Qualidade de Vida Relacionada à Saúde de Pacientes com Esclerose Múltipla antes do Transplante de Células-Tronco Hematopoéticas
Resenhado por Alexsandra Carvalho Macedo
Crovador, L., F., Oliveira-Cardoso, E. A., Mastropieto, A., P., & Santos, M., A. (2011). Qualidade de vida relacionada a saúde de pacientes com esclerose múltipla antes do transplante de células-tronco hematopoéticas. Psicologia: Reflexão e Crítica, 26(1), 58-66.
O presente estudo avaliou Qualidade de Vida (QV) e vulnerabilidade psicológica de pacientes com Esclerose Múltipla (EM) que se submeteriam ao Transplante de Cáelulas-Tronco Hemapoéticas (TCTH).
A esclerose múltipla é uma doença autoimune, neurológica e inflamatória crônica, sendo a hipótese patogênica mais aceita, a da conjunção de uma determinada predisposição genética e um fator ambiental desconhecido originando uma disfunção do sistema imunológico do individuo. Essa disfunção desenvolve uma ação autolesiva direcionada contra a substância branca, com perda de oligodentrócitos e mielina, provocando um defeito na condução dos impulsos nervosos que culmina no surgimento dos sintomas.
Os sintomas típicos da esclerose múltipla são: atrofia ótica com diminuição da acuidade visual, fraqueza da face e contração enérgica da mandíbula, tetraparesia nos membros com diminuição da marcha, sensações de formigamento e dormência ou formigamento nos membros e tronco. Podem ocorrer dificuldades da articulação da fala e de deglutição, alteração das funções sensoriais relacionadas ao tato, dor e posição, e perda do controle da micção com incontinência urinária e a fadiga. Os aspectos psicológicos envolvidos na esclerose múltipla vão desde a alteração de humor, como euforia, depressão e apatia, a alterações emocionais como ansiedade e estresse devido ao curso imprevisível da doença.
Os autores observaram em sua pesquisa que a incidência de quadros depressivos é alta. Estudos internacionais indicam que um terço dos portadores da esclerose múltipla (EM) apresentam sintomas depressivos. Um estudo multicêntrico no Canadá observou que a taxa de suicídio é maior do que a da população geral de mesma idade, e que a ideação suicida está presente em quase 30% dos pacientes com EM, assim como a baixa qualidade e expectativa de vida desses pacientes justifica o emprego de terapia agressiva como a quimioterapia, a imunoterapia/radioterapia em altas doses, com ou sem indicação de transplante de células-tronco hematopoética (TCTH).
Diante do exposto acima, se percebeu a necessidade de avaliação da percepção da qualidade de vida em relação à saúde nesses pacientes, uma vez que pouco se conhece sobre o impacto do TCTH sobre qualidade de vida em relação à saúde de pacientes com EM. Tal avaliação permitirá uma compreensão sobre as repercussões psicológicas da indicação e da espera pela realização do TCTH nesses pacientes, o que permitirá o desenvolvimento de estratégias de apoio psicológico que poderão contribuir para atenuar o impacto provocado pelas situações de ameaças e sofrimento, valorizando os recursos pessoais e favorecendo um processo de enfrentamento mais efetivo, principalmente no momento decisivo da transição para o TCTH.
Participaram do estudo 13 pacientes. Os instrumentos utilizados foram: Questionário Genérico de Avaliação de Qualidade de Vida - SF-36, Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HAD) e Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp (ISSL). Os resultados evidenciaram a existência de relação significativa entre prejuízos físicos e mentais impostos pela enfermidade (e/ou pelo transplante) e a instalação de quadros de depressão, ansiedade e estresse nos participantes.
Nessa perspectiva os autores sugerem a realização de novos estudos, com delineamentos mais sofisticados de pesquisa no intuito de qualificar o conhecimento produzido nessa área, bem como assegurar melhores condições de assistência e acompanhamento dos pacientes submetidos ao TCTH.
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