Doença renal crônica e a população idosa
Resenhado
por Laís Santos
Gesualdo, G. D.,
Zazzetta, M. S, Say, K. G., Orlandi, F. de S. (2016). Fatores associados à
fragilidade de idosos com doença renal crônica em hemodiálise. Ciência & Saúde Coletiva, 21(11), 3493-3498. doi:
10.1590/1413-812320152111.18222015
Em
meio as doenças crônicas não transmissíveis, a doença renal crônica (DRC) é
vista como um problema de saúde pública em todo o mundo. Dados apontam que entre os
34.366 pacientes que
iniciaram o tratamento para a DRC no Brasil em 2012, 31,9% eram idosos (idade
igual ou superior a 65 anos). Entre os idosos com DRC em estágio terminal em
hemodiálise, é bastante comum a negação da doença, assim como a comorbidade com
outras patologias e a presença de limitações que afetam o bem-estar e a
qualidade de vida desses sujeitos e de seus familiares. Além disso, estima-se
que a fragilidade está presente em 15% dos sujeitos com DRC em comparação a
outros grupos. Entende-se por fragilidade um estado mais vulnerável no qual a
pessoa está mais propensa a desenvolver outros problemas de saúde, bem como
quedas e maior mortalidade. Na literatura não há um consenso sobre a mensuração
da fragilidade, ou seja, ela vem sendo interpretada de maneira multidimensional
abarcando variáveis ligadas ao aspecto físico, psicológico e social.
O estudo em
questão avaliou fatores sociodemográficos e clínicos associados à fragilidade
de idosos com doença renal crônica em hemodiálise. A amostra foi de 60 idosos
de um Centro de Diálise do interior de São Paulo. Foram usados um Instrumento de Caracterização do Participante - para avaliação dos dados
sociodemográficos e clínicos - e a Edmonton Frail Scale, para a mensuração do nível de fragilidade. Os
resultados apontaram que 70% dos participantes (n = 42) eram homens, com média etária de 71,1 anos e renda média de
2,8 salários mínimos. Entre os entrevistados 46,7% apresentaram 1 a 2 doenças
associadas a DRC e o tempo médio de hemodiálise foi de 40,7 meses. Quanto à
avaliação do nível de fragilidade o único fator que apresentou significância estatística
foi a renda per capita, em outros
termos, viu-se que quanto menor a renda maior a propensão à fragilidade.
Por fim, por si
só a velhice é uma fase do desenvolvimento na qual as pessoas estão mais vulneráveis
ao desenvolvimento de doenças. Quando há a presença da DRC a qualidade de vida
desse público diminui consideravelmente, visto as consequências negativas desta,
tais como alterações na rotina, bem-estar e maior propensão à comorbidades. Vê-se
então a necessidade de que mais estudos sejam desenvolvidos a fim de mapear os
fatores relacionados à fragilidade, melhor prognóstico e qualidade
de vida desse público. À Psicologia cabe fornecer suporte adequado e capacitado
aos idosos com DRC, assim como, aos seus familiares, além de investigar, por
exemplo, quais as estratégias de enfrentamento mais adequadas a fim de
proporcionar mais qualidade de vida aos portadores de DRCs e sua família.
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