Tentativas e mortalidade por suicídio no interior da Bahia
Resenhado por Iracema R. O. Freitas
Souza, V. S., M.
S., Silva, L. A., Lino, D. C. S. F., Nery, A. A., Casotti, C. A. (2011). Tentativas
de suicídio e mortalidade por suicídio em um município no interior da Bahia. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, 60(4), 294,300. Doi:10.1590/S0047-20852011000400010
O
suicídio é definido como o ato de dar fim a própria vida. Esse comportamento
envolve atos intencionais de autoagressão que nem sempre resultam em morte, o
que se caracteriza como uma tentativa de suicídio. Dados da OMS no ano 2000,
mostraram que 1 milhão de pessoas cometeram suicídio no mundo, quanto a
tentativas de suicídio estima-se que 10 a 20 milhões de pessoas tentam o
suicídio anualmente. Os países com maior índice de suicídio são: Franca, China, Suíça, Bélgica, Áustria, Estados Unidos e o
Leste Europeu. No Brasil, as maiores taxas de suicídio estão nos Estados do Rio
Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Goiás. A região nordeste,
apresentou um aumento de 130% entre 1980 e 2006.
Esse estudo foi realizado no município
de Jequié, localizado na região Sudoeste da Bahia, com uma população de 151.921
habitantes. O método utilizado foi o epidemiológico descritivo, com dados do
Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) obtidos na 13ªDiretoria Regional de Saúde
da Bahia (13ª DIRES) e do 8º Grupamento de Bombeiro Militar de Jequié/BA,
complementados com dados do Instituto Medico Legal (IML) e do Sistema de Informação
Hospitalar (SIH) do DATASUS.
Entre os anos de 2006 a 2010, foram
registrados no município de Jequié 24 suicídios (taxa media de mortalidade de
3,19 por 100.000 habitantes) e 26 tentativas de suicídio, com um pico no ano de
2009. Os resultados apontaram um número maior de suicídios na faixa etária de
40 anos ou mais, já as tentativas de suicídio foram mais comuns entre os 20 e
39 anos. Os meios mais utilizados foram enforcamento (58,33%), seguido de arma
de fogo, envenenamento e queda de altura, com o mesmo percentual de (12,5%) e
queimadura (4,17%). Os suicídios ocorreram com maior frequência no inverno
(29,17%) e no verão (29,17%), principalmente nos dias de quinta-feira (20,83%),
sexta-feira (16,87%) e domingo (16,87%). Quanto ao local do suicídio, que
ocorreram o principal era o domicilio (83,33%), estando mais relacionado a
enforcamentos (65%), lesões por armas de fogo (15%), envenenamentos (10%),
queimaduras (5%) e queda de altura (5%). Já as tentativas ocorreram, mais
frequentemente, no outono (26,92%) e primavera (26,92%), prevalecendo os dias
de sábado (23,1%) e terça-feira (19,23%), com predomínio da precipitação de
altura (69,23%), estando estas relacionadas com os ambientes próximos ao local
de residência, como pontes, viadutos, telhados e sacadas. Nesse município o
predomínio de precipitações ocorreram em uma elevação rochosa do município,
sugerindo que os fatores geográficos podem favorecer a escolha do método. As
tentativas de suicídio sofreram intervenção da equipe de bombeiros e da população
local (religiosos, familiares, vizinhos, amigos e pessoas que passavam no local),
uma vez que se tratava de um espaço aberto.
Os resultados apresentam uma
diferenciação entre as características do perfil das tentativas de suicídio e
mortalidade por suicídio, especialmente segundo o sexo, faixa etária e meios
utilizados. As mulheres jovens apresentaram maiores índices de tentativas de
suicídio. Enquanto os homens acima dos 40 anos representaram o recorte
populacional com maior índice de consumação do suicídio. Sendo comum que as
mulheres possam ter a interrupção do suicídio em virtude dos métodos
escolhidos, que em geral são mais suaves e lentos (envenenamento e queda de
altura). Já os homens por utilizarem métodos mais violentos e letais geralmente
não dão margem a algum tipo de intervenção que evite a morte.
O estudo corrobora os dados levantados
por outras pesquisas na área e reitera a necessidade de um olhar diferenciado
para os potenciais suicidas, bem como para um treinamento de profissionais na
área de saúde e também de segurança.
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