Doação de órgãos entre adolescentes de Recife - PE
Resenhado
por Laís Santos
Monteiro, A.M.C., Fernandes, E.C., Araújo, E.C., Cavalcanti, A.M.T.S., & Vasconcelos,
M.G.L. (2011). Doação de órgãos: Compreensão
na perspectiva de adolescentes. Revista
Brasileira de Saúde Materno Infantil, 11(4),
389-396.
A
doação de órgãos é uma prática comum que vem sendo aperfeiçoada ao longo dos
anos, ajudando a melhorar a qualidade de vida de muitos cidadãos. Ao passo que se
cresce o número de inovações tecnológicas e científicas, as práticas
profissionais também são afetadas e as equipes passam a trabalhar cada vez mais
em conjunto para ofertar o melhor cuidado possível. Especificamente em relação
à doação de órgãos, mesmo com todos os avanços, existe um grande montante de transplantes
que não são efetivados, seja pela recusa familiar ou até pela incompatibilidade
entre doador e receptor.
Estudar
a doação de órgãos entre adolescentes parece ser uma opção vantajosa, ao passo
que se entende que estes podem ser os potenciais doadores no futuro, ou mesmo,
influenciar familiares e amigos sobre a importância de doar órgãos. Frente a
isto, o estudo em questão avaliou a percepção de 13 adolescentes estudantes do
ensino médio da cidade de Recife (PE) sobre a doação de órgãos. A pesquisa teve
caráter descritivo e exploratório, com abordagem qualitativa. Utilizou-se um
roteiro semiestruturado com duas perguntas, uma sobre o que o adolescente entende
quanto à doação de órgãos e o que ele pensava sobre a doação de seus órgãos e
os de seus familiares.
No
total, a amostra foi de 11 meninas, todos os 13 de Recife (PE) e estavam no terceiro ano do
ensino médio. Ao analisar o conteúdo das entrevistas, observou-se a presença de
quatro categorias: 1) Concepções que podem salvar vidas; 2) Conhecimentos
revelados; 3) Sentimentos facilitadores e complicadores à doação de órgãos; 4)
Outras influências que repercutem na decisão de doar órgãos.
Os
dados analisados chamam a atenção para a expressão de que a doação de órgãos
está associada ao salvamento de várias vidas. Ademais, também notou-se a presença do desejo
altruísta de ajudar o outro e a solidariedade, que pode vencer a
dor de perder um familiar. Observou-se também que os conhecimentos dos entrevistados estavam baseados
na ciência, e até mesmo em suas experiências e influencias do meio. A respeito
do acesso à informação, sabe-se que o conceito de morte encefálica é um tema
bastante complexo, que gera muitas dúvidas para familiares e potenciais
doadores. Assim, ressalta-se a importância de que as equipes profissionais
estejam bem preparadas, de modo a prestarem todas as informações necessárias à
população. Além disso, vê-se a necessidade de pesquisas, campanhas e
programas de conscientização direcionadas não apenas ao público adulto, como
também aos adolescentes – potenciais doadores a longo prazo.
Com isso, apesar
dos grandes avanços, ainda há a necessidade de se investir em treinamento das equipes
profissionais, bem como na oferta de informações de qualidade que possam
orientar os familiares sobre todo o processo da doação de órgãos. Com uma maior
conscientização da população, estima-se que mais cidadãos venham a manifestar o
seu desejo de serem doadores, fator que pode ser decisivo na hora de a família
autorizar o transplante.
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