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segunda-feira, 25 de agosto de 2014

A percepção sobre o uso de esteróides anabólico-androgênicos (EAA) nas atividades físicas pelos praticantes de musculação no Brasil: obsessão corporal versus saúde.

Resenhado por Monique Carregosa

Menezes, T. M. & Brito, V. C. (2013). A percepção sobre o uso de esteróides anabólico-androgênicos (EAA) nas atividades físicas pelos praticantes de musculação no Brasil: Obsessão corporal versus saúde. XIII Jornada de ensino, pesquisa e extensão – JEPEX  – UFRPE: Recife. 
       
O objetivo e a metodologia deste trabalho foi fazer um levantamento bibliográfico sobre a percepção dos praticantes de atividades físicas nas academias do Brasil, acerca da utilização de esteróides anabólico-androgênicos (EAA). Para atingir tal finalidade, analisou-se artigos científicos e monografias, datados de 1994-2012, os quais foram pesquisados nas bases de dados Pubmed/Medline, Scielo e Lilacs.
A partir da referida análise, observou-se que a percepção dos praticantes de atividades físicas e/ou atletas das academias brasileiras se estrutura em torno dos termos “ganho de força” e “estética”, ou seja, estes são os principais motivadores para a utilização dos EAA por esses grupos.
Chegou-se à descrita conclusão, devido aos resultados das pesquisas dos seguintes autores: Frizon et. al. (2005), Iriart et. al. (2002), Iriart et.al. (2009), Luz (2003) e Santos (2012). Iriart et.al.(2009), por exemplo, realizou uma pesquisa em academias de bairros populares e de classe média na cidade de Salvador e constatou que a preocupação com a estética, além do medo de envelhecer e o desejo de manter-se jovem, foram as principais motivações e “justificativas” para a prática de exercício físico.
Esse mesmo autor, mas noutro trabalho (Iriart et. al., 2002), agora nas academias da cidade de Salvador com fisiculturistas, fez um levantamento com o referido público-alvo e encontrou nos relatos que o uso dos anabolizantes ocorre de maneira irregular, isto é, ora contínuo, ora diário ou com intervalos maiores, sendo que as interrupções só são feitas por causa dos efeitos colaterais, pois retornam ao uso devido à falta de motivação para se exercitar e insatisfação corporal quando em abstinência da droga. O autor ainda destaca que normalmente os atletas preparam e compartilham coquetéis à base de dois ou três esteróides androgênicos e ADE e que este culto ao corpo musculoso contribui para o aumento do consumo de anabolizantes, uma vez que incita a competição.
Sobre o uso da substância ADE, que não é um EAA, faz-se importante frisar que este óleo vitamínico foi enfatizado nos estudos de Santos (2012) porque curiosamente os praticantes de musculação das academias de Porto Velho utilizam essa droga como anabolizante. Esse resultado sugere que os seus usuários desconhecem a sua composição e o seu efeito.
Luz (2003) entrevistou praticantes de atividade física de uma academia do Rio de Janeiro, e confirmou que para tais atletas, o “corpo em forma” significa ter um corpo saudável, uma vez que a apresentação corporal seria uma espécie de refletor da saúde do sujeito. Portanto, a quantidade de músculos, segundo a concepção destes, passa a ser um indicador significativo de boa saúde. A percepção apontada ratifica as considerações   realizadas por Frizon et. al. (2005), nos municípios de Erechim e Passo Fundo no Rio Grande do Sul, pois os participantes, todos do sexo masculino, revelaram que a estética e o ganho de força eram os principais estimuladores para o consumo de EAA.
Portanto, é notório que a percepção dos praticantes de atividades físicas e/ou atletas das academias do Brasil é compartilhada, uma vez que as pesquisas descritas concluíram que o culto ao corpo tem sido o grande propulsor do uso de EAA. O resultado é preocupante à medida em que se constata que parte dos usuários desconhece as consequências dessas substâncias no organismo, ou, se sabem, criam estratégias para suavizar os seus efeitos.

A leitura do presente texto é recomendada a todos que almejem conhecer esse mundo do “belo” e as implicações voltadas para a busca de um “corpo perfeito”, em troca do reconhecimento social e consequente elevação da autoestima. Ademais, é bastante relevante compreender como estes usuários concebem a droga, a fim de ser possível planejar e executar intervenções e medidas preventivas mais efetivas.

domingo, 24 de agosto de 2014

CIBERCONDRIA

Postado por Ariane de Brito


A “cibercondria” é um tipo de “hipocondria cibernética”, caracterizada por uma preocupação excessiva e infundada quanto a sintomas comuns, a partir de pesquisas realizadas na web. Estudos têm indicado que quando o conteúdo encontrado na Internet é utilizado como ferramenta de autodiagnóstico, ele tende a aumentar a ansiedade das pessoas, principalmente àquelas que não possuem conhecimento médico.  Segundo os pesquisadores, o autodiagnóstico online geralmente leva os usuários a esperar o pior em relação a sua saúde; além disso, estes costumam automedicar-se com base no que leram em suas buscas online, fator este muito grave devido às complicações e consequências que pode gerar a automedicação. Educar a população em geral de que a Internet não é a melhor fonte para consultar doenças, sintomas e tratamento, e que apenas médicos e profissionais da saúde podem realizar esse trabalho, é uma das formas para prevenir a “cibercondria”.


sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Aspectos económicos y epidemiológicos de los transtornos de anseidad generalizada: uma revisión de la literatura.

                                                                                      Resenhado por Rafael Matos

Albarracín, G., Rovira. J., Carreras, L. & Rejas, J (2008). Aspectos económicos y epidemiológicos de los trastornos de ansiedad generalizada: Una revisión de la literatura. Actas Espanolas de Psiquiatria. 36,165-176.
            O presente artigo objetiva por meio de uma revisão de literatura determinar qual a prevalência estimada, quais as diretrizes de tratamento mais utilizadas e os custos que o transtorno de ansiedade generalizada gera na Espanha.
            A ansiedade é uma emoção natural, presente em todas as pessoas, só que em graus diferentes. Apresenta uma função adaptativa, uma vez que alerta o indivíduo quanto a uma ameaça potencial. Entretanto, quando em nível elevado provoca mudanças somáticas e psicológicas que influenciam de modo negativo na conduta e no funcionamento das pessoas.
            O Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) é um exemplo desta amplificação do nível de ansiedade, sendo ainda, caracterizado pela inexistência de uma circunstância particular ambiental que o cause.
            Juntamente com o Transtorno de Abuso de Substâncias, o TAG é o transtorno psiquiátrico mais frequente na Europa e nos EUA, acometendo respectivamente 2 e 5% da população. Segundo estudo realizado em seis países pela ESEMeD ( European Study ofthe Epidemiology of Mental Disorder) é estimado que cerca de 14% dos europeus desenvolvam algum transtorno de ansiedade em algum momento da vida.
            Quanto ao tratamento, os autores mostram que o TAG apresenta algumas dificuldades, uma vez que este transtorno é subdiagnosticado, ou seja, ainda não é suficientemente explicado e identificado por si mesmo; e ainda possui uma alta taxa de comorbidade com outros transtornos, para citar alguns: depressão maior, que por sua vez esta está associada ao diabetes mellitus, os transtornos decorrentes do uso abusivo de substâncias, transtorno do pânico, dentre outros. Desta forma, o diagnóstico do TAG passa a ser por exclusão, tendo o profissional que descartar outras enfermidades médicas.
           Em relação aos custos, este envolve gastos desde necessidades correspondentes a atenção primária quanto à atenção de serviços de urgência e hospitalização, além da fabricação de medicamentos, uma vez que na Espanha um dos tratamentos mais utilizados dá-se com o uso de fármacos, sendo os benzodiazepínicos, os ansiolíticos e os antidepressivos os mais utilizados.
           Finalizando, os autores do artigo trazem uma contribuição a respeito dos custos causados devido ao TAG, custos estes que não podem ser delimitados especificamente, visto à alta taxa de comorbidade que o transtorno em questão apresenta. Desta forma a conclusão dos estudos mostrados aqui neste artigo tem uma utilidade limitada já que permite somente fazer uma análise dos aspectos econômicos da TAG por associações com os transtornos. Todavia aqui nos é interessante, já que nos faz pensar que às vezes uma condição médica está associada a outras, o que implica no momento de decisão quanto à postura que deve ser tomada, considerando o todo e não uma parte do problema.



quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Avaliação da autoestima em pessoas vivendo com HIV/AIDS no município de Ribeirão Preto –SP

Resenhado por Luana Santos


Castrighini, C., Reis, R., Neves, L., Brunini, S., Caninis, S. & Gir, E. (2013). Avaliação da autoestima em pessoas vivendo com HIV/AIDS no município de Ribeirão Preto –SP. Texto Contexto Enfermagem, 22(4), 1049-1055.

Autoestima é um conceito popular, porém ainda incompreendido, diversos estudos apontam seu valor adaptativo como um aspecto essencial na criação e manutenção da saúde, esperança e qualidade de vida. As pessoas vivendo com aids podem ter sua autoestima prejudicada devido às limitações físicas e sociais que a infecção traz, como a perda de um projeto de vida, a necessidade de reestruturação de hábitos, enfrentamento de novas limitações nas relações no trabalho e na família.
Este estudo, de corte transversal, objetivou avaliar a autoestima de pessoas com aids, relacionando-a com fatores sociodemográficos e clínicos. Participaram 331 pessoas com aids que eram acompanhadas em dois serviços de referência entre 2007 e 2010. Os dados foram coletados por meio de entrevistas individuais, utilizando-se Escala de Autoestima de Rosenberg. A distribuição da amostra foi equilibrada quanto ao sexo, e 50,5% (n = 167) dos participantes eram do sexo masculino, com idade predominante ente 30 e 39 anos (42%), heterossexuais (82,2%) e cuja via de infecção do vírus foi sexual (84,6%).
A média obtida na avaliação da autoestima foi de 25,25. A maior média individual por questão (2,98) está relacionada com a questão 9, em que os indivíduos concordaram com a afirmativa “Quase sempre estou inclinado(a) a achar que sou um(a) fracassado(a)” e a menor média foi a questão 10 (2,19), que os participantes concordaram com “Eu tenho uma atitude positiva (pensamentos, atos e sentimentos positivos) em relação a mim mesmo (a)”. 
Os autores evidenciam que as pessoas vivendo com aids apresentam pior autoestima quando comparados com indivíduos vivendo com outras doenças crônicas. Uma explicação possível é que os níveis da autoestima influenciam na confiança pessoal e na valorização e a autoestima baixa leva o indivíduo ao não cuidado, pessoal e com a saúde, a não acreditar em si e não buscar um tratamento. A elevada autoestima favorece ao indivíduo ter sentimento positivo sobre si mesmo e melhor adaptação a sua nova condição de doente crônico; por outro lado, a baixa autoestima faz com que ele se sinta mais limitado e desanimado. 
Além disso, os autores enfatizam que os impactos negativos quer físicos, sociais ou emocionais da infecção requerem dos serviços de saúde atenção e empenho para trabalhar intervenções que favoreçam a autoestima. Importante ressaltar também que, além da importância do profissional da enfermagem enfatizada no texto, toda a equipe que dá apoio ao cuidado desse paciente pode ser fator relevante para manutenção da sua autoestima. 
Enfim, Castrighini et al (2013) mostram a relevância do estudo de um conceito popularizado e como os resultados desses estudos científicos podem ser importantes, não só para entender a adaptação de indivíduos as mais diversas situações, mas também para encontrar formas de auxilio nesse processo adaptativo.



terça-feira, 19 de agosto de 2014

Depressed Mothers More Likely to Have Overweight Children, Study Finds

Postado por Mariana Menezes

Que há relação entre obesidade e depressão nós já sabemos, mas o que pesquisadores do Hospital Infantil em Montefiore Medical Center no Bronx descobriram é que mães que estão com depressão são mais propensas a desenvolver obesidade e a ter filhos com sobrepeso ou obesos. Eles observaram que mães com depressão sentem dificuldade em controlar a alimentação de seus filhos e lhes ensinar comportamentos saudáveis, permitindo assim o livre consumo de alimentos com alto índice de açucares e gorduras, prática de comportamentos sedentários e sono desregulado.


 Mothers who report symptoms of depression are more likely to display obesity-promoting practices and have children who are overweight or obese than mothers who say they are not depressed, according to a new study.
Researchers at the Children’s Hospital at Montefiore Medical Center in the Bronx asked 401 mothers to rate themselves on symptoms of depression like loss of interest, fatigue, low energy and poor concentration. The mothers whose symptoms suggested moderate to severe depression were more than 2.5 times more likely to have overweight or obese 5-year-olds. (Mothers with mild depressive symptoms were also found to have greater odds of having an overweight or obese child but the difference was not statistically significant.)The list of possible explanations for the correlation is long. The researchers found that the children of the depressed women (all low-income, the majority of whom were Hispanic and black Bronx residents, all with children who had been patients at Montefiore’s family care center), were more likely to consume sweetened drinks and less likely to eat breakfast (studies show that skipping a morning meal can actually make weight control more difficult) than the children of nondepressed mothers. The depressed mothers were also less likely to restrict their child’s food intake and model good eating habits. Adding to the mix, their children got less sleep (sleep deprivation is linked to childhood obesity), less outdoor playtime (which, of course, also impacts weight) and more screen time.
“We’ve known that many mothers experience feelings of sadness and depression and that many of them suffer in silence,” said Rachel S. Gross, attending pediatrician at the Children’s Hospital at Montefiore and the lead author of the study. “There’s a lot of research linking maternal depression with children’s mental, social and behavioral problems, but this is a body of work showing it relates to physical health as well.”

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Sobre a (não) adesão ao tratamento: ampliando sentidos do autocuidado.

Resenhado por Geovanna Souza


Camargo-Borges, C., & Japur, M. (2008). Sobre a (não) adesão ao tratamento: ampliando sentidos do autocuidado. Texto Contexto Enferm,17(1), 64-71.


O SUS desde que foi implementado no Brasil vem lutando por espaço dentro da saúde pública. Seus princípios e diretrizes vem demonstrando ter um forte impacto dentro do contexto de uma saúde mais humanizada. No entanto, apesar de ter inúmeros pontos positivos, ele também apresenta falhas, dentre as quais estão a falta de equipamentos de saúde e de serviços especializados. Sendo assim, os profissionais de saúde são vistos como um dos principais fatores que provocam mudanças em comportamentos sociais que não são saudáveis. Esses trabalhadores juntamente com a comunidade é o que faz o sistema de saúde pública funcionar melhor a cada dia, deixando de lado o trabalho tecnicista, focando em práticas mais humanizadas, voltadas para o cuidado do outro.
A partir de então as autoras tentam trazer em seu artigo o conceito de cuidado, problematizando-o de acordo com a sua antiga visão, capitalista, e com sua atual visão, assistencial, falando também da sua nova vertente baseada na perspectiva de saúde ampliada. O autocuidado é um termo que vem surgindo dentro desse contexto, onde o paciente também é responsável pelo seu cuidado. Com isso, a proposta do presente estudo se constituiu em problematizar a questão do autocuidado dentro do sistema de saúde. Para isso, as autoras coletaram dados de 28 sujeitos, de sexo feminino, com faixa etária aproximada de 50 anos, que participavam de cinco grupos comunitários sobre Estratégias de Saúde da Família. As participantes respondiam a questões como: o que é estar com saúde, o que é estar doente e o que é cuidar da saúde. As respostas foram gravadas e analisadas posteriormente, focando nas narrativas de autocuidado. A análise propriamente dita, baseada no referencial do construcionismo social, gerou a construção de eixos temáticos, sendo um deles relativo ao autocuidado, no contexto das conversas tanto sobre a promoção como sobre a recuperação da saúde (p. 67).
Nas narrativas das participantes, as pesquisadoras puderam observar que elas descreviam problemas como a conduta médica, onde os profissionais não examinam minuciosamente os pacientes antes de passar qualquer medicação. Também criticaram a forma de atendimento nas unidades de saúde, afirmando que muitas vezes não retornam a unidade, dizendo ainda, que só vão a unidade em caso de emergência, uma vez que se sentem menosprezadas e desrespeitadas.
Dessa forma, as mulheres entrevistadas demonstraram uma grande preocupação com a saúde, levadas por experiências cotidianas dentro de suas unidades de saúde, desfavorecendo o processo de adesão terapêutica, não tomando os remédios prescritos pelos profissionais que segundo elas, sequer as ouviram verdadeiramente. Com isso, o que as autoras trazem é o fato de que
as conversas das mulheres nos grupos possibilitam ampliar um sentido bastante prevalente, o da irresponsabilidade, segundo os quais os pacientes que não cumprem com o tratamento indicado são considerados irresponsáveis com sua saúde. No entanto, as dificuldades mencionadas pelas participantes dos grupos não estavam referidas a serem responsáveis, mas sim ao sentimento de insegurança por não se sentirem compreendidas em suas queixas (Camargo-Borges & Japur, 2008, p. 68)
            A partir da perspectiva trazida pelas participantes, pode-se observar que a (não) adesão deixa de ser um processo único do paciente, ao qual se atribui a ele a responsabilidade de tomar seu medicamento ou não e passa a ser uma questão referente a influência que a relação profissional de saúde-paciente exerce sobre o comportamento de saúde dos usuários.  Camargo-Borges & Japur (2008) apontam ainda para uma análise de ordem relacional, onde as inter-relações podem ajustar os comportamentos de adesão ao medicamento. 
       Por tudo isso, é importante que se veja a adesão aliada ao autocuidado e também às relações profissionais-usuários. A escuta qualificada faz parte do projeto de humanização do SUS e merece destaque dentro desse texto, onde a escuta se mostra deficitária, uma vez que os pacientes costumam falar sobre seus problemas e os profissionais só escutam de fato aquilo que os interessam. É preciso dar aplicabilidade a essa nova forma de ver o outro dentro das práticas clínicas, levando o contexto de humanização às unidades de saúde, para que sejam estabelecidas novas formas de autocuidado, melhorando a adesão e a saúde como um todo. 

domingo, 17 de agosto de 2014

Saúde privada x Saúde pública


Publicado por Lucila Moraes


Em um estudo feito pelo IBGE em 2008-2009 descobriu-se que os brasileiros gastam cerca de 7% de sua renda mensal em saúde, seja por conta dos planos de saúde ou de remédios. Muitos o fazem como forma de evitar a utilização do Sistema Único de Saúde (SUS), pois há muitos relatos de demora de atendimento, superlotação de hospitais e falta de medicamentos ou instrumentos básicos para o atendimento da população. Por isso, muitas pessoas pagam um preço alto para um atendimento particular, o que nem sempre significa uma melhora do paciente, pelo menos não no aspecto econômico, como ironiza a tirinha. 



sábado, 16 de agosto de 2014

Crianças que não enfrentam seus medos têm risco maior de ansiedade.

Postado por Laís Santos

            De acordo com um estudo feito nos Estados Unidos com 800 jovens na faixa etária entre 7 a 18 anos de idade, aqueles que evitam situações que provocam medo tendem a um risco maior em desenvolver ansiedade. Estima-se que a causa para tal achado se deva ao fato de que, como essa parcela de jovens acaba esquivando-se das situações que causam medo, eles acabam não sabendo como lidar com essas questões, e em alguns casos passam a desenvolver algum transtorno de ansiedade.


Um novo estudo da Clínica Mayo, nos Estados Unidos, descobriu que crianças que, em vez de enfrentar, evitam situações das quais sentem medo são aquelas que apresentam um maior risco de ter ansiedade. Segundo os autores dessa pesquisa, esse achado é importante pois poderá ajudar os profissionais a identificarem melhor quem são as crianças mais propensas a ter esse transtorno e, assim, direcioná-las a abordagens que previnam a ansiedade. O trabalho foi publicado na edição deste mês do periódico Behavior Therapy.Participaram da pesquisa mais de 800 jovens de sete a 18 anos. Para realizar o estudo, os pesquisadores desenvolveram dois questionários, um que deveria ser respondido pelas crianças e outro, por seus pais. Ambos os relatórios tinham como objetivo avaliar as medidas de precaução tomadas pelas crianças. Ou seja, a equipe desejava saber se esses jovens, quando sentiam medo de alguma coisa, enfrentavam a situação depois ou simplesmente tentavam manter-se afastados dela o máximo possível.Uma das conclusões da pesquisa foi a de que mensurar essa precaução das crianças pode ajudar a determinar o risco de elas terem ansiedade. Isso porque, um ano após a realização do estudo, a maioria dos jovens manteve seus níveis de ansiedade estáveis – ou seja, muito baixos. No entanto, entre os participantes que costumavam evitar situações em que sentiam medo, esses níveis tenderam a crescer depois de 12 meses.No artigo, os pesquisadores explicam que crianças que evitam enfrentar os seus medos sofrem pois não sabem que eles podem ser administrados. Assim, para alguns jovens, determinados temores podem se intensificar de tal forma que se tornam parte de um transtorno de ansiedade. "Quando as crianças começam a evitar situações de medo, a ansiedade pode se tornar particularmente incapacitante, impedindo a participação dos jovens em atividades diárias", escreveram os autores em um comunicado da Clínica Mayo.De acordo com os pesquisadores, terapias cognitivas e comportamentais são capazes de ajudar crianças que evitam situações das quais sentem medo — os pais dos 25 jovens que participaram do estudo e que foram submetidos a essa abordagem relataram que a frequência desse problema foi reduzida pela metade em um período de um ano. Por isso, concluiu a equipe, essa terapia pode ajudar a prevenir a ansiedade em crianças que apresentam esse comportamento.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Development of child- and parent-report measures of behavioral avoidance related to childhood anxiety disordersOnde foi divulgada: periódico Behavior TherapyQuem fez: Stephen Whiteside, Michelle Gryczkowski, Chelsea Ale, Amy Brown-Jacobsen e Denis McCarthyInstituição: Clínica Mayo, EUADados de amostragem: Cerca de 800 jovens de 7 a 18 anosResultado: Crianças que não enfrentam seus medos aumentam, em um ano, seus níveis de ansiedade - diferentemente daquelas que, mesmo com medo, tentam enfrentar essas situações.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Os Motivos da Escolha do Fogo nas Tentativas de Suicídio Realizada por Mulheres

Resenhado por Alexsandra Macedo

Maciel, K.V., Castro, E.K., Lawrenz, P., 2014 Os Motivos da Escolha do Fogo nas Tentativas de Suicídio Realizada por Mulheres. Temas em Psicologia, Vol. 22.



A definição de suicídio é o ato de tirar a própria vida. Tal ato se inicia, geralmente, com pensamentos autodestrutivos e as interações entre os fatores sociais, biológicos, psicológicos, culturais e ambientais.
A tentativa de suicídio por fogo, segundo as autoras, é uma das mais fatais e drásticas entre todas com sequelas psíquica, estética e funcional gravíssimas. O estudo indica que a grande maioria dos indivíduos que tentam ou consumam essa forma de suicídio é do sexo feminino e tem por motivação problemas afetivos e dificuldades financeiras, ou ambos os fatores associados.
Com a finalidade de compreender o significado da escolha do fogo como instrumento de por fim a própria vida, o presente artigo utilizou a pesquisa qualitativa de natureza exploratória, utilizado como instrumentos um questionário com dados sociodemográficos e clínicos, além de entrevista semiestruturada sobre a tentativa de suicídio. As participantes foram mulheres entre 24 e 55 anos que tentaram suicídio a pelo menos 01 ano e meio, sendo realizado primeiramente o contato com a psicóloga e o coordenadora da unidade de queimaduras do hospital e em seguida o contato com as pacientes.
A análise de dados permitiu a identificação de aspectos comuns vivenciados por essas mulheres, geralmente a história de violência física ou psicológica direcionada contra elas ou presenciada pelas mesmas. Esse ato é comumente praticado por alguém próximo, havendo histórico de abuso sexual e fragilidade nas relações interpessoais. Muitas dessas mulheres viviam reclusas no seu cotidiano, além de terem graves problemas de relacionamento. Algumas apresentaram algum tipo de transtorno mental, sendo o mais comum a depressão.
Quando questionadas sobre o momento de atear-se fogo, a maioria respondeu que não sabia o motivo, muitas queriam apenas se livrar do que a angustiavam. Outras queriam chamar a atenção de alguém importante afetivamente para o seu problema, e poucas afirmaram estar dispostas a tirar sua vida. Falaram que tinham certeza que iriam morrer e nunca pensaram na possibilidade de sobreviverem. Além disso, nenhuma delas pensou nas cicatrizes e na recuperação dolorosa de tal ato.
O estudo apresentado neste artigo deixa transparecer uma realidade perturbadora que envolve todas as classes sociais e fases de desenvolvimento diferenciada dos indivíduos, deixando evidente a questão do fator emocional como mediador das decisões tomadas por essas mulheres, que muitas vezes estão sobre a pressão de um estresse constante em seu cotidiano, o que acaba levando a descargas impulsivas para aliviarem seu sofrimento. A partir da análise desses dados pode-se traçar um perfil de ação que interfira na questão do fortalecimento da autoestima dessas mulheres possibilitando a visão de uma saída, que não seja o seu aniquilamento.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Venda irregular de anabolizantes em lojas agropecuárias


Postado por Monique Carregosa

Os esteróides anabólico androgênicos (EAA) são substâncias sintéticas à base de testosterona, e, dentre as inúmeras contribuições clínicas, proporcionam o desempenho muscular. Apesar de não poderem ser vendidos sem prescrição médica, não é difícil encontrar lojas de produtos agropecuários que comercializam os EAA indiscriminadamente.

Fonte: http://g1.globo.com/goias/noticia/2014/07/video-mostra-venda-irregular-de-anabolizantes-em-lojas-agropecuarias.html

A venda indiscriminada de esteroides anabolizantes, na maioria das vezes de uso veterinário, é feita sem nenhum controle e prescrição médica em estabelecimentos de Goiânia. Uma equipe da TV Anhanguera flagrou a compra irregular desses produtos por homens e mulheres que querem ganhar musculatura com rapidez. Um deles, que não quis se identificar, conta que chegou a ficar quatro dias internado após aplicar uma dessas substâncias no braço.
Os esteroides anabolizantes são substâncias criadas em laboratório para melhorar o desempenho dos músculos e não podem ser vendidos sem prescrição médica. No entanto, não é difícil encontrar lojas que vendem produtos agropecuários e que fazem esse comércio ilegal. Com uma câmera escondida, um produtor da TV Anhanguera se apresentou como criador de animais em um desses estabelecimentos e flagrou a venda irregular desses.
Na gravação, uma funcionária pergunta ao produtor sobre a receita, mas outra, que seria médica veterinária, diz que já o conhece e que faz o documento para ele. “Já vendi para ele ontem. Pode ir lá que ele vai tirar para você”, afirma a mulher.Muitas pessoas recorrem às academias para ter o corpo perfeito, mas a promessa de atingir o objetivo em menos tempo é um atrativo dos anabolizantes. Um professor de educação física, que trabalha há 20 anos em uma academia na capital, e que não quis se identificar, conta que o uso das substâncias por alunos é cada vez mais frequente. “Com o aumento dessa área fitness, o uso de anabolizantes aumentou bastante. Hoje a compra é um pouco mais difícil, mas mesmo assim tem gente que mexe, que usa e comercializa”, afirmou.Ele revela que muitos jovens chegam a usar superdoses para aumentar os efeitos. “Hoje um animal de 100 quilos que vai tomar em torno de 5 ml. Já uma pessoa que pesa cerca de 50 quilos chega a tomar 20 ml, e até mais”, conta o professor.
RiscosNas redes sociais, a comercialização dos anabolizantes também é comum. Em uma das páginas, o fornecedor faz propaganda das vantagens do ganho de peso rápido e faz promoção, como frete grátis para entrega. “Hoje seria impossível o ser humano chegar ao ponto de competição sem o uso desses produtos. Qualquer atleta que disser que nunca usou os produtos estará mentindo”, garantiu o professor.
O presidente da Associação Goiana de Fisiculturismo, Márcio Rezende, rebateu essa afirmação e diz que essa prática foi comum no passado, mas hoje deixou de ser usada. “Existem vários estudos que explicam como o atleta pode atingir seus objetivos com alimentação saudável, suplementação. Então está tudo mais acessível”, afirmou.
O uso frequente de anabolizantes quase matou um homem, que não quis se identificar, que mora em Goiânia. Ele conta que sabia que os produtos eram ilegais, mas mesmo assim fez a aplicação. “Sofri alguns efeitos colaterais graves. Eu fiquei internado quatro dias após tomar 1 ml de intramuscular. Três dias depois eu fui parar no pronto-socorro e fiquei quatro dias internado fazendo a limpeza do organismo. O produto afeto meu fígado”, relata.Ele relata passou mais de 20 anos usando os esteroides anabolizantes. “É como um vício. A vontade de ficar forte é maior. Você acaba se rendendo aos anabolizantes, não tem como. É como se fosse um crack, um vício que você tem e que você vai perpetuar ao longo da sua vida”, disse.
O cardiologista Gustavo Esteves alerta para os perigos gerados a saúde por essas substâncias. “A própria hipertrofia do músculo cardíaco é uma dessas consequências e é irreversível. E ela por si só aumenta o risco de que esse paciente desenvolva o quadro de uma morte súbita”, explica.
Fiscalização
O presidente do Conselho de Medicina Veterinária, Benedito Dias de Oliveira Filho, diz que a legislação precisa ser mais rigorosa para evitar abusos. “As leis que existem hoje não são suficientes para evitar que esse tipo de situação não aconteça mais. Para se ter uma ideia, a exigência do receituário médico veterinário para este tipo de droga só começou a valer neste ano. O Ministério da Agricultura é o órgão responsável por fazer a fiscalização, mas conta com poucos funcionários, esse processo ainda se encontra em fase de implantação”, destacou.

Segundo Filho, é preciso ter uma legislação que exigisse a presença de um médico veterinário em tempo integral nas lojas que vendem produtos agropecuários. “Como acontece hoje com a farmácia humana. Pois a presença do profissional que tem a responsabilidade pelo comércio dos anabolizantes e indicação dos produtos, não é exigida em tempo integral e sim com uma carga horária de seis horas por semana”, disse.Procurado, o Ministério da Agricultura informou, em nota, que a fiscalização é feita de rotina em lojas que vendem os produtos de uso veterinário e que recebe um relatório trimestral de armazenamento dos remédios, além do controle de entrada e saída desses produtos.Sobre uma fiscalização dirigida aos estabelecimentos que fazem o comércio irregular, o ministério disse que só faz esse trabalho após uma denúncia formal aos órgãos policiais. Sendo assim, o Departamento de Jornalismo da TV Anhanguera, que está com os produtos adquiridos pelo produtor, fará um ofício e encaminhará as substâncias para a Delegacia de Defesa do Consumidor (Decon), que vai analisar se abre uma investigação sobre o caso.




quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Pediatric parenting stress among parents of children with type 1 diabetes: The role of self-efficacy, responsibility, and fear

Resenhado por Ariane de Brito

Streisand, R., Swift, E., Wickmark, T., Chen, R., & Holmes, C. S. (2005). Pediatric parenting stress among parents of children with type 1 diabetes: The role of self-efficacy, responsibility, and fear. Journal of Pediatric Psychology, 30, 513-521. doi: 10.1093/jpepsy/jsi076.


As pesquisas de comportamento sobre diabetes na infância têm-se voltado principalmente para a adaptação das crianças à doença e a adesão destas ao tratamento. Sabe-se que o diabetes é uma doença que afeta a infância, bem como os pais e toda a família próxima da criança; no entanto, poucos são os estudos que procuram investigar o impacto do diabetes infantil nos pais de crianças com esse diagnóstico. Este estudo procurou investigar, através do conceito de estresse parental pediátrico, o estresse relacionado ao cuidar de uma criança com diabetes.
O estresse afeta o pai e a criança em vários aspectos importantes, a saber, aumenta o risco de má saúde mental entre os pais, prejudica a capacidade dos pais para aprender habilidades de gerenciar doenças, aumenta o estresse experienciado pela criança afetada, e exerce influência negativa sobre a auto-gestão da criança.
Vários são os fatores contribuintes para a experiência de estresse parental pediátrico entre pais de crianças com diabetes; e uma compreensão mais específica dos papéis da família, e do comportamento dos pais na gestão da diabetes também se fazem necessárias. Fatores tais como o conhecimento da doença, a adaptação da criança, as relações familiares e com os pares, e o estresse que podem ter impacto sobre o controle do diabetes.
No que diz respeito às relações familiares, a literatura aponta alguns aspectos relevantes e constituintes nessa dinâmica: o estresse dos pais associada ao cuidar de uma criança com diabetes, as crenças dos pais sobre a sua capacidade de controlar a doença de seu filho (auto-eficácia), o nível de responsabilidade parental para a gestão diária do diabetes, e o medo dos pais de seus filhos experienciarem níveis severamente baixos de glicose no sangue (hipoglicemia).
Em relação à auto-eficácia, na literatura ela foi encontrada para moderar os efeitos do estresse parental sobre a saúde mental dos pais. Estudos têm sugerido que o aumento da auto-eficácia dos pais pode estar relacionado à diminuição do estresse. Assim como a diminuição da auto-eficácia parental para a gestão de doença do filho pode ser associada com o aumento do estresse, principalmente devido ao elevado nível de responsabilidade parental que é necessário para cuidar de crianças diabéticas tipo 1.
Já sobre a responsabilidade parental para o gerenciamento de doença da criança, os autores destacam a complexidade e a tecnologia recente projetada para intensificar os regimes e tratamentos médicos e para ajudar os jovens a atingir controle metabólico quase normal. Por se tratar de crianças que precisam aprender a gerenciar todos esses aspectos, o envolvimento dos pais na gestão da doença tem sido constantemente visto como um importante determinante de resultados positivos para a saúde da criança Apesar de pesquisas indicarem associações positivas entre o poder paternal e os resultados de saúde das crianças, é possível que pais com maior responsabilidade em gestão diária da doença do filho experimentem com maior freqüência estresse.
O medo dos pais, principalmente em relação à hipoglicemia, também pode estar associada com o estresse parental pediátrico. A hipoglicemia caracterizada por níveis baixos de glicose no sangue e por sintomas físicos e mentais (tremores, fome, palpitações, confusão mental etc.), quando severa e não tratada pode causar danos irreversíveis no cérebro, coma ou até mesmo a morte. Em um estudo examinando o medo dos pais de hipoglicemia, a preocupação dos pais sobre diabetes foi, sem surpresa, positivamente associado com o medo de hipoglicemia. Nesse sentido, é provável que a preocupação com o diabetes e o medo de hipoglicemia também irá influir no aumento da frequência de estresse parental pediátrico desses pais.
Este estudo contou com a participação de 134 pais de crianças e adolescentes na faixa etária entre 9 e 17 anos de idade com diabetes tipo 1. Estes pais foram os que se auto-identificaram como sendo o principal cuidador, ou seja, com maior responsabilidade na gestão do diabetes do filho. A maior parte dos filhos estava seguindo regime de terapia intensiva através de injeções diárias subcutâneas de insulina, e uma minoria através da bomba de insulina. Por critérios de inclusão, todos eles tinham sido diagnosticadas com diabetes por pelo menos 6 meses.
Foram utilizados os seguintes instrumentos de coleta de dados: Questionário sociodemográfico, Escala de auto-eficácia para diabetes (SED), Questionário de responsabilidade familiar de diabetes (DFRQ), Questionário de medo de hipoglicemia (HFS), Inventário pediátrico para pais (PIP).
Nas análises bivariadas, verificou-se que em relação às características demográficas e da doença, os pais de crianças pequenas, os pais não-brancos, os de famílias monoparentais, e aqueles com crianças que não usam a bomba de insulina, relataram mais frequentemente estresse parental. No que diz respeito aos aspectos psicológicos e as variáveis ​​comportamentais, os pais com baixa auto-eficácia para o regime do diabetes, os com maior responsabilidade para o controle da doença, e os que têm mais medo de hipoglicemia, foram os que relataram estresse parental pediátrico com mais frequência. Os pais de crianças mais jovens, e que utilizam injeções ao invés da bomba de insulina, também relataram mais estresse.
No geral, os resultados deste estudo sugeriram que o estresse parental pediátrico experimentado por pais de crianças com diabetes tipo 1 é multifacetado, e que provavelmente está relacionado a diferentes aspectos do regime do diabetes da criança. Eles indicaram ainda que até cerca de um terço de estresse parental parece estar associado com as crenças dos pais sobre a sua capacidade de executar aspectos do regime do diabetes, o seu grau de responsabilidade para a gestão do diabetes, e seus temores relacionados à hipoglicemia.
Apesar de todas as descobertas do estudo terem, em geral, seguido na direção esperada, a constatação de que uma maior responsabilidade parental pela gestão do diabetes era positivamente relacionada ao estresse, tanto em freqüência quanto em dificuldade, é um pouco desconcertante, porque os pais rotineiramente permanecem altamente envolvido na gestão da doença do filho. Isto continua sendo verdade, mesmo quando as crianças amadurecem, porque este envolvimento dos pais consiste muitas vezes na melhoria do controle metabólico ao longo do tempo.

Futuros estudos permitirão uma análise mais aprofundada de que os aspectos da gestão do diabetes são mais um desafio para os pais, e isso pode ajudar a orientar o desenvolvimento de intervenções em busca do aumento da auto-eficácia parental.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Depressão: uma breve revisão dos fundamentos biológicos e cognitivos.


Resenhado por Laís Almeida

Bahls, S. C. (1999). Depressão: uma breve revisão dos fundamentos biológicos e cognitivos. Interação em Psicologia (Qualis/CAPES: A2), 3(1).



O objetivo desse trabalho é detalhar os fatores biológicos e cognitivos da depressão. O artigo introduz essa temática ressaltando a importância do tema nos contextos de atenção à saúde, visto que se trata de uma patologia com alto crescimento na população e que, segundo a OMS, pode chegar ao ponto de substituir os problemas de doenças infecciosas e desnutrição nas próximas duas décadas.
Dentro do modelo biológico da depressão há várias teorias que se baseiam na relação dos neurotransmissores cerebrais e seus receptores. A principal hipótese envolvendo os neurotransmissores envolve as monoaminas, as quais subdividem-se em catecolaminas: dopamina e noradrenalina, e na indolamina: serotonina. A hipótese catecolaminérgica de Schildraut, Bunney e Davis (1965) sugeria que a depressão se associava a um déficit das catecolaminas. Anos depois, Van Praag e Korf (1971) criaram a hipótese serotonérgica. Por último, a hipótese dopaminérgica de Wilnner (1990), a qual explorava a implicação da dopamina nos mecanismos de recompensa cerebral e no aumento de respostas comportamentais à dopamina causadas por antidepressivos tricíclicos.
O artigo mostra algumas evidências que reforçam a hipótese das monoaminas, dentre elas: a) drogas, como a reserpina, que anulam esses neurotransmissores são capazes de induzir depressão; b) alguns precursores da serotonina apresentam efeito antidepressivo leve; c) a redução da concentração de serotonina e de seu principal metabólito ocorre no cérebro de vítimas de suicídio, alcançado de maneira violenta, e no líquor de pacientes deprimidos.
Devido à resistência a hipótese das monoaminas, o foco passou para os receptores dos neurotransmissores. Fato que derivou dos seguintes achados: a) a depleção de monoaminas aumenta o número de receptores pós-sinápticos; b) cérebros de pacientes suicidas concentram maior número de receptores 5HT2 no córtex frontal; c) a ativação de subtipos do mesmo receptor provoca efeitos diversos e opostos. O artigo sugere que anormalidades devem ser procuradas na expressão genética de enzimas e receptores cerebrais e deve-se saber mais sobre o que ocorre no interior no neurônio pós-sináptico após a estimulação do receptor. Através de estudos de neuroimagem estrutural e funcional foram descobertas áreas responsáveis por alterações emotivas, motoras, de sono, apetite, conduta sexual, imunológicas e cognitivas na depressão.
Ao abordar o modelo cognitivo da depressão, o autor explica que todos os afetos são secundários à cognição, sendo esta o modo peculiar de como vivenciamos e interpretamos os acontecimentos. Ele destaca a importância de vários autores, dentro os quais Beck, o qual postula que a cognição é o fator determinante da doença, Bandura, que defende que pessoas deprimidas apresentam expectativas de desempenho excessivamente elevadas conduzindo-as ao fracasso, e Seligman, autor da teoria do desamparo aprendido.
Explicando um pouco mais sobre as ideias de Beck, a ideia principal é que existe uma predisposição cognitiva para a depressão que se originaria nas experiências iniciais das pessoas, formando os conceitos ou esquemas negativistas sobre si mesmas e sobre a vida. Esses sistemas ficariam latentes, podendo se manifestar quando os indivíduos passassem por vivências semelhantes às iniciais, que foram responsáveis pela introjeção da atitude negativista. O autor afirma que a atribuição de sentido e intensidade através dos nossos valores aos acontecimentos, podem fazer com que haja um desencadeamento de pensamentos negativos quando passamos por experiências semelhantes. Então, na depressão existe uma distorção patológica de um processo que é comum a qualquer pessoa.
O modelo cognitivo apresenta três conceitos clássicos: a tríade cognitiva, os esquemas cognitivos disfuncionais e as distorções ou erros cognitivos. A tríade consiste no fato de o paciente apresentar uma visão negativa e persistente em relação a três aspectos fundamentais que são: sobre si mesmo, sobre o mundo e sobre o futuro. Desse modo, ele sente-se envolvido em situações que só causarão medo, sofrimento e abandono. Os esquemas cognitivos fazem referência à forma sistemática como a pessoa interpreta as situações adaptando-as a suas referências vivenciais e também designam padrões estáveis que categorizam e avaliam as experiências.
No caso do paciente deprimido, os padrões estáveis geram percepções distorcidas da realidade que são influenciados pelos pensamentos negativos desencadeados pela cognição. O paciente perde grande parte do controle sobre seus pensamentos e não se acha em condições de utilizar outros esquemas que melhor se adaptem às situações. O terceiro conceito, dos erros cognitivos, representam as distorções que acontecem no processamento das informações, no sentido de adaptar a realidade aos esquemas negativistas. Segundo Burns, os principais erros cognitivos são: absolutismo ou pensamento dicotômico, supergeneralização, abstração seletiva, desqualificação, inferência arbitrária, magnificação e minimização, racionalização emocional, sensação de obrigação, rotulações e personalização.

Enfim, esse trabalhou mostra a compreensão atual que se tem sobre dois modelos etiológicos da depressão, cuja abrangência não deve ser tomada por definitiva, já que estudos e aprimoramentos devem sempre ser feitos para um melhor estudo sobre a patologia. 

domingo, 10 de agosto de 2014

Suicídio

Postado por Alexsandra Macedo

Segundo Organização Mundial de Saúde (MS), o índice de suicídios vem aumentando significativamente nos últimos anos, verificando-se um aumento na população adolescente. Tais índices fazem do suicídio uma questão de saúde pública. Pesquisas têm sido desenvolvidas no sentido de analisar indicadores de suicídio como, a ideação suicida, depressão, estresse, entre outros, possibilitando uma melhor compreensão desse fenômeno, assim como o desenvolvimento de ações que promovam a identificação e prevenção com esses indivíduos que apresentem alguns desses preditores.



Associação de Fatores Sociodemográficos com Depressão em Mulheres em Idade Reprodutiva


Resenhado por Lucila Moraes

Ali, F.A.; Rukhsana, W.Z. (2001). Association of Sociodemographic Factors With Depression in Women of Reproductive Age. –Asia-Pacific Journal of Public Health, 24(1) 161-172.

O estudo tem como objetivo identificar os fatores associados com alta carga de depressão entre as mulheres e indicar medidas que podem ter implicações políticas para diminuir a carga dessa doença no Karachi (Paquistão).
             Estudos confirmam que os países em desenvolvimento possuem um alto percentual de depressão, e que o predomínio dessa doença é maior que 50% nestes países. Outro fator importante de ser destacado é que a depressão é duas vezes mais comum em mulheres que homens, e tal fato podem ser atribuído tanto a fatores biológicos (predisposição genética, por exemplo) como ambientais (um histórico familiar de transtorno de humor, histórico de abuso sexual na infância).
No Karachi, numa pesquisa feita em uma comunidade de classe-média-baixa semiurbana, encontrou-se que a predominância de depressão entre donas-de-casa foi de 30%, e a maioria das mulheres relataram que problemas financeiros, interpessoais e familiares eram grandes contribuidores para a doença. Importante ressaltar que a violência contra a mulher no Paquistão é bastante comum como também o é em outras partes do mundo. Em outra pesquisa realizada pelas Nações Unidas descobriu-se que 50% das mulheres paquistanesas são fisicamente agredidas, e 90% são abusadas por seus companheiros, seja mentalmente ou verbalmente.
Em suma, a depressão é um transtorno metal comum, especialmente entre mulheres que vivem em países em desenvolvimento. Estudos indicam que adversidades sociais como: baixa educação, o fato das mulheres estarem desprivilegiadas e serem maltratadas pelos seus parceiros são determinantes importantes para o desenvolvimento da depressão. Nos países em desenvolvimento, a revelação de que uma mulher sofre de estresse psicológico e emocional ainda é bastante estigmatizado, o que acarreta num atraso do diagnóstico e consequentemente morbidez da depressão. Por isso, explorar os fatores e suas associações com a depressão é muito importante no contexto do Paquistão, justamente por causa da cultura específica em que as mulheres de lá se encontram e da dificuldade em revelar suas necessidades sociais e psicológicas.
Um estudo controle foi conduzido no Hospital Universitário de Aga Khan e na clínica psiquiátrica Hospital Nacional de Liaquat, utilizando 418 voluntárias do sexo feminino, sendo 209 do grupo controle e 209 pacientes. As pacientes possuíam entre 15 a 49 anos e haviam sido diagnosticadas com depressão por psiquiátricas de acordo com o critério do DSM-IV, e marcaram um escore de 8 ou mais no Questionário Auto-Relatório  para Ansiedade e Depressão (SRQ20). No grupo controle foram selecionadas mulheres que estavam em idade reprodutiva e não possuíam nenhuma história psiquiátrica ou depressão de acordo com o SRQ20. O resultado foi coletado através de questionários autoadministrados
O estudo mostrou que fatores como: Aumento dos anos de casamento (ou seja, quanto maior o tempo de casada), abuso físico ou verbal por parceiros ou por seus familiares, pouco tempo na companhia do marido (3 horas ou menos) e insatisfação com a vida matrimonial estão intimamente associados com a depressão entre as mulheres casadas em idade reprodutiva no Paquistão. Essas associações podem ter ocorrido pelo fato das mulheres serem oprimidas e abusadas pela sociedade em que vivem, e também como resultado da falta reconhecimento das necessidades da esposa. Com tais resultados é possível montar um programa mais específico de auxílio a tais mulheres casadas, como o desenvolvimento de programas que incentivam a comunicação do casal, disponibilização de atendimento psicoterapêutico gratuito, bem como campanhas para o fim da violência doméstica, já que se sabe que todos estes fatores tem uma influência significativa no quadro de depressão dessas mulheres.



quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Toda sensação de Ansiedade é Transtorno de Ansiedade Generalizada?

Postado por Rafael Matos

A ansiedade é um estado emocional comum extremamente frequente em todo indivíduo, sendo útil para a sua sobrevivência e proteção, uma vez que possibilita ao corpo uma rápida aceleração de suas funções para enfrentar ou fugir da percepção de qualquer ameaça real ou imaginária. Entretanto, quando sentida constantemente deixa de ser um fator de proteção e passa a prejudicar o indivíduo e sua qualidade de vida.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Ansiedade e necessidades dos cuidadores de crianças com e sem deficiência.

Resenhado por Laís Santos


Fernandes, C.P., Vale, D.E., Nóbrega, E.B., Dias, M., & Sousa, S.E.  (2012). Ansiedade e necessidades dos cuidadores de crianças com e sem deficiência. Revista de Enfermagem Referência, 6; 181-189.


Estudos estimam que mais ou menos 6,1% da população brasileira diz respeito a sujeitos acometidos por alguma deficiência. De acordo com o artigo nº 2 da Lei n.º 38/04 de 18 de agosto, um indivíduo com deficiência é aquele que seja por perda ou anomalia, congênita ou não, de funções ou de estruturas do corpo, incluindo as funções psíquicas, apresentando dificuldades específicas que em consonância com o meio, geram entraves dificultando assim, a participação desse sujeito de forma similar com os demais.
 O sujeito portador de alguma deficiência acaba provocando certa desordem funcional em sua família, principalmente nos casos em que ele se encontra inapto a cumprir seus papéis habituais. Toda essa situação gera uma gama de reações emocionais e de ansiedade. Com relação ao cuidado prestado a crianças portadoras de alguma deficiência a situação é semelhante.
É importante salientar que cada família tem uma dinâmica diferente. Infelizmente muitos desses seios familiares necessitam de mais informações acerca do problema em si, dos serviços assistenciais e das leis que abrangem tais questões. Alguns autores apontam que as principais necessidades das famílias de crianças com necessidades especiais estão no âmbito financeiro, de informação, apoio e acesso a serviços. Em contrapartida, as famílias de crianças sem necessidades especiais, nos primeiros três anos, se preocupam mais com problemas de saúde da criança, necessidades básicas dentre outros fatores.
Os cuidadores das crianças com deficiência têm importante papel na gestão da doença crônica e na manutenção dos requisitos necessários para que esse sujeito leve uma vida ‘normal’. Em muitos casos, os cuidadores acabam sofrendo uma série de consequências, que vão desde o âmbito físico, até o âmbito psíquico. Estudos revelam que os cuidadores estão mais inclinados a sofrerem algum prejuízo (físico, psíquico) quando comparados aos não cuidadores.
O presente estudo buscou avaliar e comparar os níveis de ansiedade dos cuidadores de crianças com e sem algum tipo de deficiência, além de conhecer suas necessidades e opiniões a respeito do papel do enfermeiro no auxilio no cuidado de crianças deficientes, bem como, apontar fatores preditivos de ansiedade nos cuidadores de crianças com deficiência. O estudo quantitativo utilizou uma amostra composta por 56 sujeitos, sendo que 24 deles eram cuidadores de crianças com alguma necessidade especial, e os outros 32 eram cuidadores de crianças sem deficiência. Foram ministrados dois questionários distintos. O primeiro, destinado aos cuidadores de crianças com deficiência (amostra 1), continha: características sociodemográficas dos cuidadores e das crianças com deficiência, grau de capacidade dessa criança, escala de avaliação do apoio social à família (na adaptação portuguesa, o item nº 20 é de resposta aberta, que neste estudo deu lugar à opção “Enfermeiros”), cinco questões relativas aos entraves e necessidades das famílias e por último o Inventário de Ansiedade Estado-Traço (STAI). O questionário utilizado com os cuidadores de crianças sem nenhuma deficiência (amostra 2) foi organizado do mesmo modo, apenas com a exceção da pergunta destinada a investigar o grau de capacidade da criança.
Os resultados indicaram que os cuidadores de crianças com deficiência obtiveram um maior nível de ansiedade-estado e traço em relação aos cuidadores de crianças sem deficiência. É importante salientar que tais diferenças não foram estatisticamente significativas. Outro dado importante foi o de que a idade da criança é um preditivo de ansiedade, em outras palavras, quanto mais velha a criança, menos ansiosos ficam os cuidadores de crianças com alguma necessidade especial. Ambas as amostras apontaram como dificuldades as questões financeiras, o acesso e apoio. Em termos de ajuda, o estudo mostrou que os cuidadores recorrem prioritariamente aos familiares dessas crianças e a outros profissionais, como por exemplo, o enfermeiro.

A pesquisa em questão é apenas um recorte de um vasto cenário composto por diversos contextos, nos quais a ansiedade, bem como a depressão, dentre outras patologias, se faz presente. Tal situação remete a importância da existência de mais estudos que possam abarcar de algum modo esses diversos ambientes, identificando os níveis indesejados de ansiedade e traçando possíveis estratégias ‘resolutivas’.

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Hipertensão atinge 24,3% da população adulta

Postado por Geovanna Souza


A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é responsável por quase oito milhões de mortes por ano, em todo o mundo. Ela está associada a alterações de alguns órgãos como o coração, o encéfalo, rins e vasos sanguíneos, sendo uma doença de alta prevalência nacional e mundial. Apesar de todos os aspectos negativos que ela traz ao paciente, a HAS, quando acompanhada por profissionais da saúde, pode ser controlada por meio de medicamentos ou de mudanças nos hábitos diários, tais como alimentação saudável e prática de exercício físico. 




Quase um quarto dos brasileiros adultos tem de enfrentar a hipertensão, mas o maior controle da doença tem diminuído fortemente o número de complicações ligadas à doença, que chegaram em 2012 ao menor patamar dos últimos 10 anos. De acordo com a pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico – Vigitel 2012, 24,3% da população têm hipertensão arterial, contra 22,5% em 2006, ano em que foi realizada a primeira pesquisa.
Por outro lado, o número de pessoas que precisou ser internado na rede pública caiu 25% nos últimos dois anos. Em 2010, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou 154.919 internações decorrentes de complicações da hipertensão; em 2011, o número ficou em 136.633 e foi a 115.748 em 2012. Com isso, o Ministério da Saúde registrou a menor taxa de pessoas internadas para 100 mil habitantes nos últimos 10 anos. A taxa passou de 95,04 em 2002 para 59,67 no ano passado.
“Vários fatores influenciaram essa queda, como por exemplo, investimento na atenção básica, mas nenhum foi tão expressivo como o Saúde não Tem Preço. O acesso aos medicamentos para hipertensão retirados pelo Farmácia Popular aumentaram sete vezes nesses dois anos e meio e isso permitiu a redução das internações hospitalares pela hipertensão” avaliou o ministro Alexandre Padilha durante divulgação dos dados.
Em janeiro de 2011, 304.235 brasileiros recorreram à rede para obter medicamentos com desconto para tratar a hipertensão. Com o início da gratuidade, em fevereiro de 2011, o número de atendimentos mensais disparou e foi a 2.162.192 em setembro de 2013. O Saúde Não Tem Preço é um dos destaques do Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis, lançado em 2011. A ação oferece gratuitamente seis remédios para controle da doença.
Hipertensão
A doença é mais comum entre as mulheres (26,9%) que entre os homens (21,3%) e também varia de acordo com a faixa etária e a escolaridade. Entre os brasileiros com mais de 65 anos de idade, 59,2% se declaram hipertensos, contra apenas 3,8% na faixa de 18 a 24 anos e 8,8% de 25 a 34 anos.
Já o tempo médio de ensino é inversamente proporcional à hipertensão: quanto maior a escolaridade, menor a taxa. Entre aqueles com até oito anos de educação formal, 37,8% de hipertensão; na outra ponta, com 12 anos ou mais de ensino, o percentual fica em 14,2%.
Farmácia popular
Com a expansão da cobertura através de convênios com farmácia privadas pelo Aqui tem Farmácia Popular, a rede conta com mais de 23.102 farmácias conveniadas, além de 546 unidades próprias. Unidades estão presentes em 3.742 cidades. Destas, 1.324 são de extrema pobreza. Em 2011, eram apenas 578 municípios cobertos.
Para retirar os medicamentos, basta apresentar o documento de identidade, CPF e receita médica dentro do prazo de validade. A receita pode ser emitida tanto por um profissional do SUS quanto por um por médico que atende em hospitais ou clínicas privados. 
Fonte:

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Revisão: Comportamento Suicida ao Longo do Ciclo Vital

Resenhado por Alexsandra Macedo
Schlosser, A.,Rosa, G. F. C., More, C. L. O. O. 2014. Revisão: Comportamento Suicida ao Longo do Ciclo Vital, Temas em Psicologia, 22, 133-145.

Este artigo aborda o suicídio levando em conta o ciclo vital do ser humano e as peculiaridades pertinentes a cada fase. Tal abordagem permite um olhar mais abrangente sobre um problema de saúde pública, que vem tendo um aumento significativo em suas taxas de tentativas e atos consumados.
O comportamento suicida engloba desde ideias e desejos suicidas a condutas suicidas sem êxito e suicídios consumados. O presente texto pretende identificar os possíveis fatores de risco e proteção específicos de cada período do ciclo vital: fase infanto-juvenil, fase adulta e fase idosa.
No texto o suicídio é apresentado como um grave problema de saúde pública, ocupando o terceiro lugar em causa de morte entre pessoas com faixa etária entre 15 e 34 anos e o segundo lugar em pessoas acima de 65 anos. No Brasil onde o suicídio é visto como um tabu, as informações tendem a ser imprecisas devido a sua subnotificação. Estudos realizados com a população brasileira identificaram que entre a população feminina o número de tentativas e planejamento é bastante alto, enquanto na população masculina as taxas de suicídio consumado são maiores.
A revisão da literatura, pesquisas qualitativas e quantitativas além de estudos clínicos foram utilizados na seleção do material de análise e segundo a OMS os comportamentos de risco entre adolescentes ao interagirem com fatores socioambientais aumentam os níveis de comportamentos suicidas, levando-se em conta as crises profundas vivenciadas nessa fase devidas tanto a mudanças físicas quanto psicológicas.
Quanto à população adulta as pesquisas indicam um aumento de 60% nos últimos 45 anos, apontando para o predomínio de óbitos por suicídio nessa fase. Constata-se com alto índice de mortalidade masculina, que pode ser esclarecido devido a alguns aspectos do papel social da masculinidade, principalmente relacionados à questão econômica. 
Na população idosa percebe-se uma relação com a mudança de papel exercido na sociedade. A questão da autoestima imbricada na relação de ser útil a sociedade é um dos fatores relevantes como indicadores de transtornos que afetam o humor da pessoa idosa. Tal fator ressalta a aposentadoria como um dos principais coadjuvantes para o comportamento suicida entre idosos, valendo assinalar que nessa fase as tentativas são mais eficazes e silenciosas.
O conhecimento das peculiaridades de cada fase do desenvolvimento promove o olhar mais abrangente em relação à dinâmica social possibilitando pensar intervenções preventivas que tentem modificar o cotidiano das vítimas de tentativas, proporcionando novos manejos nas relações e ampliando o horizonte dessas pessoas.