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sábado, 10 de junho de 2023

O Modelo Transteórico de Mudança de Comportamento

 

Sutton, S. (2001). Transtheoretical model of behaviour change. In Cambridge Handbook of Psychology, Health and Medicine (pp. 228–232). Cambridge University Press.

 

Resenhado por Matheus Macena‌

 

O Modelo Transteórico de Mudança de Comportamento (MTMC) evoluiu através de estudos que examinaram as experiências de fumantes que pararam por conta própria e aqueles que necessitaram de tratamento adicional pois não eram capazes de parar por conta própria. Foi identificado que as pessoas param de fumar quando elas se sentem prontas para fazê-lo. O MTMC foca na tomada de decisão individual, priorizando o pressuposto de que as pessoas não mudam de comportamento rapidamente e de forma decisiva. Assim, a mudança de comportamento, especialmente comportamento habitual, ocorre continuamente através de um processo cíclico. O MTMC não é uma teoria, mas um modelo; diferentes teorias e construtos comportamentais podem ser aplicados a vários estágios do modelo onde eles possam ser mais eficazes.

O MTMC postula que os indivíduos passam por “seis estágios de mudança”, a saber: Pré-contemplação, contemplação, preparação, ação, manutenção e término. Para cada estágio de mudança, existem diferentes estratégias de intervenção para levar a pessoa entre cada estágio de mudança e subsequentemente através do modelo até a manutenção. Na etapa de pré-contemplação, as pessoas não têm a intenção de agir dentro dos próximos 6 meses. As pessoas muitas vezes não têm consciência que seu comportamento produz consequências negativas e subestimam os benefícios de mudar o comportamento enquanto enfatizam os aspectos negativos da mudança de comportamento. Na segunda fase, contemplação, as pessoas têm a intenção de iniciar o comportamento saudável dentro dos próximos 6 meses. As pessoas reconhecem que seu comportamento pode ser problemático e uma consideração mais cuidadosa e prática dos prós e contras da mudança de comportamento ocorre, com igual ênfase em ambos. Mesmo com esse reconhecimento, pode ocorrer a sensação de ambivalência em relação à mudança de comportamento. O terceiro estágio, preparação, inaugura as fases de “ação”. Neste estágio as pessoas estão prontas para agir nos próximos 30 dias. As pessoas começam a dar pequenos passos em direção à mudança de comportamento e creem que a mudança de comportamento pode levar a uma vida mais saudável. Na próxima fase, ação, o comportamento foi modificado nos últimos 6 meses, avançando na mudança do comportamento problemático ou adquirindo novos comportamentos saudáveis. Enquanto na fase de manutenção as pessoas mantiveram sua mudança de comportamento por mais de 6 meses e pretendem manter a mudança de comportamento no futuro, trabalham para evitar recaídas aos estágios anteriores. Por fim, na fase de término as pessoas não têm desejo de retornar aos seus comportamentos prejudiciais e têm certeza de que não terão recaídas. Como isso raramente é alcançado e as pessoas tendem a permanecer na fase de manutenção, ela geralmente é desconsiderada no contexto da saúde.

A “progressão” pelos estágios de mudança engloba processos cognitivos, afetivos e avaliativos a fim de produzir estratégias para manutenção da mudança. Dentre as estratégias estão: conscientização, incrementar o conhecimento sobre comportamentos em saúde; avaliação ambiental, avaliação social da influência do próprio comportamento em outras pessoas; controle de estímulo, estruturar o ambiente para auxiliar e encorajar comportamento saudáveis ou remover comportamentos danosos a saúde; autoavaliação, avaliação individual do papel do comportamento em saúde; "autoliberação", comprometimento com mudança no comportamento em saúde baseado na crença de que o comportamento é realizável. Assim, vê-se que o modelo fornece estratégias para intervenções, na psicologia da saúde, que visam abordar o processo de tomada de decisão em suas várias, permitindo intervenções personalizadas e eficazes. Com isso, entende-se que o MTMC incentiva a avaliação do estágio atual de mudança de um indivíduo e leva em consideração as recaídas no processo de tomada de decisão.

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