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sexta-feira, 30 de março de 2018

Novo estudo surpreendente: Brasil é líder global na igualdade de gênero na ciência

Postado por Brenda Fernanda

     A notícia discorre sobre o quanto as mulheres brasileiras tem se destacado na produção científica nos últimos anos, superando o ranking dos Estados Unidos, do Reino Unido e da União Européia. O estudo sobre 'Gênero no Panorama da Pesquisa Global', ao comparar 12 países - entre eles, EUA, União Européia (contados como um), Reino Unido, Portugal, Chile, México e Brasil - identificou que este último se destaca pelo avanço no fechamento do hiato de gênero nas últimas duas décadas, o que significa que as disparidades de gênero na produção científica tem diminuído ao longo dos últimos anos.
   
     A proporção de mulheres que publicam artigos científicos cresceu 11% no Brasil nos últimos 20 anos, de modo que atualmente as mulheres brasileiras publicam quase metade dos artigos acadêmicos científicos do país. Entre todos os países estudados, Brasil e Portugal obtiveram o maior percentual de autoras femininas de artigos acadêmicos científicos, com 49% destes em ambos os países escritos por mulheres.

Fonte: https://www.forbes.com/sites/shannonsims/2017/03/08/surprising-new-study-brazil-now-a-global-leader-in-gender-equality-in-science/#5b4a44756f44

Surprising news today: Brazilian women are leading the world when it comes to a key measurement on science, surpassing the ranking of the United States, the United Kingdom and the European Union.
The massive study on Gender in the Global Research Landscape, published today by Elsevier, identifies 12 "comparator" countries, including among them the United States, the European Union (counted as one), the United Kingdom, Portugal, Chile, Mexico, and Brazil. Using measurements on everything from the number of times a scientific article is cited to the proportion of women among inventors, the study shines a bright light on gender disparity – and progress – in academia and the sciences in general.
In the study, Brazil stands out for its progress in closing the gender gap over the past two decades. The proportion of women who publish scientific articles – which is considered the principal form of career evaluation for academics – rose 11% in Brazil over the past 20 years. Today, Brazilian women publish nearly half of the country's scientific scholarly articles, approaching gender parity in one of the fields that has historically left women behind.
Among all the countries studied, Brazil and Portugal ranked highest in the percentage of female authors of scientific scholarly articles, with 49% of scientific scholarly articles in the two countries now written by women.
The finding on Brazil is even more robust considered in light of the fact that in Portugal women authored 27,561 scientific articles between 2011 and 2015; in Brazil, over the same period, women authored nearly five times that number (153,967 articles).
Meanwhile, in the United States and the United Kingdom, only 40% of scientific scholarly articles were authored by women between 2011 and 2015, compared to 49% in Brazil. In the European Union, 41% of scientific scholarly articles were published by women. Ranking lowest in the study is Japan, where only 20% of scholarly scientific articles were written by women.
Most encouraging of all, Brazil's strong showing in this report signals a significant improvement in Brazilian women's participation in the sciences. During the period of 1996 to 2000, only 38% of the scholarly scientific articles published by Brazilians were authored by women. That is, just since 2000, Brazilian women have reached near-parity with men when it comes to scientific authorship.
Brazil also fares well in other indicators featured in the study. The proportion of female inventors in Brazil rose from 11% to 17% between 1996 and 2015. Today, the proportion of female inventors in Brazil is higher than in the United States (14%), United Kingdom (12%) or the European Union (12%).
The results are sobering news for those monitoring women's progress in the sciences in the US, UK, and EU, not to mention Japan. But the study's results are positive, if surprising, news for anyone who cares about women in Brazil.
Typically, news about women in Brazil tends to be of a negative nature. In recent years, socially conservative movements in Brazil, including those linked to the powerful evangelical church, have made progress in pushing a conservative vision of a woman's place. That push has often prompted backlash from feminist groups, as in the case of the hilarious feminist meme that circulated in response to an article about the "demure" now-First Lady of Brazil.
Politically, women have lost ground over the past few years in Brazil. The country's first female president was impeached in September. Her successor, the current president Michel Temer, filled his cabinet with white men, drawing sharp criticism from women's rights advocates. Of Brazil’s 513 congressional representatives, only 53 are women, placing Brazil at #115 in a global ranking of female political representation. A series of high-profile violent crimes against women have drawn even more attention to the current status of women in Brazil.
Wednesday's report offers optimism to Brazilian women's rights monitors, but that optimism should be tempered. Across the countries compared, the study found that, compared to men, women tend to have a lower scholarly output on average. (That is, on average, women publish fewer papers per researcher than men.)
And although on average women and men tend to have similar citation and download impacts, in Brazil, women's articles are still cited less frequently than their male counterparts' articles. This disparity seems to also be true of the other Latin countries – Portugal, Chile, and Mexico – included in the study.
Despite Brazilian women's successes in publishing scientific articles, as in other countries, unequal pay remains a persistent issue in Brazil. In 2013, the World Bank found that in Brazil, a woman's hour of work is still worth a fourth less than that of a man. Tamara Naiz, president of Brazil's National Association of Post-Graduates, commented to the Brazilian newspaper Folha de São Paulo, "The result of this study shows that, even coming from unequal conditions, a woman can develop research that is just as good as that of a man."
Naiz added, "If we are scientists just as capable as men, then why is this not reflected in equal pay and equal opportunities?"

segunda-feira, 26 de março de 2018

Impacto na autoestima de mulheres em situação de violência doméstica atendidas em Campina Grande, Brasil

Resenhado por Brenda Fernanda

Guimarães, R. C. S., Soares, M. C. S., Santos, R. C., Moura, J. P., Freire, T. V. V., & Dias, M. D. (2018). Impacto na autoestima de mulheres em situação de violência doméstica atendidas em Campina Grande, Brasil. Revista Cuidarte, 9, 1988-97.

    A violência sofrida pela mulher muitas vezes ultrapassa o aspecto físico, ocasionando também danos à saúde mental. Tal consequência tem sido relatada em muitas situações pela diminuição da autoestima, podendo ser considerada, por muitos profissionais, como silenciosa, repercutindo de forma avassaladora no que se refere aos agravos à saúde da mulher. Essa violência, muitas vezes velada, origina-se de uma construção sociocultural que gira em torno da desigualdade entre os gêneros, fato que se apresenta como o principal responsável pela naturalização da violência, visto que existe uma cultura de valores enraizada em que a mulher deve ser submissa ao homem.

     As agressões sofridas causam um sofrimento que vai além das lesões corporais, de modo que a vítima pode carregar consigo marcas subjetivas que muitas vezes ultrapassam o próprio impacto das lesões físicas. Em função do sofrimento e dos agravos psicológicos ocasionados pela violência, bem como do resgate da autoestima de mulheres vitimadas pela violência de gênero; e diante da necessidade de se discutir de forma mais aprofundada sobre como cuidar de mulheres em situação de violência, o objetivo do presente estudo foi investigar o impacto na autoestima de mulheres vítimas de violência.

    A pesquisa, de natureza qualitativa, foi realizada na Delegacia Especializada de Assistência à Mulher, no município de Campina Grande (PB). Participaram da pesquisa 11 mulheres que denunciaram violência na delegacia. Foram realizadas oficinas psicoeducativas e os instrumentos utilizados para coleta de dados foram entrevistas semiestruturadas e diários de campo. Os dados foram analisados através da análise de conteúdo de Bardin.

     A partir da questão norteadora 'Quais as repercussões para a saúde da mulher após a violência sofrida?', obtiveram-se como resultado as categorias 'Impacto na Saúde da Mulher', 'Impacto na autoimagem e perda da identidade feminina' e 'Submissão e perda da liberdade'. Na primeira categoria, havia relatos referentes aos danos causados à saúde física e mental, como depressão e insônia. Quanto ao impacto na autoimagem e perda da identidade feminina, observou-se nos discursos a diminuição da autoestima pelas mulheres que vivenciaram a violência. Além disso, muitas mulheres se sentiam diminuídas diante das lesões e cicatrizes que carregavam no corpo, o que indica que embora muitas marcas se apaguem com o tempo, o sofrimento e o medo da violência persistiam. Por fim, em relação à última categoria, observou-se que a maior parte das mulheres que sofriam violência e prestavam queixas em delegacias, o ato de violência era decorrente de um sentimento de posse e dominação masculina por parte do agressor, gerando sofrimento e submissão para as vítimas.

    Por fim, ressalta-se a importância de se desenvolver estratégias e políticas que identifiquem precocemente casos de violência doméstica contra a mulher, bem como ofertem melhor articulação com a rede de assistência, a fim de prevenir o surgimento de novos casos e os impactos negativos desencadeados por esse fenômeno, tanto em caráter individual quanto social.

quinta-feira, 22 de março de 2018

Um estudo sobre intervenções junto a homens autores de violência doméstica contra mulheres

Resenhado por Brenda Fernanda

Bernardes, J. P., & Mayorga, C. (2017). Um estudo sobre intervenções junto a homens autores de violência doméstica contra mulheres. Revista de Psicología, 26, 1-15.

A violência doméstica é uma das formas mais brutais de violação dos direitos das mulheres, constituindo-se num tema de grande preocupação social, sendo reconhecida internacionalmente como grave problema de proporções epidêmicas. A violência limita as oportunidades de acesso de milhões de mulheres e crianças, em todo o mundo, à educação e emprego, bem como acarreta diversos prejuízos para a saúde e o bem-estar das mulheres e para o desenvolvimento social e econômico.
Na América Latina, aproximadamente 50% de mulheres afirmaram terem sido abusadas fisicamente pelo seu companheiro íntimo. O Brasil ocupa a posição de quinta maior taxa mundial de feminicídios, expressão mais aguda da violência contra as mulheres. Entre os anos 2001 a 2011, 50 mil mulheres foram assassinadas, resultando numa média de 5 mil mortes por ano; 29% desses óbitos ocorreram na casa da vítima e 50,3% das mortes violentas de mulheres foram cometidas por familiares, entre os quais 33,2% eram parceiros ou ex-parceiros.
Frente a este cenário, o trabalho com homens autores de violência (HAV) doméstica contra as mulheres surge como uma forma de enfrentar tal fenômeno. Ainda que seja entendida como uma intervenção controversa por alguns, ressalta-se que as mulheres em situação de violência demandam este tipo de ação voltada para os homens, com foco na responsabilização destes pelas violências perpetradas, visando também a desconstruir tais condutas, uma vez que, entre as mulheres que sofrem violência, muitas mantêm convívio com os homens que cometeram violências contra elas. Além disso, muitos homens, mesmo com o rompimento da relação violenta, passam a reproduzir condutas violentas em outras relações, o que torna necessário intervir junto a eles. Ainda, a intervenção junto aos agressores propõe a interrupção da transmissão intergeracional da violência.
A pesquisa, de cunho qualitativo, foi realizada através de entrevistas semiestruturadas com os gestores e técnicos dos programas de intervenção junto aos HAV no estado de Minas Gerais. O presente estudo teve como objetivo investigar as bases teórico-metodológicas das políticas de intervenção dessas instituição.
O estudo discutiu as propostas de trabalho das quatro instituições e concluiu sobre a importância de se dar voz aos HAV, a fim de que se obtenham elementos para compreender aspectos relacionados às formas como esses sujeitos significam sua relação com a violência, bem como aspectos de sua socialização que contribuíram para que tenham sido autores de violência. A partir do momento em que se presta assistência também ao agressor, é possível obter informações sobre as violências que podem funcionar como base para novas intervenções visando também à prevenção.

quinta-feira, 15 de março de 2018

Relacionamento abusivo pode causar doenças

Postado por Brenda Fernanda

A violência contra a mulher tem sido uma constante, podendo ser considerada epidêmica. Além dos danos à saúde psicológica, ela também pode ocasionar danos à saúde física, desencadeando quadros de gastrite nervosa, distúrbios alimentares, alopecia, problemas dermatológicos, baixa no sistema imunológico, deixando o corpo vulnerável a inflamações e alergias, assim como transtornos depressivos e ansiosos, ataques de pânico e transtorno de estresse pós-traumático. A vivência neste contexto também interfere no funcionamento diário das mulheres, afetando sua rotina laboral e vida social. Os relacionamentos abusivos muitas vezes são romantizados por uma sociedade majoritariamente machista, o que dificulta que tais mulheres quebrem este ciclo de violência. As consequências destes abusos refletem o quanto o corpo e a mente estão interligados, sendo de fundamental importância o cuidado e assistência à saúde mental. 

Fonte: http://www2.correio24horas.com.br/detalhe/saude/noticia/relacionamento-abusivo-pode-causar-doencas/?cHash=ef267ca5315fcf0a7159760145a1e7a0


“Meu aparelho digestivo estava totalmente destruído. De afta a gastrite, esofagite, pedra na vesícula, hemorroidas. Da boca ao ânus, estava tudo destruído”, lembra a educadora Tulipa*, 42 anos. Naquele mesmo ano, foi diagnosticada com depressão. Hoje, além da depressão – que ganhou o adjetivo ‘profunda’ –, ela tem ansiedade generalizada.
Vítima de um casamento que durou 15 anos e que a persegue até hoje, Tulipa sofreu tanto nesse relacionamento abusivo que ficou doente. “Minha vontade, na época, era de ter um câncer maligno e morrer”.
É bem nessa época do ano – que emenda o dia 12 de junho, quando é comemorado o Dia dos Namorados, e o dia 13, dia de Santo Antônio, o casamenteiro – que muita gente lamenta por não ter um amor romântico para viver. Só que relatos como o de Tulipa trazem uma reflexão: que relacionamentos podem ser a razão para que muita gente adoeça, literalmente.
“Comecei a ter crises de novo. No último dia 31, fui a um psiquiatra, porque comecei a ter dor de cabeça o tempo inteiro. Me explicaram que, além da além da insônia causada pela ansiedade, há a insônia da depressão”, continua Tulipa. Em casa, nem sempre há compreensão. A mãe não aceita que ela tem depressão. Prefere não acreditar. “Ela diz que é menopausa, que eu preciso ir na praia, qualquer coisa... Menos depressão”, revela Tulipa, que é assistida pelo Centro de Referência Loreta Valadares.
De fato, ansiedade e depressão são os relatos mais comuns, mas até transtornos alimentares, queda de cabelo, insônia, problemas de pele e crises de rinite são recorrentes. No entanto, como explica a psiquiatra Fabiana Nery, médica da Clínica Holiste e professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (Ufba), é mais provável que as pessoas desenvolvam apenas os sintomas. 
“Os sintomas mais prevalentes associados seriam os sintomas depressivos e ansiosos. São quadros mais leves. Na verdade, você pode ter esse comportamento associado a sintomas de ataque de pânico e transtorno de estresse pós-traumático relacionado a situações que relembram um relacionamento abusivo, uma relação violenta”, diz.
A situação é mais frequente do que parece. E, segundo a psicanalista e hipnoterapeuta Shirley Moraes, do NitidaMente Instituto, está muito mais presente em mulheres do que em homens. “Às vezes, temos homens que passam por essa situação, mas, lá no consultório, de dez pacientes que chegam, dois são homens e oito são mulheres”. 
Isso seria explicado pelo fato de que muitas mulheres têm uma visão ideal de casamento de conto de fadas, de princesa e até de que dependem de um homem que as complete. “A cultura do machismo acaba protegendo um pouco o homem nessa relação, porque ele é mais autossuficiente nesse aspecto”. 
As mulheres, por outro lado, podem ter depressão relacionada a maus tratos por parte do companheiro – não apenas no que diz respeito à violência física, mas psicológica. Shirley cita, inclusive, casos de mulheres que deixam de lado amigos e parentes, saem do contexto social que vivem para se tornar submissas ao relacionamento. “Junto com isso, vem a queda de cabelo, de unha, a rinite que aumenta, o problema de pele”, exemplifica. 
Para a psicanalista e hipnoterapeuta, tudo acontece porque mente e corpo são integrados – assim, quando a mente não está bem, o corpo sofre. Shirley diz que muitos de seus pacientes chegam até ela indicados por médicos, especialmente após resultados de exames não indicarem quadros que expliquem o mal-estar físico. 
“É muito comum pacientes serem indicados para mim por médicos, porque fazem exames e veem que não tem nenhum motivo para que a pessoa não tenha desejo sexual pelo marido, por exemplo. Todos os hormônios estão normais, mas a pessoa não tem desejo. Às vezes, a pessoa está perdendo cabelo, faz um monte de tratamento estético, médico, mas não resolve, porque tem que resolver a emoção”. 
A empresária Flora*, 23, é uma das que foi indicada para a terapia por um médico. Tinha vivido uma relação de seis anos, mas, um ano após o término, continuava com dificuldades para encarar seu próprio luto. “Passei por um tempo que só bebia. Tomo remédio para insônia até hoje. Procurei psiquiatra, minha neurologista me passou remédios. Não conseguia dormir, não conseguia trabalhar. A queda de cabelo eu tento reverter até hoje, porque arrancava muito o cabelo”, conta. As coisas só mudaram depois que ela começou o tratamento hipnoterapêutico, associado à psicoterapia convencional. 
DisfuncionalidadeA psiquiatra Fabiana Nery destaca que o amor é um sentimento complexo. Assim, relacionamentos podem ser funcionais ou disfuncionais. No caso de um relacionamento disfuncional, podem ocorrer sofrimentos diversos. 
No Centro Loreta Valadares, ligado à Superintendência de Políticas para Mulheres e Juventude e que acolhe mulheres vítimas de violência doméstica, é comum que elas cheguem com sofrimentos. Lá, os relacionamentos se encaixam nos ‘disfuncionais’. 
“Quando elas vêm pela primeira vez, geralmente estão no limite da violência. Muitas têm insônia, ficam sobressaltadas, têm pânico. Quando já existe algum sofrimento mental, isso se agrava”, explica a assistente social Tânia Palma.
Segundo ela, muitas vezes, as mulheres têm dificuldades de identificar a violência que sofrem dentro dos relacionamentos. Por isso, acabam levando marcas invisíveis para a vida toda.
“A gente, então, encaminha para o acompanhamento psicológico. Se for necessário, também para o acompanhamento psiquiátrico no Caps (Centro de Atenção Psicossocial). A gente tenta fazer com que elas entendam que o problema não é ela. A violência contra a mulher é milenar. Precisamos informar, esclarecer e empoderar para que elas rompam o ciclo”.


quinta-feira, 8 de março de 2018

Violência contra as mulheres: O que os profissionais de saúde têm a ver com isso?

Postado por Brenda Fernanda      

      A violência contra a mulher pode acontecer não apenas de forma física, mas também psicológica, sexual, patrimonial e moral. A violência doméstica acarreta sérios riscos para suas vítimas, gerando consequências para a saúde física e psicológica do indivíduo, a curto e longo prazo. É nesse contexto que se faz necessária a atuação dos psicólogos e profissionais de saúde em geral, de forma protetiva e preventiva, visando a oferecer suporte após o ocorrido, bem como discutindo e promovendo conhecimento acerca de tais violências para evitar que elas aconteçam. Nesse sentido, ressalta-se também a importância de abrir a discussão para a comunidade acerca deste tema, a fim de desmistificá-lo e realizar orientações cabíveis sobre.    


Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=084Z58rI8rE


segunda-feira, 5 de março de 2018

Análise da violência doméstica na saúde das mulheres


Resenhado por Brenda Fernanda

Silva, S. A., Lucena, K. D. T., Deininger, L. S. C., Coelho, H. F. C., Vianna, R. P. T., & Anjos, U. U. (2015). Análise da violência doméstica na saúde das mulheres. Journal of Human Growth and Development, 25(2), 182-186. doi:10.7322/jhgd.103009   

O artigo se inicia conceituando a violência contra a mulher como danos causados à saúde física e mental da vítima, não estando ligada apenas à violência física, mas também à violência psicológica e à ideia de submissão, culturalmente enraizada nas relações de gêneros, em que o homem se comporta como ser dominante e a mulher um ser inferior. Nesse sentido, ressalta-se que a violência doméstica traz prejuízos para a saúde, vida social e psíquica dessas mulheres, constituindo-se como um problema de saúde pública de grande magnitude no mundo inteiro.

A pesquisa de campo exploratória e descritiva, com abordagem qualitativa, foi realizada no município de João Pessoa, com 406 mulheres maiores de 18 anos. Utilizou-se como instrumento entrevista contendo questões abertas que avaliaram o entendimento das mulheres em relação à violência contra a mulher, os tipos de violência conhecidos, se já foram vítimas de algum tipo de violência e se perceberam algum agravo à saúde após os episódios de agressão.

Como resultado, observou-se que 40% das mulheres afirmaram ter sofrido violência. Com relação aos tipos de violência, 67% relatou ter sofrido violência psicológica e 33% violência física e psicológica. No que concerne às consequências à saúde percebidas após o ato de violência, as respostas relacionaram-se a insegurança, estresse, depressão, dificuldades em novos relacionamentos e até mesmo dificuldades no sono. Algumas mulheres atribuíram sintomas físicos à violência sofrida, tais como: dores de cabeça, desconfortos na coluna cervical, náuseas frequentes, tonturas e picos hipertensivos.

Mulheres que sofrem violência doméstica apresentam tanto consequências psicológicas quanto físicas a curto e longo prazo. Além dos sintomas supracitados, outras variáveis podem ser agregadas, como a redução da qualidade de vida e comprometimento do sentimento de satisfação com a vida, o corpo, a vida sexual e os relacionamentos interpessoais. Nesse sentido, discute-se sobre a necessidade de discussão sobre a violência doméstica tanto nos serviços de saúde quanto na comunidade, a fim de que tanto profissionais quanto o público em geral possa compreender o fenômeno. Além disso, é imprescindível a intervenção frente aos casos de violência contra a mulher, visando à promoção melhor enfrentamento diante das consequências da violência sofrida, bem como dando visibilidade aos agravos e dialogando sobre a emancipação de gênero e o empoderamento das mulheres.

quinta-feira, 1 de março de 2018

Tratamento cognitivo-comportamental para depressão maior: Uma revisão narrativa

Resenhado por Mariana Menezes

Carneiro, A. M., & Dobson, K. S. (2016). Tratamento cognitivo-comportamental para depressão maior: uma revisão narrativa. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas12, 42-49. doi:10.5935/1808-5687.20160007

Sabe-se que o número de pessoas depressivas tem aumentado consideravelmente. Estima-se que a depressão acometa cerca de 350 milhões de pessoas em todo o mundo, no entanto, apenas 10% destas recebem tratamento adequado. Os índices de reincidência do transtorno também são altos: de 50 a 90%.
Muitas pesquisas têm demonstrado a eficácia da psicoterapia para o tratamento da depressão, tanto individualmente quanto em combinação com antidepressivos. O tratamento farmacológico da depressão tem sido apontado como o principal, contudo não há evidências suficientes de sua capacidade de proteger contra reincidências. Nesse sentido, a proposta das psicoterapias é buscar uma melhora substancial a longo prazo. Assim, a combinação de antidepressivos com psicoterapia tem revelado aumento da eficácia do tratamento da depressão.
A seguir, serão apresentadas, de forma sucinta, algumas técnicas psicoterápicas da terapia cognitivo-comportamental (TCC) baseada em evidências para o tratamento da depressão:

Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)
O modelo cognitivo-comportamental, proposto por Aaron T. Beck e colaboradores, tem se mostrado efetivo no tratamento da depressão. Essa abordagem psicológica parte do pressuposto de que pacientes deprimidos têm uma visão distorcida a respeito de si mesmos, do mundo e do futuro. Assim, as intervenções focam na modificação desses pensamentos visando aliviar suas reações emocionais e desenvolver estratégias de enfrentamento. Acredita-se que um quantitativo de 16 a 24 sessões, com 50 minutos cada, aliadas a tarefas de casa, provocam mudanças significativas no estado de humor do paciente. Em geral, as pesquisas demonstram a eficácia da TCC na redução de ao menos 50% dos sintomas e na prevenção de recaídas no tratamento da depressão leve e moderada.

Ativação Comportamental (AC) - Behavioral Activation
A ativação comportamental foi desenvolvida por psicólogos cognitivos comportamentais com o objetivo de buscar resultados de efetividade similares à da TCC tradicional, no entanto, sem a aplicação de técnicas cognitivas. O pressuposto dessa abordagem é de que a prática de exercícios comportamentais pode levar a mudanças tão importantes quanto as cognitivas e o principal foco é a ativação de processos que reduzem comportamentos típicos da depressão como a esquiva e a ruminação. As principais técnicas utilizadas na AC são o diário de maestria e prazer, o registro das atividades, o manejo de contingências situacionais, o ensaio comportamental, a modelagem de estratégias de ativação, o ensaio verbal das tarefas propostas e as técnicas de relaxamento.

Mindfulness para depressão – Mindfulness Based Cognitive Therapy (MBCT)
A intervenção em Mindfulness envolve educar o paciente para que observe seus sentimentos e pensamentos, voltando sua atenção a sua respiração ou sensações corporais, apenas aceitando-as, sem julgamento. Fazendo isso, o paciente é convidado a sair do modo automático, no qual a maior parte dos erros cognitivos é formada, para um estado de consciência de seu estado e de si. A terapia cognitiva baseada em Mindfulness consiste em oito sessões, com tempo entre 60 e 120 minutos. Tem se revelado uma prática eficaz para a prevenção de recaídas da depressão em pacientes previamente tratados com terapia cognitiva.

Dispositivos on-line (Terapia Cognitivo Comportamental pela Internet -ITCC)
As terapias on-line têm se mostrado eficazes tanto quanto as presenciais. Esse tipo de psicoterapia consiste em um protocolo estruturado, com tarefas on-line para o paciente realizar ao longo da semana e materiais complementares para a psicoeducação. O modelo on-line segue o modelo de TCC tradicional, mas pode existir outras formas. O modelo Deprexis, por exemplo, envolve ativação comportamental, reestruturação cognitiva, treino de habilidades sociais e Mindfulness em um mesmo programa, composto por 10 sessões de 60 minutos cada.
Por fim, é importante destacar que não existe um único tipo de psicoterapia para o tratamento da depressão que funcionará em todos os pacientes, pois é preciso respeitar a individualidade, a história de vida e as características da personalidade de cada um. Dentre as técnicas psicoterápicas comentadas anteriormente, a terapia cognitivo-comportamental e a ativação comportamental são consideradas tratamento de primeira linha para a depressão devido a eficácia. Quanto a terapia cognitiva baseada em Mindfulness e as terapias on-line, discute-se sobre a necessidade de mais estudos sobre a efetividade dessas técnicas, mas, por hora, sabe-se que têm sido identificadas como promissoras para o tratamento da depressão. Além disso, ressalta-se que a psicoterapia não exclui o tratamento medicamentoso quando este se faz necessário, já que o tratamento multidisciplinar tem apresentado melhores resultados na redução dos sintomas depressivos.