Associação entre a exposição ao comportamento sedentário e fatores alimentares, sociais e de saúde mental em adolescentes da rede pública estadual de Sergipe

Brandão, C. A., Santos, L. S., Ribeiro, D. S. S., Rodrigues, M. J. R. A., Santos, S. C., Lima, E. O., Guimarães, A. C. S. S., Santos, J. B. N., & Menezes, A. S. (2021). Associação entre a exposição ao comportamento sedentário e fatores alimentares, sociais e de saúde mental em adolescentes da rede pública estadual de Sergipe. Research, Society and Development, 10(4), 1-9. http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v10i4.13938  

Resenhado por Jéssica Dantas

            A exposição ao comportamento sedentário (ECS), que diz respeito à permanência por um período maior a quatro horas por dia em atividades sedentárias, vem sendo apontado como fator negativo de saúde. Tal comportamento tem sido observado com mais frequência na infância e adolescência, principalmente em relação ao tempo de exposição à tela que, pelas recomendações internacionais, teria que ser menos de duas horas por dia. 

            Investigações epidemiológicas têm apontado que a ECS, quando associada a outros comportamentos de risco à saúde, tende a crescer. Especificamente na população juvenil, os índices de ECS são maiores quando estão associados a dietas insuficientes de legumes e verduras, consumo de refrigerantes, dificuldade para dormir e percepção negativa de saúde.

            O presente estudo teve como objetivo analisar a associação da exposição ao comportamento sedentário com fatores alimentares, sociais e de saúde mental em adolescentes escolares da rede pública estadual de Sergipe. Esse estudo compõe um levantamento epidemiológico de natureza transversal intitulado “Tendência secular sobre comportamentos de risco à saúde em adolescentes”. O instrumento utilizado foi uma versão adaptada do Global School - Based Student Health Survey indicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Foram analisados quatro fatores psicossociais e dois comportamentos relacionados à alimentação: bullying, percepção negativa de estresse, sentimento de solidão, dificuldade para dormir associada à preocupação, consumo de frutas e verduras e ingestão de refrigerantes. Participaram do estudo 4139 adolescentes entre 14 e 19 anos, de ambos os sexos, regularmente matriculados na rede pública estadual de ensino.

            Os resultados mostraram que os adolescentes, de ambos os sexos, com ECS tiveram maiores chances de apresentar sentimento de solidão e estresse. Especificamente adolescentes do sexo feminino apresentaram maiores chances de consumo de refrigerante uma ou mais vezes por dia. O sentimento de solidão está associado a efeitos adversos em relação à saúde mental, como o desenvolvimento de depressão, ansiedade e pensamentos suicidas. Já o estresse ligado ao sedentarismo desencadeia outros problemas comportamentais como pouco tempo de sono e sonolência durante o dia. A ECS é comumente relacionada à alimentação inadequada com baixa ingestão de frutas e legumes e alto consumo de alimentos calóricos e refrigerantes.

            Estudos que analisem os impactos do estilo de vida e hábitos comportamentais na saúde física e mental dos adolescentes são fundamentais para a psicologia da saúde, pois possibilitam o desenvolvimento de intervenções que auxiliam a redução dos efeitos danosos à saúde dessa população, tanto no âmbito de políticas públicas quanto no âmbito da atuação de profissionais específicos. Sendo, portanto, um conhecimento essencial para a promoção da saúde, bem-estar e qualidade de vida no público juvenil.



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