The relationships between daily optimism, daily pessimism, and affect differ in young and old age
Resenhado por Ariane de Brito
Palgi, Y., Shrira,
A., Ben-Ezra, M., Cohen-Fridel, S., & Bodner, E. (2011). The relationships between daily optimism, daily pessimism,
and affect differ in young and old age. Personality
and Individual Differences, 50, 1294–1299. doi: 10.1016/j.paid.2011.02.030
O presente artigo objetivou analisar se a
relação entre otimismo e pessimismo diários diferem em função da idade, e em
caso afirmativo, de que maneira. Além disso, examinou-se também se diferentes
combinações de otimismo diário e de pessimismo diário são emocionalmente adaptativas,
ou seja, se estão associadas ao alto afeto positivo e ao baixo afeto negativo
em jovens e idosos. Considerou-se o otimismo diário e o pessimismo diário como expectativas
favoráveis e desfavoráveis para o dia seguinte (futuro próximo), nesta ordem.
Para Palgi et al. (2011), o otimismo e o
pessimismo referem-se, respectivamente, a construtos em que os indivíduos mantêm
expectativas favoráveis e desfavoráveis generalizadas para o seu futuro.
Considera-se o otimismo e o pessimismo como extremos opostos e dependentes, ou
seja, quando um deles é alto o outro é necessariamente baixo, e vice-versa. Porém,
algumas evidências científicas têm indicado que algumas pessoas podem
apresentar apreciações complexas que não se encaixam necessariamente com essa
visão bipolar, e que há ainda razões para supor que a relação
otimismo-pessimismo pode variar ao longo da vida. A título de exemplo, estudos
como os realizados por Herzberg et al. (2006) e
Mroczek, Spiro, Aldwin, Ozer, e Bossé (1993) descobriram que enquanto a correlação entre
otimismo e pessimismo tendem a ser extremamente dependente no início da vida, elas
tornam-se relativamente independente no final da vida. No entanto, existem
ainda poucos estudos que examinam as condições que afetam as suas
inter-relações em jovens e idosos.
Desse modo, as hipóteses que nortearam o
estudo foram que: (1) a relação inversa entre otimismo e pessimismo diários
seria mais forte entre os jovens do que entre as pessoas idosas; (2) a
combinação de baixo otimismo diário e alto pessimismo diário estaria
relacionada com o maior afeto positivo e menor afeto negativo entre os jovens, e
(2b) as combinações baixas de ambos ou altas de ambos, otimismo diário e
pessimismo diário, estariam relacionadas com o maior afeto positivo e menor afeto
negativo entre idosos, respectivamente.
Participaram da pesquisa uma amostra por
conveniência constituída de 191 indivíduos divididos em dois grupos: jovens (n = 96; M = 27,8; DP = 4,70,
intervalo 20-40) e idosos (n = 95; M = 72,9; DP = 6,98; intervalo 62-89). Foram constatas diferenças entre os
grupos em todas as variáveis demográficas, com exceção do gênero. O grupo jovem
relatou mais anos de escolaridade, menor percentual de participantes casados,
maioria nascida em Israel, e nível mais elevado de saúde subjetiva, em
comparação com o grupo de idosos. Utilizou-se como instrumento para mensuração
do otimismo e pessimismo diários os seis itens marcados (sem os itens de
preenchimento) da versão hebraica da Escala Revista de Orientação para a Vida (LOT-R;
Scheier, Carver, & Pontes, 1994). Os itens foram reformulados para se
referir ao dia seguinte, e o coeficiente alfa (α) foi de 0,88 e 0,86 para o
otimismo e pessimismo diários, respectivamente. Já o afeto positivo (α = 0,80) e
o afeto negativo (α = 0,78) foram medidos com a versão hebraica da Escala de Experiência
Positiva e Negativa (SPANE; Diener et al., 2010). Durante 14 dias consecutivos
os participantes classificaram o seu nível de otimismo e pessimismo,
referindo-se ao dia seguinte.
Os resultados indicaram que nos grupos de
jovens e idosos, o otimismo e o pessimismo diários foram negativamente
correlacionados; o afeto positivo e negativo foram negativamente
correlacionados; o otimismo diário foi positivamente correlacionado com afeto
positivo e negativamente com afeto negativo; o pessimismo diário foi negativamente
correlacionado com afeto positivo e positivamente correlacionado com afeto
negativo. A análise multivariada de covariância (ANCOVA), entre os grupos
jovens e idosos, afeto positivo e negativo quanto a educação, estado civil,
local de nascimento, e autopercepção de saúde, não indicou diferenças
significativas.
Em relação a Hipótese 1, ela foi analisada
a partir de um modelo multinível separado para jovens e idosos participantes. O
modelo de interação examinou se a relação entre otimismo e pessimismo diários
diferiu significativamente entre os grupos de estudo. Observou-se, então, que o
termo de interação foi significativo (estimador = 0,16; p = 0,008; estimador = 0,18; p
= 0,002), sem e com as covariáveis (educação, estado civil, local de
nascimento e autopercepção de saúde), respectivamente.
Já a Hipótese 2 sugeriu que o alto
otimismo diário combinado com o baixo pessimismo diário seria o mais
emocionalmente adaptativo em idade jovem, a qual estaria relacionada com alto
afeto positivo e baixo afeto negativo. As combinações de baixo em ambos ou alto
em ambos, otimismo e pessimismo diários, seriam a mais emocionalmente adaptativas
na velhice. O resultado da análise de regressão múltipla hierarquizada,
prevendo afeto positivo, indicou também que uma combinação de alto otimismo
diário entrelaçado com alto pessimismo diário é tão emocionalmente benéfico
quanto a combinação de alto otimismo diário e baixo pessimismo diário.
Do mesmo modo, a Hipótese 2b foi
investigada através de uma análise de regressão múltipla hierarquizada, mas
dessa vez prevendo afeto negativo. No geral, o afeto negativo foi menor entre
aqueles com uma combinação de alto otimismo diário entrelaçado com alto
pessimismo diário. Afeto negativo também foi baixo quando ambos, otimismo e
pessimismo diários, foram baixos.
Contudo, os resultados do presente estudo sugerem
que o otimismo e pessimismo diários são menos fortemente relacionados entre si
entre os idosos. Além disso, uma combinação de alta otimismo diário-baixo
pessimismo diário foi encontrada como a mais emocionalmente benéfica para os
jovens. Nos idosos, as combinações de otimismo e pessimismo diários baixos ou
altos foram mais emocionalmente benéficas para esse grupo. Assim, conclui-se que enquanto o quadro de expectativa
diária é relativamente interdependente entre os jovens, é mais dialética na
velhice. Sugere-se que estudos futuros examinem ainda mais os mecanismos e as condições
que promovam combinações emocionalmente benéficas de expectativas em grupos em
função da idade.
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