Filme “Transamérica”

Resenhado por Laís Almeida

Filme “Transamérica”

Transamérica é um filme independente, norte americano, lançado em 2005 e dirigido por Duncan Tucker. Nele é mostrada a trajetória da transexual Bree (Felicity Huffman), que prestes a fazer sua cirurgia de regenitalização, descobre que tem um filho de dezessete anos preso num reformatório. Ela, obrigada por sua terapeuta, a qual segura a autorização da cirurgia, vai em busca de seu filho, retira-o do reformatório e segue pelas estradas do país descobrindo mais sobre a origem e história dos dois.
As primeiras cenas do filme mostram o processo de Bree para conseguir realizar a cirurgia, que envolvem terapia e autorização de um médico. Com base no diagnóstico de disforia de gênero, que mais tarde foi renomeado para transtorno de identidade de gênero (DSM-IV-TR, 2002), o médico autoriza a cirurgia, após longas entrevistas e acompanhamentos. Essa patologização da transexualidade ao mesmo tempo que intensifica o estigma sobre esse grupo, permite que ele usufrua de serviços de saúde para a realização das cirurgias de readequação. A rotina de uma pessoa transexual também é abordada no filme, desde a montagem do vestuário à ingestão dos hormônios. A cirurgia não é prioridade nem desejo de todas as pessoas trans e e outros processos, como a troca de nome e sexo no registro civil tem uma importância crucial sobre a vida cotidiana dos transexuais (Aran, Murta e Lionço, 2009).
Ao longo do filme, é nítido como a personagem sente repulsa pelo seu órgão genital e por formas de tratamento masculinas. Numa sociedade pautada por uma perspectiva binária de gênero, por premissas religiosas e patologizantes, as pessoas transexuais, por não se encaixarem nesses padrões, são marginalizadas e vítimas de discriminação, humilhação, falta de oportunidades e violência (Cruz, 2011).
Bree se encaixa no estereótipo feminino exigido pela sociedade: vaidosa, recatada, discreta, moralmente correta. Apesar dessas características e das cirurgias de readequação, ela não é vista como “mulher de verdade” pela sua família. O que, então, é necessário para ser uma mulher de verdade? Dessa forma, o filme expressa como as noções de gênero são impostas cultural e forçosamente (Aran, Murta e Lionço, 2009) e a importância da inserção das pessoas trans na sociedade, com todo o apoio e acessibilidades médicas e judiciais necessárias para a garantia de sua qualidade de vida.

Referências

Aran, M., Murta, D. & Lionço, T. (2009). Transexualidade e saúde pública no Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, 14(4):1141-1149.

Cruz, Elizabete Franco. (2011). Banheiros, travestis, relações de gênero e diferenças no cotidiano da escola. Revista Psicologia Política, 11(21), 73-90. Recuperado em 19 de feveiro de 2015, de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-549X2011000100007&lng=pt&tlng=pt.

Dornelles, C. (2002). DSM-IV-TR - Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (4ª ed. revisada). Porto Alegre: Artmed.

Tucker, D. Transamérica. Filme americano. Duração: 103m. 2005.

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