Estudo das Características Psicométricas do Posttraumatic Growth Inventory – PGTI – (Inventário de Crescimento Pós-Traumático) para a População Portuguesa.

Postado por Marcelle Leite Mota


Maia, A., Sendas, S., & Resende, C. (2008). Estudo das Características Psicométricas do Posttraumatic Growth Inventory – PGTI – (Inventário de Crescimento Pós-Traumático) para a População Portuguesa. Actas da XIII Conferência Internacional da Avaliação Psicológica: Formas e Contextos. Braga: Psiquilíbrios Edições.

Na perspectiva de diversas religiões e correntes da filosofia, experiências traumáticas podem provocar um crescimento pessoal e desenvolvimento da maturidade. Sendo assim, podem trazer algo de positivo e benéfico. Este foco diferenciado nos fatores salutares vem sendo melhor averiguado pela psicologia positiva. O Crescimento Pós-Traumático (CPT) difere da resiliência onde só há um retorno ao funcionamento psicológico prévio ao trauma, e segundo Tedeschi e Calhoun (1996) configura-se pelas transformações psíquicas positivas percebidas pelo indivíduo, após o confronto psicológico com acontecimentos de vida altamente adversos. Não há uma discriminação quanto ao tipo de acontecimento traumático, apenas que seja severo suficiente para provocar uma ressignificação/reformulação dos esquemas cognitivos. No que se refere à avaliação do Crescimento Pós-Traumático, existem sete instrumentos, sendo o Posttraumatic Growth Inventory (PTGI) de Tedeschi e Calhoun (1996) o mais utilizado internacionalmente. Este inventário é constituído por 21 itens, que se distribuem nos seguintes fatores: “Novas Possibilidades”, “Relação com os Outros”, “Força Pessoal”, “Mudança Espiritual” e “Apreciação da Vida”. Esta configuração pode sofrer algumas alterações quando traduzidos para outros idiomas e populações.
O estudo foi realizado com o objetivo de adaptar e validar o PTGI para a população portuguesa, além de descrever a relação entre o Índice de Crescimento Pós-Traumático e os sintomas de PTSD e de Psicopatologia Geral. O estudo teve uma amostra de 384 sujeitos entre 17-68 anos. Inicialmente foram criadas duas versões do PGTI, a partir destas uma terceira versão foi elaborada e aplicada no estudo piloto, sendo novamente reformulada numa quarta versão que foi comparada com uma tradução direta da PGTI original, afim de verificar a fidedignidade do conteúdo. Esta quarta versão foi aplicada na amostra junto com a Escala de Avaliação da Resposta ao Acontecimento Traumático – E.A.R.A.T. (McIntyre, 1993; McIntyre & Ventura, 1996) e Brief Symptoms Inventory – BSI (Derogatis, 1993; Versão Canavarro, 1995). Os resultados da amostra apontaram uma prevalência de 90,9% que revelou perceber Crescimento Pós-Traumático, 55,8% apresentou de modo parcial estresse pós-traumático e 78,8% não apresentaram sintomas de psicopatologia. Além disso, o estudo indica que o ICPT parece ser uma boa medida para avaliar o crescimento percebido após um acontecimento traumático na população portuguesa. No entanto, diante dos dados obtidos nesta pesquisa, devemos ressaltar como limitação a amostra ser composta apenas por adultos de um centro universitário e de duas pós-graduações.

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