Resenhado por Ariana Moura
Os transtornos depressivos constituem um
grave problema de saúde pública devido a sua alta prevalência, repercussões na
saúde geral e impacto psicossocial. Segundo o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-V) entre
os critérios para o diagnóstico da depressão estão: estado deprimido; anedonia:
interesse diminuído para realizar as atividades de rotina; sensação de
inutilidade; dificuldade de concentração; fadiga ou perda de energia; insônia
ou hipersonia; agitação ou retardo psicomotor e/ou perda ou ganho significativo
de peso na ausência de regime alimentar.
Um
Relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontou que o número de casos
de depressão aumentou 18% entre 2005 e 2015: são 322 milhões de pessoas em todo
o mundo, sendo a maioria mulheres. No Brasil, a depressão atinge 11,5 milhões
de pessoas (5,8% da população). Em ambulatórios de Atenção Primária, a
prevalência de depressão estimada nos pacientes foi de 5% a 10%, e apenas um em
cem cita a doença como motivo da consulta. Viu-se, ainda, que em até 50% das
vezes o problema não é detectado pelos profissionais. Estudos estabeleceram
correlação entre estado depressivo e piora de quadros clínicos, tais como,
cardiopatias, diabetes, obesidade e problemas oncológicos e ainda associação
significativa entre depressão na maternidade, problemas no desenvolvimento
infantil e piora no rendimento escolar.
O objetivo desta pesquisa foi avaliar a
prevalência de depressão e os fatores associados em mulheres de 20 a 59 anos, nas
áreas cobertas pela equipe de Estratégia de Saúde da Família do município de
Juiz de Fora-MG. Trata-se de um estudo transversal com captação domiciliar e
coleta de dados realizada em duas Unidades de Atenção Primária à Saúde (UAPS). O
questionário foi aplicado por profissionais previamente capacitados. A depressão
foi avaliada por meio do Questionário de Saúde do Paciente (PHQ-9).
Nos resultados observou-se que 19,7% da
amostra tinha depressão e a prevalência do evento foi maior (22,4%) na faixa
etária de 50 a 59 anos. Verificou-se que as mulheres com cor da pele branca
apresentaram maior prevalência de depressão em comparação as mulheres com cor
da pele preta. No que se refere à situação conjugal, constatou-se que as
mulheres solteiras ou sem companheiro apresentaram maior prevalência de
depressão. Quanto à escolaridade, viu-se uma relação inversa com a ocorrência
do desfecho, isto é, quanto menor escolaridade, maior a probabilidade de
ocorrência de depressão.
Vários estudos epidemiológicos
sustentam a informação de que a depressão é aproximadamente duas vezes mais
prevalente em mulheres do que em homens. Os mesmos estudos têm buscado aferir
fatores explicativos para essa diferença e apontam como fatores relevantes as
diferenças fisiológicas e hormonais, baixo nível de escolaridade, baixa renda,
questões socioculturais, além de diferentes formas de lidar com situações
estressoras.
A depressão é um transtorno mental de alta
prevalência e se apresenta como uma das principais causas de incapacitação no
mundo, limitando o funcionamento físico, pessoal e social. Desse modo, estudar
os fatores de risco, bem como observar os fatores protetivos para a depressão,
a fim de conhecer as características próprias do transtorno e elaborar
estratégias de prevenção, está na pauta de interesses da Psicologia da Saúde.
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