Percepção dos pais acerca de seus neonatos e sua relação com o desenvolvimento infantil.
Resenhado por Catiele Reis
Hernández-Martinez,
C., Sans, J.C., & Fernández-Ballart, J. (2011). Parent’s perceptions of
their neonates and their relation to infant development. Child: Care, health and development, 37, 484-492. doi:
10.111/j.1365-2214.2011.01210.x
A percepção dos pais acerca do bebê
recém-nascido é a representação mental que os pais e mães têm sobre seu próprio
filho em comparação com a média populacional. Vários fatores podem afetar a
percepção dos genitores tais como distúrbios emocionais, sociais e variáveis
culturais e isso tem uma relação direta com o desenvolvimento infantil. Sabendo
que a percepção dos pais tem uma influência direta com o crescimento mental,
psicológico e físico da criança, este estudo teve como objetivo examinar a
percepção de pais e mães de neonatos durante o primeiro mês de vida e averiguar
se essa percepção, aliada às características sociais e psicológicas das mães são
preditores de um bom desenvolvimento infantil.
Participaram desse estudo pais/mães
entre 18 e 36 anos, voluntários de um estudo longitudinal sobre desenvolvimento
infantil da cidade de Rovira, na Espanha. As mães, e seus respectivos cônjuges,
começaram a ser acompanhados a partir da 39ª semana de gestação perfazendo um
total de 222 participantes (111 mães e 111 pais).
A coleta de dados aconteceu em três
fases. Na primeira, que ocorreu durante o último trimestre de gravidez, foi
aplicado o Eysenck Personality Questionnaire,
que mensura traços neuróticos, psicóticos e ansiosos, além de um questionário
socioeconômico. A segunda fase ocorreu logo após o nascimento dos bebês, mais
precisamente entre 3 dias a um mês após o parto, sendo aplicado os seguintes
instrumentos: Inventário de Percepção Neonatal adaptado para a língua espanhola,
o State Trait Anxiety Inventory, que
mensura a ansiedade, a escala de depressão de Beck, o Neonatal Behavioral Assessment Scale, usada como preditor do comportamento infantil
e a Bayley Scales for Infant Development,
composta por três subescalas que mensuram o desenvolvimento infantil físico,
psicológico e mental. A terceira e última fase aconteceu após o quarto mês de
vida dos bebês e foi reaplicada a Bayley Scales
for Infant Development.
Os resultados indicaram que a percepção
positiva que os pais/mães têm de seus filhos diminuem com o passar do tempo e
isto apresentou associação com o sexo dos bebês. Mães tendem a ter percepção
mais positiva quando o filho é do sexo masculino do que quando é do sexo
feminino. Por outro lado os pais (homens) tem uma percepção mais positiva das
meninas do que dos meninos.
Evidencia-se que os traços
depressivos, ansiosos ou neuróticos das mães afetam a maneira como elas
enxergam os bebês e que a percepção dos pais afeta o desenvolvimento infantil e,
principalmente a percepção paterna. Sobre este fato, os resultados apontam os
filhos de mães depressivas tem um desenvolvimento inferior se comparado com os
filhos de mães saudáveis.
A pesquisa afirma também que a forma como
o pai (homem) percebe e interage com o filho é o melhor preditor de
desenvolvimento na infância. Dessa forma, as crianças que tem o pai (homem)
mais presente durante a infância apresenta um desenvolvimento mais acelerado se
comparado com aquelas sem presença paterna constante.
Portanto, nota-se que a percepção
dos pais/mães é bastante positiva durante o primeiro mês, mesmo não sendo um
fator estável ao longo dos meses. A presente pesquisa também esclarece a
importância do pai no desenvolvimento infantil, mesmo tendo este quesito
abordado com limitações, pois não demonstra os fatores psicológicos e sociais
que influenciam na percepção paterna sobre seus filhos.
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