Desajuste Social na adolescência: socialização parental, autoestima e uso de substâncias
Riquelme, M., Garcia, O. F., & Serra, E. (2018). Desajuste psicosocial en la adolescencia: Socialización parental, autoestima y uso de sustancias. Anales de Psicología, 34(3), 536–544. http://dx.doi.org/10.6018/analesps.34.3.315201
Resenhado por Giulia
O desajuste psicossocial na fase da adolescência tem sido estudado
através de uma série de construtos, tais como autoestima, uso de drogas,
motivação escolar e problemas de comportamento, tendo sido evidenciada a diminuição
das habilidades psicossociais na adolescência tardia. Essa maior
suscetibilidade de adolescentes a riscos pode ser explicada pelo desequilíbrio
entre a busca pela experimentação de novas emoções e a capacidade de autorregulação,
que só se desenvolve completamente na adultez. Além disso, os esforços para
conseguir autonomia e identidade pessoal também podem colocar os adolescentes
numa posição de maior vulnerabilidade emocional.
A
socialização parental tem forte influência na vulnerabilidade psicossocial dos
adolescentes, podendo ter efeitos de risco ou de proteção. As pesquisas nessa
temática têm usado um modelo com quatro tipologias de estilos parentais:
autoritativo (aceitação/ envolvimento e rigor/imposição), autoritário (sem aceitação/envolvimento,
mas com rigor/imposição), indulgente (com aceitação/envolvimento, mas sem
rigor/imposição) e negligente (sem aceitação/envolvimento ou rigor/imposição).
Foi
encontrado que os adolescentes tardios (16 a 17 anos) tinham menor autoestima
emocional, familiar e física quando comparados aos adolescentes mais novos (12
a 15 anos). Quanto aos estilos parentais, os dados apontaram que o mais
protetivo era o indulgente, seguido pelo autoritativo. Os estilos parentais
autoritários e negligentes estavam relacionados com maior vulnerabilidade na
adolescência. Indivíduos com pais do estilo indulgente e autoritativos tinham
maior autoestima familiar, física e emocional quando comparados a pais do
estilo negligente e autoritário. Indivíduos de lares indulgentes e
autoritativos também relataram menor uso de álcool e outras drogas, se
comparados aos demais estilos parentais. Quanto ao gênero, a vulnerabilidade
masculina era maior na autoestima familiar, ao passo que as meninas tinham
menor autoestima emocional, sendo que a autoestima física afetava igualmente os
dois gêneros.
Conclui-se
que a socialização parental pode tanto colocar os adolescentes em maior risco
quanto protege-los, a depender do tipo de estilo parental dos lares em que
foram criados. É importante que essa variável seja mais profundamente investigada,
principalmente em pesquisas com adolescentes, a fim de esclarecer aspectos
sobre a influência que os pais exercem no ajuste psicossocial dos filhos. Além
disso, a psicologia da saúde poderá desenvolver protocolos para intervir nas
áreas de maior desajuste na adolescência, melhorando a qualidade de vida nessa
fase da vida.
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