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terça-feira, 29 de setembro de 2020

Estratégia de Enfrentamento (coping) da família ante um membro familiar hospitalizado: uma revisão de literatura brasileira

 

Santos, Q. N. (2013). Estratégia de Enfrentamento (coping) da família ante um membro familiar hospitalizado: uma revisão de literatura brasileira. Mudanças – Psicologia da Saúde, 21 (2), 40-47. DOI: doi:10.15603/2176-1019/mud.v21n2p40-47 

 

 

Resenhado por Nayara Chagas Carvalho 

 

A família é o grupo social com o qual o indivíduo tem o primeiro contato, que ajuda a construir as primeiras percepções sobre o mundo, sendo referência para o indivíduo enquanto ponto de apoio e unidade primária de cuidado. Na medida em que um familiar é hospitalizado, ou acometido por alguma doença, este fator acaba interferindo na vida de todos os outros familiares, tanto emocionalmente quanto na vida econômica e social.  A dinâmica familiar muda e os familiares têm que se adaptar a essa nova realidade além de lidar com a doença de alguém próximo. Nesse contexto, os familiares podem passar por dificuldades de enfrentamento uma vez que também vivenciam momentos de estresse, sofrimento, ansiedade e medo perante as situações que poderão vir a enfrentar. 

O estudo buscou abordar a interface entre o estado de adoecimento e hospitalização de entes queridos e o uso de estratégias de enfrentamento pelos familiares da pessoa acometida. Trata-se de uma revisão sistemática na qual foram realizadas consultas utilizando a Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) e os seguintes descritores: enfrentamento, estratégia de enfrentamento, estratégia de coping, enfrentamento familiar, coping familiar. Como critério de inclusão e exclusão, considerou-se apenas estudos publicados entre 2000 e 2012 que abordassem as estratégias de enfrentamento familiar e o processo de paciente-adoecimento-hospitalização-família. Após seleção do filtro foram analisados apenas 8 artigos nesta pesquisa.  

Os resultados apontaram que as estratégias de enfrentamento mais utilizadas pelas famílias foram resolução de problemas, suporte social, reavaliação positiva e estratégias de fuga-esquiva. Já as estratégias de afastamento, confronto e autocontrole foram menos evidenciadas. Os familiares recorreram às estratégias de coping para o ajustamento emocional e psicológico e para lidar com o adoecimento e a hospitalização do familiar. Entretanto, observou-se que foi dada a família pouca ou nenhuma assistência por parte dos profissionais 

Ademais, faz-se importante que as equipes de saúde deem uma maior atenção aos familiares e compreenda o núcleo familiar em sua totalidade, dado que a família é a principal rede de apoio e aliada no processo de tratamento do ente doente. Além disso, as pesquisas analisadas se limitavam a situações de enfrentamento, as doenças crônicas ou ainda ao enfrentamento dos pais cujos filhos adoeceram. Tal fato mostra a necessidade de pesquisas que contemplem outros cenários clínicos quando o tema é enfrentamento de familiares, a exemplo da perda de um membro da família. 


segunda-feira, 28 de setembro de 2020

A influência da ansiedade nas estratégias de enfrentamento utilizadas no período pré-operatório

 

The influence of anxiety in coping strategies used during the pre-operative period 

 

Medeiros, V. C. C, & Peniche, A. C. G. (2006). A influência da ansiedade nas estratégias de enfrentamento utilizadas no período pré-operatório. Revista da Escola de Enfermagem da USP, 40(1), 86-92. doi:10.1590/S0080-62342006000100012 
 

Resenhado por Millena Bahiano 

 

Constantemente os pacientes que se submetem a uma intervenção cirúrgica em instituições hospitalares não dispõem de informações e orientações adequadas quanto as etapas que envolvem uma cirurgia. Este desconhecimento favorece o aparecimento de reações emocionais desadaptativas. O desenvolvimento de estratégias de enfrentamento está diretamente relacionado com a subjetividade e o estado emocional do paciente. Estar informado permite que o paciente desenvolva estratégias de enfrentamento para lutar ou fugir do evento estressor. Cada paciente tem que dispor de recursos para enfrentar a cirurgia, a anestesia e gerenciar a ansiedade que pode vir a anteceder o processo cirúrgico. 

O presente estudo teve como objetivo investigar o estado de ansiedade e a sua interface com as estratégias de enfrentamento dos pacientes no período pré-operatório. A pesquisa foi realizada na Unidade de Clínica Cirúrgica do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo. Para a coleta dos dados foram utilizados o questionário de estado de ansiedade de Spielberger e o inventário de estratégias de coping de Lazarus e Folkman. Como critérios de seleção, os participantes deveriam ser alfabetizados e pertencer ao programa de cirurgias eletivas de médio e grande porte, possuir faixa etária entre 18 e 65 anos e não apresentar intercorrências psiquiátricas anteriores. Participaram do estudo 40 pacientes submetidos a cirurgias eletivas. A amostra foi composta em sua maioria por mulheres (62%) e a média de idade dos participantes foi de 46 anos (DP = 11,24) 

Dentre os resultados, viu-se que, quando questionados sobre cirurgias realizadas anteriormente, 25% dos pacientes nunca haviam se submetido a procedimento anestésico-cirúrgico e 75% já tinham sofrido algum tipo de intervenção cirúrgica. Quanto a ansiedade, 57% dos pacientes apresentaram baixo estado de ansiedade e 43% médio estado de ansiedade, o que caracteriza a amostra como sendo pouco ansiosa, com baixo estado de ansiedade em relação ao evento anestésico-cirúrgico. As estratégias mais utilizadas pelos pacientes foi a resolução de problemas (M = 1,75) seguida do suporte social com uma média de 1,63. Sobre a ansiedade e as estratégias de enfrentamento, obteve-se uma correlação negativa entre o estado de ansiedade e o suporte social e a resolução de problemas. 

O estudo também mostrou que a experiência prévia em intervenções cirúrgicas pode ter influenciado na utilização das estratégias de enfrentamento (suporte social e a resolução de problemas), na avaliação do indivíduo sobre o evento estressor e no baixo nível de ansiedade de alguns pacientes. Segundo os autores, o que determina a escolha das estratégias de enfrentamento será a natureza do estressor, as circunstâncias em que ele se reproduz, a história prévia de confronto a situações adversas. Para a psicologia, se faz importante compreender essa relação entre o uso de estratégias de enfrentamento e ansiedade, uma vez que as reações emocionais negativas podem incorrer em prejuízos psicológicos à vida das pessoas no período do pré e pós operatório.