Práticas da Psicologia Baseadas em Evidências

Postado por Beatriz Reis


A Psicologia Baseada em Evidências (PBE) é uma abordagem relativamente nova e que tem se mostrado bastante promissora no que diz respeito a integração da pesquisa científica e da prática profissional. Porém, é ainda muito pouco conhecida e utilizada pelos psicólogos, o que indica uma necessidade urgente em se discutir mais sobre este assunto. A PBE visa nortear a tomada de decisões na atuação profissional e é concebida pela American Psychological Association como a estratégia que proporciona a integração da melhor evidência de pesquisa disponível com a experiência prática no contexto das características do paciente, de sua cultura e suas preferências. Assim, a PBE não considera como secundário o conhecimento adquirido pela experiência do profissional ou o trazido pelo cliente a respeito de sua individualidade. Muito pelo contrário, considera estas duas fontes de conhecimento como pertencentes ao processo de tomadas de decisões. Porém, preocupa-se em incorporar neste mesmo processo o conhecimento científico atualizado. Deste modo, o processo de decisão baseado em evidências científicas envolve as seguintes etapas:
  • ·         A formulação estruturada da pergunta de pesquisa, originária da dúvida durante a atuação prática
  • ·      A busca pela melhor evidência científica disponível e a avaliação da mesma, por parte de especialistas
  • ·         A integração desta evidência científica aos conhecimento tácitos, adquiridos pela experiência prática, e as informações fornecidas sobre o paciente a respeito de suas particularidades. Tal integração visa a formulação da tomada de decisão que orienta de maneira mais estruturada, e com menos chances de erro, a prática profissional.

Porém, torna-se necessário que os psicólogos tenham conhecimento sobre os melhores métodos de busca de estudos científicos que forneçam tais evidências. Bem como a forma de avaliar a qualidade e a potencialidade de tais estudos responderem às perguntas de pesquisa propostas pelos mesmos. Assim, podemos classificar os trabalhos científicos em diferentes modos. Um deles é o que categoriza as pesquisas em primárias e secundárias, sendo as primárias aqueles em que o pesquisador entra em contato diretamente com o objeto de estudo, e portanto, são as fontes originais da informação. Já as secundárias são aquelas geradas a partir de análise dos documentos primários, como as diretrizes, análises e revisões.
Dentre as revisões, encontramos a Revisão Sistemática de Literatura como uma das principais ferramentas da PBE, pois são consideradas como padrão-ouro da evidência científica. Ou seja, oferecem ao profissional evidências sobre a prática com o maior nível de credibilidade. Elas são classificadas como estudos secundários, cujas unidades de análise são outros estudos científicos e que usam métodos sistemáticos de busca de trabalhos científicos e critérios de seleção definidos à priori, com o objetivo de responder a uma pergunta específica. Dessa forma, diminui a possibilidade de viés que afeta as revisões narrativas, que consistem em buscas em fontes de informação sem uma estratégia prévia de definição dos critérios de seleção dos estudos encontrados.
Dado o exposto, concluímos esta exposição reforçando a importância da PBE como uma importante estratégia para o desenvolvimento da prática profissional de Psicologia. Além da necessidade de que esta estratégia seja discutida com maior frequência entre os psicólogos, de maneira a oportunizando a um número maior de profissionais a compreensão sobre a mesma, bem como sobre suas vantagens. Também enfatizamos a necessidade de produção de trabalhos científicos que tanto dão ênfases aos aspectos práticos da atuação da Psicologia, em suas diferentes áreas, quanto que usam como desenho metodológico a Revisão Sistemática da Literatura, pois ambas as modalidades de trabalho servirão como instrumentos ricos para a coleção de boas evidências.

Referência:

Silvia, G. A., & Otta, E. (2013). Psicologia Baseada em Evidências: uma abordagem promissora a ser descoberta pelos psicólogos. Boletim da Academia Paulista de Psicologia, 33 (84), 20-29. 

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