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segunda-feira, 30 de agosto de 2021

Transtorno de compulsão alimentar: Revisão sistemática da literatura

 

Bloc, L. G., Nazareth, A. C. P., Silva Melo, A. K., & Moreira, V. (2019). Transtorno de compulsão alimentar: Revisão sistemática da literatura. Revista Psicologia e Saúde, 11(1), 3-17. http://dx.doi.org/10.20435/pssa.v11i1.617.

 

Resenhado por Michelle Leite

 

            O transtorno de compulsão alimentar (TCA) é caracterizado pela ingestão de quantidades excessivas de alimentos em um período de duas horas. A quantidade é maior do que outras pessoas consumiriam em contextos semelhantes e o indivíduo come mais rápido do que o normal. Devido a isso, há a presença de sentimentos de vergonha e culpa, além de sensação de falta de controle sobre si e o próprio comportamento de comer. A grande incidência desse transtorno na população estadunidense denotou importância aos episódios de compulsão alimentar, bem como a necessidade de atenção e estudos sobre esse tema. O artigo se tratou de uma revisão sistemática que objetivou descrever e discutir acerca da produção científica sobre a compulsão alimentar entre os anos de 2006 a 2016. Com isso, poderão ser compreendidos elementos que estão envolvidos no transtorno e os impactos para as práticas de saúde.

            A pesquisa foi realizada nas bases de dados SciELO, Science Direct, Redalyc e Lilacs, utilizando os descritores: “transtorno de compulsão alimentar”, “compulsão alimentar”, “binge eating”, “binge eating disorder”, “trastorno por atracón”, “compulsion alimentaria”, “bringue” e “hyperphagie”. Os critérios de inclusão foram: (1) artigos disponíveis na integra, publicados entre janeiro de 2006 e outubro de 2016; e (2) artigos publicados em periódicos com classificação A1, A2, B1 ou B2 segundo o Qualis-Periódicos CAPES. Não foram incluídos na revisão livros, capítulos de livros, cartas aos editores, resenhas de livros e revistas não científicas. Foram encontrados 670 artigos, sendo 152 disponíveis na integra. Desses, 91 artigos duplicados foram eliminados, restando 61. Após a verificação da classificação dos periódicos segundo o Qualis, restaram 35 artigos para análise.

            Verificou-se a maioria dos estudos define o TCA como um transtorno similar à bulimia nervosa, mas sem a presença de comportamentos compensatórios para impedir o ganho de peso. Essa definição está pautada no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 4ª edição (DSM-IV). Pontua-se, ainda, a necessidade de mais estudos sobre o TCA de forma a aprofundar a definição sobre o transtorno. Em relação a outras características associadas ao TCA, os trabalhos apontaram a existência de sentimentos de culpa e desgosto, sintomas de depressão e ansiedade, ideação suicida e sensação de perda de controle. Além disso, o TCA é comórbido a transtornos como a depressão, e a doenças crônicas como obesidade e hipertensão arterial. Por fim, encontrou-se que a auto percepção corporal distorcida e a supervalorização da estética corporal são fatores fundamentais para diagnóstico do TCA.

            Quanto aos tratamentos utilizados, a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) foi a abordagem com maior número de estudos e obteve bons resultados através da diminuição dos sintomas depressivos e reestruturação da percepção da imagem corporal. Outro tratamento discutido foi a Entrevista Motivacional (EM), cuja avaliação foi positiva com indivíduos que possuem o TCA. Acerca da terapia farmacológica, estudos apontaram resultados positivos, como a redução do comportamento compulsivo alimentar e perda de peso, sobretudo se aliada à psicoterapia. Salienta-se a necessidade de mais estudos acerca do TCA, especialmente após a publicação do DSM-5, uma vez que, comparado a outros transtornos alimentares como a bulimia e anorexia, o número de publicações é reduzido.



sexta-feira, 27 de agosto de 2021

Distorções de imagem corporal após rejeição social

Mu, W., Schoenleber, M., Leon, A. C., & Berenbaum, H. (2019). Body Image Distortion Following Social Rejection or Acceptance Cues. Journal of Social and Clinical Psychology, 38(5), 395–408. doi:10.1521/jscp.2019.38.5.395 

Resenhado por Giulia

       A imagem corporal é construída por componentes perceptuais e atitudinais. Distorções de imagem corporal fazem parte dos componentes perceptuais desse construto e acontecem quando a percepção que o indivíduo tem do próprio corpo é inconsistente com suas medidas corporais reais, além de estarem relacionadas com comportamentos maladaptativos, como alimentação restritiva e comportamentos alimentares compensatórios. A insatisfação corporal, por outro lado, é o componente atitudinal da imagem corporal, refletindo o quão inaceitável um indivíduo julga ser seu próprio corpo.

       A construção individual de imagem corporal perpassa por fatores sociais que podem influenciar o modo como as pessoas se veem, como representações midiáticas e interações com outros indivíduos. Por exemplo, receber comentários negativos da família, colegas ou conhecidos está associado com distorções de imagem corporal em crianças e adolescentes, assim como comentários negativos por parte do parceiro romântico pode gerar distorções na imagem corporal de adultos. Evidências mostram que tais fatores colocam as mulheres numa posição de maior vulnerabilidade para distorções corporais. Normas sociais fazem com que respostas negativas diretas sobre a aparência sejam relativamente incomuns no cotidiano, mas em interações interpessoais diárias as pessoas recebem comentários sutis ou implícitos acerca da aceitabilidade social de suas aparências. Consequentemente, por conta da necessidade de se verem como parte de grupos sociais que leva as pessoas a adotarem comportamentos favoráveis para a sua inclusão, sinais de rejeição social podem levar à insatisfação com aspectos pessoais, aumentando autoavaliações negativas.

    O efeito da autovalorização (self-enhancement) é identificado como um dos mediadores que explicam as percepções e comportamentos das pessoas. Ele se refere ao desejo por respostas positivas sobre si e inclui comportamentos autoprotetivos que são desencadeados por experiências ameaçadoras ou negativas, levando ao senso positivo de si mesmo. Por exemplo, uma pessoa pode se avaliar bem em alguns critérios pessoais depois de saber que outras pessoas tinham uma impressão negativa dela.      

     Apesar de poder trazer benefícios a curto prazo, os processos de autovalorização podem trazer prejuízos ao longo do tempo. Há indícios de que a autovalorização pode estar associada com menor autoestima e crescente descompromisso com atividades acadêmicas a longo prazo, além de poder causar conflitos interpessoais por conta da incongruência entre a percepção social e a percepção que a pessoa tem de si mesma. Uma vez que a distorção de imagem corporal e a insatisfação corporal são fatores de risco para a ocorrência de transtornos alimentares, a investigação de aspectos que podem ajudar a explicar essa relação torna-se crucial. Assim, os fatores elucidados no texto podem ter utilidade na promoção de saúde e prevenção de comportamentos alimentares de risco, principalmente em grupos mais vulneráveis. Espera-se que a psicologia da saúde possa colaborar com a ampliação dos estudos sobre a temática que levem em consideração as variáveis indicadas a fim de fornecer evidências científicas sólidas e desenvolver protocolos de tratamento eficazes.



quarta-feira, 25 de agosto de 2021

Promovendo uma imagem corporal positiva e enfrentando o sobrepeso e a obesidade infantojuvenil: Uma abordagem combinada entre Psicologia da Saúde e Saúde Pública

Bray, I., Slater, A., Lewis-Smith, H., Bird, E., & Sabey, A. (2018). Promoting positive body image and tackling overweight/obesity in children and adolescents: A combined health psychology and public health approach. Preventive Medicine116, 219-221. https://doi.org/10.1016/j.ypmed.2018.08.011

Resenhado por Luiz Guilherme L. Silva

O comer transtornado pode ser definido como um problema relativo às atitudes e comportamentos referentes a alimentação. Esse fenômeno existe dentro de um continuum que vai desde a preocupação com peso e forma corporais até os comportamentos extremos de controle alimentar, a exemplo do jejum, da indução à êmese e realização excessiva de exercícios e transtornos alimentares, como a anorexia nervosa e a bulimia. Cogitava-se nas primeiras pesquisas referentes ao assunto que tal problema era apenas sofrido por indivíduos do gênero feminino, mas segundo a literatura, a insatisfação corporal é um fenômeno que afeta ambos os gêneros. O comer transtornado, transtornos alimentares e insatisfação corporal são problemas crescentes na saúde pública devido às suas consequências como depressão, uso e abuso de álcool e outras substâncias, comportamentos sexuais de risco, baixo nível de atividade física, sobrepeso e obesidade.

A insatisfação com o corpo apresenta inúmeros modelos que buscam explicar o desenvolvimento desse fenômeno, sendo o mais comum o das influências socioculturais. Esse modelo postula que a insatisfação é produto de uma série de pressões sociais que buscam encaixar um indivíduo num padrão de beleza ideal. Entretanto, elas podem acarretar em sintomas associados aos transtornos alimentares, por exemplo. Além da insatisfação corporal, o sobrepeso e obesidade são uma ameaça à saúde, pois são fatores de risco para o câncer, diabetes tipo 2 e outras doenças que podem surgir na adultez. Além dos agravantes à saúde, a obesidade e sobrepeso também oneram os cofres públicos com gastos diretos e indiretos em tratamentos de saúde. A prevalência do sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes aumentou significativamente nos últimos 30 anos, sobretudo em países desenvolvidos o que chamou a atenção dos profissionais e pesquisadores da saúde.

Os esforços para reduzir os níveis do comer transtornado têm focado majoritariamente em diminuir a insatisfação corporal, um fator chave para o desenvolvimento de transtornos alimentares. Algumas intervenções focam o contexto institucional, como a veiculação de campanhas e, outras, o nível familiar. No Reino Unido, uma das principais medidas para o alcance de tal objetivo foi a implementação de atividades físicas semanais nas escolas, bem como intervenções extracurriculares para promover a aquisição saudável de massa corporal. Contudo, um problema enfrentado atualmente é a manutenção de tais comportamentos para assegurar seus benefícios a longo prazo. Os autores ainda consideraram que intervenções futuras devem assegurar a valorização igual da saúde física e mental nos currículos escolares, a adoção de medidas positivas em relação à imagem corporal, à ênfase nas atividades físicas para se sentir bem em detrimento da perda de peso ou do ganho de músculos e à capacitação dos professores para se adequarem a tais medidas.

A Psicologia da Saúde aborda as pressões sociais pela magreza e aspectos preventivos de doenças, ao passo que a Saúde Pública se preocupa com a prevenção do sobrepeso e da obesidade. Assim, é necessário buscar formas de intervir nesse fenômeno de modo a não estigmatizar pessoas obesas e com sobrepeso, bem como fomentar práticas mais saudáveis que visem à prevenção de doenças e à promoção do bem-estar em crianças e adolescentes. Ressalta-se, contudo, que um outro problema a ser enfrentado por ambos os campos supracitados é a manutenção de atitudes e comportamentos salutares a longo prazo sem a necessidade de o indivíduo estar vinculado a uma instituição, a exemplo da escola, como foi citado anteriormente, bem como a promoção de atitudes positivas em relação à imagem corporal.



terça-feira, 24 de agosto de 2021

Sobre o autoestigma da doença mental: Fases, divulgação e estratégias para a mudança

Corrigan, P. W., & Rao, D. (2012). On the self-stigma of mental illness: Stages, disclosure, and strategies for change. The Canadian Journal of Psychiatry57(8), 464-469. https://doi.org/10.1177%2F070674371205700804

Resenhado por Maísa Carvalho

Ao serem diagnosticadas com doenças mentais, as pessoas, por vezes, podem experienciar situações de preconceito, discriminação e estigma, os quais podem ser tanto públicos quanto internalizados - também chamado de autoestigma. Esse processo se dá quando o indivíduo internaliza ou assume estereótipos negativos e atitudes que são compartilhadas pelos pares acerca de condições socialmente desfavoráveis, por exemplo, receber o diagnóstico de depressão.

O modelo de estágios do autoestigma e o efeito “por que tentar?”

Existem estágios pelos quais o estigma internalizado se concretiza. São sequenciais e tem como o último ponto o efeito “por que tentar?”. São elas: (1) consciência, em que o indivíduo tem conhecimento dos estereótipos negativos públicos sobre possuir uma doença mental, por exemplo, de que as pessoas com doenças mentais são fracas; (2) concordância, quando se concorda com esses estereótipos; (3) aplicação, fase em que aplica em si os estereótipos negativos; (4) prejuízos, que são as consequências negativas na autoestima e autoeficácia. O efeito do “por que tentar?” está intimamente ligado a esses estágios, sobretudo o último. Quando a autoestima e a autoeficácia do indivíduo são afetadas, ele deixa de tentar alcançar seus objetivos de vida. Ao perceberem a desvalorização, busca-se evitar situações desrespeitosas, o que afeta possibilidades de crescimento importantes para o sujeito.

Revelação: o primeiro passo

Revelar que possui o diagnóstico de uma doença mental pode ter efeitos negativos ou positivos, mas não é uma decisão fácil. Estudos indicam riscos e benefícios para diferentes formas de “sair do armário”, existindo diferentes estratégias para tal, a saber: (1) evitação social; (2) manter em segredo; (3) revelação seletiva, ou seja, quando se revela a condição apenas para algumas pessoas, normalmente que compartilham do mesmo problema, e para outras não. Essa estratégia pode resultar em apoio social; (4) revelação indiscriminada, quando não se esconde de ninguém. Uma consequência negativa dessa estratégia é o conhecimento de estereótipos negativos públicos sobre as doenças mentais; (5) transmissão, buscando educar as pessoas sobre as doenças mentais e procurar outras pessoas para compartilhar o histórico e experiências associadas com essa condição.

Métodos para reduzir o estigma

A formulação de programas e estratégias governamentais são métodos que vêm sendo utilizados para a redução do estigma, auxiliando o combate a esse fenômeno e buscando disseminar um clima de suporte social entre as pessoas que enfrentam essa condição. Todavia, apesar de o estigma sobre as doenças mentais impactar direta e indiretamente na busca por tratamento, e acarretar em uma sobrecarga mental ainda maior para indivíduos que possuem esses diagnósticos, nem sempre essa questão é abordada em algumas culturas. A Psicologia da Saúde é uma subárea da ciência psicológica que pode contribuir para a exposição dos prejuízos ocasionados pelo processo de estigmatização e pelo autoestigma na adaptação psicológica e tratamento dessas pessoas. Dessa forma, é importante que sejam realizados estudos que exponham cada vez mais os malefícios associados ao estigma, especialmente o internalizado.



segunda-feira, 16 de agosto de 2021

Insatisfação com a imagem corporal e fatores associados em estudantes universitários

 

Cardoso, L., Niz, L. G., Aguiar, H. T. V., Lessa, A. C., Siqueira e Rocha, M. E., Rocha, J. S. B., & Freitas, R. F. (2020). Insatisfação com a imagem corporal e fatores associados em estudantes universitários. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, 69(3), 156-64. DOI: 10.1590/0047-2085000000296

Resenhado por Jéssica Dantas

            A imagem corporal (IC) pode ser compreendida como uma ilustração desenvolvida pelo indivíduo, acerca da sua aparência física, que envolve pensamentos e sentimentos. Nesse contexto, em algumas situações, a insatisfação corporal afeta a IC. Trata-se de um sentimento negativo que desencadeia sofrimento psíquico significativo em relação ao corpo percebido como ideal.

            A mídia vem sendo apontada como o principal canal de propagação e imposição de certos padrões estéticos. O público universitário vem ganhando destaque no âmbito dessa discussão por ser considerado um grupo mais suscetível, pelo momento desenvolvimental peculiar que vivenciam, aos impactos decorrentes dessa problemática. Estudos vêm apontando para um aumento na prevalência e risco de transtornos de comportamentos alimentares em estudantes universitários, principalmente da área da saúde.

Considerando tais indícios, o presente estudo, de caráter descritivo e transversal, teve como objetivo avaliar a prevalência da insatisfação com a IC e os fatores associados entre universitários da área da saúde. Para isso, foram utilizados seis instrumentos autoaplicáveis: questionário socioeconômico, demográfico e de hábitos de vida adaptado do Vigitel, o Body Shape Questionnaire (BSQ), o Eating Attitudes Test (EAT-26), o Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ), o Inventário de Ansieda­de de Beck (BAI) e o Inventário de Depressão de Beck (BDI). As medidas antropométricas também foram coletadas. Participaram do estudo 364 acadêmicos matriculados em cinco cursos da área da saúde de uma Instituição de Ensino Superior privada da cidade de Montes Claros (MG).

Os resultados mostraram prevalência de insatisfação com a imagem corporal em 9,1% entre os universitários. As variáveis que se mostraram associadas a maior prevalência de insatisfação com a imagem cor­poral foram: cor da pele não branca; realização de tratamento para perder peso; presença de atitudes para transtorno alimentar como dieta, bulimia, preocupação com alimentos e autocontrole oral; estado de saúde regular/ruim; ansiedade moderada/grave e circunferência abdominal que é considerada risco para doenças cardiovasculares (≥ 80 cm para mulheres e ≥ 94 cm para homens). O estudo constatou uma prevalência de insatisfação com IC abaixo do que é relata­do na literatura. Para os autores, tal variação pode estar relacionada aos instrumentos e métodos.

Por se constituir um grupo suscetível à pressão sociocultural acerca da aparência e boa forma, estando, portanto, mais vulnerável à insatisfação corporal e efeitos que podem desencadear distúrbios e trazer prejuízos à saúde, torna-se relevante a ampliação de estudos com jovens acadêmicos nesse contexto. Assim, é fundamental que estudiosos da psicologia da saúde se dediquem à temática e possam auxiliar na elaboração de ações educativas e intervenções psicoterapêuticas que levem à atenuação dos impactos físicos e psicológicos, contribuindo para a promoção de saúde e bem-estar.



domingo, 15 de agosto de 2021

Pandemia de Covid-19 agravou casos de anorexia, bulimia e outros transtornos


Postado por Luana C. Silva-Santos

 

O novo coronavírus trouxe mudanças no cotidiano de todas as pessoas, além do estresse diante da pandemia o âmbito profissional também passou por profundas transformações com o crescente aumento do home office. Como consequências, tem sido observado o agravamento de distúrbios psicológicos e, consequentemente, dos transtornos alimentares, como a compulsão alimentar, a anorexia e a bulimia. Os transtornos alimentares geralmente estão relacionados com o sobrepeso, que por sua vez tem sido visto como um fator de risco para agravamento de casos de COVID-19, o que denota a importância de ações preventivas voltadas aos transtornos alimentares.


https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2021/05/pandemia-de-covid-19-agravou-casos-de-anorexia-bulimia-e-outros-transtornos.shtml




quinta-feira, 12 de agosto de 2021

A influência da ansiedade na compulsão alimentar e na obesidade de universitários

Munhoz, P. G., Borges, G. R., Beuron, T. A., & Petry, J. F. (2021). A influência da ansiedade na compulsão alimentar e na obesidade de universitários. Revista de Gestão em Sistemas de Saúde, 10(1), 21-44. https://doi.org/10.5585/rgss.v10i1.14834

Resenhado por Brenda Fernanda

 

A obesidade é considerada um problema de saúde pública e, por vezes, pode vir acompanhada do transtorno de compulsão alimentar e de sintomas ansiosos. A ansiedade tende a exacerbar a compulsão alimentar, relacionando-se, portanto, com a obesidade. Diante disso, o objetivo do presente estudo foi investigar a influência da ansiedade na compulsão alimentar e obesidade em estudantes universitários.

O estudo consistiu em uma pesquisa de levantamento descritiva com análise quantitativa, e contou com a participação de 373 indivíduos, com idade média de 26,6 anos (DP = 9,49), sendo a maioria do sexo feminino (65,1%). Foram utilizados como instrumentos o IDATE, especificamente a subescala para avaliar a ansiedade como traço, a Escala de Compulsão Alimentar Periódica (ECAP) e o IMC como indicador de obesidade.

Observou-se que os estudantes pesquisados possuem um IMC que demonstra um pequeno sobrepeso (M = 25,5; DP = 5,19). Em relação à influência da ansiedade na compulsão alimentar, a hipótese foi corroborada. Entretanto, no que diz respeito à ansiedade e IMC, não foi identificada influência direta. Já a compulsão alimentar, por sua vez, influencia no índice de massa corporal. O modelo inicial, que acreditava que a ansiedade influenciava na compulsão e na obesidade, e a compulsão influenciava a obesidade, foi ajustado para um modelo em que a ansiedade interfere na compulsão, que interfere no IMC.

Concluiu-se, portanto, que níveis mais elevados de ansiedade se relacionam com a compulsão alimentar, que pode levar à obesidade. Estudos como este se mostram relevantes à psicologia da saúde pois identificar fatores de risco é fundamental para se pensar em intervenções e tratamentos adequados, visando a promover saúde física e mental e prevenir o adoecimento.



quarta-feira, 11 de agosto de 2021

Tratamento Cognitivo-Comportamental do transtorno alimentar restritivo/evitativo

 

Thomas, J. J., Wons, O., & Eddy, K. (2018). Cognitive-behavioral treatment of avoidant/restrictive food intake disorder. Current opinion in Psychiatry, 31(6), 425-430. doi:10.1097/YCO.0000000000000454.

 

Resenhado por Luanna Silva

 

O transtorno alimentar restritivo/evitativo (TARE) é caracterizado pela evitação ou restrição alimentar, a qual é motivada pela sensibilidade às características sensoriais dos alimentos, medo das consequências aversivas de comer ou falta de interesse em comida. Essa é uma categoria diagnóstica recente, que apenas no ano de 2013 entrou para o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5). O TARE pode levar a consequências como perda de peso ou crescimento deficiente, deficiência nutricional, dependência de suplementos nutricionais ou alimentação por sonda, além de comprometer a qualidade de vida daqueles que sofrem com essa condição.

Indivíduos com diferentes características clínicas e sociodemográficas podem desenvolver esse transtorno. A literatura relata casos em todas as etapas do desenvolvimento, em ambos os sexos e associação com diversas comorbidades como o transtorno do espectro autista. A heterogeneidade observada na manifestação do TARE pode individualizar as necessidades de tratamento, dificultando a identificação de abordagens universais. Por ser uma categoria recente, ainda não existem evidências suficientes que recomendem um tratamento adequado para todas as formas de manifestação do transtorno. Os tratamentos descritos recentemente na literatura incluem o treinamento de pais, abordagens cognitivo-comportamentais e farmacoterapia. Neste artigo, os autores descrevem a formulação de um protocolo baseado em Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), o qual eles têm testado no Massachusetts General Hospital. O objetivo do tratamento é reduzir o comprometimento nutricional e aumentar as oportunidades de exposição a novos alimentos, abordando os sentimentos negativos e previsões catastróficas associados à ingestão de comida. Pode ser utilizado com crianças, adolescentes e adultos, sendo apropriado para indivíduos que estão clinicamente estáveis, atualmente aceitando pelo menos alguns alimentos por via oral e que não estão recebendo alimentação por sonda,

Quanto a estrutura, é proposto que sejam realizadas 20 sessões para pacientes que não estão abaixo do peso e 30 para aqueles que precisam ganhar peso significativo. As sessões devem seguir uma programação em quatro níveis. O primeiro estágio tem como base a psicoeducação sobre o transtorno e TCC aplicada a TARE. Além disso, é solicitado monitoramento do padrão de alimentação, variações na apresentação de alimentos preferidos e reintrodução daqueles que foram previamente descartados. Na segunda etapa é realizada psicoeducação sobre deficiências nutricionais. O terceiro passo é considerado o mais importante do tratamento, nele o terapeuta deve focar no mecanismo de manutenção do TARE presente para o paciente, ou seja, sensibilidade sensorial, medo de consequências aversivas ou falta de interesse em comida. Em casos com múltipla apresentação, o terapeuta deve abordar o mecanismo primário ou mais prejudicial. Embora as intervenções do estágio 3 sejam diferentes, com base no mecanismo específico, o elemento comum a todos é a exposição. No quarto e último nível, paciente e terapeuta trabalham em um plano de prevenção de recaída e estabelecem metas para o futuro.

O TARE é uma condição que ainda precisa ser explorada, sua inclusão recente no DSM-5 mostrou a urgência da realização de pesquisas sobre esse tema, especialmente no que se refere ao tratamento. Ademais, psicólogos da saúde podem colaborar realizando investigações que forneçam evidências robustas e que demonstrem a abordagem mais apropriada para o tratamento desse transtorno.



segunda-feira, 9 de agosto de 2021

Saúde mental das crianças e adolescentes em tempos de pandemia: Uma revisão narrativa

Mangueira, L. F. B., Negreiros, R. A. M., Diniz, M. D. F. F. M., & de Sousa, J. K. (2020). Saúde mental das crianças e adolescentes em tempos de pandemia: Uma revisão narrativa. Revista Eletrônica Acervo Saúde12(11), 1-8. https://doi.org/10.25248/reas.e4919.2020

 

Resenhado por: Mariana Menezes

 

Os reflexos psicossociais da pandemia nas populações afetadas são, muitas vezes, mais prejudiciais que a doença propriamente dita. Crianças e adolescentes estão em risco de adoecerem ou presenciarem doentes seus pais, parentes e outros membros significativos de suas comunidades. Nesse contexto de pandemia, crianças e adolescentes estão entre os mais vulneráveis a danos psicológicos. As crianças e adolescentes, nas circunstâncias de crise, são especialmente susceptíveis a problemas de saúde mental, como observado durante outros momentos similares na história.

Desta forma, o objetivo da pesquisa foi explorar os efeitos da pandemia nas crianças e adolescentes, apresentando os aspectos referentes à saúde mental, observados em períodos vivenciados anteriormente, dada a importância de se planejar uma rede de apoio eficaz e fortalecer as ações de enfrentamento a problemática decorrente da COVID-19.

Verificou-se que a pandemia causou diversos impactos como o fechamento de escolas, impedimento as atividades presenciais e outras medidas que produzem reflexos sociais, psicológicos e econômicos. Além de que muitos serviços básicos, relacionados a assistência à saúde e lazer, ficaram inacessíveis, além de carecer de redes de suporte a saúde mental da criança e do adolescente. Também houve a necessidade de reorganização das rotinas das crianças e mudanças no estilo de vida delas, tornando-as, devido ao isolamento social, ansiosas, inseguras, sentindo-se solitárias, com comunicação pobre e perturbações do humor. Quanto maior for o tempo de confinamento, piores podem ser os resultados para a saúde mental, especialmente os comportamentos de evitação, raiva e ansiedade.

Durante a pandemia da COVID-19, o temor de ficar doente também pode gerar consequências graves, como a somatização aguda. Há casos em que, mesmo após a confirmação da ausência do vírus via exames laboratoriais, o medo excessivo e desproporcional de sintomas permanece, sendo este uma das principais manifestações que a criança e o adolescente experimentam após vivenciar ou presenciar o incidente biológico, acompanhados de outros sintomas que podem ser súbitos e elusivos. Outros efeitos da pandemia para crianças e adolescentes: respostas ao estresse capazes de gerar comportamentos inadequados de proteção a saúde (a exemplo da somatização), grande prevalência do relato de insônia, instabilidade emocional, choro frequente, depressão, medo, tristeza, irritabilidade e exaustão emocional.

Portanto, as pandemias estão associadas as mais diversas implicações na vida de crianças e adolescentes, podendo ser observadas sensações de medo, tédio e solidão, além de alterações dos padrões de sono, alimentação e comportamento. Deste modo, é fundamental que os profissionais da saúde, estejam atentos para reconhecerem possíveis prejuízos funcionais e adotarem estratégias terapêuticas em tempo hábil, pretendendo evitar a progressão para quadros clínicos de mais difícil controle. Outra recomendação é que a família assuma um papel de proteção e cuidado, desenvolvendo atividades lúdicas e práticas para aliviar o estresse, dentro de um ambiente seguro e acolhedor, respeitando os limites de uma rotina saudável e contribuindo para a preservação do bem-estar e apoio mútuo dentro da coletividade. Por fim, destaca-se a importância de fomentar políticas públicas de acolhimento, cuidado e educação, visando a prevenção de doenças e a manutenção da saúde física e mental das nossas crianças e adolescentes.



quarta-feira, 4 de agosto de 2021

Regulação Emocional e Qualidade do Relacionamento com os pais como preditoras de Sintomatologia Depressiva em adolescentes

Antunes, J., Matos, A. P., & Costa, J. J. (2018). Regulação emocional e qualidade do relacionamento com os pais como preditoras de sintomatologia depressiva em adolescentes. Revista Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental, 52-58. https://doi.org/10.19131/rpesm.0213

 

Resenhado por Ariana Moura

A depressão tem sido apontada como uma das maiores causas de incapacidade no mundo, sendo a adolescência um período de elevadas taxas de prevalência de sintomatologia depressiva, principalmente nas meninas. A depressão envolve questões relacionadas à regulação emocional, tendo em vista que os indivíduos depressivos apresentam dificuldades em experienciar as emoções. Entre os aspectos desenvolvimentais associadas à adolescência encontra-se a individualização que se caracteriza pela diminuição da dependência em relação a pessoas significativas, e o aumento da autonomia. No entanto, os pais permanecem como figuras de vinculação importantes, sendo que a satisfação de necessidades relacionais na família, combinada com uma autonomia não excessiva, encontra-se associada a melhor ajustamento psicossocial.

Esse estudo, tratou-se de uma pesquisa longitudinal que teve como objetivo estudar os efeitos preditores das estratégias de regulação emocional e da qualidade do relacionamento com os pais no desenvolvimento de sintomatologia depressiva em adolescentes portugueses. A amostra foi constituída por 566 adolescentes (60, 25% do sexo feminino) com idades entre os 13 e 17 anos (M = 14,43; DP = 867). Para a coleta dos dados utilizou-se um questionário sociodemográfico, o Inventory of the Quality of Interpersonal RelationsIQRI e o Cognitive Emotion Regulation Questionnaire – CERQ.

Nos resultados observou-se que as meninas apresentaram níveis superiores de sintomatologia depressiva, recorreram mais à autocrítica, ruminação e aceitação, e apresentaram níveis superiores de suporte, profundidade e conflito no relacionamento com a mãe e níveis superiores de profundidade no relacionamento com o pai. Os meninos mostraram recorrer mais à estratégia de regulação emocional de culpar o outro. As estratégias de regulação emocional de autocrítica, catastrofização e ruminação foram preditoras positivas e significativas de sintomatologia depressiva no segundo momento de avaliação. A reavaliação positiva e o replanejamento apresentaram-se como preditoras negativas e significativas de sintomatologia depressiva.

Os dados encontrados possibilitam à Psicologia da Saúde uma melhor compreensão sobre os fatores de proteção e de risco no desenvolvimento de sintomatologia depressiva. Tal conhecimento poderá auxiliar em futuras intervenções no tratamento e na prevenção da depressão na adolescência. Desta forma, os psicólogos podem trabalhar aspectos como a psicoeducação sobre estratégias de regulação emocional e incentivar o uso adequado de estratégias adaptativas nos adolescentes, a fim de melhorar as relações entre pais e filhos e prevenir a depressão nos jovens.



terça-feira, 3 de agosto de 2021

Dor e sofrimento

Loeser, J. (2000). Pain and suffering. The Clinical Journal of Pain16(2), 2-6. https://doi.org/10.1097/00002508-200006001-00002

Resenhado por Maísa Carvalho

Apesar de a medicina ter avançado consideravelmente em termos de cuidado e tratamento de doenças, o modelo biomédico vem se mostrando, no decorrer da história, displicente a variáveis que possam interferir no desenvolvimento e no curso da patologia, por exemplo, a tolerância a dor e ao sofrimento, que são subjetivas para cada indivíduo. Nessa perspectiva, ambos processos são complexos e não podem ser descritos apenas pela ótica da medicina tradicional.

Componentes da dor

A dor, propriedade cerebral derivada de processos bioquímicos e neurais, é um recurso consciente. Todavia, ainda que seja importante para a percepção do processo de adoecimento, não é ela que leva o indivíduo a buscar o tratamento, e sim o sofrimento. Assim, é importante perceber a dor não de forma isolada, porém em conjunto com outros elementos que a compõem. O ciclo da dor possui quatro componentes, a saber: nocicepção, que é um fenômeno de codificação e processamento físico/químico que resulta na dor; a própria dor, um estímulo nocivo ao corpo e que usualmente leva ao sofrimento; o sofrimento, a consequência física ou psicológica advinda de uma ameaça à integridade do ser humano; e o comportamento de dor, que reflete as ações verbais ou não-verbais que exprimem a dor. Esses comportamentos são reais, influenciados pelo sofrimento e pelo ambiente no qual o indivíduo está inserido, além de que podem ser antecipados ou não.

Tipos de dor

Existem três classes de dor: a breve, a aguda e a crônica. A primeira é eliciada pela ativação dos transmissores nociceptivos da pele e de outras partes do corpo. Possui curta duração, pouca intensidade e é cessada quando o estímulo nocivo é removido. A segunda é mais intensa, dura um tempo relativamente curto e o processo de cura pode ocorrer com o uso de métodos de cuidado externos, por exemplo, medicamentos. A terceira e última é persistente, dura um longo período de tempo e é usualmente relacionada a doenças. Ademais, pode ser perpetuada por fatores tanto patogênicos quanto físicos ou psicológicos distintos da causa originária. A principal diferença entre as dores aguda e crônica não é o tempo de duração, mas a habilidade do corpo de se recuperar e restaurar normalmente.

Sofrimento

O sofrimento é um elemento crucial na compreensão da dor e não é um processo simples de se compreender. Ele pode ser resultante da dor ou pode ser engendrado por outros estados, como medo, ansiedade, depressão, raiva, luto etc. Há muitas críticas ao modelo biomédico por se concentrar quase que exclusivamente nas consequências biológicas e na patologia em si, mas desconsiderar o sofrimento e desfechos psicológicos a ele associados. Diferentemente da dor, o sofrimento não pode ser encontrado examinando o corpo dos pacientes, pois existe na mente do indivíduo. Por fim, os eventos que levam ao sofrimento diferem de uma pessoa para outra. Nesse prisma, a Psicologia da Saúde é uma sub área da Psicologia que investiga as diferenças individuais e a adaptação psicológica das pessoas atinentes a diversos desfechos em saúde. Dessa forma, percebe-se a importância da continuidade de estudos e pesquisas que investiguem facetas do sofrimento em diferentes públicos e o impacto desse fenômeno na saúde física e psicológica das pessoas.



domingo, 1 de agosto de 2021

A relação do comportamento alimentar com a autopercepção da imagem corporal

  

Ribeiro, G. M. T., Pereira, L. C. S., & Mello, A. P. Q. (2020). A relação do comportamento alimentar com a autopercepção da imagem corporal. Advances in Nutritional Sciences, 1. https://doi.org/10.47693/ans.v1i1.4

 

Resenhado por Giulia

 

            Os hábitos alimentares são produzidos com base em uma predisposição genética e são mudados na interação com o contexto ambiental em que o indivíduo é inserido. Assim, a relação do indivíduo com a alimentação é formada desde o aleitamento materno e ao longo de toda a infância sob responsabilidade da família, sendo influenciada pela maneira com que os alimentos são introduzidos na vida da criança. Um comportamento alimentar restritivo pode ser consequência da interação entre o ambiente familiar e social e a influência da mídia, podendo também funcionar como fator de risco para transtornos alimentares (TA) em crianças. Logo, o estudo realizou uma revisão da literatura a fim de identificar a relação do comportamento alimentar com a percepção de imagem corporal em diferentes grupos.

          Crianças e adolescentes demonstraram uma insatisfação corporal considerável, sendo que a maior parte dos insatisfeitos tinha boa nutrição. Também foram descobertas diferenças significativas entre os gêneros, com os meninos apresentando maior satisfação com o próprio corpo. Entretanto, as partes para as quais a insatisfação era majoritariamente dirigida divergia: nos meninos, a maior preocupação era com os braços e, nas meninas, com a altura. Além disso, os meninos desejavam ganho de peso, ao passo que as meninas desejavam perda de peso, levando-as a ter maior restrição alimentar. Nas crianças que se perceberam mais acima do peso, o comportamento alimentar inadequado estava relacionado com a insatisfação corporal e a idealização de um corpo magro, apresentando alimentação mais restritiva. Consequentemente, tanto a imagem corporal quanto o comportamento alimentar puderam predizer desenvolvimento de TA nesse grupo. A exposição à mídia e conversas sobre peso foram apontadas como os maiores preditores de restrição alimentar nessa fase.

            Os adolescentes demonstraram dificuldades na percepção da fome e, nesse mesmo grupo, houve correlação positiva entre insatisfação corporal e comportamento alimentar de restrição, ou seja, quanto maior a insatisfação, mais restritiva era a alimentação. Um dos fatores de risco para a insatisfação corporal nessa faixa etária foi a alta exposição às mídias sociais, sendo que o acesso diário de redes sociais como Facebook e Instagram tornavam os adolescentes cerca de quatro a seis vezes mais insatisfeitos com o corpo.    

A intervenção psicológica é fundamental para promover mudanças comportamentais e cognitivas que previnam problemas ligados ao desenvolvimento de TA, como os comportamentos alimentares restritivos e a autopercepção de imagem corporal. Assim, destaca-se o papel da psicologia da saúde no sentido de identificar fatores de risco para os TA em crianças e adolescentes de forma precoce e promover os fatores de proteção, aumentando as chances de prognóstico positivo. Além disso, psicólogos da saúde também podem atuar desenvolvendo protocolos de atendimento e intervenção eficazes para aumentar o bem-estar emocional nessa faixa etária.