Da Teoria da Ação Racional à Teoria da Ação Planejada: Modelos para explicar e predizer o comportamento.
Resenhado
por Juliane Ishimaru
Roazzi, A., Almeida,
N. D., Nascimento, A. M., Souza, B. C., Souza, M. G. T. C., & Roazzi, M. M.
(2014). Da Teoria da Ação Racional à Teoria da Ação Planejada: Modelos para
explicar e predizer o comportamento. Revista
Amazônica, 1, 175-208.
Após
a evolução nos tornamos o que a ciência chama de Homo sapiens sapiens (àqueles que possuem o saber). A nossa racionalidade nos permite ter diversos
comportamentos que a Psicologia, por acreditar ser fruto de um
fundamento teórico, começou a estudar. O estudo do comportamento humano se
tornou, aos poucos, um dos objetos mais importantes dessa ciência e para entendê-lo
foram desenvolvidas algumas teorias, que são criticadas ou ratificadas, como a
Teoria da Ação Racional e sua extensão, a Teoria do Comportamento Planejado.
A
teoria da ação racional (TAR) tem como base o estudo das atitudes, intenções comportamentais,
normas subjetivas e suas variáveis. Para entender melhor é necessário definir
esses conceitos. Apoiada por Thomas e Znaniecki (1918), a atitude é considerada
essencial para predizer o comportamento. Define-se, dentro outros conceitos, como
a quantidade de afeto pró ou contra um objeto (Fishbein, 1975) e está vinculada
às crenças, intenções (pessoais ou sociais) e ações . As crenças normativas, também conhecidas como
normas subjetivas, são as influências e opiniões das pessoas importantes sobre
determinado comportamento. A intenção, pode
ser definida como o comportamento influenciado pelo controle volitivo que temos
acerca das nossas ações. Por último, é essencial a definição de comportamento,
classificando-o como uma transição de intenção para ação. Em suma, essa teoria
defende que as pessoas agem de forma racional e voluntária, sendo influenciadas
pelas pessoas, pelo meio em que vivem e por suas motivações.
A
partir da divulgação dessa teoria houve diversas críticas surgindo teorias
contrárias e também complementares como é o caso da teoria do comportamento
planejado (TCP). O autor da TCP, Ajzen, utilizou como base a teoria da ação
racional e complementou-a diante da necessidade de se conhecer também a
percepção de controle sobre o comportamento. Com isso, além das atitudes,
intenções, normas subjetivas e suas variáveis como o conhecimento necessário
para predizer um comportamento, deve-se ainda mensurar o grau de dificuldade ou
facilidade de um indivíduo ao realizar uma ação. Esse grau diz respeito a
percepção de controle comportamental do sujeito. Fatores internos, como a força
de vontade, e externos, como as oportunidades e a dependência de outros, além
das expectativas de eficácia e resultado, influenciam de forma relevante na
percepção de controle. Dessa forma, a percepção de controle mostra-se importante
não somente na predição, mas também na execução do comportamento, uma vez que
ela pode auxiliar diretamente na predição sobre o comportamento, ou
indiretamente por meio da intenção comportamental.
Alguns
críticos e estudiosos dessas teorias concluíram que quando as pessoas possuem
controle completo sobre o comportamento, a TAR seria suficiente, mas quando não
estiver sobre o controle do indivíduo, é necessário o entendimento da percepção
do controle, apoiando a TCP. Ainda temos àqueles que acreditam que devem ser
analisadas também outras variáveis como a estabilidade temporal da intenção,
acessibilidade, certeza, intenções de implementação, orientação estado-ação e
autoesquema. Esse último defendido e
estudado por Hazel Markus, self-schemata,
como fator de influência composto por estruturas mentais derivadas das
experiências passadas e ligadas a autocompreensão e autorregulação.
Dessa
forma, percebe-se que existem diversas críticas acerca da teoria da ação
racional e da teoria do comportamento planejado, pois estas colocam em prova a
predição dos comportamentos do objeto de estudo da Psicologia: o homem, seus
princípios mentais, comportamentais e emocionais. Além disso, com a
racionalidade, que está se aprimorando durante milênios, os homens detêm o papel
de caçadores constantes do saber, questionando e estudando formas de
conhecimento importantes para a nossa evolução.
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