Sleep patterns and symptoms of anxiety and depression in patients with chronic pain


Resenhado por Laís Santos

Castro, M. M. C., & Daltro, C. (2009). Sleep patterns and symptoms of anxiety and depression in patients with chronic pain. Arquivos de Neuropsiquiatria, 67, 25-28.

De acordo com a Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP), a dor crônica está relacionada às experiências sensíveis e emocionais atreladas a lesões reais, potenciais ou descritas com base nos danos em questão. Em outras palavras, não há uma única definição para a dor crônica já que ela está relacionada ao sensível, ao cognitivo, ao emocional, assim como também aos elementos culturais do indivíduo. Desse modo, é como se cada indivíduo elaborasse um significado de dor crônica, embasado em sua leitura emocional, cognitiva, bem como em sua bagagem cultural.
A dor crônica, como o próprio nome já nos diz, ocorre de modo contínuo e recorrente, mesmo nos casos em que houve a cura do fator eliciador. De modo geral, a dor crônica pode ser intensificada mediante a influência de estressores ambientais ou psicopatológicos, podendo desencadear prejuízos na vida dos indivíduos. De acordo com a literatura, além dos fatores orgânicos, o aspecto psicológico exerce significativa influência sobre as queixas de dor.
Pesquisas revelam que há uma associação significativa entre dor crônica e ansiedade, depressão e alterações na qualidade do sono. Acredita-se que esses elementos podem influenciar o desenvolvimento de queixas de dor crônica, assim como, há a relação inversa – as doenças crônicas podem agir como eliciadores desses sintomas. Assim, o estudo em questão objetivou avaliar o sono e a freqüência de sintomas de ansiedade e depressão em pacientes com dor crônica atendidos em uma clínica de dor no Hospital Universitário Professor Edgard Santos, em Salvador, Bahia, Brasil.

O estudo contou com a participação de 400 pacientes (331 mulheres e 69 homens). Os dados foram coletados entre março de 2003 e julho de 2006, utilizando os seguintes instrumentos: um questionário contendo perguntas sociodemográficas e sobre a dor (diagnóstico médico, duração, frequência, tempo de tratamento na clínica e resposta ao tratamento implementado); Visual Analogue Scale (VAS) para a avaliação da dor, o Hospital Anxiety and Depression Scale (HADS) e o Questionário Mini-Sleep (MSQ).

Os resultados deste estudo mostraram uma alta prevalência de sintomas de ansiedade e depressão e os padrões de sono alterados nos pacientes avaliados. As mulheres foram as que mais apresentaram dor crônica, que de acordo com a literatura isso pode ser explicado por conta da presença de aspectos constitucionais, endócrinas, comportamentais e culturais em mulheres.
Com relação à média de idade dos pacientes foi de 45,6 anos, sendo semelhante à literatura. Estima-se que a maioria desses sujeitos acaba interrompendo suas atividades laborais, por conta do impacto limitador que a dor crônica exerce. Os danos sociais decorrentes da dor crônica são apenas um dos indicadores do impacto que ela causa na vida dos sujeitos.
No que se refere à prevalência de ansiedade, depressão e o padrão de sono dos entrevistados, 72,8% dos sujeitos apresentam ansiedade, 61,5% depressão e 93,0% assinalaram alterações no padrão do sono. Com relação às altas porcentagens referentes à ansiedade e a depressão, estima-se que elas foram possíveis por conta da concomitância entre estes sintomas e a dor crônica. Os dados referentes à alteração no padrão de sono se assemelham à literatura ratificando assim, a relação entre dor crônica e os padrões de sono.

Por fim, a partir dos dados apresentados, entende-se que a ansiedade, a depressão e o padrão de sono, são elementos que estão interrelacionados à dor crônica. Assim, destaca-se a necessidade de mais estudos como este, que fundamentem a elaboração de estratégias que proporcionem uma melhor qualidade de vida para os sujeitos acometidos pela dor crônica. 

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