Um estudo sobre o impacto positivo do aconselhamento psicológico intensivo no bem-estar psicológico de pacientes diabéticos tipo 2 submetidos à amputação
Amalraj,
M. J., & Viswanathan, V. (2017). A study on positive impact of intensive
psychological counseling on psychological well-being of type 2 diabetic
patients undergoing amputation. International Journal of Psychology and
Counselling, 9(2), 10-16. doi: https://doi.org/10.5897/IJPC2016.0461
Resenhado por Luanna Silva
Pacientes com diabetes mellitus tipo 2 (DM2) podem desenvolver
múltiplas complicações, dentre elas, destaca-se o pé diabético, quadro
resultante da combinação de infecção, doença vascular periférica, cuidados
inadequados com os pés e neuropatia periférica. O pé diabético é considerado um
problema importante, pois essa condição frequentemente precede a amputação. Em
recente revisão sobre a variabilidade global na incidência de amputação de
membros inferiores, verificou-se que cerca de 10,5% dos pacientes foram
submetidos a amputações maiores devido ao pé diabético.
A amputação está associada a intenso
sofrimento físico e emocional, tendo repercussões importantes tanto para o
paciente quanto para a sua família. Pessoas amputadas precisam lidar com uma
importante alteração em sua imagem corporal que pode resultar em sintomas de
ansiedade, depressão, estresse pós-traumático e isolamento social. Além de afetar
também a condição financeira e a produtividade dos amputados, o que reflete na
qualidade de vida. Diante disso, conclui-se que a intervenção psicológica tem papel
importante na adaptação de pessoas amputadas. Este estudo teve por objetivo avaliar
o efeito do aconselhamento psicológico intensivo sobre os desfechos
psicológicos em pacientes diabéticos tipo 2 submetidos à amputação.
A pesquisa foi realizada em um hospital
na Índia, no período de junho de 2015 a fevereiro de 2016. Participaram 62
pacientes diagnosticados com DM2 há mais de 2 anos e que foram submetidos a
amputação do dedo do pé ou abaixo do joelho. A idade dos participantes variou
de 40 a 70 anos. Indivíduos com diabetes mellitus tipo 1 e diagnóstico de transtorno
mental grave foram excluídos da pesquisa. Em adição às questões clínicas e sociodemográficas,
foi aplicado o World Health Quality of Life-bref (WHOQOL-bref).
Este instrumento, que avalia a qualidade de vida, conta com 26 itens
divididos em 4 domínios: saúde física, saúde psicológica, fatores sociais e
ambientais. De modo randômico, os pacientes foram designados para grupo de
aconselhamento intensivo (GAI) ou grupo de aconselhamento de rotina (GAR). No
GAI, os pacientes receberam aconselhamento psicológico antes da realização do
procedimento de amputação, após a cirurgia e durante todos os dias subsequentes
até o momento da alta hospitalar. No GAR, o aconselhamento psicológico foi dado
apenas antes da amputação. Em ambos os grupos, o WHOQOL-bref foi
aplicado antes da cirurgia e no momento da alta hospitalar.
Os resultados mostraram que os
indivíduos que receberam aconselhamento psicológico, somente antes da cirurgia,
não apresentaram diferenças estatisticamente significativas entre pré e pós
amputação em todos os quatro domínios do WHOQOL-bref. Ao passo que, no
grupo que recebeu aconselhamento psicológico intensivo foi observada melhora
estatisticamente significativa em todos os domínios da qualidade de vida. Assim,
verificou-se que o aconselhamento psicológico intensivo foi eficaz e gerou
impacto positivo na qualidade de vida dos amputados. Estudos de intervenção
psicológica em saúde como este são relevantes, pois podem orientar os
protocolos de cuidados estabelecidos nos hospitais, assegurando a melhor
assistência aos pacientes.
Nenhum comentário: