A intolerância à frustração no transtorno de jogo pela internet e associação com severidade e depressão

Resenhado por Luiz Guilherme Lima Silva.

Lin, H., Yen, J., Lin, P., & Ko, C. (2021). The frustration intolerance of internet gaming disorder and its association with severity and depression. The Kaohsiung Journal of Medical Sciences, 37(10), 903–909.  https://doi.org/10.1002/kjm2.12394

Com a rápida expansão da internet desde o fim do século XX, o DSM-5 abrigou na seção de condições recomendadas para pesquisas futuras o Transtorno de Jogo pela Internet (TJI). A 11ª edição da Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID-11) já considera o transtorno de jogo, uma vez que impacta os níveis individuais e de saúde pública daqueles que sofrem com tal síndrome. O tratamento mais indicado para pessoas sofrendo com sintomas de TJI é a aplicação de psicoterapia cognitivo-comportamental. Apesar do avanço na categorização desse transtorno, ainda existem lacunas referentes aos domínios cognitivos que devem ser priorizados em uma intervenção psicoterápica. O estudo em questão analisou o nível de intolerância à frustração de pessoas com TJI e a correlação entre TJI, depressão e intolerância à frustração em pessoas com esse diagnóstico.

Participaram do estudo 207 pessoas com TJI, que incluíram jogadores regulares e não jogadores com idades entre 20 e 38 anos. O critério diagnóstico para inclusão de pessoas com TJI levou em consideração uma entrevista clínica diagnóstica com um psiquiatra especialista no transtorno e teve como base os critérios diagnósticos disponibilizados pelo DSM-5. Foram utilizados como instrumentos de diagnóstico a C-M.I.N.I (versão chinesa da Mini-International Neuropsychiatric Interview), os critérios diagnósticos do DSM-5 para TJI, escala de desconforto à frustração, a Chen internet addiction scale (CIAS) e a versão chinesa da Center for Epidemiological Studies Depression Scale (CES-D).

Os resultados demonstraram que o grupo com TJI pontuou maiores níveis na escala de intolerância à frustração e suas subescalas. A partir de uma regressão logística, verificou-se que a intolerância à frustação se associou ao TJI e, por meio de uma análise de correlação, a depressão se associou positivamente em ambos os grupos. Evidenciou-se também em uma regressão linear que o fator mais relevante para o aumento da severidade de TJI foi a faceta denominada direito, que é constituinte da intolerância à frustração. Diante de tais resultados, é imprescindível que nas intervenções clínicas com indivíduos com TJI um dos objetivos seja a diminuição dos níveis de intolerância à frustração, uma vez que eles tendem a ter mais sintomas depressivos devido às crenças de intolerância ao desconforto e de conquista.

A Psicologia da Saúde, subárea da Psicologia que se ocupa em promover saúde e ensinar técnicas mais adaptativas frente ao estresse enfrentado pelos pacientes, pode promover uma maior qualidade de vida para as pessoas com TJI por meio de intervenções que se utilizem das práticas baseadas em evidência em Psicologia. Ainda referente ao campo da Psicologia da Saúde, os pesquisadores podem realizar estudos empíricos e de intervenção com o referido público a fim de elucidar questões referentes aos mecanismos de enfrentamento às adversidades que as pessoas com TJI apresentam em seu cotidiano.



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