Por que não buscar terapia? O papel do estigma e sintomas psicológicos em universitários
Resenha
por Brenda Fernanda
Baptista,
M. N., & Zanon, C. (2017). Why not seek therapy? The role of stigma and psychological
symptoms in college students. Paidéia
(Ribeirão Preto), 27(67), 76-83. doi:10.1590/1982-43272767201709
Ainda que a opção por buscar terapia possa
trazer benefícios e reduzir o sofrimento psicológico, alguns fatores podem funcionar
como barreiras neste processo, como, por exemplo, o estigma (pessoal e advindo
dos outros), o medo da autoexposição, entre outros. O presente estudo
investigou quais são as variáveis descritas na literatura como preditoras de
busca por terapia, bem como a associação entre essas variáveis e a
estigmatização de sintomas depressivos, ansiosos e de estresse.
Muitas vezes as pessoas deixam de
procurar ajuda porque acreditam que podem resolver seus problemas sozinhas ou
pensam que a terapia não vai atingir o efeito esperado. Além disso, muitos se
preocupam também com o estigma associado àqueles que fazem terapia, sendo esta
uma das principais barreiras para a busca de ajuda terapêutica.
Participaram do estudo 272 estudantes
universitários do curso de Psicologia, sendo 81,2% da amostra de mulheres e
52,5% provenientes de instituições particulares. Os instrumentos utilizados
estavam relacionados com as temáticas de estigma, atitudes e crenças
relacionadas à busca por ajuda psicoterapêutica, bem como escalas sobre
depressão, ansiedade e estresse.
Observou-se que sentimentos como vergonha,
auto-culpabilização e inadequação social desempenham um papel importante na dificuldade
de pedir ajuda, o que pode significar que pessoas com essas características
apresentem maiores dificuldades nas relações interpessoais e, uma vez que a
terapia demanda um relacionamento íntimo, de troca de informações, torna-se
mais difícil para tais indivíduos buscá-la.
Os resultados indicaram que as intervenções
para aumentar a busca de terapia devem se concentrar no desenvolvimento de uma
atitude positiva em relação à procura de ajuda psicoterapêutica, de modo a
desmistificar possíveis estigmas quanto ao papel do psicólogo ou da terapia,
uma vez que existe a crença de que só se procura ajuda profissional quando se
está ‘louco’ ou com sérios problemas. Pessoas ‘normais’ e saudáveis também
passam por problemas e às vezes necessitam de ajuda para enfrentar tais
situações, e não há nada de errado nisso.
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