Simultaneidade dos fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis em adolescentes: Prevalência e fatores associados.


                                                                                 Resenhado por Maisa Silva

Silva, K. S. D., Lopes, A. D. S., Vasques, D. G., Costa, F. F. D., & Silva, R. C. R. D. (2012). Simultaneidade dos fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis em adolescentes: Prevalência e fatores associados. Revista Paulista de Pediatria [Internet], 30, 338-345.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) contribuem com cerca de 60% da mortalidade mundial, podendo chegar até 77% na próxima década. Alguns estudos buscam identificar os fatores de risco para as DCNT (como por exemplo, os fatores socioeconômicos) afim de tentar prevenir as complicações de saúde à curto e longo prazo. A investigação da simultaneidade dos fatores de risco para as DCNT e a sua associação com o nível socioeconômico pode gerar resultados que possam ser usados para fomentar estratégias de intervenção para que haja redução de danos na população jovem. Portanto, este estudo teve como objetivo investigar os fatores socioeconômicos associados a prevalência individual e simultânea dos fatores de risco comportamentais e biológicos para as DCNT.
O estudo foi realizado com 1.675 jovens estudantes do ensino fundamental e médio, com idades entre 11-17 anos e na cidade de Caxias do Sul. Foram aplicados questionários sobre o hábito de consumo de álcool e fumo, e recordatório sobre consumo alimentar habitual. Utilizou-se um instrumento adaptado de autorrecordação proposto por Bouchard et al para mensurar o nível de atividade física e o teste Progressive Aerobic Cardiovascular Endurance Run (PACER) para mensurar a aptidão cardiorrespiratória.
Nos resultados, em relação aos fatores de risco comportamentais, constatou-se que 49,7% dos estudantes possuíam nível socioeconômico intermediário. Menos de 6,2% dos adolescentes eram fumantes, 21% consumiam pelo menos uma dose de álcool no último mês, sendo que a combinação de consumo de ambos foi 4,1 vezes maior no sexo masculino, além disso 31% dos jovens apresentaram uma alta composição de gordura na sua dieta. A combinação de todos os comportamentos de risco foi 4,2 vezes maior que o esperado nas moças. Para os fatores de risco biológicos, 28% apresentaram CC e PA elevadas e 62% possuíam baixa aptidão cardiorrespiratória. A combinação de todos esses fatores foi maior do que o esperado em 85% em rapazes e 69% nas moças.
Os pesquisadores observaram que a simultaneidade dos fatores de risco comportamentais apresentaram razões elevadas entre os valores observados e esperados, comparados aos fatores de risco biológicos. Tal inferência indicou incidência de comportamentos de risco nesta população, com valores acima do esperado, além de que os comportamentos de risco para DCNT são propensos a se agregarem. Constatou-se que um em cada dez jovens não apresentou nenhum dos sete fatores de risco para as DCNT e 25% tinham pelo menos um, além de que a simultaneidade foi maior em adolescentes mais velhos.
Com base nos resultados, é importante ressaltar a necessidade de pesquisa de diversas combinações entre fatores de risco e outras doenças entre adolescentes, visto que é um grupo que necessita de atenção devido à grande prevalência de comportamentos de risco. A intervenção psicológica com base na educação comportamental pode ser bastante eficaz, dado que tal grupo sofre bastante influência social e cultural em relação a alguns hábitos. 

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