Parent-child relationships in type 1 diabetes: Associations among child behavior, parenting behavior, and pediatric parenting stress

Postado por Ariane de Brito



O Diabetes Mellitus Tipo 1 (DM1) é uma das doenças crônicas mais comuns, principalmente entre os jovens. Em 2007 a prevalência de DM1 era de 24,3%, e para 2050 a prevalência conta com um aumento de 144,0% dos casos em todo mundo. De modo geral, a vida cotidiana com DM1 requer monitoramento da glicemia, administração de insulina, cuidados com a dieta (balanceada) e atividade física. A gestão e controle da doença requerem coordenação e cooperação de ambos os pais (pai e mãe) da criança diabética. Sabe-se que consequências de curto e/ou longo prazo para a saúde de um jovem diabético, devido ao mal controle da doença, podem ser graves e impactar em sua qualidade de vida. Altas taxas de não adesão ao tratamento costumam ser comuns na adolescência, o que torna a pré-adolescência um excelente período do desenvolvimento para se investigar as contribuições psicossociais do controle da doença pelos pais e pelas crianças.
Partindo do modelo bioecológico de Bronfenbrenner, os fatores intra e interpessoais contribuem para estados comportamentais e emocionais de toda família envolvida e proporciona uma base para a compreensão da relação entre pais e filhos no que diz respeito ao controle do DM1. Isto é, na relação transacional entre pais e filhos, todos se influenciam e se moldam mutualmente, assim como a aderência e controle do diabetes. A adesão ao regime de tratamento é reforçado pelo envolvimento do cuidador, a autoridade parental e o monitoramento parental de tarefas relacionadas com o diabetes. Alguns estudos têm indicado que sintomas depressivos estão associados com comportamentos específicos do diabetes na família, como discutir sobre as tarefas de gerenciamento da doença. O estresse parental também surge relacionado com comportamentos que podem afetar a aderência e o controle glicêmico. Por outro lado, qualidades positivas da juventude foram associadas com a coesão familiar, gestão e controle do DM1.
Para tanto, o presente estudo examinou as associações entre os comportamentos problemáticos de crianças, comportamentos parentais críticos e estresse parental pediátrico em uma amostra de jovens pré-adolescentes com DM1 e seus cuidadores. Foram participantes 86 pré-adolescentes com DM1 e seus cuidadores primários. Tratou-se de um estudo controlado randomizado (RCT) desenhado para avaliar a eficácia de um programa de promoção de adesão para os pais e pré-adolescentes. Depois de concluir a avaliação inicial, os participantes foram randomizados para o grupo de promoção de adesão ou o grupo de educação em diabetes. Os resultados de ambos os grupos foram comparados entre si.
Os instrumentos utilizados foram um questionário sobre informações demográficas e dados médicos; o Eyberg Child Behavior Inventory (ECBI) para avaliar a percepção dos pais acerca dos comportamentos problemáticos do filho; o Diabetes Family Behavior Checklist (DFBC) que foi utilizado para avaliar comportamentos parentais críticos em relação ao diabetes; e o Pediatric Inventory for Parents (PIP) para mensurar o nível de estresse parental.
Quanto as características da amostra, os resultados indicaram que aproximadamente 15,0% (n = 16 participantes) relataram escores ECBI acima do ponto de corte clínico do inventário, além disso, a maioria relatou uma taxa de comportamentos parentais críticos. Observou-se ainda que os pais de pré-adolescentes (M = 10,8 anos de idade) apresentaram níveis menores de estresse parental pediátrico, do que os pais de crianças um pouco mais velhas (M = 12,9 anos de idade).
As correlações bivariadas entre as medidas de interesse e as variáveis ​​demográficas demonstraram resultados interessantes. O sexo da criança foi significativamente correlacionada com escores do ECBI; os meninos apresentaram comportamentos mais problemáticos do que as meninas. O tipo de tratamento e regime de dosagem de insulina foi significativamente correlacionada com comportamentos parentais críticos, onde o regime convencional esteve associado com a parentalidade mais crítica do que o regime de bólus/basal. A etnia foi significativamente associada com a renda familiar anual e o tipo de regime. A renda familiar anual média foi significativamente correlacionada negativamente com todas as medidas de interesse (parentalidade mais crítica, comportamento da criança mais problemático, maior estresse parental pediátrico).
Ao se testar um modelo de mediação com essas variáveis verificou-se que 55,0% da associação entre problemas de comportamento da criança e comportamentos parentais críticos foi explicada pelo estresse parental pediátrico. Além disso, comportamentos parentais críticos foram significativamente correlacionados com a hemoglobina glicada (HbA1c; r = 0,27, p = 0,02), indicando que a maior HbA1c está correlacionada com a parentalidade mais crítica. No entanto, não foram encontradas relações significativas entre a HbA1c e as variáveis sexo, regime, etnia e renda, o que indica em geral, que apesar das medidas de autocuidado serem imperfeitas, eles não se correlacionam com as variáveis ​​de interesse na amostra pesquisada.

Por fim, concluiu-se que o estresse parental pediátrico medeia parcialmente a relação entre comportamentos de crianças problemáticas e comportamentos parentais críticos. Tal resultado contribui para evidenciar que o estresse dos pais influencia na relação pais-filhos (pré-adolescentes) com DM1. Esses achados podem ser levados para prática clínica, a fim de evidenciar os problemas específicos relacionados com a gestão e controle do DM1 durante a pré-adolescência e, consequentemente, evitar o mal controle glicêmico e a aderência ao tratamento a fase da adolescência.

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