Abuso de álcool na adolescência prejudica aprendizado e socialização

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                                                                                                         Postado por Maisa Silva
“O álcool é, sem dúvida, a droga mais usada por adolescentes. Pesquisa realizada em 2012 pelo IBGE demonstrou que 50,3% dos alunos do 9º ano das escolas brasileiras, privadas e públicas, já consumiram álcool pelo menos uma vez na vida [...]O álcool, assim como o tabaco, é considerado porta de entrada para o mundo das drogas, com um risco de progressão ao longo da vida, o que significa que a partir deste primeiro contato pode-se partir para o uso de drogas cada vez mais pesadas.”
Sabe-se que o alcoolismo é uma das doenças mais preocupantes e mais matam em todo o mundo, com cerca de 3,3 milhões de mortes todos os anos. Em seu último relatório sobre Álcool e Saúde, a OMS (2014) estimou que indivíduos com idade de 15 anos ou mais consumiram por volta de 6,2 litros de álcool puro em 2010 (equivalente a cerca de 13,5g por dia). Os dados também mostram que o consumo de álcool no mundo prevalece em indivíduos com idades entre 15-19 anos (11,7%) e em homens adolescentes (16,8%). Tendo em vista que o consumo de álcool começa na adolescência, é um dado preocupante em relação à saúde dos jovens, pois o álcool depreda o sistema nervoso central e age diretamente em diversos órgãos, causando a degradação dos mesmos aos poucos e de estruturas cognitivas, além de afetar outros campos, como o social. Logo, é importante a fiscalização em ambientes que vendam álcool e o acompanhamento de jovens que abusam de bebidas alcóolicas, a fim de entender e tratar.
O abuso do álcool está associado a maiores índices de situações de violência, como acidentes de trânsito, roubos, abuso sexual, suicídios. A gravidez não planejada também é mais frequente quando se faz uso de bebida alcoólica. Em adolescentes o efeito das drogas é mais sério do que nos adultos, pois é necessária uma dose menor de álcool para efeito deletério e o desenvolvimento da dependência é mais frequente. Além disso, a substância atua em indivíduos que ainda não estão totalmente formados, podendo interferir diretamente na sua capacidade de comunicação, de memória e aprendizagem, de julgamento, no humor, no processamento de novas informações e nas relações interpessoais. Adultos que iniciaram o uso de drogas na adolescência têm dificuldades em manter relacionamentos afetivos sem o uso da substância e muitas vezes levam uma vida sem perspectivas.
O que faz com que o adolescente tenha um comportamento de risco no que se refere às drogas é uma somatória de diversos fatores, levando-se em conta o seu estágio de desenvolvimento físico e psíquico, suas características pessoais e da família à qual pertence.O comportamento curioso é típico do adolescente, mas quanto mais postergarmos o primeiro contato com o álcool, menor a chance do desenvolvimento da dependência, pois seu cérebro, ainda em formação, tem a área responsável pelo prazer e recompensa muito ativa, enquanto a área responsável pelo planejamento e prevenção de danos só amadurece totalmente em torno dos 24 anos. A estimulação repetida do Sistema de Recompensa pelo álcool leva ao consumo mais intenso e persistente, explicando porque os jovens adquirem o vício mais facilmente do que os adultos.Algumas características normais dos adolescentes fazem com que eles estejam mais expostos aos riscos do que nas outras faixas etárias, como o afastamento dos pais e a identificação com os amigos, cedendo facilmente à pressão do grupo. Experimentar novas situações com o objetivo da busca pela identidade adulta é esperado, mas o uso de drogas pode vir a fazer parte desta experimentação, de forma passageira ou não. Do ponto de vista individual, a insatisfação com suas atividades, a insegurança, a sensação de não fazer parte de um grupo e a autoestima baixa são características frequentemente encontradas em adolescentes usuários de drogas. Jovens tristes, angustiados ou ansiosos também apresentam mais chances de se apoiarem na bebida.O ambiente familiar influencia muito, tanto negativamente quanto positivamente. Existe um risco genético para o alcoolismo, filhos de pais alcoólatras têm 4 vezes mais chance de desenvolver a dependência do que os demais. O exemplo dos pais é fundamental, lares nos quais a bebida alcoólica faz parte do dia a dia ou onde os filhos presenciem com frequência seus parentes embriagados geram jovens mais susceptíveis a repetirem estes comportamentos. Por outro lado famílias com regras claras, que ensinam seus filhos a terem limites e lidarem com as frustrações estão fazendo prevenção ao uso de drogas, pois ao contrário, jovens que não se acostumaram a ouvir o não na infância tendem a repetir o padrão desafiador que tinham dentro de casa e sentem-se inseguros e frustrados diante das negativas que o mundo lhes dá, recorrendo às drogas como solução para seus sentimentos ruins.Portanto a prevenção do uso do álcool na adolescência deve começar dentro de casa, desde a primeira infância. O bom exemplo dos pais, em um ambiente com regras claras, diálogo aberto e acolhimento são os principais pilares para a formação de jovens saudáveis e livres do alcoolismo. Atitudes como o estímulo aos esportes e às atividades sociais são benéficas, assim como o reforço positivo, que gera autoestima elevada e a vontade de ser alguém na vida.  

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