Avaliação da presença da síndrome de burnout em cuidadores de idosos

Resenhado por Iracema R. O. Freitas


Silva, M. J., Marques, M. B., & Bruno, C. T. S. (2009). Avaliação da presença da síndrome de burnout em cuidadores de idosos. Enfermaria Global, 16.


A Síndrome de Burnout refere-se ao estresse ocupacional crônico e se caracteriza pela perda do interesse em relação ao trabalho. Apresenta como sintomas iniciais a exaustão emocional, seguida de sentimentos e atitudes negativas e insensibilidade afetiva, com predominância em mulheres, possivelmente pela dupla carga de trabalho. O termo trabalho vai além do contexto organizacional e envolve qualquer atividade que exija energia física, inteligência, algum auxílio instrumental que produza efeito sobre o agente e que se proponha a uma finalidade. O cuidador de idosos também atende as atribuições comuns aos demais profissionais que lidam com pessoas em relação de ajuda e proximidade.
O estudo teve o objetivo de verificar a ocorrência do estresse crônico em cuidadores de idosos dependentes, bem como identificar características sócio-culturais do cuidador familiar de idosos e a sua percepção do cuidado como trabalho. A amostra foi composta por 31 cuidadores, sendo 5 (16,1%) homens e 26 (83,9%) mulheres. Os participantes responderam a uma entrevista estruturada e o MBI(Maslach Burnout Inventory) que avalia cansaço emocional, despersonalização e realização pessoal.
Os resultados indicaram que a faixa etária dos cuidadores se encontravam entre 20 e 80 anos, com maior percentual (48,4%) entre 41 e 59 anos, o vinculo com idoso (64,5%) eram filhos sendo que 15 (75%) eram mulheres e 5 (25%) eram homens. Outras características da maioria dos cuidadores são a de residirem com o idoso, serem casados, ter o ensino fundamental e não possuir renda pessoal. Tais dados se repetem em outros países.
Quanto ao estresse crônico, foi avaliado cansaço emocional, realização no trabalho de cuidador e a despersonalização. O cansaço emocional teve pontuação média de 22,90, superior aos resultados encontrados em profissionais como médicos e equipes de enfermagem cuja a média foi de 19,43. Na despersonalização, a média do estudo foi de 6,64, também superior ao estudo referido sobre os médicos 6,03, e sobre a equipe de enfermagem 5,62. Sobre a realização no trabalho foi o de maior escore médio 40,80, superior ao do pessoal de enfermagem, em que a média de satisfação foi 38,25, mas inferior aos médicos do estudo, que têm média de 41,38.
Os cuidadores avaliados apresentaram indicativos da Síndrome de Burnout, decorrente das responsabilidades assumidas e das exigências excessivas. Contudo, em virtude do afeto presente na relação entre o idoso e o cuidador torna-se possível um ambiente mais humanizado. Desse modo são elucidados aspectos positivos e negativos do papel do cuidador, que se vê sozinho e desamparado, por isso é importante conhecer suas necessidades a fim de desenvolver políticas que privilegiem o cuidado ao cuidador.

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