Motivos e prevalência de insatisfação com a imagem corporal em adolescente

Resenhado por Beatriz Reis

Petroski, L. E., Pelegrini, A. & Glaner, F. M. (2012). Motivos e prevalência de insatisfação com a imagem corporal em adolescentesCiência e Saúde Coletiva, 17, 1071-1077.

Entendida como uma construção multidimensional, que representa como os indivíduos pensam, sentem-se e se comportam a respeito do seu corpo, a Imagem Corporal pode ser vista como a relação entre os atributos físicos de uma pessoa e os processos cognitivos como crenças, valores e atitudes individuais. Diversas pesquisas estão sendo feitas sobre a temática. Dentre as populações estudadas, a que tem sido o maior alvo de interesse é a de adolescentes. A principal razão para isso é que pesquisas anteriores já indicam elevada prevalência de insatisfação com a imagem corporal entre eles.
Na adolescência é comum o enfrentamento de transformações biológicas, físicas, psicológicas e sociais, e tais mudanças podem interferir na maneira como o indivíduo avalia o próprio corpo. Atrelado a esse contexto, sabemos da existência da busca rigorosa pelo padrão de beleza estabelecido por nossa sociedade ocidental, um padrão que prevalece a “divinização” do corpo belo e da magreza excessiva. Esta padronização da beleza ligada às inevitáveis mudanças na adolescência têm sido consideradas como as principais razões para o aumento da insatisfação com a imagem corporal nesta população.
Com o objetivo de verificar os motivos e a prevalência de insatisfação com a imagem corporal em adolescentes, foi realizada uma pesquisa com uma amostra de 641 estudantes com idades entre 11 e 17 anos, os quais responderam a escala das nove silhuetas corporais proposta por Stunkard. O conjunto de silhuetas era mostrado aos adolescentes, os quais respondiam a duas perguntas: Qual a silhueta que melhor representa a sua aparência corporal atual (real)? Qual é a silhueta corporal que você gostaria de ter (ideal)? Quando a variação entre a silhueta real e a ideal era igual a zero, os adolescentes eram classificados como satisfeitos; e se diferente de zero, insatisfeitos. Em caso de insatisfação, os adolescentes responderam a mais uma pergunta: Qual o principal motivo da insatisfação?
 Os resultados afirmaram que mais da metade da amostra (F% = 60,4%) apresentou-se insatisfeita com a imagem que possuía a respeito do próprio corpo. Foi observado que o nível de insatisfação entre as meninas foi maior do que entre os meninos (masculino = 54,5%, feminino = 65,7%; p < 0,05). Entre os rapazes (26,4%), a insatisfação corporal estava associada ao desejo de aumentar o tamanho da silhueta corporal, enquanto que as moças (52,4%) desejavam diminuir. Verificou-se maior prevalência (p < 0,05) de insatisfação com a imagem corporal nos adolescentes domiciliados na área urbana (65,2%), em relação àqueles da área rural (53,5%).
Os principais motivos indicados pelos adolescentes que mais influenciam na distorção da imagem corporal e na consequente insatisfação foram a estética, a autoestima e a saúde, tais motivos foram similares entre os sexos (p = 0,156).
Diante do exposto, considera-se importante pesquisas como essas que se propões investigar esta temática tão relevante, e apresentam dados a serem considerados como parâmetros para a atuação dos profissionais do serviço de saúde nos possíveis problemas ligados à insatisfação com a imagem corporal.  Deste modo, destaca-se a necessidade do envolvimento de Psicólogos da Saúde na atuação de políticas de prevenção deste fenômeno, considerando os riscos que a busca pelo corpo ideal podem causar à saúde mental e física do indivíduo, a exemplo do desenvolvimento de transtornos alimentares como a anorexia, bulimia nervosa e vigorexia.

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