Disfunção sexual, depressão, e ansiedade em jovens mulheres de acordo com seu status de relacionamento: uma pesquisa online.
Resenhado por Lucila Moraes
Pereira, Valeska Martinho, Nardi, Antonio Egidio, & Silva, Adriana Cardoso. (2013). Sexual dysfunction, depression, and anxiety in young women according to relationship status: an online survey. Trends in Psychiatry and Psychotherapy, 35, 55-61.
A disfunção sexual pode se tratar tanto de uma lesão do ciclo de resposta sexual ou da presença de dor associada às relações sexuais. Essa disfunção sexual em mulheres (DSM) pode causar diversas doenças e problemas associados ao ato sexual e seus fatores de risco achados na literatura se relacionam com a idade, nível de educação, problemas emocionais, estresse e história prévia de abuso sexual.
A literatura sugere que a depressão possui uma relação bem próxima com a DSM, e que seu aparecimento pode aumentar a chances de desenvolver distúrbios sexuais no futuro. A disfunção sexual mais comum relacionada à depressão nas mulheres parece ser a do distúrbio do desejo sexual hipoativo (há uma diminuição ou ausência da vontade de ter relações sexuais). Em dois estudos conduzidos no Brasil, há uma prevalência de 28 a 49% de mulheres que possuem algum tipo de disfunção sexual, e somente 18% delas procuram algum tipo de tratamento profissional.
A ansiedade parece ser um fator importante para a DSM, mas a relação entre ambas ainda é pouco conhecida e estudada. Acredita-se que preocupações sexuais parecem prejudicar a excitação sexual, enquanto a ausência de tais preocupações sexuais afeta a resposta sexual.
O artigo propõe avaliar a presença de disfunção sexual, depressão e ansiedade em jovens mulheres de 20 a 29 anos e correlacionar os achados da pesquisa com o status de relacionamento das participantes (solteiras, em relacionamentos sérios ou casadas). Foi feito o uso de um questionário online para coletar os dados, e o critério de análise era ser uma mulher entre 20 a 29 anos e ter preenchido todas as informações do questionário. Foi usado um questionário padronizado para coletar dados sociodemográficos e a Escala de Ansiedade e Depressão Hospitalar foi usada para avaliar a presença ou não de depressão e ansiedade.
Das 155 mulheres que participaram do questionário online (depois de eliminar mulheres que não atendiam o critério de idade ou não haviam preenchido todos os dados) 64 delas eram solteiras, 64 estavam em um relacionamento sérios e 27 eram casadas. A maioria das mulheres era heterossexual (cerca de 80%), não tinha religião (38%), não possuía filhos (90%) e tinha completado o ensino superior (80%). A maioria das mulheres também não tinha histórico de tratamento psiquiátrico (74%), raramente usava álcool (50%), não usava tabaco (90%) e não praticava atividades físicas (58%).
O estudo mostrou um número relativamente alto de mulheres que sofrem de depressão e ansiedade, 22% (34 mulheres) e 36% (56 mulheres), respectivamente. Cera de 30% das mulheres estavam ou já tiveram algum tipo de tratamento psiquiátrico, sugerindo um maior risco de possuir um transtorno psiquiátrico no grupo avaliado. Um achado inesperado no estudo foi a prevalência de mulheres ansiosas no grupo das casadas (44%) se comparadas com aquelas que não são casadas (36% das solteiras e 33% em um relacionamento sério), contrariando os achados da literatura que afirmam uma prevalência maior de tais problemas mentais em mulheres não casadas. Já a depressão era maior nas mulheres solteiras (32%).
No que diz respeito ao domínio de problemas sexuais, as mulheres solteiras obtiveram maior prevalência do que as outras participantes no domínio relacionado a problemas de orgasmos 53, e no domínio do distúrbio de lubrificação, tal grupo chegou a somar 45%. Além disso, 50% das mulheres solteiras revelaram sentir dor na relação sexual, e que mostrou também ser uma diferença estaticamente significante em comparação com os dois outros grupos - 23%
das mulheres em um relacionamento sério e 14% casadas sofrem tal distúrbio. No escore total de disfunção sexual em mulheres, as solteiras tiverem um resultado superior que os outros dois grupos.
De maneira geral, as mulheres solteiras relataram funcionamento sexual pior do que as outras participantes da mesma idade que estavam em um relacionamento ou casadas. Além disso, é relevante ressaltar a importância de entender e estudar prováveis fatores de risco associados não somente à idade, como também relacionados a marcadores sociais, biológicos e culturais. Isso se defende na busca por ajudar a prevenir e identificar mais corretamente o desenvolvimento de problemas mentais (como depressão e ansiedade) e problemas sexuais em tal grupo de risco.
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