Regulação emocional, sintomas de ansiedade e depressão em mulheres com histórico de violência conjugal
Zancan, N., & Habigzang, L. F. (2018). Regulação emocional, sintomas de ansiedade e depressão em mulheres com histórico de violência conjugal. Psico-USF, 23, 253-265. doi: 10.1590/1413-82712018230206
Resenhado
por Franciely Santos
A violência contra a mulher, para além de uma questão
individual, é considerado um problema de saúde pública e com forte teor social
em decorrência da grande incidência e consequências negativas na saúde da
mulher. A violência afeta vários aspectos da vida da vítima, causando danos
físicos e psicológicos, privações ou transtornos do desenvolvimento. Apesar de
ser expressa nos diversos ambientes, é no convívio doméstico que ocorre com
maior frequência. Além disso, é um fator de risco para ansiedade, depressão,
transtornos alimentares, bem como para o abuso de álcool e outras drogas.
Diante disso, o estudo
em questão teve como objetivo investigar os níveis de ansiedade, depressão e
regulação emocional em mulheres com histórico de violência conjugal, para mais,
pretendeu também averiguar as relações entres eles.
O estudo teve os
requisitos para ser definido metodologicamente como quantitativo, correlacional
e transversal. Participaram 47 mulheres com histórico de violência conjugal, e
média de idade de 32,11 anos. Para avaliar os aspectos propostos, utilizou-se
um Questionário de Dados Sociodemográficos, o Inventário de Ansiedade Beck (BAI),
Inventário de Depressão Beck (BDI-II), Escala Tática de Conflito
Revisada e a Escala de Dificuldades de Regulação Emocional – (DERS).
De acordo com a análise
de dados realizada, observou-se que o nível de ansiedade da amostra foi leve, e
o de depressão moderado, sendo que ambos apresentaram correlação positiva. Em
relação a regulação emocional, os índices altos indicaram dificuldades na forma
de manejar as emoções, o que pode fomentar os conflitos. Esses resultados
implicam na dificuldade de romper o ciclo de violência ao qual essas mulheres
estão inseridas, e afeta ainda a autoestima e autoimagem das mesmas. Da
amostra, 30% fazia uso de psicofármacos, sendo utilizados como estratégias para
lidar com todo sofrimento que vivenciavam.
A contribuição deste
estudo para a Psicologia da Saúde foi dada por meio da investigação de fatores
psicológicos encontrados na amostra em questão e comuns na população em geral.
O número de vítimas de violência doméstica é crescente, e a mesma gera
sofrimentos em todos os aspectos da vida. Assim, a Psicologia da Saúde, com a
utilização e desenvolvimento de protocolos, acolhe e fornece atendimento em
saúde mental a esse público, estando sensível ao contexto e demandas. Além
disso, a realização de procedimentos de rastreamento dessas vítimas nas
unidades básicas de saúde, visando cuidado e promoção de saúde mental, bem como
orientação a respeito das leis e dos direitos dessas mulheres.
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