Estudo epidemiológico acerca do câncer entre irmãos
Postado por Edryenne Matos
De acordo com
Last (1988 citado por Barreto, 2002), a epidemiologia trata da disposição e dos
determinantes de eventos e estados concernentes à saúde em populações
específicas. O conhecimento produzido por esta ciência é aplicado na resolução
dos problemas de saúde. Pode-se depreender desta definição o quanto a ciência
epidemiológica tem contribuído para a compreensão dos fenômenos relacionados à
saúde das populações. Deste modo, a notícia abaixo trata de um estudo
desenvolvido pelo Estudo do Câncer em Gêmeos Idênticos e Não Idênticos que
objetivou analisar a hereditariedade do câncer entre irmãos, sejam eles
idênticos ou não. A realização de estudos como este possibilita a construção do
perfil epidemiológico da população e, assim, compreendê-la a fim de intervir na
conjuntura instaurada.
Referência:
Barreto, M. L. (2002). Papel da epidemiologia no
desenvolvimento do Sistema Único de Saúde no Brasil: Histórico, fundamentos e perspectivas. Revista Brasileira de Epidemiologia, 5(1), 4-17.
Fonte:
http://brasil.elpais.com/brasil/2016/01/05/ciencia/1452016944_817268.html
Se o seu irmão teve câncer, você tem 37% de chances de também ter um
Se o seu irmão tem câncer, suas possibilidades de desenvolver outro, do mesmo tipo ou não, são de 37%, de acordo com um estudo de 200.000 irmãos gêmeos – idênticos ou não – submetidos a acompanhamento durante mais de três décadas. A cifra de 37% corresponde aos gêmeos não idênticos, cuja semelhança genética é a mesma do que a de qualquer irmão. No caso dos gêmeos idênticos, o risco sobe aos 46%. Em geral, 32% das pessoas estudadas sofreram um câncer durante sua vida, uma porcentagem considerada normal.O trabalho pertence ao Estudo do Câncer em Gêmeos Idênticos e Não Idênticos Nórdicos, uma gigantesca base de dados de irmãos nascidos ao mesmo tempo na Dinamarca, Finlândia, Noruega e Suécia. Os pesquisadores analisaram a hereditariedade do câncer: a proporção da variação do risco de câncer de uma população que se deve a fatores genéticos. Os autores detectaram uma hereditariedade significativa no melanoma (58%), o câncer de próstata (57%), o câncer de pele não melanoma (43%), de ovário (39%), de rim (38%), de mama (31%) e de útero (27%).O estudo, publicado na quarta-feira na revista médica JAMA, mostra que em 3.300 duplas os dois irmãos desenvolveram um câncer ao longo de sua vida. Foi o mesmo tipo de câncer em 38% dos irmãos gêmeos idênticos e em 26% dos não idênticos. Nos outros casos, os irmãos sofreram tipos de tumores diferentes. Os resultados sugerem, pela primeira vez, que em algumas famílias existe um risco maior de sofrer qualquer tipo de câncer. O trabalho foi liderado pela epidemiologista Lorelei Mucci, da Universidade de Harvard (EUA), e seu colega Jacob Hjelmborg, da Universidade do Sul da Dinamarca.Os cientistas detectaram um risco familiar maior em 20 dos 23 tipos de câncer analisados, incluindo tumores comuns, como os de mama e próstata, e outros menos frequentes, como os de ovário e estômago. Um dos maiores riscos familiares foi detectado no câncer de testículo. O risco de um homem ter esse tumor é 12 vezes maior se o irmão o desenvolveu, 28 vezes mais alto no caso de irmãos gêmeos idênticos.O estudo não dá tanta importância, entretanto, a alguns fatores de risco ambientais que uma família pode ter, como a exposição ao sol. “Que dois irmãos tenham câncer de pele é seguramente mais provável pelo costume de seus pais de não os protegerem quando eram crianças do que pelo componente genético, que também pode ser um fator”, observa Esteve Fernández, pesquisador do Instituto Catalão de Oncologia e presidente da Sociedade Espanhola de Epidemiologia.Morrem por ano oito milhões de pessoas por câncer no mundo e são diagnosticados 12 milhões de novos casos. “Essa informação sobre os riscos hereditários dos tumores pode ser útil na educação dos pacientes e na assessoria sobre o risco de sofrer um câncer”, dizem os autores.
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