Psicodermatologia: como pele e emoções se relacionam?

19:24
Postado: Gabriela de Queiroz Cerqueira Leite


A psicodermatologia é um campo de estudo que reúne todos os aspectos de como a mente e o corpo se relacionam quanto ao início e ao progresso de doenças da pele. Os fatores psicológicos têm sido associados à doenças dermatológicas de diversas maneiras, desta forma, há uma subdivisão de grupos de doenças psicodermatológicas através da qual, torna-se evidente o tipo de relação existente entre as doenças de pele e as condições psicológicas, a tabela abaixo apresenta de forma resumida a definição de cada grupo e exemplos de doenças que neles se enquadram:


Grupos
Definição
Doenças
Transtornos Psiquiátricos Secundários
Doenças de pele que podem levar a problemas emocionais, como quadros de isolamento social e depressão.
Albinismo
Alopecia areata
Vitiligo

Dermatoses influenciadas pelo estado emocional
A condição de pele desenvolve-se e é exacerbada por condições emocionais como estresse.
Acne
Dermatite atópica
       Psoríase
Transtornos Psiquiátricos Primários
Não há doença primária de pele e todas as manifestações cutâneas são auto induzidas.
Transtorno Obsessivo-compulsivo
        Transtorno Somatoformes
Lesões dermatológicas por uso de psicotrópicos
As condições dermatológicas são consequências do uso de drogas psicotrópicas
Antipsicóticos
Antidepressivos
Ansiolíticos

          
Há uma estimativa de que 40% a 80% dos pacientes em tratamento num ambulatório dermatológico experimentam problemas psicológicos ou psiquiátricos significativos, com isto foi possível constatar alguns fatores que podem estar relacionados à este índice. 
Em primeiro lugar a visibilidade da doença pode chamar a atenção das pessoas de maneira negativa, e isto gera sofrimento, uma vez que não há como o paciente controlar quem sabe sobre sua condição, nem quando saberão. Em segundo lugar, há um sofrimento associado a mitos que relacionam a doença de pele à falta de higiene e contágio, o que gera estigmas e dificulta a interação social. Um último e terceiro ponto, diz respeito ao caráter episódico e progressivo de muitas destas doenças, o que requer constante adaptação do paciente às mudanças em sua aparência e faz com que apresentem autoestima mais baixa do que a população em geral, além de outros problemas emocionais e psicossociais.
Com base no apresentado é possível perceber o quanto a pele pode expressar emoções e sentimentos, bem como a necessidade de se estudar tais doenças sob diferentes pontos de vistas, como propõe a psicodermatologia: unir conhecimentos de dermatologistas, psiquiatras e psicólogos a fim de oferecer tratamentos mais completos à pessoas que sofrem com tais distúrbios.

Taborda, M. V. V., Weber, M. B., & Freitas, E. S. (2005). Avaliação da prevalência de sofrimento psíquico em pacientes com dermatoses do espectro dos transtornos psicocutâneos. Anais Brasileiros de Dermatologia80(4), 351-354. doi.org/10.1590/S0365-05962005000400004
Walker C, Papadopoulos L. (2005). Psychodermatology: The psychological impact of skin disorders. Cambridge: Cambridge University Press.
            

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