Qualidade de vida em idosos portadores da Doença de Parkinson

 Resenhado por Sara Andrade

Luna, A. A., Agathão, B. T., Catarino, C. F., & Entringer, A. P. (2017). Avaliação da qualidade de vida de idosos portadores da Doença de Parkinson. Revista Rede de Cuidados em Saúde, 10(1), 1-10.

Nas últimas décadas o Brasil tem passado por um processo de envelhecimento de sua população, bem como por aumento no número de adoecimentos crônicos. Apesar desse crescimento, não é correto afirmar uma relação direta entre doenças crônicas e envelhecimento, pois isso não quer dizer que o idoso não possa gerir sua vida, preservando a qualidade da mesma.
Dentre as doenças crônicas que mais tem acometido a população idosa está a Doença de Parkinson (DP), que se define como uma doença neurológica degenerativa, que afeta primordialmente os neurônios dopaminérgicos da substância negra do mesencéfalo, acarretando déficits de dopamina e levando a distúrbios motores significativos. Além da morte de grande parte das células, a DP influencia negativamente na qualidade de vida do indivíduo levando-o ao isolamento e à uma diminuição de seu bem-estar. A qualidade de vida é um aspecto não associado somente à satisfação das necessidades materiais, mas também das não materiais, o que garante o status subjetivo desta, podendo apenas o próprio indivíduo caracterizá-la. Em função disso, a presente pesquisa teve por objetivo identificar a qualidade de vida de pacientes idosos portadores de Doença de Parkinson na Associação Brasil Parkinson (ABP).
            Foi selecionada uma amostra por conveniência com dezessete pacientes, e como critério de inclusão estes deveriam possuir idade maior ou igual a sessenta anos e diagnóstico de Doença de Parkinson há, no mínimo, um ano. Foram utilizados dois instrumentos. O primeiro foi o Formulário para Registro de Dados Clínicos e Pessoais, com finalidade de identificar a população-alvo da pesquisa. E o segundo instrumento aplicado foi o Índice de Qualidade de Vida (IQV), desenvolvido por Ferrans e Powers (1985). O IQV é composto por duas partes: a primeira mede a satisfação em relação a quatro diferentes domínios da vida – saúde e funcionamento, social e econômico, psicológico e espiritual, e família – e a segunda mede a importância de cada um desses domínios para o respondente.
            A idade dos pacientes variou entre 60 e 81 anos, e a média foi de 73,8 anos. O tempo de doença dos pacientes variou entre 2 e 15 anos, e a média foi de 7,05 anos. No primeiro domínio do IQV, denominado Saúde e Funcionamento, a maioria dos pacientes apresentaram-se muito satisfeitos (42%), no entanto 11% demonstraram algum nível de insatisfação. Já no domínio Socioeconômico, quase metade (49%) dos indivíduos mostram-se muito satisfeitos. Quanto ao domínio Psicológico, Espiritual e Família, 99% dos entrevistados apresentaram algum nível de satisfação.
            Sobre o grau de importância atribuído aos domínios descritos, os resultados foram similares ao grau de satisfação, mostrando que a grande maioria dos pacientes demonstrou algum grau de importância nos quatro domínios. O domínio que apresentou maior percentual de pacientes que relataram “muita importância” foi o Domínio Família (91%) e aquele com o maior percentual de indivíduos que declararam algum grau “sem importância” foi o Saúde e funcionamento (9%). O domínio social e econômico foi o que apresentou o IQV mais baixo, representado por um índice de 23,46 e o domínio família, por outro lado, apresentou o IQV mais alto, totalizando em 27,55.
            Dados como estes sobre a Doença de Parkinson são relevantes para que sejam aprofundadas as discussões acerca da necessidade de ampliar as práticas de saúde concernentes ao cuidado e ao aumento da qualidade de vida dos indivíduos acometidos pela doença.

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