Parent-child relationships in type 1 diabetes: Associations among child behavior, parenting behavior, and pediatric parenting stress
Postado por Ariane de Brito
Sweenie, R., Mackey, E. R., & Streisand, R.
(2014). Parent-child relationships in type 1 diabetes: Associations among child
behavior, parenting behavior, and pediatric parenting stress. Fam
Syst Health, 32, 31–42.
doi:10.1037/fsh0000001
O Diabetes Mellitus Tipo 1 (DM1) é uma das doenças crônicas mais comuns,
principalmente entre os jovens. Em 2007 a prevalência de DM1 era de 24,3%, e
para 2050 a prevalência conta com um aumento de 144,0% dos casos em todo mundo.
De modo geral, a vida cotidiana com DM1 requer monitoramento da glicemia,
administração de insulina, cuidados com a dieta (balanceada) e atividade
física. A gestão e controle da doença requerem coordenação e cooperação de
ambos os pais (pai e mãe) da criança diabética. Sabe-se que consequências de
curto e/ou longo prazo para a saúde de um jovem diabético, devido ao mal
controle da doença, podem ser graves e impactar em sua qualidade de vida. Altas
taxas de não adesão ao tratamento costumam ser comuns na adolescência, o que
torna a pré-adolescência um excelente período do desenvolvimento para se
investigar as contribuições psicossociais do controle da doença pelos pais e pelas
crianças.
Partindo do modelo bioecológico de
Bronfenbrenner, os fatores intra e interpessoais contribuem para estados
comportamentais e emocionais de toda família envolvida e proporciona uma base
para a compreensão da relação entre pais e filhos no que diz respeito ao
controle do DM1. Isto é, na relação transacional entre pais e filhos, todos se
influenciam e se moldam mutualmente, assim como a aderência e controle do
diabetes. A adesão ao regime de tratamento é reforçado pelo envolvimento do
cuidador, a autoridade parental e o monitoramento parental de tarefas
relacionadas com o diabetes. Alguns estudos têm indicado que sintomas
depressivos estão associados com comportamentos específicos do diabetes na
família, como discutir sobre as tarefas de gerenciamento da doença. O estresse
parental também surge relacionado com comportamentos que podem afetar a
aderência e o controle glicêmico. Por outro lado, qualidades positivas da
juventude foram associadas com a coesão familiar, gestão e controle do DM1.
Para tanto, o presente estudo examinou as
associações entre os comportamentos problemáticos de crianças, comportamentos
parentais críticos e estresse parental pediátrico em uma amostra de jovens
pré-adolescentes com DM1 e seus cuidadores. Foram participantes 86
pré-adolescentes com DM1 e seus cuidadores primários. Tratou-se de um estudo
controlado randomizado (RCT) desenhado para avaliar a eficácia de um programa
de promoção de adesão para os pais e pré-adolescentes. Depois de concluir a
avaliação inicial, os participantes foram randomizados para o grupo de promoção
de adesão ou o grupo de educação em diabetes. Os resultados de ambos os grupos
foram comparados entre si.
Os instrumentos utilizados foram um
questionário sobre informações demográficas e dados médicos; o Eyberg Child Behavior Inventory (ECBI) para avaliar a percepção dos pais acerca
dos comportamentos problemáticos do filho; o Diabetes Family Behavior Checklist (DFBC) que foi utilizado para avaliar comportamentos parentais
críticos em relação ao diabetes; e o Pediatric
Inventory for Parents (PIP) para
mensurar o nível de estresse parental.
Quanto as características da amostra, os
resultados indicaram que aproximadamente 15,0% (n = 16 participantes) relataram escores ECBI acima do ponto de
corte clínico do inventário, além disso, a maioria relatou uma taxa de comportamentos
parentais críticos. Observou-se ainda que os pais de pré-adolescentes (M = 10,8 anos de idade) apresentaram
níveis menores de estresse parental pediátrico, do que os pais de crianças um
pouco mais velhas (M = 12,9 anos de
idade).
As correlações bivariadas entre as medidas
de interesse e as variáveis demográficas demonstraram resultados
interessantes. O sexo da criança foi significativamente correlacionada com
escores do ECBI; os meninos apresentaram comportamentos mais problemáticos do
que as meninas. O tipo de tratamento e regime de dosagem de insulina foi
significativamente correlacionada com comportamentos parentais críticos, onde o
regime convencional esteve associado com a parentalidade mais crítica do que o
regime de bólus/basal. A etnia foi significativamente associada com a renda familiar
anual e o tipo de regime. A renda familiar anual média foi significativamente
correlacionada negativamente com todas as medidas de interesse (parentalidade
mais crítica, comportamento da criança mais problemático, maior estresse
parental pediátrico).
Ao se testar um modelo de mediação com
essas variáveis verificou-se que 55,0% da associação entre problemas de
comportamento da criança e comportamentos parentais críticos foi explicada pelo
estresse parental pediátrico. Além disso, comportamentos parentais críticos foram
significativamente correlacionados com a hemoglobina glicada (HbA1c; r = 0,27, p = 0,02), indicando que a maior HbA1c está correlacionada com a
parentalidade mais crítica. No entanto, não foram encontradas relações
significativas entre a HbA1c e as variáveis sexo, regime, etnia e renda, o que
indica em geral, que apesar das medidas de autocuidado serem imperfeitas, eles
não se correlacionam com as variáveis de interesse na amostra pesquisada.
Por fim, concluiu-se que o estresse
parental pediátrico medeia parcialmente a relação entre comportamentos de
crianças problemáticas e comportamentos parentais críticos. Tal resultado
contribui para evidenciar que o estresse dos pais influencia na relação
pais-filhos (pré-adolescentes) com DM1. Esses achados podem ser levados para prática
clínica, a fim de evidenciar os problemas específicos relacionados com a gestão
e controle do DM1 durante a pré-adolescência e, consequentemente, evitar o mal
controle glicêmico e a aderência ao tratamento a fase da adolescência.
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