Psicologia Positiva: uma nova abordagem para antigas questões

Resenhado por Beatriz Reis

Paludo, S. S. Koller, S. H. (2007). Psicologia Positiva: uma nova abordagem para antigas questões. Paidéia, 17 (36), 9-20. 

Visando promover um reajuste no foco dos estudos e ações da Psicologia, tradicionalmente ligados aos aspectos patológicos, curativos e preventivos, a Psicologia Positiva tem como principal proposta voltar-se para as qualidades do ser humano. Assim, é definida como um movimento científico de entendimento sobre as forças e vivências humanas com foco na felicidade e nas possíveis intervenções no sentido de aliviar as dores e incrementar o bem-estar subjetivo.
A Psicologia Positiva surgiu em 1998, quando Martin Seligman, enquanto presidente da Associação Americana de Psicologia, chamou a atenção para o fato de que a ciência psicológica vinha deixando de lado os aspectos positivos da natureza humana. Esta constatação repercutiu na produção de um artigo científico, publicado na American Psychologist no ano 2000, que visava comunicar ao meio científico as evidências do caminho que a Psicologia vinha traçando, já alertado por Seligmen, e as lacunas presentes nas pesquisas de Psicologia. Além do destaque da necessidade de se dar maior atenção aos estudos sobre os aspectos positivos, tais como esperanças, criatividade, coragem, felicidade, espiritualidade, etc. Desde então, a Psicologia Positiva apresenta-se em pleno processo de expansão dentro da ciência psicológica, a qual possibilita uma reavaliação das potencialidades e virtudes humanas por meio do estudo das condições e processos que contribuem para a prosperidade.
De acordo com essa nova visão, o conhecimento das forças e virtudes poderia propiciar o florescimento das pessoas. O termo florescimento tem sido bastante utilizado pela Psicologia Positiva, sendo definido como a condição que propicie o desenvolvimento pleno, saudável e positivo dos aspectos psicológicos, biológicos e sociais dos seres humanos. Assim, o florescimento significa um estado no qual o indivíduo sente uma emoção positiva pela vida, apresenta um ótimo funcionamento emocional e social e não possui problemas relacionados à saúde mental. Deste modo, esta nova área atua em investigações empíricas em seu objeto de estudo a partir de métodos científicos rigorosos, e os três principais pilares de investigação são 1- a experiência subjetiva, 2- as características individuais e 3- as instituições e comunidades. Considera-se que a investigação destes três fatores pode ser eficaz na prevenção de problemas relacionados ao comportamento humano, uma vez que muito se conhece sobre as diferentes patologias, mas pouco se sabe a respeito de ações preventivas. Este dado se confirma pela escassez de trabalhos sobre os aspectos saudáveis mantidos durante o desenvolvimento da doença.
Uma de suas principais contribuições é a construção de instrumentos de avaliação psicológico que tem como objetivo favorecer recursos para a criação de métodos preventivos, uma vez que tais avaliações tornam conhecidos os fatores protetivos de adoecimentos. Outra contribuição é a Terapia Positiva, modalidade de tratamento que visa fortalecer os aspectos saudáveis e positivos dos indivíduos, (re)construindo as virtudes e forças pessoais e ajudando os clientes a encontrarem recursos inexplorados para mudanças positivas. Neste sentido, a Psicologia Positiva apresenta-se como uma importante perspectiva para a atuação na área da saúde e, por esta razão, merece atenção especial da Psicologia da Saúde, uma vez que ambas se interessam pela compreensão dos aspectos envolvidos no enfrentamento da doença bem como na manutenção da saúde da pessoa.

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