-comportamentais, por exemplo, nas tarefas de exposição a situações temidas, na identificação e correção de pensamentos disfuncionais que geram e mantêm a esquiva de situações sociais, entre outros. Esse aspecto revela a importância do diagnóstico adequado para manejo assertivo do tratamento por parte dos psicólogos clínicos e da saúde.