A política nacional da saúde do homem: Necessidade ou ilusão?
Resenhado por Luana Santos
Mendonça, V. S. & Andrade, A. N. (2010). A política nacional da saúde do homem: Necessidade ou ilusão?. Psicologia Política, 10(20), 215-226.
Em geral, os homens não têm o costume de procurar unidades básicas de saúde, porém, devido às elevadas taxas de mortalidade morbidade masculinas, têm-se dado maior atenção à saúde desse grupo. Os fatores responsáveis por aumentar a taxa de morbidade e mortalidade masculina podem ser minimizados por práticas cotidianas de promoção de saúde e prevenção de doenças. Daí, a importância de ter atenção especifica à população masculina, produzindo melhor conhecimento sobre suas práticas relacionadas à saúde, com vistas a aumentar a adesão às medidas de prevenção e promoção.
Tem ganhado destaque a proposta de uma Política Nacional de Atenção à Saúde do Homem, cujas ações estariam centradas na faixa etária de 25 a 29 anos (41,3% da população masculina ou 20% da população total brasileira, segundo o IBGE, no ano de 2005) e formuladas com base em estudos que trazem informações fundamentadas de indicadores de enfermidade e mortalidade da população masculina. Tal política tem, ainda, o propósito de qualificar os profissionais de saúde para o correto atendimento à saúde do homem, implantar assistência em saúde sexual e reprodutiva, orientar os homens e familiares sobre promoção, prevenção e tratamento das enfermidades que atingem o homem, reconhecendo tais sujeitos como indivíduos que necessitam de cuidados, incentivando-os a busca-los.
Assim, o presente estudo buscou conhecer o posicionamento dos homens a respeito dessa política, além de suas percepções e práticas de saúde. Foram entrevistados acerca da temática “homens e política de saúde” 35 usuários de uma UBS em Vitória/ES, do sexo masculino, entre janeiro e abril de 2009, a maioria casado e exercendo algum tipo de atividade remunerada, exceto 4 desempregados e 3 aposentados.
Uma das primeiras ideias refletidas, Política de Saúde para o homem: por que para homens?, trouxe algumas ideias pautadas na oposição entre os serviços de saúde para o homem e para a mulher e se mostrou uma questão que eles não conseguiam visualizar na prática pois parecia uma separação entre os gêneros, sendo a maioria contra essa ideia e outros assumindo que nunca consideraram tal distinção. Todavia, em outro momento de suas falas, esses mesmos homens expressam que as mulheres têm maior necessidade de atenção à saúde, principalmente devido a sua “fragilidade”, já que necessitariam mais de cuidados se comparadas a eles, autoconcebidos como fortes ou “superiores” fisiologicamente.
Em relação aos Obstáculos identificados pelos participantes, a maioria acredita que não haja a necessidade de uma distinção de política de saúde específica para o homem, já que segundo eles um serviço de saúde deve estar preparado para atender ‘qualquer clientela’ sem discriminação. Além disso, um participante relatou que a saúde dos idosos e das crianças é que deveria possuir mais cuidados e investimentos.
Por outro lado, dezoito participantes, ao falar sobre Benefícios da Política de Saúde Masculina para os homens ressaltaram benefícios advindos dessa oportunidade, tal como ter atendimento focado em suas demandas na própria UBS sem que precisem ser encaminhados a outros serviços. Foi notória nas falas a vergonha em se sentir exposto, uma justificativa inclusive usada para explicar a não procura aos serviços básicos, que poderia ser minimizada com a segurança em saber que há um programa específico para atender as demandas próprias do gênero, como exames de próstata por exemplo.
Diante do exposto, tais resultados podem auxiliar na discussão acerca dos obstáculos ao acesso dos homens aos serviços de saúde, bem como os fatores que, segundo os mesmos, poderiam facilitar essa procura. Além disso, ajudará gestores e profissionais no entendimento do escopo do problema da ausência de procura aos serviços pelos homens,promovendo implementação de medidas e ações eficazes, inclusive relacionadas à Política Nacional de Saúde do Homem.
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