Estresse e estressores na pós-graduação: Estudo com mestrandos e doutorandos no Brasil

Postado por Milena Bahiano

Faro, A. (2013). Estresse e estressores na pós-graduação: Estudo com mestrandos e doutorandos no Brasil. Psicologia: Teoria e Pesquisa29, 51-60. doi.org/10.1590/S0102-37722013000100007

Por vezes, a tensão e pressão exercidas em mestrandos e doutorandos podem vir a contribuir para o aumento dos níveis de estresse na pós-graduação e comprometer o desempenho e saúde mental dos pós-graduandos. Nesse ambiente, os elementos estressores podem se associar às expectativas criadas em relação ao futuro profissional, à tentativa de conciliação do tempo entre os estudos e a vida pessoal, bem como o lidar com a limitação de recursos financeiros e cumprimento dos prazos instituídos pelos programas de pós-graduação.  
Em 2010, o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) apontou o crescimento dos números de cursos de pós-graduação stricto sensu no Brasil, e o consequente aumento do quantitativo de mestres e doutores titulados no país. Resultante ao crescimento do número de pesquisadores e estudantes de mestrado e doutorado, nota-se também no cenário brasileiro, o aumento de produções científicas em diversas áreas do conhecimento. Em geral, para a qualificação e manutenção de um programa de pós-graduação stricto sensu torna-se importante para os orientandos, orientadores e coordenadores de curso a elaboração e produção crescente de materiais bibliográficos.
O objetivo do presente estudo foi identificar os principais estressores na pós-graduação e apontar os índices e variáveis relacionadas ao estresse em mestrandos e doutorandos no país. Participaram 2.157 estudantes de programas de pós-graduação stricto sensu no Brasil, sendo 61,9% mestrandos e 38,1% doutorandos. Quanto à instituição pertencente, 66,1% (n = 1425) dos participantes eram de universidades federais, 28,4% (n = 613) de universidades estaduais, 3,4% (n = 74) de instituições privadas e 2,1% (n = 45) advindos de institutos de pesquisa. O sexo feminino compôs 71% da amostra. Os instrumentos utilizados foram a Escala de Estresse Percebido, uma lista abarcando 28 prováveis estressores na pós-graduação, bem como coleta de dados sociodemográficos.
Dentre os resultados apontados, os principais estressores foram descritos por uma Escala de Preocupações e o Indicador de dificuldades que puderam contribuir na testagem dos efeitos preditivos dos elementos estressores sobre o estresse. A partir dessa análise, tempo, recursos financeiros, supervisão e desempenho foram apontados como os maiores estressores na pós-graduação. Entre os dados apresentados sobre o estresse, observou-se que 22,6% dos pós-graduandos apresentaram nível muito alto de estresse, e no nível alto, o percentual foi de 24,2%. Portanto, esse dado indica um índice significativo de 46,8% de estudantes com estresse percebido na pós-graduação, que podem apresentar problemas no desempenho e agravos psicológicos devido à vivência constante do estresse na pós-graduação. 

Nenhum comentário:

Tecnologia do Blogger.